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História Contador de Histórias - O Andarilho Contador de Histórias


Escrita por: Rin_Tsubomi

Capítulo 1 - O Andarilho Contador de Histórias


Enquanto passava mais uma noite a céu aberto, um acampamento em uma clareira pequena, mas capaz de abrigar a todos os viajantes, pus-me a pensar em coisas que fazem uma pessoa mudar ou ter um determinado fim. Muitas delas acabam tendo que ganhar a vida por meios um pouco “ruins”, pois não conseguem enxergar uma escolha melhor para continuar vivendo ou simplesmente não possuem alguém disposto a estender uma mão para ela.

Estas pessoas também passam por necessidades, também precisam de ajuda, mas são ignoradas e tratadas como lixo. São obrigadas a percorrem caminhos que as levam para um fim mais próximo de sua vida, transformando-as em algo completamente diferente do que eram. Mas também há aqueles que buscam outros meios de ganhar a vida, e são destas que falarei hoje.

Como um modesto Andarilho Contador de Histórias, trago-lhes esta noite um relato que ocorreu a muitos anos que tenho o prazer de compartilhar.

Houve outrora um casal que passava por necessidades tanto pessoais quanto financeiras. Estes viviam da esmola que a Mulher recebia e dos picos que o Homem fazia às vezes aqui e acolá.  À noite, a Mulher sentava próximo aos teatros ou salões, onde a música alta atraia os burgueses para dentro de seus luxuosos estabelecimentos, e começava a cantar no mesmo ritmo das melodias. A jovem, geralmente, improvisava as letras ali mesmo, mas conseguia encaixa-las com tanta perfeição nas melodias tocadas que parecia que ela mesma havia as escrito.

Sua doce e suave voz atraia ainda mais burgueses que encantados pelo que ouviam, ajudavam-na de forma generosa.  Contudo, era apenas uma parcela pequena das pessoas que frequentavam aquele local que estavam dispostas a ajudar a Mulher. Os demais a olhavam com nojo e desaprovação, alguns a insultavam, mas ela não deixava que ferissem seu ser. Pois ela era forte e suportava tudo aquilo por apenas um propósito, seu filho. A criança mal acabara de nascer e já passava fome. Era um milagre ela ainda estar viva, diziam.

De manhã, a jovem mãe cuidava do filho e o pai buscava empregos provisórios, pois poucos senhorios aceitavam sua aparência desleixada e a carência evidente em seu semblante. Contudo, o Homem era mais fraco que a mulher e estava com seus dias contados. A idade batera-lhe a porta de forma avassaladora e este não suportava mais continuar na rotina que lhe era imposta. Mas graças às súplicas de sua esposa e a necessidade que passavam, ele continuava em sua busca, rezando todas as manhãs para conseguir um trabalho e todas as noites para que os deuses protegessem sua mulher.

Certa noite, um circo famoso passou pela cidade. O Dono, um senhor burguês que estava sempre em busca de novos talentos, passava pelas óperas e teatros que o centro urbano oferecia. Ele se encantava com as apresentações e estas o inspiravam na criação de novos espetáculos. Tarde da noite, enquanto vagava pelas ruas pouco movimentadas da cidade, avistou um a silhueta encolhida em uma parede. Era a Mulher que parara de cantar, pois a fome que sentia tirou-lhe todas as forças que ela possuía.

O burguês aproximou-se dela e perguntou.

“O que fazes mendigando em um local perigoso para gente como você?”

“Antes, eu cantava para aqueles que passavam aqui, em troca me davam algumas moedas de prata e muitas de cobre. Mas agora estou cansada, meu marido está enfermo e em casa tenho um filho para alimentar. Que opção eu tenho, senão a de vir aqui mendigar na esperança de que alguém, no meio de milhares, me note?”

O burguês, tocado pelas palavras da Mulher, interessou-se por ela. O homem jogou algumas moedas de ouro para a moça, sorriu, e perguntou.

“Poderei encontra-la aqui amanhã também? Gostaria de ouvi-la cantar”.

A Mulher assentiu, pegou a moedas e correu para casa.

Na noite seguinte, ela encontrou o senhor a sua espera. Ficou em pé perto de um salão de festas onde tocavam uma música calma que ela conhecia como a palma de sua mão, e pôs-se a cantar. O burguês, mesmo frequentando tantas óperas e teatros, nunca ouvira uma voz como aquela. Ela era calma e suave, dava uma sensação de esquecimento e paz, transbordada por sentimentos profundos que carregavam uma longa história, que apenas a Mulher podia contar.

Ao fim da primeira melodia, o senhor aplaudiu entusiasmado. Envergonhada, apenas sorriu timidamente e se preparou para cantar novamente. Após varias melodias, a Mulher agradeceu o homem por sua generosidade da noite passada e perguntou como poderia retribuir-lhe, além de suas canções.

“Adoraria que vieste comigo! Busco pessoas talentosas como você de cidade a cidade e não posso simplesmente deixa-la aqui, depois de descobrir sua história”.

“Terei de conversar com meu marido sobre isto. Mas amanhã de manhã, dar-lhe-ei uma resposta”.

 Ao voltar para casa, a Mulher contou tudo o que acontecera para o marido. Este ficou aliviado e feliz por ela, mas confessou que não poderia acompanha-la. As moedas de ouro puderam pagar os remédios que ele precisava, mas sua doença já havia o consumido e nada mais poderia ajuda-lo a escapar da morte.  

“Vá! Salve tua vida e a da criança, serei apenas um fardo. Deixe-me morrer sabendo que viverás bem”.

Aos prantos, a Mulher ficou ao lado do marido até seu último suspiro.

 

Na manhã seguinte, a Mulher pegou a criança e saiu às pressas até o centro da cidade. Lá, ela procurou pelo Dono do circo. Depois de muito andar, encontrou-o próximo a um a carruagem que se preparava para partir. O senhor ao avista-la, esboçou um sorriso acolhedor e abriu os braços de forma saudosa.

“Então a senhora veio! Fico feliz por ter aceitado a proposta”.

“Eu que agradeço sua generosidade, senhor. Infelizmente, meu marido faleceu na madrugada e só vim com meu filho”.

“Não se preocupe, temos lugar para ele também”.

Então, a Mulher juntou-se ao circo e a partir dali, traçou um novo destino.

Ela ficou famosa em todas as cidades que passavam, mas infelizmente falecerá ainda nova ao contrair uma doença perigosa que não possuía cura. O Dono se tornou o pai adotivo do filho dela, que desde cedo demonstrou um grande interesse pela literatura, principalmente por contos, lendas e histórias antigas. O garoto adorava contar histórias, principalmente as que realmente aconteceram. Não demorou muito para que ele desenvolvesse certo gosto pelo que fazia, tornando-se um Contador de Histórias do circo.

Atualmente, acredito que em noites como essa, ele costuma...

“Rapaz! Venha para a fogueira, estamos planejando nosso próximo espetáculo!” gritou o burguês.

      ... Ele costuma contar sua história para aqueles que desejarem ouvi-la. 


Notas Finais


Hello~~
Espero que tenham gostado ^^


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