História Confident - The End

Eu vi você morrer
Eu ouvi você chorar toda noite no seu sono
Eu era tão jovem
Você deveria ter pensado melhor antes de se apoiar em mim
Você nunca pensou em ninguém
Você só viu sua dor
E agora eu choro no meio da noite
Para a mesma coisa

  Verifiquei pela quarta vez todos os nossos pertences naquelas malas que pareciam ser pequenas em comparação a quantidade de coisas que eu coloquei dentro. Justin e Joey não podiam estar mais animados, já eu, só queria que essa viagem fosse cancelada. Não só por medo do que Katherine possa fazer, mas porque acordei com um pressentimento horrível. Vomitei a manhã inteira. Justin continua achando que eu estou grávida, mas só era aquele mesmo pressentimento. 
   - Já está tudo pronto? - Justin perguntou terminando de colocar as coisas no carro. Joey já estava com seu boneco dentro do carro. 
   - Sim. - respondi sentindo um calafrio. Justin percebeu e veio me abraçar.
   - O que você tem?
   - Só uma sensação ruim. Vai passar. - falei entrando no carro. Justin bufou e fez a volta para entrar no carro. Colocamos o cinto e ele ligou o carro indo para a casa do Chaz onde todos nos esperavam. Inclusive Katherine. Eu estava ficando paranóica. 
   
        Chegamos em menos de dez minutos, Justin foi cumprimentar Chaz e eu fiquei dentro do carro com o coração na mão. Já estavam todos dentro dos carros esperando por nós, menos Chaz que ficou do lado de fora para dar algumas instruções ao Justin.
   - Pronto. Vai demorar um pouco pra chegar, pode dormir. - Justin disse assim que chegou. Talvez se eu dormisse, a sensação ruim passasse. 
   - Você da uma olhada no Joey?
   - Claro. Dorme aí. Ele tomou remédio não é? - ele perguntou seguindo os outros dois carros a nossa frente.
   - Tomou. Ele não vai vomitar, o efeito do remédio já tá chegando e ele vai dormir. - sussurrei me aconchegando no banco fofinho. 

[...]

        Por incrível que pareça, dormi o caminho inteiro acompanhada de Joey que dormiu antes mesmo que eu pegasse no sono. Quando acordei, Justin sorriu e disse que estávamos chegando, mas eu só via árvores e mais árvores passando por nós. 

      Os carros da frente foram parando aos poucos e Justin desligou o carro atrás do carro de Ryan, pelo que eu acho. Saí do carro e tirei Joey da cadeirinha. Eu não iria o acordar. 
   - Está melhor? - Justin perguntou enquanto entrelaçava nossas mãos. Assenti andando até o pessoal. A sensação não estava tão forte, já havia melhorado.
   - E ai, caras! - Justin disse abraçando Ryan. Alana me deu um beijo no rosto e eu sorri para Liana que me mandou outro sorriso falso. Annie e Matt estavam saindo do carro de Alana de mãos dadas. Katherine estava saindo do carro de Chaz, senti aquele aperto de novo e virei o rosto, tentando me controlar. Eu coloquei na minha cabeça que Katherine estava aprontando e isso mexeu com meu psicológico.
   - Cadê a chave Chaz? - Skye perguntou olhando a entrada da fazenda. Fazenda Potern. 
   - Em algum bolso... - ele disse enfiando as mãos nos bolsos. Ele tirou um molho cheio de chaves e suspirou pensando o mesmo que eu. Qual seria a chave? Ri sozinha.
   - Alguém tem alguma sugestão de chave? - Ryan perguntou rindo.
   - Tenta a maior. - disse Katherine me encarando. Respirei fundo e apertei a mão de Justin que beijou minha testa. 

      Chaz tentou a maior chave e o portão abriu, Katherine riu alto fazendo todos assobiarem. Menos eu e Justin, claro. Entramos na fazenda e Chaz logo foi nos mostrar cada canto da casa. Eu, Justin e Joey ficaríamos em um quarto. Ryan e Liana em outro. Chaz e Skye em outro. Alana, Annie e Matt no maior e Katherine no menor. 

      Assim que nos instalamos, Justin saiu para beber com Chaz e Ryan do lado de fora, eu esperei que Joey acordasse por si só para podermos dar uma volta pela fazenda. Lembrei que Justin disse que colocasse roupa de banho porque a água do lago da fazenda é bem limpa e quente. Arrumei Joey e coloquei um biquíni, fui até o quarto de Alana e ela também estava arrumada para ir ao tal lago, então fomos juntas.
   - Só estou indo porque você vai. - ela disse quando saímos da casa. Ri arrumando Joey no braço.
   - Vai ser legal. - falei encontrando com Justin que já devia estar no décimo copo de cerveja.
   - Vou no lago, ok? - sussurrei no seu ouvido. Justin assentiu e encheu o copo mais uma vez. Alana riu e me puxou para a direção do lago. 

       Assim que chegamos percebi que era realmente lindo. A água de um azul bem escuro e bonito. E era cercado de árvores e arbustos, que faziam sombra. Sentei na grama perto de uma plataforma de madeira que foi feita provavelmente para se sentar, mas preferi ficar no chão. Forrei um pano e coloquei Joey sentado perto de mim. Alana já estava se deitando no chão de grama sem ligar pra formigas. 
   - Pra quem não queria estar aqui, não é? - perguntei pegando uma papinha pronta para Joey. 
   - É bom pra relaxar. Na verdade, gostei daqui. Da pra dormir ou ler um livro..
   - E aquele seu livro de Tarô? - perguntei rindo. Ela fez uma careta e fechou os olhos novamente.
   - Não fale mal dele, você nem o conhece. Ele significa muito pra mim.
   - Oh, me desculpe senhorita. 
   - Idiota. - ela sussurrou rindo.  

       Depois de ter insistido muito para Joey entrar na água e ele recusar, Alana se ofereceu para pegar a bóia de carrinho dele, pelo menos ele entraria sem medo, já que ele fica na piscina de casa com ela. Coloquei Joey sentado na plataforma e entrei no lago. Ele ria quando eu jogava água nele. Joey me deu o boneco e eu o coloquei dentro da água o fazendo gargalhar. Olhei em direção a estrada que fizemos para chegar ao lago, e nada de Alana. Ela foi por acaso fabricar a bóia?

      Senti algo nas minhas pernas e prendi a respiração colocando minha cabeça na água para ver o que era. Algumas algas verdes balançavam nas minhas pernas. Levantei a cabeça e Joey riu do meu cabelo todo molhado e no meu rosto. Ri colocando ele no lugar.
   - Vem! - abri meus braços para Joey e ele balançou a cabeça negando. Medroso. - Eu vou te segurar, meu amor. 

      Senti algo nas minhas pernas novamente, me debrucei sobre a plataforma e fiquei brincando com Joey. Bem, ele bem que estava com medo por um motivo, era um lago um pouco fundo. Mas, eu iria o segurar forte. Desisti de tentar e fiquei apenas esperando Alana. Joey tirou o casaco do boneco e eu ri quando ele ficou surpreso ao saber que aquilo saía do boneco. Quando pensei em comentar aquela descoberta, senti uma pressão me puxando pra baixo.

        Me desequilibrei do lugar onde eu estava e soltei a plataforma, sendo puxada pra baixo. Tentei subir até a superfície, mas algo me puxava pra baixo. Não era uma alga, eu tinha certeza. Pude ouvir o choro de Joey por eu ainda não ter voltado, mas o desespero se tornou maior quando o ar começava a faltar e a superfície saía da minha vista, tudo ficava escuro e meus olhos ardiam por eu ainda estar com eles abertos em baixo d'água. Senti que estava livre e tentei nadar em desespero, mas o ar se esgotava, minha visão já começava a ficar turva quando senti uma pressão ainda maior sobre mim e dei de cara com uma rocha. A última coisa que pude ouvir foi um choro, que talvez fosse da minha cabeça. Ou fosse realmente a última vez que eu ouviria aquele som.

       Senti que estava caindo cada vez mais sem ter um chão. Estava tudo escuro e o que eu mais queria era que Justin pulasse ali e me salvasse. Mas mesmo que ele fizesse isso, parecia tão longe. Tão profundo. Antes que eu pudesse chegar ao tão esperado chão, senti uma lágrima escorrer pelo meu olho direito e todos os meus sentidos sumiram. 

                     • • •    •    • • • 

              Antes que cada um dê o último suspiro, a melhor coisa da vida de cada um já tem acontecido, Deus nos faz pensar no quanto fomos felizes do jeito que fomos. Tudo tem um propósito e um por que. Talvez, aquilo realmente teria que ter acontecido. Por mais que isso doa a cada vez que soado, eu, Alana Wistley, posso dizer que Callie Monroe significou um tanto impossível de ser descrito para todos nós. Sua força, sua coragem e confiança, seu jeito de ser, sua risada, o seu jeito meigo que conquistou todos nós. A única razão de eu ter passado todos os últimos meses tentando escrever algo que ficasse guardado pra sempre - não só na memória de todos nós, que nunca vai esquecer aquela estrela que pudemos conhecer -, mas também em escrito, para que possivelmente alguém possa ler e perceber que para ser feliz, não é preciso uma casa na areia da praia, nem uma Ferrari, muito menos todo dinheiro do mundo. É preciso apenas de amor. E mesmo que todos os seus sonhos não se realizem, tente. Mas tente com razão fazer com que a maioria deles possam se tornar o que você sempre quis. Assim como Callie, aprendi uma lição com a vida, não importa quantas vezes a vida te coloque para baixo, você tem que levantar, e levantar sorrindo, porque você é incrível e mesmo que não esteja feliz com o que você é, lembre-se que há pessoas ao seu redor que se importam com o que você é de verdade, e com o que você sempre significou.

           Como a estrela que mais brilha naquela noite estrelada. Callie Monroe, é a pessoa mais confiante e decidida que eu já conheci e meu exemplo para continuar todos os dias. 

                                           Fim.