História Constellation Of Freckles - Sora -

Constellation Of Frackles ~ Capítulo 19 - 

Sora

Depois de chegar em casa após o dia cansativo e estressante no café, Tsukishima se senta no sofá, acariciando o cãozinho que se joga sobre seu colo implorando por atenção. Um sorriso involuntário escapa pelos lábios do loiro, que solta um suspiro cansado. 

Tsukishima se escora no sofá, apoiando a cabeça na parede, lembrando do momento desconfortável que Yachi passou mais cedo no café. Se não fosse pelo loiro, o que poderia ter acontecido? Yachi não é nenhuma garota indefesa e isso era nítido para o loiro devido a todas as situações em que se meteram juntos, porém, o homem tinha mais músculos do que dois de si mesmo. 

Quantas vezes aquilo já havia acontecido? Yachi era bonita e Tsukishima, assim como Hinata e Kageyama, tinham plena consciência disso. Quando iam juntos para o pub alguém sempre ia incomodar a loira, o que deixava um ruivo e um moreno completamente possessos, afinal, Yachi ainda era a menininha deles, mas essa foi a primeira vez em que ver um homem se aproximar de Yachi lhe fez se sentir tão irritado e incomodado. 

Um suspiro cansado sai dos lábios de Tsukishima, ao constatar de que isso era algo frequente. Não apenas com Yachi, mas sim com todas as mulheres em geral. Inúmeras mulheres são vítimas de abuso e constatar isso só fez Tsukishima se sentir ainda mais privilegiado. O loiro nunca agradeceu tanto por ter algo protuberante entre as pernas. 

Com um último suspiro, Tsukishima se levanta e coloca a ração para o canino que pulava de alegria nas pernas do loiro. Ele anda calmamente até o quarto, pegando uma muda de roupa limpa para vestir após o banho e se dirige para o banheiro, deixando a roupa sobre o mármore da pia. 

Ao abrir o armário e pegar o comprimido do pote alaranjado, seu olhar recai sobre o pote branco que a muito não era aberto e um sentimento estranho toma posse do peito de Tsukishima. O loiro não sabia dizer se era alívio ou era apenas a constatação de que fazia pouco mais de um mês que ele não abria o pequeno recipiente. 

Em um ato impulsivo, Tsukishima coloca o comprimido na boca e, com a água da pia, o engole. Depois de sentir a pequena pílula descer por sua garganta, Tsukishima pega o pote branco do remédios para insônia, abrindo-o e colocando todo o seu conteúdo na mão, encarando as pequenas pílulas brancas sobre sua palma. 

Em passos lentos, ele anda até a privada, levantando a tampa e virando a mão sobre a porcelana. As pequenas cápsulas caíam em câmera lenta, na visão do loiro. Um por um, os comprimidos iam afundando lentamente na água. Assim que todos já estavam no fundo, Tsukishima apera o botão da descarga, vendo todas as pílulas indo por água abaixo, assim como um estranho peso que já não estava mais sobre seus ombros. 

Um suspiro de alívio sai dos lábios do loiro, que sai do banheiro indo até a sala, onde havia deixado o celular ao chegar em casa. Assim que pega o aparelho, ele vê uma mensagem de Yamaguchi lhe contando da discussão que havia tido com Hideo durante o ensaio da banda, o que fez um sorriso de satisfação inevitável escapar, porém, o esverdeado não era o foco de Tsukishima no momento. 

Ao desbloquear o aparelho e clicar no contato do mais velho, quatro toques são ouvidos até que a pessoa o atende. 

- Alô? 

- Oi. Sou eu. 

- Kei... eu sei, seu número está salvo no meu celular. - Uma risada sem graça sai dos lábios do mais velho. 

- Eu e a Yachi vamos sair sábado para ir em um abrigo de animais... você... quer ir com a gente? - Ele dizia meio hesitante, se arrependendo de tê-lo convidado. O receio de ser rejeitado o atormentando. 

- Você... quer que eu vá junto adotar um bichinho com você? - A voz parecia confusa do outro lado da linha, porém, com uma pitada de empolgação escondida. 

- Se você não quiser... 

- Não! - Ele interrompe o loiro. - Eu quero. Eu passo para buscar vocês? 

- Não precisa, eu busco. Depois eu e a Yachi vamos nos encontrar com o Kageyama e o Hinata no pub. Pego você lá pelas 16h. 

- Tudo bem então. Até sábado Kei. 

- Até, Akiteru. 

* 

- Ele convidou o Akiteru? 

- Eu também fiquei chocada! 

- Mas desde quando o Kei deixou de ser um covarde?  

- Essa é uma boa pergunta. 

- Vocês podem parar de falar como se eu não estivesse escutando? 

Tsukishima ia com Yachi até a casa do loiro mais velho enquanto estavam com o celular conectado no bluetooth falando com Kageyama. A pequena loira havia acabado de contar que Tsukishima havia chamado o irmão para irem com eles atrás de um gatinho para fazer companhia a Aki. 

Tsukishima revirava os olhos enquanto os amigos falavam sobre si sem sequer se importar se o loiro ouvia ou não. 

- Mas eu estou tão orgulhosa dele. Finalmente deixou de ser fresco e foi atrás do irmão. 

- Eu concordo. Akiteru já tinha até mesmo me ligado perguntando se o Kei ainda o odiava. Eu ri tanto naquele dia. 

- Por que não me contou? Deve ter sido muito engraçado. 

- E foi. Ouvir ele chorando e soluçando enquanto segura a risada foi difícil. 

- Olha só, que pena. Estamos chegando. Até mais Tobio, a gente se vê a noite. - Tsukishima não deixa brechas e desliga a chamada, ouvindo a loira resmungar ao seu lado “nós nem estamos perto.” 

O resto do caminho se seguiu tranquilo, com Yachi cantando exageradamente as músicas que tocavam na rádio, fazendo o loiro rir de vez em quando ao levar um tapa ou esbarrão proposital da pequena garota ao seu lado. (mas afinal quase todos eram pequenos comparado a Tsukishima, ele tinha 1,95 de altura. Isso é para poucos.) 

* 

- Wow! Kei olha como são adoráveis! 

Akiteru andava radiante pelos corredores repletos de gatinhos e cachorrinhos, cada um mais adorável que o outro. Yachi ia mais contida ao lado de Kei, porém, sempre parava para ver um animal ou outro, fazendo Kei a esperar. 

- Que tipo de animal procura? - Uma senhorinha simpática havia atendido o trio de loiros. 

- Eu quero um gato para fazer companhia ao meu cachorro que fica em casa sozinho o dia inteiro. Fico o dia todo fora e não queria que ele se sentisse sozinho. - Kei fala tranquilo, vendo que os dois loiros que o acompanhavam estavam se derretendo pelos animais engaiolados. 

- Seu cão é muito energético? - Ela dizia com a voz mansa e calma. 

- Não, ele é até bem calmo. 

- Certo. Venha comigo, por favor. Temos vários gatinhos nessa direção. - Ela aponta para uma divisória nos corredores.  

- Vamos vocês dois. Tem mais gatos por aqui. - O mais alto diz e Akiteru praticamente corre atrás da velhinha. Yachi fica contrariada. Encarando o cãozinho que parecia adoecido no fundo de uma das gaiolas. - Vamos Hitoka. - Diz e ela o encara triste, apontando para o cãozinho. - Eu sei, mas eu quero um gatinho. Você vai me ajudar a escolher o gato, não vai? - Yachi o encara com o brilho voltando a seus olhos. Kei segura uma das mãos da loira, puxando-a consigo para o fim do corredor. 

Ao se aproximar da velhinha, o trio fica hipnotizado com a quantidade de gatos que os observava. Yachi praticamente arrasta Kei para perto das gaiolas, apaixonando-se a cada gato que via. 

Ao passar por uma gaiola que parecia vazia, Kei procura com os olhos pelo animalzinho que deveria estar se encolhendo no fundo da sua mini prisão, vendo apenas duas orbes azuis como safira o encarando. Após segurar a loira no lugar, que o encara sem entender, ele se aproxima um passo da gaiola, vendo o gato se aproximar lentamente da grade. 

- Esse. - Ele diz sem sequer pensar duas vezes. 

- Esse garotinho aqui? - A velhinha diz se aproximando da gaiola após entregar para o loiro mais velho um gatinho branco com pequenas manchinhas pretas pela pelagem. 

- Sim. 

- Ele é bem reservado. Não é agressivo, mas costuma ficar sempre sozinho. Talvez um amiguinho para ele fosse bom. - Ela dizia abrindo a gaiola e vendo o gato voltar para o fundo da gaiola. - Vamos amiguinho, não tenha medo. - Ela dizia, mas o gato parecia irredutível. 

- Eu... posso? - Kei pergunta relutante. 

- Claro, fique à vontade. - Ela dá um passo para trás. 

Ao se aproximar da gaiola e, lentamente, esticar os braços para dentro das grades de metal, o gato anda lentamente para próximo do loiro, como se o analisasse. Assim que sua mão encosta no pelo macio do gatinho preto, um suspiro de alívio escapa de Kei, sem sequer notar que segurava o ar e aliviado por não ter sido atacado. Kei acaricia a cabeça do gatinho, pegando-o no colo gentilmente depois. 

- Ele tem um nome? - Kei pergunta acariciando o gato e olhando para a velhinha. 

- Nós evitamos dar nomes para os bichinhos. Assim os futuros donos se sentem mais à vontade. 

- Qual nome vai dar pra ele, Kei? - Yachi pergunta curiosa, vendo a interação do gato com o loiro. 

Tsukishima pensa por um tempo, acariciando os pelos negros do gato. Ao ter a atenção das safiras do felino, apenas uma coisa se passa na mente do loiro. 

- Sora.