Frère Jacques, frère Jacques,
Dormez-vous? Dormez-vous?
Sonnez les matines! Sonnez les matines!
Din, dan, don. Din, dan, don.
Marinette abriu os olhos ainda sonolenta ao ouvir a música sussurrada em seu ouvido. Viu os olhos verdes de Chat Noir brilhando no escuro do quarto, a encarando de perto com um sorriso, acariciando-lhe o rosto com as pontas das garras.
─Chat...-Ela murmurou com a voz embriagada de sono. ─Como entrou?
─Deixou a porta da varanda aberta. ─Ele riu baixo. ─Tem que ser mais atenciosa.
─O que faz aqui?
─É a terceira vez que venho e vou repetir a mesma coisa. Adoro ver a minha princesa dormindo.
Marinette sorriu e fechou novamente os olhos afastando a mão dele de perto de si. Chat apenas soltou um riso baixo passando a mão de leve sobre os fios azulados sempre presos.
─Como foi seu dia?
─Chat, eu quero dormir.
─Só depois que me disser como foi seu dia.
Marinette apenas bufou abrindo os olhos procurando pelo abajur e o acendendo fazendo arder tanto seus olhos quanto os do gato.
─Eu acordei fui para a escola, cheguei sem me atrasar, sai com a Alya e voltei para casa. Fim ─Ela sussurrou rápido perdendo a paciência, esfregando os olhos.
─Só isso? ─Chat a perguntou piscando várias vezes percebendo a irritação dela, se divertindo por tê-la deixado assim.
─Eu também estaria dormindo se não fosse por sua causa! ─Falou um pouco mais alto dando um peteleco em sua testa. ─Posso dormir agora?
─Não.
─Chat Noir... ─A voz de Marinette soou ameaçadora apesar de todo o sono.
─Calma, eu vou embora se você me responder isso. ─Ele sorriu um pouco mais.
─O que?
─Posso ser seu confidente?
─Meu o que? ─Ela questionou tendo finalmente a atenção fisgada.
─Confidente. ─Chat repetiu. ─Sabe pra você contar seus segredos, falar sobre sua vida e tudo mais.
─E por que você quer ser meu confidente Chat?
─Bom. ─Ele apoiou a cabeça na cama afagando a mão da moça como se fosse um gato pequeno. ─Eu acho que eu deveria saber um pouco mais da vida da minha princesa.
Marinette suspirou e ficou encarando-o, vendo o sorriso bobo em seu rosto o fazendo parecer que podia ronronar a qualquer momento.
─Se eu aceitar você vai me deixar dormir?
─Saio no mesmo instante.
─Então tudo bem Chat. ─Marinette se rendeu no fim. ─Pode ser meu confidente. Agora eu quero dormir.
E Marinette se virou para o lado, mas antes que pudesse fechar os olhos sentiu Chat cutucar seu ombro insistentemente até ela se virar e ver ele com a cabeça levantada deixando o queixo à mostra e parado esperando por algo.
E Marinette pela milésima vez aquela noite suspirou e fez um leve carinho no queixo dele o ouvindo ronronar de leve.
─Bom gatinho. ─Ela repetiu a frase que mais disse nas três noites que ele apareceu em sua janela. ─Agora o bom gatinho irá me deixar dormir.
E ela observou Chat Noir se levantar e andar até a porta se virando e fazendo uma leve reverencia.
─Tenha doces sonhos miaudemoiselle.
E Marinette não pode evitar rir com o trocadilho ao vê-lo sair pulando pelos telhados. E ainda rindo, apagou o abajur e finalmente dormiu.
...
Adrien encarava o céu estrelado de Paris e soltou um suspiro alto. Outra vez seu pai não havia ido ao evento da escola, o garoto já estava cansado, sabia que o pai o amava, mas às vezes se sentia deixado de lado.
─Tudo bem?
Quase soltou um grito de susto ao ver Ladybug pendurada de cabeça para baixo ao seu lado, os olhos fixos nos dele e as bochechas avermelhadas.
─Ladybug. ─Ele murmurou.
─Desculpe, eu te assustei? ─Ela disse em meio ao riso vergonhoso. ─Afinal o que eu estou fazendo aqui na sua janela? Isso é quase invasão de privacidade, eu acho melhor eu ir e...
─Não! ─Ele disse um pouco alto demais a fazendo arregalar os olhos a deixando mais vermelha assim como ele. ─Quer dizer você não me assustou, e não tem problema algum você ficar aqui, eu só não estou acostumado a te ver desse ângulo.
E a risada que ela soltou o fez sorrir junto.
─Eu aprendi com o Chat Noir. ─O sorriso no rosto dela quando falou seu nome fez Adrien sorrir ainda mais. ─Eu demorei muito até conseguir ficar assim, e agora não consigo parar.
“Eu sei disso.” Foi o que ele pensou segurando-se para não rir, o dia que tinha ensinado a ela ficar de cabeça para baixo foi o dia que mais rira vendo todas as quedas da moça.
─E ao que devo a honra de ter sua visita?
─Eu estava vendo se tudo estava bem e te vi aqui, parecia triste.
─Não era triste era... ─Ele respirou fundo olhando para a lua cheia no céu. ─Frustração.
─Por que estava frustrado?
─É por causa do meu pai, mas eu não quero falar disso agora.
E ele continuou olhando para o céu quando ouviu a voz baixa de Ladybug cantarolar.
“Au Clair de La lune
Mon ami Pierrot
Prête-moi ta plume
Pour écrire un mot
Ma chandelle est morte
Je n'ai plus de feu
Ouvre-moi ta porte
Pour l'amour de dieu”
Ele ficou a observando cantar até que ela voltou a olhá-lo novamente com um sorriso leve no rosto.
─Por que cantou isso? ─Ele perguntou a encarando ainda confuso.
─Quando eu era pequena e estava triste ou frustrada. ─Ela começou. ─Meu pai cantava essa música pra mim e eu me sentia melhor.
─Vai ter que cantar isso muitas vezes para que eu me sinta melhor. ─Ele respondeu em um riso cansado.
─Eu posso voltar aqui amanhã e cantar de novo.
Ele a encarou surpreso, não esperava essa resposta, apesar da sinceridade no rosto da moça era difícil acreditar.
─Sério?
─Claro, virei aqui até que me diga por que está tão frustrado.
─Vamos acabar virando confidentes nesse ritmo. ─Ele falou.
─Não é uma má idéia.
Adrien sorriu mais se aproximando de Ladybug que continuava vermelha e com o mesmo sorriso leve nos lábios. Depois disso, ambos encaram a lua cheia no iluminado céu de Paris deixando o silêncio reinar.
─Ladybug.
─Sim?
─Você tem uma bela voz.
E todo o rosto dela se avermelhou.
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