-- Ele sabe? -- Clint perguntou assim que Tony passou pelo hall de entrada, assistindo um filme legendado.
-- Sobre o quê está falando agora? -- Tony se certificou de estar na frente dele para falar, para que o homem o entendesse.
-- O garoto. Peter. -- Clint respondeu, e só então Tony percebeu que ele retomou ao aparelho. Quer ouvir minha confissão, não é, seu cretino? Tony pensou enquanto esperava por mais. -- Você praticamente o come com os olhos a todo momento. Ele não parece notar, mas te olha com aquele brilho também. Como se você tivesse pendurado a lua e as estrelas no céu. Vocês já estão juntos ou ainda brincando de se rodearem?
-- Ele não sabe. -- Tony suspirou, se sentando. -- E ele é nerd, cara. Tem esse brilho toda vez que vê um de nós. Você tinha que ver como ele só faltou saltitar de empolgação quando disse que íamos jantar com o infame Gavião Arqueiro.
Tony viu como o brilho permaneceu com ele conforme o levava para casa, como ele o questionou sobre quando veriam o doutor Banner, que no momento estava no Novo México. Peter se manteve falante a viagem toda, e Tony o amou por isso. Amou como ele parecia normal, tão feliz e que aquela felicidade em parte era causada por ele. Tony viu como ele ficou mais apagado quando desceu do carro, mas a promessa de uma surpresa no próximo fim de semana o iluminou outra vez.
-- E não pretende contar à ele? -- Clint disse. -- Quer dizer, depois de toda nossa conversa sobre nossos divórcios, eu pensei que você estivesse abrindo caminho para o novo...
-- Ele é menor de idade. -- Tony usou a desculpa que repetia à si mesmo a todo instante.
-- Pelo o quê, uma semana? -- Clint debochou, com aquele sorriso convencido e irritante.
-- O divórcio não é a única coisa que temos em comum, não é? -- Tony aproveitou para alfinetar. Ele não era cego, afinal.
-- Agora sou eu que não sei sobre o que estamos falando. -- Tony já esperava que ele desconversasse.
-- Pietro Maximoff. -- Tony cruzou os braços. -- O nome Pietro é uma versão de Peter, sabe? E ele também tinha dezessete anos na época. Mesmo que eu sabia que seu carinho por Wanda é paternal, eu sei que muito dele veio da culpa pelo irmão dela. E que todo aquele jogo de provocação em Sokovia era um flerte mal disfarçado, Légolas. Não me faça de idiota.
-- Ele era irritante. -- Clint revirou os olhos, mas aquilo não funcionou e ele sabia disso. -- Ele tinha personalidade. E era bonito e habilidoso. Minha esposa estava grávida e meu casamento em crise. Não era como se eu estivesse a traindo, mas ele despertou meu interesse. Ao menos eu me mantive fiel, até o final.
-- Você sabe que a situação dela era estressante, Barton. -- Eles já haviam batido nessa tecla várias vezes, o próprio Clint defendendo a ex-esposa. -- Você chegava a passar anos fora, e sem querer ofender, mas o caseiro que contrataram era do tipo tirado de um romance erótico de cowboy.
-- Eu sei. -- Ele sorriu sem humor, encarando as mãos. -- Mas ainda penso nele, sabe? Em como além de ter uma personalidade que me atraía da mesma forma que me irritava, sem falar em como ele era bonito e habilidoso, ele tinha um coração bom. Ele se sacrificou para salvar a minha vida, e em todos esses anos eu me perguntei o que teria acontecido se as coisas não acabassem assim. Eu me pergunto se não segui o seu exemplo e me divorciei porque um garoto estava tomando a minha mente.
-- Peter também quase morreu. Várias vezes, uma delas nos meus braços e a última por querer se sacrificar no meu lugar. -- Tony encarou o vidro, se lembrando dos acontecimentos. -- Tenho pesadelos todas as noites com isso, e não sei o que teria acontecido se ele não tivesse voltado. Eu sei como se sente, Clint.
-- Mas você teve a sorte de uma segunda vez. -- O loiro o encarou, os olhos sérios e impertubáveis. -- Eu e muita gente não. Então aproveite isso. É claro, não caia sobre o garoto com garras e dentes, porque Peter parece ser do tipo a ser levado a fogo baixo -- e Deus sabe como tudo teria sido mais fácil entre mim e Pietro no lugar de vocês --, mas não o deixe escapar, Tony. Você parece estar num daqueles romances água com açúcar, onde o cara fica todo bobo. Ele te faz bem, e arrisco dizer que você retribui isso para ele.
-- Certo, Guru. -- Tony se aproximou, dando um meio abraço quando Clint se levantou. -- Quero mantê-lo seguro e bem, acima de tudo. O amor vem depois.
-- Não seja idiota, seu idiota. -- Ele retrucou, antes de soltá-lo. -- Agora vá dormir. Não quero em um futuro próximo escutar reclamações do Peter porque seu homem não cumpre os horários básicos de sono.
-- Ele já sabe que não durmo muito. -- Tony guardou para si mesmo a euforia que as palavras dele causaram.
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