Entrei no quarto devidamente arrumado e fui direto para a ducha, enquanto lavava os cabelos me dei conta de que o “tal cara” que reservou o espaço da piscina era Depp. Respirei receosa, o que poderiam fazer comigo depois de uma gafe dessas?
Do jeito que ele era famoso e influente poderia muito bem queimar meu filme para o gerente do Resort e eu ser convidada a me retirar. Tentei me acalmar e rapidamente escolhi uma roupa para vestir, desci novamente e caminhei para o restaurante torcendo para não fazer mais nenhuma besteira.
Logo fui atendida pela garçonete e fiz meu pedido, comi e saí para dar uma volta. Desde que cheguei aqui não saí do Resort, pensei em caminhar pela orla da praia. Chegando, corri diretamente para a água e molhei a pontinha dos dedos dos pés só para ir entrando no clima, molhei as mãos também e comecei a caminhar um pouco, avistei um escadão que dava de frente para a praia e me sentei lá. Fechei meus olhos e senti a brisa marinha invadir minhas narinas, ventava um pouco e apenas o farol no meio do mar iluminava aquela noite fresca.
De repente senti um cheiro de cigarro, olhei por todos os lados procurando a fonte, consegui enxergar, na outra extremidade da escada alguém fumando. Como o vento batia no sentido contrário, a fumaça vinha diretamente ao meu rosto. Instantaneamente espirrei, não sabia que além de ter alergia a cogumelos também tinha a cigarros. Algo novo para mim, já que no trabalho estava acostumada a conviver com fumantes, a pessoa que fumava ouviu meus espirros e levantou-se caminhando até mim. Aos poucos fui enxergando conforme se aproximava, usava uma camisa listrada, um chapéu e bermuda. Continuei sentada enquanto ele ficou parado ao meu lado esperando que eu pudesse parar com minha crise de espirros para então se pronunciar.
Assim que tive uma trégua, respirei e olhei para cima, acabei levando um pequeno susto. Era ele, o Depp.
Abri a boca para tentar falar algo mas fui interrompida:
— Eu sinto muito...me desculpe! — parecia envergonhado, mal sabia ele que mais constrangida estava eu.
— Tudo bem. — respondi fungando um pouco.
— Não controlo o vento ainda... — riu.
Franzi a testa sem entender o que ele quis dizer.
— Me desculpe por hoje cedo também.
— Pelo que? — Fingi ignorância.
— A piscina, reservada...no Resort. — Falou entre pausas me explicando.
— Ah sim...sem problemas, desculpe se invadi o seu espaço.
— Não invadiu, isso é coisa da Tracy. Não quer que eu seja incomodado, mas me arma cada uma...
— Tracy?
— Minha agente. — sorriu e se preparou para voltar com as mãos afundadas no bolso — Bom...então até mais e me perdoe mais uma vez — começou a caminhar de volta.
Permaneci na minha posição e pensei a respeito do que acabara de acontecer, ele me pareceu gentil, bem diferente do sujeito de hoje cedo no elevador. Vi quando se sentou e deu uma última tragada no cigarro antes de apaga-lo.
Seu olhar era distante e parecia melancólico, algo dentro de mim pedia para que fosse até ele e tentasse descobrir o que o afligia. No entanto, não tinha intimidade suficiente, não poderia simplesmente chegar e lhe perguntar o que havia acontecido. Era pessoal e de problemas pessoais eu entendia muito bem.
Bom, o mar estava começando a se agitar, talvez uma ressaca estivesse próxima. Johnny ainda estava ali, calado e na dele e isso realmente me deixava encabulada.
Sem pensar muito tomei coragem para ir ao seu encontro, atravessei o pequeno espaço entre nós e me coloquei a sua frente.
— Ei, quer tomar alguma coisa comigo no bar? — Não acredito que fiz isso!
Ele voltou a me olhar e sorriu ainda com as mãos no bolso da bermuda, acenou com a cabeça aceitando meu convite.
— Então vamos. — falei animada e ele me acompanhou.
Chegamos ao bar e ele pediu um chá gelado, não esperava isso dele, Johnny para mim sempre foi um boêmio ou pelo menos era o que as revistas e sites falavam ao seu respeito.
— O que foi? — me perguntou curioso.
— Nada, só não pensei que bebesse chá gelado... — desviei o olhar e fiz meu pedido.
— Por que? Você faz parte da turma que acredita que sou o Capitão Jack o tempo todo? — tomou um gole.
— Não... — falei e balancei a cabeça ao mesmo tempo, negando a afirmação dele, porém o que falou era exatamente o que pensei.
Minha piña colada chegou e tomei com o auxílio de um canudo decorado com uma rodela de limão.
— Cuidado para não beber como ontem...
Arregalei os olhos e quase engasguei com a bebida, como ele sabia que enchi a cara ontem?
— Por que está dizendo isso?
— Por nada... — Foi vago e continuou a beber.
No mesmo instante começou a tocar uma música latina, no estilo salsa. A maioria das pessoas foram para a pista dançar. Olhei-o de canto de olho, parecia estar longe.
— A propósito sou Liz.
— Johnny... — forçou um sorriso e voltou a ficar calado.
— Você não está bem hoje, né?
— Não estou em um bom dia...
— O que houve?
— Nada, não quero te encher com meus problemas!
— Eu não me importo. — realmente não me importava, só estava curiosa para saber o motivo.
— Mas eu me importo! — terminou e abriu a carteira para pagar, mas o impedi.
— Por favor eu convidei.
— Você acha mesmo que vou te deixar pagar? — foi uma pergunta retórica.
Concordei e deixei que ele acertasse, ainda bebia aos poucos meu drink observando a movimentação no local.
— Já vai subir? — me perguntou.
Neguei com a cabeça.
— Me desculpe, mas vou para o meu quarto. Acho que já estou perdoado por ter sido o causador da sua alergia, não é? — mais uma pergunta retórica, pelo jeito ele adorava isso.
— Tudo bem. — acenei com a cabeça e deixei que ele fosse para o quarto.
A música ficou mais alta então terminei o drink e resolvi subir também para o meu quarto. Porém vi Johnny em um canto do saguão, falava ao telefone e parecia nervoso.
— Já falei pra parar!...
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