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História Confused Feelings of a Demon - Esse mordomo, revoltado.


Escrita por: Milynha_Sh

Notas do Autor


Boa leituras amores!!!

Capítulo 29 - Esse mordomo, revoltado.


Fanfic / Fanfiction Confused Feelings of a Demon - Esse mordomo, revoltado.

Sebastian não acreditava no que acabava de ouvir. Estava atônito, paralisado e não queria acreditar que Ciel realmente tinha feito aquilo. Agora entendia o comportamento estranho do rapaz nos últimos dias, ele havia tramado durante todo esse tempo por suas costas e mesmo depois de indagar diversas vezes, ele preferiu enganá-lo da forma mais cruel possível, com palavras doces.

Agora o mordomo compreendia perfeitamente qual era a sensação de ‘perder o chão abaixo dos pés’ ou algo parecido a isso, ele mal conseguia identificar o misto de emoções que sentia: raiva, indignação, magoa, tristeza... Sentia-se traído, enganado, usado e isso doía, parecia haver uma faca cravada em seu peito.

O ódio começava a se apoderar de cada célula de sua carcaça humana e antes que cometesse uma carnificina, achou melhor sair do salão enquanto ainda possuía algum controle. Seria problemático se fosse tomado pela fúria, até porque havia apenas uma pessoa ali com quem deveria acertar as contas, com Ciel. Quem ele pensava que era para fazê-lo de trouxa de tal jeito? Com certeza isso não ficaria assim! 

Quando se virou para sair, deparou-se com Francis portando um sorriso asqueroso, claramente ria de sua cara e pelo jeito que o olhava, concluiu que ela já sabia de toda a conspiração. Foi então que se lembrou do acordo que o conde disse que haviam feito, agora tudo começava a clarear e ele sentiu-se um idiota por ser enganado bem debaixo de seu nariz. Como ele, um demônio de alta classe pode se deixar ludibriar de maneira tão vergonhosa? 

Com a cara tão rígida quanto uma estátua de mármore, Sebastian passou pela loira ignorando totalmente sua existência, de modo algum iria dar o gosto a ela de lhe ver abalado. Dirigiu-se para o toilette e quando entrou foi para a pia molhar o rosto que estranhamente parecia queimar. 

Olhando-se no espelho constou que, como havia suspeitado, sua face estava vermelha e as pupilas começavam a oscilar entre circular e fendida, as narinas dilataram-se na busca do ar que ele sabia não precisar e a respiração pesou adquirindo um tom animalesco. 

‘Por que Ciel?... Por quê?....’ Perguntava-se apertando fortemente as bordas da pia. Manteve a cabeça abaixada, não tinha mais coragem de olhar sua imagem refletida no espelho, estava com vergonha de si mesmo. 

Ele estava usando de uma força descomunal para não se descontrolar e virar uma besta desenfreada, suas unhas alongaram-se rasgando as pontas das luvas e fincando-se no balcão de mármore com se fosse numa macia almofada. Sentia que de forma inevitável sua aparência começava a mudar, e a dor e o ódio o consumiam seu ser.

“Foi um belo discurso, não acha?” 

Não foi preciso Sebastian virar para saber quem estava as suas costas. “O que você está fazendo aqui, Aron?” Grunhiu com a voz que já não era mais humana. 

“Estou aqui para manter a segurança de meu mestre!” Informou como se fosse o óbvio “Ah Sebastian, eu estou com tanta pena de você... dói não é?... dói ser trocado... ser traído...” Aron se deleitava com a aparência transtornada do moreno. A dor de Sebastian era um balsamo e intumescia seu ego. Ele odiava Belial com todas as forças. 

“Eu não estou no melhor momento para aturar sua dor de cotovelo, entenda de uma vez que eu não tenho culpa se Nefertari preferiu a mim que a você.” O mordomo rosnava cada vez mais desestabilizado. 

“Isso já não importa mais...” Mentiu, ele nunca fora capaz de superar aquela derrota. “O que importa é que agora você tá pagando por isso. E que humilhante: perder para uma reles humana, uma garotinha sem graça e sem nenhum atrativo, a que nível decadente você ca...” Aron foi impedido de terminar sua frase, pois nesse momento as longas garras do moreno estavam fincadas em sua garganta, manchando sua roupa de gala. Se fosse um humano certamente estaria morto. 

“Caso você preze por essa sua miserável existência, acho melhor sumir da minha frente, pois eu não me conterei como da última vez.” Sebastian afundou ainda mais os dedos em sua garganta e pôde sentir suas unhas cortarem as cordas vocais dele. 

Aron analisou a situação em que o outro demônio se encontrava, e concluiu que pelo modo transtornado do outro, não seria prudente atiçar ainda mais sua ira. Já havia visto Belial desembestado há alguns séculos atrás, quando ele ainda não tinha total controle sobre seus poderes e vivia apenas para comer, então para sua própria segurança, achou melhor se afastar. 

Antes de conseguir levar a mão ao pulso de Sebastian para fazê-lo largar sua garganta, o ambiente escureceu e numa nuvem densa o moreno desapareceu, sem se importar de deixar o conde exposto ao perigo que era ter o outro demônio ali. 

S&C 

Após conseguir se desvencilhar de todas as pessoas que vinham parabenizá-lo pelo futuro casamento, Ciel percorria agora o imenso casarão em busca do mordomo. Já o havia chamado várias vezes, mas não obteve resposta alguma, Sebastian simplesmente não aparecia e ninguém parecia tê-lo visto. 

“Sebastian... Sebastian apareça é uma ordem... SEBASTIAN!!!” Chamava aflito. 

O desespero começou a tomá-lo, estava receoso com aquele sumiço e até já havia ido ao toilette se certificar de que ainda possuía a marca do contrato. Queria encontrar Sebastian e esclarecer tudo que estava acontecendo, falar que estava fazendo isso para que no futuro ninguém mais pudesse interferir na relação dos dois, agora ele já não tinha mais motivos para esconder seus planos, mas para revelá-los primeiro precisava encontrar o moreno. 

“Vocês viram o Sebastian?” Perguntou aos empregados ao chegar na copa. 

“Não, Bocchan” Bard respondeu e logo em seguida os outros dois também fizeram a mesma afirmação. 

“Sebastian não estava se sentindo bem e precisou se retirar, jovem mestre.” Informou Tanaka, sua voz era gentil, mas sua expressão era séria. 

“Entendido.” Ciel sussurrou, pelo modo de falar de seu ex-mordomo sabia que seria inútil procurar pelo demônio no casarão. “Sendo assim deixo a hospitalidade do baile aos seus cuidados”. 

“Como desejar, bocchan.” O grisalho fez uma reverência. 

O resto da festa se estendeu até tarde da madrugada e quando o último convidado foi embora, Ciel já estava esgotado. Por mais que quisesse sair dali e ir atrás do mordomo, ele precisava manter as aparências e não deixar que o desespero arruinasse seus planos. Mesmo que sua performance já não conseguisse transparecer alegria, mesmo que seu interior estivesse desmoronando de aflição, ele continuou até o fim da festa com um sorriso falso no rosto, como um verdadeiro Phantomhive faria. 

Depois de tudo pronto para partirem todos estavam exaustos, até mesmo o conde já não se aguentava em pé, porem apesar de todo o cansaço ele se resolveria com o mordomo e rezava ao Deus que acreditava não existir para que o moreno estivesse na mansão. 

S&C 

Após vagar horas sem destino, Sebastian se encontrava agora na presença de sua Lady. Estela parecia de alguma forma entender sua dor, tanto que esfregava carinhosamente a cabeça em seu rosto como em uma espécie de afago, aquela gata realmente parecia lhe compreender. O mordomo não sabia o porquê de ainda continuar ali, mas talvez no fundo tivesse consciência que era por causa do contrato, isso agora era a única coisa que o prendia ao conde.

Nunca antes havia se decepcionado tanto com alguém, mais do que isso, estava decepcionado principalmente consigo mesmo, apesar de tudo que o menor havia feito, ele próprio era o maior culpado daquela desgraça. Ele que se deixou levar, se deixou envolver mesmo sabendo de todos os contras, tinha total conhecimento de que não seria benéfico aquela relação e ainda assim preferiu se afundar cada vez mais naquele erro que só traria prejuízo. 

Sebastian perdoaria qualquer coisa de Ciel, menos aquela traição e a forma baixa com que foi feita, olhando em seus olhos e com um aparente sorriso de satisfação. Depois de tudo que haviam feito, dos momentos felizes que haviam passado, de todas as vezes que sinceramente disse que o amava, mesmo assim Ciel não teve pena ao pisar em seus sentimentos. 

“Humanos realmente são interessantes, Estela.” Disse apático, ainda tentando entender as atitudes do conde. Ouviu os passos apressados quebrarem o silêncio que reinava no corredor dos empregados e não tardou para a porta de seu quarto abrir. 

“Sebastian!” Ciel entrou ofegante devido ao modo apressado que chegou ao quarto. “ATIM... ATIM...”. ‘Um gato?’  Fuzilando Estela com os olhos. “O que esse gato está fazendo aqui?” Puxou um lenço do paletó e colocou no nariz. “Vamos, coloque-o para fora... ATIM...” 

“O único que precisa sair daqui é você, bocchan. Estela, fica!” O moreno nem se deu ao trabalho de olhá-lo, só de escutar sua voz a raiva estava voltando. “Saia do meu quarto, não é apropriado para um conde está no quarto de um criado” Escarnou.  

“Tire essa gata daqui e vamos conversar, eu preci...” 

“Não temos mais nada para conversar. Agora saia! Essa é a ultima vez que eu peço com educação.” Ameaçou. Sebastian não queria ouvir as desculpas de Ciel, varias foram as vezes que havia perguntado o que estava acontecendo e ele optou por continuar a enganá-lo, agora não adiantava querer remediar o erro com desculpas esfarrapadas, ele não se deixaria enganar outra vez. 

“Sebastian, por favor,  deixe-me explicar, apenas me ouça...” 

‘Você é muito importante para mim, não se esqueça disso.’ O moreno lembrou das palavras de Ciel momentos antes do discurso, o modo traiçoeiro como havia dito era o que mais doía. Ele não se iludiria novamente com falsas palavras. 

Levantou da cama e Estela pulou de seu colo indo direto para dentro do guarda-roupa. O moreno aproximou-se do conde com um olhar diabólico e uma expressão assassina, isso estremeceu o menor que se perguntou se realmente havia feito o certo em procura-lo naquele momento. 

“Quem vai ouvir agora será você.” Alterou um pouco o tom de voz. “Eu cansei das suas desculpas, cansei de ser a segunda opção, sempre a sombra desse maldito noivado. Me diga: como vai ser quando você se casar? Depois de cumprir seus deveres como marido vai vim se enfurnar na minha cama? Obrigado, mas eu não preciso passar por isso, o único que deveria se humilhar aqui é você. Afinal, você não é ninguém sem mim!” 

“Você não sabe o que...” 

“Por que? Por que você mentiu? Por que não me falou antes? Você sabia que esse seria um dia especial para nós, então por que deixou para falar somente hoje, você sabia o quanto eu estava me esforçando e feliz com esse baile...” 

O conde podia ver no olhar do outro a magoa que ele estava sentindo. Nunca havia visto tal expressão no semblante do moreno, mesmo nas outras vezes que haviam se desentendido, ou o mordomo agia friamente, ou indiferente, ou com raiva, mas agora... Aquele olhar triste destruiu todas as suas armaduras emocionais.

‘Se fosse comigo, eu o perdoaria?’ Ciel refletiu, se pondo no lugar do amante. “Eu fiz isso por nós. Me deixe explicar...” 

“Nós? Não... Você fez isso por você, apenas por você... Alias não existe mais ‘nós’.” O mordomo arrancou o cordão do pescoço e jogou no peito do conde. “Nossa relação de agora em diante será restrita apenas ao que está em contrato”.

“Como?” O jovem ficou desesperado, ele já não sabia o que fazer para se explicar e o mordomo simplesmente não dava a chance fazê-lo. “É uma ordem Sebastian, deixe eu...” 

“CALE A BOCA...” O conde se assustou com o grito. “EU JÁ DISSE QUE É VOCÊ QUEM VAI OUVIR... EU AMALDIÇOO O DIA EM QUE FIRMAMOS O CONTRATO. VOCÊ É UMA MALDIÇÃO, UMA PRAGA! E EU TE ODEIO POR TUDO QUE ME FAZ SENTIR”

Logicamente que se estivesse em sua sanidade, Sebastian jamais falaria isso mesmo que em parte fosse verdade, mas como no momento ele estava tomado pela raiva e as palavras que com muito custo repreendia agora saiam livremente de sua boca, levando junto o nó que parecia entalar sua garganta. 

E como aquelas palavras magoaram o coração já aflito do rapaz. Então era assim que Sebastian o via? Uma praga? Uma maldição? Seus olhos começaram a arder e ele tentou ao máximo controlar a incomoda umidade que começava a se formar na linha d’agua. 

“Não fale assim, eu te a...” Na mesma hora sua boca foi tapada pela mão do moreno.

“Tarde demais!” O mordomo sabia o que o conde falaria, mas agora isso já não fazia significado. “Agora saia, antes que os empregados o ouçam e venham ver o que está acontecendo. Não seria bom para sua imagem descobrirem que tem um caso com seu mordomo.” Abriu a porta exibindo um sorriso ensaiado, estando tão arrasado por dentro quanto o menor. 

Ciel ponderou entre ficar ou sair, mas sabia que não adiantaria falar com o mordomo agora, não enquanto os ânimos estivessem exaltados. Além disso, não queria se magoar ainda mais, não queria ouvir mais daquelas palavras dolorosas, mesmo sabendo que o moreno só havia dito por estar com raiva. 

“Esta bem, eu sairei, mas eu não vou abrir mão de você!” Seu nariz começava a umedecer. 

Dito isso, saiu do quarto sem olhar para trás, ouvindo a porta fechar sem hesitação. Arrasado, foi para o quarto que nunca antes pareceu ser tão distante, e quando chegou a ele, jogou-se em sua cama afundando o rosto entre os travesseiros, finalmente permitindo que a insistente ‘umidade’ tomasse conta de seus olhos. 

Desde a morte de seus pais e o incidente, essa era a primeira vez que Ciel chorava. E era um choro silencioso, digno de um conde. 


Notas Finais


É isso ai, até o próximo amores.
Bjinhos de Chocolate!


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