História Confession Letter - With Love, Kim Jisoo

      “Nyeong-an, Jennie-yah!

Talvez você esteja se perguntando o que significa isso. Bom, isso é uma confissão. Nem pense em parar de ler aqui, okay?

Provavelmente você achará que isto não passa de uma brincadeira de mal gosto, porém é o completo contrário. Inclusive, acho que nunca havia escrito algo tão serio como isso.

É tão estranho escrever algo assim. A falta de prática influenciará bastante no desenvolvimento do texto, imagino. Entretanto, não mudará nada do que penso.

Sabe, a lembrança de você passando pelos grandes portões brancos de nossa escola está tão fresca em minha memória que parece que aconteceu ontem. Recordo-me de que estava conversando com Lalisa e Chaeyoung porém, em um mero segundo de distração, meu olhar pousou no seu que demonstrava o quanto estava confusa e perdida. Seus cabelos estavam num tom castanho escuro naquele dia, porém os raios solares o tornavam mais claros. É incrível como consigo relembrar de detalhes mínimos como esses sendo que isto ocorreu a dois anos atrás e alguns meses cujos não me dou o trabalho de calcular.

Recordo-me também da minha surpresa misturada com felicidade ao saber que havíamos ficado na mesma e, coincidentemente, eu fui a “escolhida” para te mostrar a escola. Admito que fiquei impressionada com a velocidade de como acabamos nos tornando amigas. Quem diria que uma simples volta pela escola resultaria nisso... Foi um dia incrivelmente louco para mim.

Ah, tantas lembranças ao seu lado, Jendeuk.

Acho que uma das que mais amo é a da festa de aniversário surpresa da Rosé. Aquele dia foi tão... animado.

Lembro que nós duas estávamos conversando sobre um trabalho que o professor de Sociologia havia passado no corredor quando Lisa chegou correndo até a gente para nos noticiar sobre o aniversário da australiana. Até hoje não sei como conseguimos nos organizar tão bem em apenas 15 minutos. A festa seria entre nós quatro, portanto decidimos fazer uma festa do pijama. Tinhamos ficado responsáveis pela decoração e pela comida enquanto a tailandesa tentava distrair Chaeyoung.

Foi uma tarde divertida para mim, confesso. Mesmo tendo que organizar tudo, terminamos o trabalho com um imenso sorriso e um grande sentimento de satisfação. Tinhamos dado sorte de termos terminado tudo cedo pois assim sobrara tempo para nos arrumarmos.

Lembro também que Lisa e Rosé chegaram de mãos dadas. Foi uma cena tão linda. Nós dizíamos que apoiávamos as duas como casal. Criamos até um shipp: ChaeLisa. Ambas ficavam extremamente envergonhadas quando tocávamos nesse assunto no colégio. Vê-las daquele jeito, juntinhas, deu até um orgulho.

Conversas aleatórias, comidas sendo devoradas, músicas sendo dançadas, um karaokê improvisado... Foi uma festa divertida. Até o jogo da garrafa “diferenciado”. Se não estou enganada, na nossa versão nós girávamos e a pessoa cuja a boca do objeto estava apontada tinha, que fazer uma pergunta e todas tinham que responder sinceramente, menos ela.

Havia sido dessa forma que vários segredos foram revelados. Descobrimos, por exemplo, que a Lisa tem uma “queda” por coxas, que Rosé já tinha ficado com uma garota antes, que você é bissexual e revelei que seria Babygirl. Foi vergonhoso na maior parte do tempo, mas não deixou de ser legal em momento algum.

Acho que não posso deixar de citar aquela festa.

Era a festa de uma daquelas nove garotas populares. Dessa vez, foi a festa da taiwanesa. Chou Tzuyu se não estou enganada. Não sei como Lisa conseguiu nos convencer a irmos nela...

Quando chegamos no local, eu já conseguia o definir em três itens: adolescentes bêbados, música alta e muita pegação. Quando entramos na casa de Tzuyu, nós quatro havíamos nos separado rapidamente. Chae e Lisa tinham ido para a pista de dança e nós tinhamos ido para o bar. Ficamos por lá a maior parte do tempo tanto conversando quanto tomando inúmeras doses de bebida alcoólica. Tenho que admitir que aquele lugar parecia mais uma balada do que uma casa.

Lembro que houve um momento em que você me puxou para aquele monte de corpos atumultuados na pista de dança. Foi assim que notei o quão bêbada você estava. Se eu não me engano, quando entramos na pista, começou a tocar Dance For You – Beyoncé. Tenho que confessar que estranhei quando você começou a dançar tão próxima a mim, porém logo me soltei.

Ah, eu mal sabia o que estava prestes a acontecer.

Eu nem sequer tinha notado quando suas mãos começaram a alisar minha cintura. Involuntariamente, meus braços se apoiaram em seus ombros. Nossos rostos estavam a milímetros de distância, o ar quente de nossas respirações se misturava e nossos olhares ora se encontravam ora estavam vidrados nos lábios alheios. Não aguentando mais a tensão que se instalava, o pequeno espaço entre nós foi quebrado e nossas bocas se encontraram.

O gosto do álcool predominava tudo, mas eu não importava, e pelo jeito que estávamos, você também não. A forma como nossas línguas se movimentavam era surpreendentemente sincronizada. Eu não tenho palavras para explicar como eu estava me sentindo. Infelizmente, o ar se fez necessário e tivemos que nos separar. Tinhamos ficado juntas durante o resto da festa, ora conversando, ora roubando selinhos uma da outra.

Ah, eu falo dessas memórias como se nossas vidas fossem tranquilas. Pena que não é bem assim. Principalmente por conta de uma pessoa: Seu pai.

Aquele dia em que eu fui na sua casa para fazermos um dos trabalhos de Sociologia não foi um dos melhores. Tinhamos conversado animadamente durante todo o trajeto mas, quando entramos na sua casa, logo seu sorriso se desmanchou. Eu fiquei preocupada com essa mudança de humor repentina porém, assim que a voz dele se fez presente, eu entendi tudo. Esse é um assunto que eu realmente não gosto de falar sobre. Lembro que havíamos ficado tão abaladas com as palavras de seu pai que nem conseguimos fazer o trabalho depois.

Espero que não tenha ficado magoada com isso. Caso tenha, minhas mais sinceras desculpas, Jennie-yah...

Sabe, agora que eu parei para pensar, não sei se realmente deveria ter feito isso. Nem sei se terei coragem suficiente para entregá-la. Pode ser que eu termine de escrever e apenas a guarde no fundo de alguma gaveta.

Mas caso eu tenha entregado ela, quero que saiba eu te amo, Jennie Kim.

Amo seu sorriso. Seu cabelo. Seus olhinhos. Sua beleza. Seu jeito de andar. Seu jeito de ser. Sua voz. Sua dedicação. Sua sinceridade. Sua fofura. Sua seriedade. Sua loucura. Seu beijo. Seu abraço. Seu carinho. Sua força. Sua fraqueza. Sua luz. Sua escuridão. Sua dança. Seu canto. Suas manias. Sua inteligencia. Seu companheirismo. Sua amizade... Enfim, eu amo você como um todo. Queria que soubesse disso. Queria que soubesse que, seja sua reação a essa carta, eu sempre estarei ao seu lado.

Obrigada por entrar em minha vida.

Com amor,         

Kim Jisoo   ".