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História Confiança Cega (EM PAUSA) - Prólogo - Parte 1


Escrita por: LariASilva

Notas do Autor


Essa será uma obra original. Todos os personagens e enredo são de minha propriedade intelectual.

Também estou postando no wattpad, wattpad.com/story/155782598
Acho lá bem mais fácil de escrever do que aqui!!

Capítulo 1 - Prólogo - Parte 1


Fanfic / Fanfiction Confiança Cega (EM PAUSA) - Prólogo - Parte 1

Hoje o dia estava com uma ótima energia. Apesar do tempo frio de dezembro, a cidade estava muito calorosa. Eu acreditava que o país todo estava. Ao andar de bicicleta pelas ruas do meu bairro indo em direção ao supermercado, eu notei as casas passando ao meu redor. Elas passavam rápido. Eu estava com pressa. Todas as casas ainda estavam enfeitadas para o Natal, embora essa data tenha ficado para trás à seis dias. Eu acreditava que as pessoas só tirassem os enfeites após o ano novo. Na minha casa pelo menos era sempre assim.

Hoje era um dia de renovar as esperanças, de fazer novas promessas e desejar aos familiares e amigos muita prosperidade e saúde, desejos esses geralmente vindos do fundo do coração. Réveillon. Um ano acabava e um novo começava, levando embora consigo as tristezas e as decepções e trazendo a alegria e a esperança de tempos felizes. Sempre achei o réveillon uma data mágica. Mesmo com todas as tragédias geralmente nos animávamos nesse dia enxergando o lado bom das coisas e das pessoas. Dizia isso por experiência própria. Talvez eu fosse muito ingênua por pensar assim. Mas sempre gostei de acreditar na bondade humana. De que o bem vencia o mal e todos esses clichês de filmes românticos. Para mim era como se essa data transformasse as pessoas. Era como se nada pudesse dar errado pois era o réveillon. Porém nesse ano eu iria descobri, da pior forma possível, que o dia de hoje não era tão mágico assim quanto eu pensava. Que coisas ruins aconteciam da mesma forma que os outros 364 dias do ano. Afinal de contas 31 de dezembro era apenas um dia como outro qualquer no calendário.

 

***

 

Naquele ano toda a minha família iria aguardar a chegada do ano novo na casa da minha avó materna. Ela morava em Austin, no Texas. E como nós morávamos no Houston, era necessário duas horas e meia de viagem de carro até lá. Minha mãe e meu irmão mais velho tinham viajado para lá ontem para ajudar nos preparativos da festa pois os meus avós já eram bastante idosos e não poderiam ficar fazendo todo o trabalho pesado. A minha mãe tinha ido de avião, apenas 45 minutos de viagem. Eu deveria confessar que deixei para ir com o meu pai hoje por medo. Eu tinha medo de viajar de avião. Um medo irracional e inexplicável, deveria admitir. Eu já tinha viajado antes, sabia que era seguro, porém evitava sempre que possível. Como eu disse, era irracional.

Na hora eu tinha dado uma desculpa esfarrapada dizendo que não deixaria o meu pai viajar sozinho de carro até Austin. Ele com certeza iria precisar de um co-piloto para lhe ajudar no caminho, disse eu a minha mãe explicando porque não queria ir com eles. Mesmo sendo uma desculpa, eu conhecia o meu pai. Ele se perdia ao fazer viagens longas de carro sozinho, isso já tinha acontecido antes. Alguém sempre tinha que ir olhando o GPS e indicando as direções certas.  Eu não queria o meu pai passando o réveillon numa estrada qualquer perdido. Por isso, eu simplesmente tinha unido o útil ao agradável.

Meu pai ainda tinha uns relatórios urgentes para entregar no trabalho por isso não fomos todos juntos ontem de avião. Ele era um professor universitário. Um ótimo professor, a propósito. Ele ensinava anatomia e fisiologia humana para alunos do curso de medicina na Universidade de Houston. Sempre tive muito orgulho dele e sempre deixei bem claro o quão importante o seu trabalho era. Ele ajudava a formar os futuros salvadores de vidas. Tinha algo mais importante do que isso? Eu acreditava que não.

O meu pai queria viajar de avião para a casa da minha avó hoje mas, sem o planejamento com antecedência, não conseguimos encontrar um voo com assentos livres. Era réveillon, muitas pessoas estavam viajando para encontrar os familiares. Minha mãe tinha conseguido ontem por pura sorte, creio eu. Ela sempre tinha sido precavida e perfeccionista. O que fazia com que ela planejasse antes e raramente deixasse para resolver algo de última hora, como o meu pai sempre fazia. Apesar deles serem completamente o oposto um do outro, eles faziam seu casamento funcionar muito bem. Raramente brigavam ou se desentendiam. Devia ter muito amor e união envolvido entre eles.

Enquanto o meu pai terminava de editar seus relatórios antes de enviar para o coordenador do curso de medicina, também chamado de chefe, fui até o supermercado comprar uns lanches e umas garrafas de água para levar na viagem para Austin. A viagem era longa. Parei minha bicicleta no bicicletário e a prendi com uma corrente num dos postes vagos. Como hoje era o réveillon o supermercado estava lotado. Tinha muito poucas vagas livres para carros ou mesmo para bicicletas. Decidi me apressar pensando no tamanho que as filas nos caixas deveriam ter.

Andei até a porta de entrada do supermercado e, ao abri-la, eu senti o impacto da diferença da temperatura interna para a externa. Com toda aquela neve do lado de fora o tempo estava bastante frio. Ali dentro estava bem mais quentinho e aconchegante. Deveria ser jogada de marketing para fazer os clientes não quererem sair dali. Ri sozinha com os meus pensamentos. Eu sempre gostei de ver o lado bom das pessoas mas tinha uma estranha mania de tentar enxergar uma teoria da conspiração em tudo. Eu não conseguia evitar isso. Ri novamente baixinho. Eu estava me sentindo feliz hoje, animada com a viagem de carro com o meu pai e com a ida para a casa dos meus avós. Fazia alguns meses que eu não os via. Dez meses para ser mais exata. Mas hoje eu iria matar aquela imensa saudade.

Depois de pegar os salgadinhos e refrigerantes nada saudáveis, fui em direção ao caixa. Minha intuição anterior acabou se provando certa: as filas estavam enormes. Tinha um constante burburinho de vozes ecoando pelo supermercado e várias pessoas empurrando seus carinhos de compras de lá para cá. Depois de esperar uns bons trinta minutos para pagar por minhas compras, eu sai do supermercado sentindo novamente o impacto da diferença de temperatura. Só que dessa vez não foi tão aconchegante quanto antes. Andei em direção a minha bicicleta sentindo o vento frio bater no meu rosto.

Comecei a tentar amarrar de algum jeito as minhas sacolas de compras na cestinha dela, mas parei quando notei alguns rostos conhecidos andando em direção ao supermercado. Eles acenaram para mim ao me verem e eu acenei de volta desejando boas festas. Eles agradeceram e mandaram lembranças aos meus pais. Os assisti continuarem andando e entrarem na loja.

Em seguida me virei de volta ao meu trabalho de tentar fazer as minhas compras couberem naquela cestinha pequena. Como eu não imaginei isso? Era óbvio que comprei mais do que a cestinha aguentava. Parei novamente e respirei fundo brava comigo mesma. Eu teria que carregar algumas sacolas no meu braço. O problema era que eu não era boa em me equilibrar na bicicleta segurando um peso. Estava pensando em ir andando para casa e depois voltar para pegar minha bicicleta quando uma mão grande tocou no meu ombro. Me assustei levemente de tão concentrada que estava naquele dilema.

Me virei devagar para ver quem era e vi o melhor amigo do meu irmão me olhando de perto, o Nathan. Ele era louro dos olhos azuis e mais velho. Tinha um rosto muito bonito e traços elegantes. Às vezes eu me perguntava porque ele não tinha seguido a carreira de modelo. A aparência ele tinha, a altura também assim como o corpo, só faltava a vontade. Ele não era muito alto mas era mais alto do que eu. Mas acho que isso não contava pois parecia que todo mundo era mais alto do que eu graças aos meus 1,55 metros de altura. Sua expressão era divertida ao olhar de mim para as minhas sacolas de compras.

- Heloise, notei que você está com problemas aí. Estou certo? - perguntou ele rindo. Seu sorriso era brilhante e alcançava os seus olhos. - Quer ajuda? Eu vou só comprar uns ingredientes para fazer bolo. Minha mãe decidiu de última hora que queria fazer um para o réveillon. - ele revirou os olhos e continuou, - Mas se você me esperar eu te ajudo a levar as suas compras no meu posante. - ele piscou para mim e gesticulou em direção ao seu posante: a sua bicicleta preta com grafites de caveiras. Comecei a rir. Ele sempre foi assim, brincalhão e prestativo. Ele era um amor de pessoa.

- Eu aceito a ajuda. Mas vou te ajudar a encontrar os ingredientes do bolo para você não esquecer de nenhum e a sua mãe te deixar de castigo. Vamos! - disse brincando mas ao mesmo tempo falando sério. Apesar dele ser um doce e um amor de pessoa, a sua mãe era muito brava e resmungona. Às vezes não parecia que ele tinha nascido daquela mulher. Ela me deixava com medo e com vontade de sair correndo somente ao olhar nos meus olhos quando eu ia a visitar na sua casa.

Estremeci ao me lembrar do olhar bravo dela dirigido a mim ao notar as minhas pegadas de lama no piso do terraço. Naquela hora eu tinha achado que ela mandaria eu limpar o assoalho com a minha língua. Estremeci novamente. Talvez eu realmente tivesse culpa da sua ira dirigida a mim naquele dia. Talvez. Ri baixinho com meus pensamentos e o ouvi rindo ao meu lado acertando a direção dos meus pensamentos.

Amarrei novamente a minha bicicleta no poste e coloquei minhas compras num armário na portaria do supermercado. Não queria que pensassem que eu estava roubando algo. Depois ajudei-o a encontrar todos os ingredientes para um bolo de limão enquanto conversávamos um pouco sobre várias coisas.

Ele me perguntou sobre a faculdade de veterinária que eu tinha começado a fazer e se eu estava gostando do curso. Eu amava cuidar dos animais e tinha uma fascinação por coelhos - eles eram tão fofos -, por isso estava amando aprender como salvar os bichinhos. Eu queria dar a minha contribuição ao mundo de alguma forma, porque não salvando animais inocentes? Também era sempre bom aprender coisas novas.

Falamos sobre o meu irmão e sobre o seu violão esquecido na casa do Nathan. Meu irmão era um esquecido nato, eu nem me surpreendia mais.

- Não se preocupe Nate. Vou lembrar do violão ao meu irmão. Eu aposto que ele nem se lembra mais onde está. É capaz dele nem se lembrar que tem um violão. - falei de forma séria e o Nathan riu sabendo que aquilo era verdade.

Estávamos na seção das frutas quando eu perguntei sobre a sua família e se ele já tinha arrumado uma namorada. Eu sabia que ele estava a quase um ano sem namorar sério com alguém. Era uma curiosidade válida. Mesmo assim corei instantaneamente ao ouvir a pergunta que tinha acabado de sair dos meus lábios. Ele parou o que estava fazendo e olhou de um modo estranho para mim. Fiquei um pouco tensa com o seu olhar intenso nos meus.

- Ainda não, Ise. Mas acho que irei arrumar uma em breve... - falou ele de modo misterioso me olhando, em seguida a sua expressão se suavizou e ele piscou para mim sorrindo. Ele devia estar brincando como sempre fazia. Corei novamente e tentei mudar para um assunto seguro depois disso. Não queria deixar um clima estranho se abater sobre nós ali.

Saímos do supermercado depois de esperar mais uns vinte minutos na fila. Eu não aguentaria mais tempo em filas hoje. Chega de filas por um ano. Peguei as minhas sacolas nos armários e seguimos em direção ao bicicletário discutindo sobre os melhores sabores de bolo. Eu estava ganhando com o de chocolate. Quem não amava chocolate? Pelo visto o Nathan, já que ele estava tentando me convencer do contrário.

- Limão é o melhor, com certeza. A mistura de doce com azedo é incrível. - dizia ele enquanto íamos em direção as bicicletas com nossas compras nas mãos. - De chocolate é só doce e mais doce. Uma hora enjoa de tanto doce, não acha? - olhei incrédula para ele. Ele estava falando sério? Ele estava me olhando de volta com uma expressão inocente. Balancei a cabeça para ele.

- Não acho. Chocolate é o único doce que jamais enjoa. - pensei um pouco e adicionei, - leite condensado também. Vamos declarar empate então? Que tal um bolo de chocolate com limão? - perguntei e estendi a mão para ele esperando uma resposta. Ele fingiu pensar um pouco, em seguida apertou a minha mão e balançou-a em acordo sorrindo. Sorri de volta. Posso não ter ganho aquela discussão mas também não a perdi.

 

***

 

Voltei para casa de bicicleta com o Nathan do meu lado na bicicleta dele. Ele estava levando a maior parte das minhas compras mais as sacolas dele. Eu me sentia um pouco culpada pelo peso que ele estava carregando.

Ao chegarmos na frente da minha casa guardei a bicicleta na garagem e fui ajudá-lo a carregar as sacolas até a cozinha. Ele levou a maior parte delas como o cavalheiro que ele era.

- Pai! Já cheguei! - gritei ao entrar em casa. Meu pai não estava a vista. Devia estar no seu escritório ainda, atolado nos seus papéis.

Andei até a cozinha com o Nathan no meu encalço. Coloquei as sacolas em cima da ilha, Nate fez o mesmo, e comecei a guardar as compras numa sacola grande que eu tinha separado para a viagem. Ele se sentou numa cadeira e ficou assistindo eu guardar as comidas. Era um pouco intimidador toda essa sua atenção em mim de repente. Respirei fundo e tentei me concentrar no meu serviço. Depois de um momento, ouvi passos descendo as escadas. O meu pai apareceu na porta da cozinha já vestindo o seu terno. Nathan desviou sua atenção de mim e olhou para o meu pai. Relaxei visivelmente com o desvio do seu olhar.

- Daqui a pouco vamos ajeitar as coisas para sair, Ise. Não quero ficar preso no trânsito. É melhor sairmos mais cedo. - falou ele entrando na cozinha e vendo o Nathan ali. Ele se surpreendeu um pouco com sua presença, eu notei. - Olá Nathan. Como vai a sua mãe? Ela está melhor da pneumonia?

- Está sim, senhor. Ela está bastante animada para a festa de hoje à noite. À propósito, feliz ano novo! Sei que irão passar a virada em Austin.

- Vamos sim. Você está convidado a ir conosco se quiser. - falou meu pai olhando para ele e esperando uma resposta. Resposta essa que ele já deveria saber pois o meu irmão fez o mesmo convite ao amigo.

- Obrigado, mas não posso ir nesse ano. Não posso deixar minha mãe sozinha no estado dela. E logo agora que ela está se animando outra vez. - respondeu ele, se desculpando. Ele olhou para mim de relance e disse, - Mas seria muito bom ir com vocês! É uma pena! Quem sabe no próximo ano?! - ele sorriu de leve para mim e voltou o seu olhar para o meu pai.

- Você está certo em querer ficar com a sua mãe. Deseje melhoras para ela em nome da minha família está bem?

- Claro, senhor, desejarei sim.

- Pai, foi a mamãe quem deu essa ideia de sairmos mais cedo não foi? - perguntei chamando a atenção dele para mim. Eu sabia que minha mãe era sempre a mais precavida daquela relação. Ela gostava de tudo planejado. "Era melhor prevenir do que remediar", frase que minha mãe adorava dizer o tempo todo para nós. Ele sorriu culpado provavelmente lendo os meus pensamentos e balançou positivamente a cabeça. Eu sabia!

- Ela ligou perguntando se já estávamos no caminho para lá. Não preciso dizer que ela ficou brava quando eu disse que ainda estávamos em casa. - ele sorriu de novo, culpado. - Vou arrumar minhas malas. Vamos tentar sair no máximo em meia hora mocinha. - falou ele para mim se despedindo do Nate em seguida. Ele saiu da cozinha e depois ouvi os seus passos subindo as escadas, provavelmente indo para o seu quarto, me deixando a sós com o Nathan novamente.

- Obrigada pela ajuda hoje Nate. Vou lembrar ao cabeça de vento do meu irmão sobre o violão dele, não se preocupe. E melhoras para a sua mãe também! - falei enquanto guardava a última sacola de compras na bolsa. Ele estava olhando para mim intensamente. Senti os meus ombros ficarem tensos de novo. O que tinha dado nele hoje? Ele parecia bastante intenso e pensativo.

- Eu realmente queria ir com vocês hoje mas não posso. - falou ele resignado olhando para baixo.

- Sem problemas, Nate. Terá outros réveillons e outras festas. - falei tentando animá-lo pois ele parecia um pouco sombrio de repente.

- Você está certa, Ise. Eu só estou me sentindo estranho. Como se tivesse uma intuição de que eu não fosse mais ter outra oportunidade dessa, de passar a virada do ano com a minha mãe. - ele explicou baixinho dando de ombros. - Deve ser a influência das reclamações da minha mãe agindo sobre mim.

Eu me aproximei dele aos poucos e coloquei uma mão no seu ombro, do mesmo modo que ele fez mais cedo comigo. Eu não queria que ele se sentisse mal hoje. Era réveillon, uma data mágica e feliz. Não tinha lugar para a tristeza hoje. Segurei o seu queixo e levantei fazendo-o olhar para mim.

- Sua mãe está melhorando bastante. Ela já está praticamente curada. Não se preocupe. Eu sinto que irá dar tudo certo. Hoje é um dia mágico, você sabe. E a sua mãe continuará se lembrando por muitos anos das minhas pegadas de lama todas as vezes que eu for na sua casa. - falei eu rindo e ouvindo-o rir comigo. A sua expressão se suavizou e os seus olhos voltaram a ser brilhantes e límpidos, nenhuma sombra nublava mais o azul de seus olhos.

- Muito obrigado, Ise. Você não sabe o quão especial é para mim. - disse ele sorrindo carinhosamente.

- Você também Nate. Você é como um outro irmão mais velho que eu tenho. Você sempre cuidou de mim e sou muito grata por isso. - sorri para ele. Ele abaixou o seu olhar e suspirou. Depois de um momento ele se levantou da cadeira.

- Tenho que ir para casa agora. Minha mãe deve estar reclamando da demora. - riu ele revirando os olhos. - Mesmo doente ela não para de reclamar. Mas isso é o que a faz especial.

 

***

 

Saímos para o jardim da minha casa depois de eu guardar as minhas compras numa grande bolsa. Eu fiquei encostada na porta da frente esperando ele subir na bicicleta para poder dar tchau a ele. Nathan começou a andar em direção a sua bicicleta porém parou na metade do caminho. Ele parou de repente e se virou para mim. Ele me olhava de um modo diferente, intenso. Era como se estivesse decidindo fazer ou não algo que era desconhecido por mim. O seu olhar ganhou um brilho resoluto após um momento e, em seguida, ele andou a passos firmes até onde eu estava. Ele se aproximou bastante e segurou o meu rosto com as duas mãos, levantando-o para ficar na altura do seu. Em seguida encostou os seus lábios nos meus delicadamente.

Fiquei tensa momentaneamente e prendi a respiração, porém, aos poucos, fui relaxando os músculos contraídos. Eu tinha sido totalmente pega de surpresa. Senti ele mover os seus lábios sobre os meus, apertando-me por alguns instantes, diminuindo a pressão do seu agarre em outros. Ele não tentou aprofundar o beijo delicado nem eu. Acho que eu estava com medo de aquilo ser um sonho e se eu me mexesse, acordasse. Ele se afastou depois de um momento e encostou a sua testa na minha. Os seus olhos estavam fechados e a sua respiração descompassada no meu rosto.

- Eu queria fazer isso a muito tempo, Ise. Mas tinha medo do que o seu irmão ou você poderiam pensar. Ele é meu melhor amigo mas talvez não entenda isso. - falou ele e abriu os olhos lentamente olhando intensamente nos meus. - Eu quero que você vá para a casa da sua avó hoje e pense sobre isso. Sobre o meu beijo. Sobre mim e sobre nós. - ele olhou para baixo e vi um tom de rosa claro atingir as suas bochechas alvas. - Eu gosto muito de você e gostaria de ter uma chance ao seu lado. - concluiu ele rapidamente.

Eu estava totalmente sem palavras. Jamais esperava algo assim vindo dele pois ele era amigo do meu irmão desde o ensino fundamental. Eram quase trinta anos de amizade verdadeira. Ele tinha 35 anos, assim como o meu irmão. Já eu tinha 23. Ele tinha me pego no colo quando eu era um bebê e sempre tinha me protegido como um irmão mais velho protege.

Sempre pensei que ele me via como uma irmã pois eu o via assim, como um irmão. Pelo menos até agora. Até ele me beijar nos lábios e falar essas coisas para mim. Balancei afirmativamente a cabeça para ele pois não confiava na minha voz naquele momento. Meus lábios formigavam. Ele encostou os seus lábios nos meus novamente como forma de despedida, em seguida foi até a sua bicicleta carregando as suas sacolas. Ele se sentou na cela e olhou para mim. Eu estava presa no chão do hall de entrada.

- Vou pedir para a minha mãe fazer um bolo de chocolate com limão. Vou guardar um pedaço para você comer quando voltar e ver que essa mistura dá super certo. - falou ele divertido e piscou outra vez para mim. - Feliz ano novo, Heloise! Só te verei ano que vem, vou sentir muitas saudades. - ele sorriu corando novamente e continuou, - Deseja uma ótima festa para todos lá por mim está bem?

Balancei a cabeça novamemte e acenei me despedindo dele. Assisti-o seguir rua acima em direção à sua casa. Eu me sentia estranha de repente. Meio congelada, mas ao mesmo tempo meio quente, por dentro. Na verdade, eu não sabia o que estava sentindo nesse momento. A minha mente tinha se desligado quando o Nate tinha me beijado e ela ainda não tinha dado um sinal de vida. Suspirei. Eu não conseguia pensar em nada agora mas sabia que teria bastante tempo para pensar durante as duas horas e meia de viagem até a casa dos meus avós. Eu precisava colocar a minha mente em ordem rápido. Engraçado como apenas uma pequena ação, com duração de poucos segundos, mudou completamente o meu dia.


Notas Finais


Me contem o que acharam! Abraços e até o próximo capítulo!


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