História Complicated - Você será minha de novo

Elisa Zackly

-O que caralhos você está fazendo aqui? -perguntei com uma certa indignação e Levi suspirou.

-A gente precisa conversar.

-A gente não tem nada pra conversar. -falei e já fui fechando a porta, mas de repente, o Levi coloca o pé impedindo de eu fechar a porta e em seguida segurou a mesma com as mãos.

-Por favor Elisa, me escuta. -ficamos nos encarando por alguns segundos e então eu falei:

-Você tem trinta minutos pra dizer porque está aqui e nada mais. -abri a porta e dei passagem para que ele entrasse. E assim que ele passou, eu fechei. Fui caminhando até a cozinha e Levi me seguiu. -Sente-se, estou fazendo um café.

Voltei a ligar o fogo e esperar a água ferver novamente. Levi puxou a cadeira e se sentou.

-Vai, desembucha. Diga logo de uma vez porque veio até aqui. -falei de costas enquanto eu olhava a água ferver.

-Volta pra mim, Elisa. -escutando o Levi falar isso, eu não me contive e cai na gargalhada.

-Como é? -finalmente me virei e encarei ele. -Volta pra mim, Elisa? Quem você pensa que é, Levi? Depois de ter falado tudo o que você falou, acha mesmo que é assim? Volta pra mim?

-Eu te devo uma explicação. E é por isso que eu estou aqui.

-Ótimo. Pois pode começar a falar. -eu já estava tão puta das caras, que eu desliguei o fogo e desisti de fazer esse café. Puxei uma cadeira e me sentei de frente pro Levi.

-Há cinco anos atrás, eu ia me casar. Só que uma merda aconteceu...

(...)

Eu escutei tudo o que ele me falou. E parecia até piada isso.

-Quer dizer que você me tratou mal esse tempo todo porque estava com medo de se apaixonar e levar um pé na bunda?

-Foi. Tudo aquilo que eu te falei naquela noite, era tudo mentira. Eu sempre te amei e nunca estive com você por pena. Mas eu fiquei com medo de acontecer o que aconteceu há cinco anos atrás.

-Olha Levi, embora eu esteja com muita raiva, eu não posso te julgar. Por eu ser uma psicóloga, eu sei muito bem o que um trauma pode causar na vida da pessoa. E esse foi o jeito que você encontrou de se defender para que não acontecesse de novo. Mas ainda sim, eu não merecia escutar nada daquilo. Você tem idéia de como eu me senti? Eu me senti um lixo, Levi. Fiquei pensando por dias que se eu não fui suficiente pra você, eu não seria suficiente pra homem nenhum. De certa forma, você me causou um trauma também. Por que hoje, eu nem sei se eu quero mais ter um relacionamento sério com alguém. -enquanto eu falava, percebi as lágrimas escorrendo pelo rosto dele. -Porque você simplesmente não conversou comigo? Eu poderia ter te ajudado. Eu não ia agir como sua psicóloga, mas eu tenho amigos ótimos que poderiam ter lhe ajudado.

-Eu não pensei nisso. Eu só queria me manter longe de você. Mas depois de um tempo eu vi que fiz tudo errado e acabei magoando a pessoa que me amava. E eu tô tão arrependido Elisa, que você não faz idéia. -Levi falou e eu suspirei.

-Eu queria que você tivesse percebido isso logo. Porque talvez ainda restasse algo que nós pudéssemos salvar. Mas infelizmente só restou raiva e mágoa. E eu simplesmente não vou conseguir pegar uma borracha e sair apagando tudo. Porque o pior de uma ferida, não é nem ela estar aberta e sim a cicatriz. E depois que a dor se vai, você sempre irá lembrar do que te causou tal dor. E é basicamente isso entre eu e você Levi. Você tem a sua cicatriz que foi causada pela Samantha. E eu tenho a minha, que foi causada por você.

-Por favor Elisa, me dá só uma chance e eu posso te provar que a gente pode ser feliz. -escutar o Levi falando isso me rasgava por dentro. -Eu te amo e...

-Para Levi. -eu o interrompi. -Não dá. Eu não consigo. Me desculpa. -falei e me levantei da cadeira e Levi fez o mesmo. -Se você já terminou de falar, eu peço que vá embora.

-Tudo bem. Eu vou. -ele falou e eu o acompanhei até a porta. Abri a mesma e esperei que ele saísse.

-Eu sinto muito pelo o que aconteceu com você. E se em algum momento precisar de ajuda, pode falar comigo. -eu disse e Levi concordou com a cabeça.

-Posso pelo menos te dar um abraço? -sabia que aquilo não era uma boa idéia, mas ainda sim eu concordei.

Levi passou seus braços em volta da minha cintura e eu passei os meus em torno de seu pescoço. Ficamos alguns poucos minutos ali e depois desfizemos o abraço. Nos afastamos um pouco e antes que eu dissesse tchau, Levi me puxou pra si e me beijou. Enquanto uma de suas mãos segurava minha cintura, a outra segurava minha nuca. Eu até tentei sair, mas o desejo do último beijo falou mais alto.

E quando paramos de nos beijar, Levi olhou bem no fundo dos meus olhos e disse:

-Você vai ser minha de novo, Elisa. Passe o tempo que passar, conheça o homem que você quiser conhecer. Mas no fim, você vai voltar pra mim. -e com isso, ele saiu de vez do meu apartamento.

Eu passei um tempo processando o que o Levi falou. "Quem ele pensa que é pra dizer que eu vou voltar pra ele? Eu hein." Fechei a porta e fui em direção ao meu quarto. Eu nem estava afim de ir a esse churrasco, mas depois do que aconteceu, eu tinha que ir. Precisava falar com a Mikasa.

(...)

Assim que cheguei em frente ao portão da casa do Reiner, liguei para o mesmo. Avisei que já havia chegado. Então, em menos de dois minutos o portão abriu e eu adentrei com o meu carro. Estacionei onde estava o carro dos demais e sai do veículo. Logo vi todos perto da piscina.

-Olha só quem apareceu. -Eren vinha em minha direção com os braços abertos. -Tudo bem minha linda?

-Tudo. -falei e nos abraçamos. -E você?

-Bem. -ele falou quando desfizemos o abraço. -Você não está com a cara muito boa. O que houve? -fomos andando em direção ao pessoal.

-Levi apareceu no meu apartamento hoje mais cedo.

-Sério? O que ele queria?

-Foi pedir pra voltar. -falei e Eren gargalhou.

-Que filho da puta. E você?

-Claro que eu não voltei né.

-Ah bom.

Nos aproximamos do pessoal e logo o Reiner veio me abraçar. Depois veio o Jean e por último o Bertolt.

-Cadê a Annie, Sasha e Mikasa? -perguntei.

-Estão na cozinha. -Reiner respondeu e assim eu segui pra lá.

-Aaah! Ela veio. -Annie falou quase pulando em cima de mim.

-É, eu vim. O que vocês estão fazendo?

-Preparando o arroz e mais algumas coisas para o almoço. Os meninos estão cuidando das carnes. -Sasha respondeu.

-Que foi que houve Elisa? Você não parece muito bem. -Mikasa percebeu.

-O Eren falou a mesma coisa. E sim, não estou legal. O Levi apareceu mais cedo lá no meu apartamento.

-O QUÊ?! -as três gritaram ao mesmo tempo.

-Pra quê que ele foi lá? -Annie perguntou.

-Foi pra conversar e pedir pra voltar.

-Mas que filho da puta. -Sasha falou.

-A gente conversou. E bem, ele me contou que há cinco anos atrás quase ia se casando. -falei e vi o rosto de espanto da Annie e da Sasha. Menos a Mikasa, porque essa estava bem normal. Daí, eu comecei a contar toda a história...

(...)

-Eu sei que não devemos criticar ou fazer qualquer julgamento a quem já passou por um trauma. Na verdade, a gente não deve julgar e nem criticar ninguém, isso não cabe a nós. Mas pô, você justificar a sua filha da putisse em cima disso, já é demais. -Annie falou.

-Pois é Elisa. Ele tinha a opção de abrir o jogo e contar tudo isso antes ou simplesmente esquecer o passado e tentar ver com outros olhos o relacionamento de vocês. Mas não, ele decidiu que você ia ser igual a outra e resolveu te tratar feito um lixo. Aí depois veio correndo pedir pra voltar como se você fosse esquecer tudo em um passe de mágica? Porra, tô indignada. -Sasha deu uma mordida na cenoura.

-E você Mikasa, sabia disso? -perguntei.

-Sabia.

-E porque você não me contou?

-Porque eu não achei que isso fosse relevante. E também que nunca passou pela minha cabeça que aquele idiota fosse te tratar mal por causa do que aconteceu com ele há anos atrás. Me desculpa Elisa.

-Não precisa se desculpar. Tá tudo bem. -dei um sorriso.

-Mas e aí, o que mais vocês conversaram? -Annie quis saber.

-Eu disse que não dava, que não ia conseguir. Porque eu não podia simplesmente pegar uma borracha e sair apagando tudo. Eu me magoei bastante.

-Tá certa. Primeiramente pense em você. -Sasha falou.

-E no final, antes dele ir embora, a gente se abraçou e acabamos nos beijando.

-QUÊ?! -as três deram outro grito.

-Como assim você beijou aquele canalha? -Annie se revoltou.

-Na verdade foi ele que me beijou, então acabei cedendo. Mas eu não senti nada com esse beijo. E depois, ele disse que eu ainda ia ser dele de novo. Podia passar o tempo que passasse, eu podia conhecer o homem que eu quisesse, mas no fim eu ia voltar pra ele.

-E ainda por cima é pretensioso. -Sasha falou.

-Ele vai fazer bruxaria pra vocês voltarem? -Annie começou a rir.

-Só se for assim mesmo. -eu ri.

-E como você está se sentindo a respeito disso tudo? -Mikasa perguntou.

-Sinceramente? Eu não sei. Tô me sentindo um pouco mal por ele. Eu nunca tinha o visto daquele jeito.

-Ah não, Elisa. Pode parar. O Levi não é mais problema seu. Você não tem que se sentir mal. -Annie falou.

-A Annie tem razão. -Mikasa falou.

-Verdade... Mas enfim, vamos deixar esse assunto pra lá. Já era, passou. Eu só quero curtir um pouco esse churrasco.

-É assim que se fala. -Sasha sorriu e eu retribui o sorriso. E em seguida, comecei a ajudar as meninas com o almoço.

É, eu espero mesmo que isso tenha passado. E que tanto eu quanto o Levi, possamos seguir as nossas vidas.