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História Contigo en la distancia - O Barco


Escrita por: Valentinas1782

Capítulo 6 - O Barco


Fanfic / Fanfiction Contigo en la distancia - O Barco

Narrado por Eliane Giardini

 

 

Após estacionar o carro na garagem, depois de dirigir por algumas horas, pois acabei enfrentando um engarrafamento no percurso do Projac até aqui em casa, finalmente cheguei. Estou entrando em casa para relaxar, deixei a bolsa sobre o sofá da sala e segui com a rosa entre as mãos até a cozinha. Escolhi um pequeno jarro de vidro, coloquei um pouco de água natural, em seguida ajeitei a rosa do jarro. Optei deixar sobre a mesa, para que a rosa embeleza-se ainda mais o ambiente, sorrio a todo instante admirando o botão que ganhei hoje mais cedo. Uma delicadeza que não parecia fazer o feitio dele, mas que me surpreendeu. Apesar de ser apenas uma rosa, seu conteúdo, intenção e sentimentos que a envolvem é muito maior do que eu posso imaginar. Só sei sentir, sei que neste momento estou transbordando felicidade e uma paz interior muito grande. Os antigos costumavam dizer que receber flores é um sinal de ser bem vista e especial pela pessoa que está lhe ofertando.

 

Com esse sentimento me envolvendo, voltei para sala, peguei minha bolsa e segui na direção do meu quarto. Durante a pequena caminhada, abri a bolsa e instantaneamente procurando apenas com a mão o pequeno bilhete que recebi junto com a rosa, que deixei para ler em casa, mesmo lutando contra a minha curiosidade. Assim que adentrei ao meu quarto, encontrei o bilhete. Deixei a bolsa sobre a poltrona, me aproximei da cama e sentei-me para ler as palavras que ele dedicou a mim.

"Que a sua beleza, continue sendo demonstrada para os olhos humanos, assim como essa rosa nos mostra seu encantamento, de dentro para fora! "

 

Soltei um longo suspiro, completamente encantada com suas simples e belas palavras, que me tocaram profundamente. Reli o bilhete mais duas vezes para fixar bem a frase, logo depois fui até o meu closet, peguei uma pequena caixa de madeira que está vazia, depositei o bilhete ali e decidi guardar em meu criado mudo, ao lado da minha cama.

 

Preciso de um banho extremamente relaxante, pois o dia hoje foi repleto de trabalhos e de muita emoção. Em poucos segundos já me encontrava no banheiro, retirando minhas peças de roupas, depois liguei o chuveiro e iniciei o banho morno. Quando acabei, fiz minha higiene pessoal, vesti uma camisola simples e longa para dormir.

 

Como não estou com vontade de jantar, desarrumei a cama, deitei-me confortável, olhei o livro no criado mudo, porém não senti vontade de lê-lo hoje. Afinal minha mente está voltada para uma única pessoa, ou melhor posso dizer está voltada para um momento, e para ser específica voltada para um beijo. E é com esse pensamento que quero adormecer está noite.

 

Narrado por Werner Schünemann

 

Entrei em casa assoviando uma música que tocou na rádio, durante o percurso para casa. A alegria é visível em meu rosto, não tenho como esconder, passei pela sala e subi as escadas ainda cantarolando.

- Boa noite – minha esposa falou assim que entrei em nosso quarto.

– Por que, tanta alegria eu posso saber? – a olhei com os olhos cerrados.

- Só porque estou murmurando uma música? - sorri tentando descontrair.

– Não posso? – indaguei arqueando uma sobrancelha.

- Desculpe, não está mais aqui quem perguntou – ela ergueu ambas as mãos em forma de rendição.

- Desculpe, não quis ser grosseiro. – ela assentiu, sentei ao seu lado na cama. - Fez as compras? – Tânia assentiu concordando.

- Tenho uma novidade - falou um pouco apreensiva.

- Diga! - comecei a desabotoar a camisa.

- Minha viagem para os EUA foi adiantada – a olhei surpreso.

– Para amanhã à noite - me olhou tristemente e fiquei confuso.

- Mais já? – perguntei não achando a ideia totalmente ruim, entretanto não posso demonstrar esse meu sentimento.

- É, tenho que resolver alguém detalhes dá exposição e não posso adiar mais, e além disso analisar o local. Não quero chegar em cima da hora. Por isso o pessoal da galeira quis adiar - explicou-se organizando alguns papéis, o passaporte e os documentos.

- Vou sentir falta, foi tudo tão rápido - falei ao observar inquietude dela.

- Queria tanto que você viesse, adoraria sua companhia - segurou meu rosto com as mãos e beijou meus lábios.

- Não fosse a novela e iria, amor. Tá tudo muito corrido - completei acariciando sua face.

- Eu sei. Volto logo, pra você não ficar tão sozinho - sorrimos e a abracei por trás.

- Vou esperar ansioso - afaguei seus cabelos a a ajudei com o restante das coisas para a viagem.

 

Narrado por Eliane Giardini

 

Aproveitei o dia de folga das gravações para organizar todas as coisas que havia deixado pendentes desde o início da novela. Estamos bem próximos das cenas do casamento da Nina, onde Eva e Conrado, apaixonados um pelo outro, praticamente destruirão a vida da doce e singela Brigid, nome de Valentina de Nina Sullivan. O casal fugirá para a Irlanda e nesse período, acontecerá a passagem de tempo em sete anos. No início da trama, Pérola era uma mulher calma e sempre prestativa, essas características permanecerão, porém sete anos mudam as concepções de uma mulher, justamente pelos fatos que se sucederam no casamento da sobrinha. Estar ao lado do homem que ela ama e que por sinal, guardou rancor da filha mais velha, se desfez dos objetos, roupas, tudo o que lembrava sua primogênita, fez com que Pérola amadurecesse sua visão como mulher, como Valentina. Ela precisava estar com Max nesse momento tão delicado em que seu ódio o cegava e corroía os bons sentimentos que ele trazia em seu coração, Pérola transbordou ainda mais sua afeição por Maximilian, o amor se intensificou com ele tão próximo. Algumas mudanças em seu visual serão necessárias, esquematizo corte de cabelo, postura, gestos e outras peculiaridades de acordo com o temperamento de minha personagem. Trajes e acessórios ficam mais por conta das figurinistas, dou minhas opiniões, porém me agrado sempre das escolhas que fazem para mim.

 

Já me preparava para descansar um pouco, pois minhas filhas decidiram passar a noite em Cabo Frio na casa de umas amigas, quando meu celular começou a tocar. Procurei por todos os cantos e não encontrei, já me desesperava à sua procura quando visualizei o mesmo em numa aparadeira perto da porta. Quando o alcancei finalmente ele parou de tocar, olhei o nome na tela e senti um gelo em meu estômago, era o Werner. Decidi não retornar sua reação. Meus pensamentos deram mil voltas de curiosidade por saber o que ele queria comigo. Fui até a mesa onde estavam espalhados os textos das próximas cenas de Eterna Magia, recolhi os mesmos, segurei a quantidade das coisas que pude nos braços e girei meu corpo para voltar para o quarto quando o telefone vibrou em minhas mãos. É ele mais uma vez, por desequilíbro derrubei todos os papéis no chão.

- Deus! - bufei de nervoso pelos papéis e por ele estar me ligando, mas logo atendi.

- Alô! - falei um pouco afobada e ele percebeu.

- Está brava? - falou num tom de brincadeira e ri. A voz rouca dele por telefone é de arrepiar e de deixar qualquer pessoa sem ideia do que fazer.

- Não, é que deixei várias coisas caírem no chão só pra te atender - expliquei e ele se gabou.

- Eu sei que sou mais importante, mas você podia ter retornado e não precisava quebrar nada - sentei no chão, desistindo de pegar os textos e alguns livros.

- Como você é convencido, Werner! São os textos das nossas próximas cenas - tentei parecer brava mesmo, mas ele sempre sabe sair dessas situações.

- Tá vendo, é isso o que acontece quando você deixa de ensaiar comigo - sorriu irônico. - Se atrapalha toda. Pode dizer, Eliane, você precisa de mim! - ri alto do seu ego inflamado.

- Você não existe, sabia? - ele fez manha.

- Ah! Existo sim, você que me baniu da sua vida, uruguaiana - brincou e rimos com nossas palavras.

- Eu estava estudando sobre a passagem de tempo da novela, sobre algunas mudanças que ocorreram naqueles anos - encostei na parede e encolhi as pernas, abraçando as mesmas.

- Eu já li tanta coisa sobre isso que estou um pouco cansado, preciso relaxar, Eliane - ele suspirou.

- Então descansa um pouco, é muita correria mesmo e isso desgaste a gente. Aproveita que hoje é folga e se distrai - enrosquei os dedos nos cachos de meus cabelos e brinquei com eles.

- Mas não foi pra falar de cansaço que te liguei, Eli! - falou mais animado e mordi o lábio inferior com ansiedade.

- E foi pra falar de que? - perguntei sem cerimônias.

- Quero te fazer um convite e não aceito não como resposta - me advertiu sério e involuntariamente sorri, mesmo sem saber o que é.

- Isso é mais uma intimação, Werner! Não tenho saída - exclamei sentindo-me encurralada e ouvi sua risada gostosamente pelo telefone.

- É isso! - foi categórico - Mas é sério, Eliane! - disse rouco e sensual.

- Hum? - nem eu sabia o que perguntar. - Que convite é esse? - tomei coragem.

- Quero te convidar para conhecer o Rio Grande - fiquei sem entender o convite, achando loucura em todos os sentidos.

- Está louco, Werner? Ir pro Rio Grande do Sul com você? - disparei nas perguntas. - Esqueceu que eu já conheço teu Estado? - ele ria divertido e eu não entendi mais nada. - Por que você está me fazendo esse convite? - cessei as perguntas porque ele não me ouvia.

- Werner! - chamei por ele. - Para de rir de mim, não tem graça! - falei docemente.

- Eliane, Rio Grande é o nome do meu barco, eu só quero que te convidar para um passeio - se explicou e tampei o rosto com a mão, como se ele pudesse me ver.

- Ai Werner, que vergonha! - falei tímida. - Por que você me deixou fazer papel de boba - ri encabulada.

- Por que sua voz é doce e eu gosto de ouvir porque quando você tá com vergonha ela fica mais linda e suave aos meus ouvidos - ele falou e parecia que declamava um poema. Enrubeci na hora.

- Nossa, minha voz é tão comum - envergonhei-me.

- Aposto que seu rosto está vermelhinho, quando você fica assim seus olhos verdes brilham mais. Seus olhos são os mais lindos que já vi, Eliane - declarou e suspirei.

- Para Werner, tô ficando sem graça - ouvi ele falando "linda" do outro lado da linha.

- Então, topa passear de barco comigo? - perguntou animadíssimo.

- Eu não sei se seria uma boa ideia, Werner. Sua esposa não vai gostar - expus meu medo.

- Eliane, por favor, diz que aceita. Confia em mim. É só um passeio de barco. Somos amigos, tô com saudades da nossa amizade. Diz que vem! - ele insistiu tanto que não tive como recusar.

- Ta bom, convite aceito! - ele vibrou de alegria e me animei também.

- Me encontra no pier do Recreio às 18h - meu coração está disparado.

- OK, nos vemos a noite, então! - olhei a hora em meu relógio de pulso e sabia que tinha que correr e terminar de organizar minhas coisas.

- Até daqui a pouco, uruguaiana - se despediu.

- Até, general! - falei e desliguei o telefone. Peguei as coisas do chão com pressa e fui direto para o quarto escolher o que iria vestir.

 

 

Narrador por Werner Schünemann

 

Terminei de organizar algumas malas com Tânia e conversamos bastante sobre essa oportunidade que ela iria ter e de como ficaria a situação das crianças, ela estava bem animada e esperançosa de que tudo desse certo nessa exposição e eu estava muito feliz por ela. Eu sei bem o quanto ela lutou para ter esse reconhecimento, mas do que ninguém, ela merece toda essa atenção.

- Não esquece de mandar notícias, por favor – olhei pra ela com afeto.

- Quando foi que eu deixei de mandar notícias, Werner? – disse rindo.

– Vê se você que não esquece de organizar as coisas das crianças, elas vão viajar com a turma da escola - gesticulou ao falar as inúmeras coisas que eu não devo esquecer.

- Não vou esquecer de nada, não se preocupe – falei segurando a sua mão.

- Se precisa de qualquer coisa, grita, que eu venho correndo – disse acariciando a minha mão e eu ri.

- Eu tenho certeza que vai dar tudo certo, vá e nos encha de orgulho – dei-lhe um abraço apertado e um selinho rápido.

- Te amo – acariciou o meu rosto e depois foi falar com as crianças.

 

Ela conversou um pouco com os meninos e foi terminar de se arrumar passou uma maquiagem de leve e saiu com as crianças e comigo para o aeroporto. Quando voltamos, as crianças foram a um aniversário de um amigo da escola e eu fui para floricultura. Comprei um rosa, um bilhete e fui para a casa me organizar para o encontro com a Eliane. Coloquei uma roupa simples, escrevi um recado no bilhete e fui para barco, deixei tudo organizado, comidas, bebidas e clima agradável para que pudéssemos rememorar. Era engraçado a forma que eu estava enxergando a Eliane, de uma maneira mais carinhosa e de como as lembranças dos nossos encontros estavam cada vez mais presentes no meu pensamento.

 

Fiquei esperando por ela ansiosamente, olhei no relógio e fiquei um pouco nervoso ao ver que ela estava atrasada, ela sempre é tão pontual. Será que desistiu? Meus pensamentos ruins foram interrompidos quando a vi chegando. Eliane saiu do carro, e levantei a mão, fazendo sinal para ela me notar. Seus olhos percorreram tudo a sua volta e sorriu ao me avistar. Respirei aliviado vendo ela caminhar em minha direção. Atravessou a rua rapidamente e a analisei dos pés à cabeça. Seu cabelo estava solto, ela usava um vestido um pouco acima do joelho, com um decote grande mas que se tornava discreto pelos colares que trazia no pescoço. Estava com uma sandália rasteirinha e eu ficava impressionado em como ela conseguia estar linda mesmo quando estava vestida de maneira simples. Se aproximou de mim.

- Muito bela, Eliane! - a olhei hipnotizado, ela agradeceu e logo foi se explicando.

- Desculpa, eu me atrasei - me abraçou para cumprimentar.

- Fiquei com medo de você não vir mais - beijei seu rosto e ela se afastou.

- Foi só o trânsito - percebi seus olhos me analisarem também.

- É pra você - Lembrei de entregar a rosa e o bilhete que havia trazido e entreguei a ela.

- Outra? - Sorriu lindamente e seus olhos brilharam.

- Sim - ela abriu o bilhete e abriu um enorme sorriso depois de ler mentalmente.

- Ai Werner, o que faço com você? - riu timida.

- Me acompanha, já é o suficiente - respondi e segurei sua mão. Fomos andando juntos até o barco.

- Nossa, como é grande - analisava o espaço enquanto eu apresentava cada parte à ela.

- Gostou? Eu estava pensando em vendê-lo, mas é especial pra mim, acho que não vou ter coragem - confessei.

- Ele chama "Rio Grande", com certeza é especial. - ri ao ouvi-la.

- Mas é ótimo... - sorriu admirando a embarcação.

- Eu gosto daqui, vem - puxei a mão dela e fomos na parte mais alta, onde dava pra ver o pôr do sol perfeitamente.

- Que lindo!!! - ela sorriu e me olhou.

- De que outro lugar eu vou ter essa vista, uruguaiana? Só no Rio Grande mesmo - falei e ela gargalhou.

- É general, você não vai poder se desfazer do Rio Grande - ela me olhou ao falar e sua mão delicada acariciou levemente meu peito quando a abracei de lado.

- Não né? - encarei seus olhos verdes e sua boca, alguma coisa nela me puxava, estava tão perto, não conseguia ignorar isso. Toquei seu rosto e ela desfez o sorriso quando encostamos nossas testas.

- Vamos ficar aqui? - se afastou e falou mais alto cortando o clima.

- Não, vamos dar uma volta - descemos juntos até a cabine e depois de ligar, o barco começou a se deslocar. Fui explicando os lugares que estavam passando e ia apontando algumas coisas no mar para ela. O dia dava lugar à noite conforme a gente ia navegando. Eliane olhava atentamente cada detalhe e sorria quando meu olhar encontrava o seu.

- Você gosta de Petrópolis? - perguntei sem largar a direção.

- Adoro, faz muito tempo que não vou até lá, por que? - indagou curiosa.

- Eu me encantei por aquela cidade, estou pensando seriamente em comprar uma casa por lá - respondi.

- Eu amo o clima de lá, ótimo pra fugir desse calor insuportável do Rio - concordei.

- Qualquer dia você vai ir lá comigo me dizer se devo comprar ou não - ri.

- Ah, vou? - ela também riu divertida.

- Você é minha conselheira de imóveis oficial, se esqueceu? - balançou a cabeça sorrindo.

 

Narrado por Eliane Giardini

 

Me sentia muito bem perto do Werner, seus olhares, seu jeito de falar e sua maneira de me tratar, me deixavam completamente seduzida. Cada vez que o olhava, me lembrava da nossa pequena história, dos momentos íntimos que tivemos e era inegável a falta que tudo isso me fazia. Olhava suas mãos e pensava no quanto elas já haviam me apertado no passado, reparava em seus lábios e lembrava que por várias vezes já tinham percorrido cada centímetro da minha pele. Meu celular apitou e tomei um pequeno susto por acordar da minha distração. Werner voltou o olhar para minhas mãos e constatou que era meu aparelho.

- Já venho - sorri sem jeito e sai da cabine. Fui para perto do parapeito e deixei o vento bater em meu rosto por alguns instantes. Em seguida o barco parou e Werner apareceu enquanto eu respondia o sms.

- Atrapalho? - falou sério.

- Não, só estava respondendo uma mensagem - respondi.

- Agora você vive cheia de mensagens pra responder - Implicou.

- Você está com ciúmes, Werner? - ri do jeito como ele falou.

- Ciúmes? - balançou a cabeça.

- Eu estou só te perguntando, fico preocupado, quero saber a ficha completa de quem se aproxima de você - continuou sério.

- A ficha desse é ótima, fica tranquilo - ri outra vez me divertindo do ciúme dele.

- Ah, é? Então eu estava certo? - falou desanimado.

- Eu não sei do que você está falando, mas eu estou respondendo algumas dúvidas do meu irmão - apontei pro celular.

- O Paulo? - falou aliviado e respirou fundo.

- É, ele vai fazer um teste e está me perguntando umas coisas - expliquei.

- Que bom, fico feliz em saber que é isso - sorriu.

- Eu estou com frio - reclamei passando as mãos em meus braços.

- Eu vou buscar alguma coisa pra você se cobrir - respondeu atencioso e concordei. Continuei observando o mar em meio a escuridão e logo Werner parou atrás de mim. Não disse uma palavra sequer, apenas apoiou o queixo em meu ombro, depois me abraçou e ficou olhando "para o nada" comigo, suas mãos seguraram as minhas e seu jeito carinhoso acabava me rendendo, por isso nem tentei me afastar. Depois de soltar meus dedos, suas mãos percorreram minha cintura e seus lábios passearam entre meu ombro e o meu pescoço, me fazendo arrepiar ainda mais.

- Quer vinho? - perguntou baixinho. Olhei por cima do ombro, a fim de encarar seus olhos e ele estava tão próximo que sem esforço nossos lábios se tocaram.

- Quero - respondi quase sem som e facilmente suas mãos giraram meu corpo. Virei de frente e não consegui resistir, o abracei. Suas mãos deslizaram em meus braços, depois em meus ombros e finalmente segurou meu rosto.

- Você é muito especial pra mim, Eliane - sua voz rouca soou baixinha.

- Você também é - respondi abraçando seu pescoço e nos beijamos. Werner me apertou contra si, esfregou os lábios em minha bochecha, durante esses anos senti tanta falta desse carinho e da forma que só ele sabia me tocar. Como fiquei tanto tempo sem ele? Eu lutava contra meus próprios sentimentos mas fui vencida quando sua mão segurou meu queixo com certa força. O puxei pela nuca e ele entendeu o recado, pois instantaneamente sua boca tomou a minha de maneira intensa. Minhas mãos sentiam cada detalhe do corpo dele e eu apertava seus músculos como se assim fosse matar toda a saudade que senti durante esse tempo afastados. Nossas línguas ainda brigavam por espaço e minha boca era deliciosamente explorada por ele. Werner passeava os dedos entre meus cachos e puxava mais forte quando sentia minhas unhas o arranharem por cima da roupa. Sentia meu corpo pegar fogo e pelo tanto que me apertava, sabia que ele também estava assim, me afastei tentando controlar minha respiração.

- Eu me lembro muito bem desse beijo - falou ofegante e roçou o rosto no meu, dando leves mordidas em minha orelha - Werner... - gemi baixo seu nome e o tirei do meu pescoço ao sentir os chupões mais intensos.

- Eu falei que aceito o vinho - passei as mãos em seu peito e o empurrei levemente. Ele se afastou e passou as mãos pelo rosto, como se buscasse a consciência de volta.

- Tá - riu e me abanei com a mão.

- Agora está com calor? - falou brincando.

- Para - ri e me sentei.

- Aqui está - me entregou uma manta e uma taça. Só então reparei que além do vinho e das taças, ele também havia trazido o violão.

- Vou ganhar um show particular? - perguntei sorrindo enquanto ele nos servia.

- Vou dar uma palhinha - sentou ao meu lado e me enrolei na manta.

- Está esperando o que? Pode começar - apontei.

- Vamos ver... o que você quer ouvir? - repousou o copo na mesa e segurou o violão.

- Eu não vou pedir nada, você é quem vai tocar o que acha que eu tenho que ouvir.

- Falei bebendo mais e ele ficou olhando para o violão, o afinando e dedilhando os dedos sobre as cordas.

- Hum... deixa eu pensar... - falou e começou a tocar - "Teus sinais me confundem da cabeça aos pés, mas por dentro eu te devoro... teu olhar não me diz exato quem tu és, mesmo assim eu te devoro. Te devoraria a qualquer preço, porque te ignoro ou te conheço, quando chove ou quando faz frio. Noutro plano, te devoraria tal Caetano a Leonardo DiCaprio. É um milagre tudo que Deus criou pensando em você. Fez a Via-Láctea, fez os dinossauros sem pensar em nada, fez a minha vida e te deu. Sem contar os dias que me faz morrer, sem saber de ti, jogado à solidão mas se quer saber se eu quero outra vida. Não, não!". Ele estava com a perna direita cruzada e o violão apoiado nela, tocava com muita leveza, parecia não fazer nenhum esforço para isso, sua voz saia rouca e muito sensual enquanto cantarolava. Eu bebia lentamente o vinho e o olhava completamente encantada, seus olhos azuis paravam nos meus e por mais que tentasse desviar, era impossível. Inclinei um pouco para frente e ele veio ao meu encontro, segurei seu rosto e nos beijamos rapidamente.

- Não pode agarrar o cantor - falou depois que chupei seu lábio inferior e gargalhei o empurrando.

- Bobo! - voltei a sentar normalmente e ele piscou pra mim, logo começou a tocar outra música. Ficamos alguns minutos ali e nesse tempo todo, esqueci seu casamento, minha vida, nosso trabalho. Não existia nada entre nós. Werner deixou o violão na mesa e me puxou para si.

- Ainda está muito frio? - me olhou.

- Não - soltei a manta.

- Vem aqui - me puxou e subi em seu colo.

- O que foi? - apoiei as mãos em seus ombros.

- Eu penso muito em você, espero um sinal o tempo todo, eu não sei o que está acontecendo, Eliane - falou afobado me encaixando melhor sobre seu colo.

- Eu não posso te dar esse sinal, Werner. Eu não quero sofrer depois... quando isso acabar - respondi tentando desviar dos seus lábios, então ele beijou meu pescoço.

- Pensa no agora - segurou meu colar para o lado e sua boca invadiu meu decote, mordeu algumas vezes meus seios e me contorci em seu colo.

- Ai... - falei baixinho e puxei seus cabelos.

- Me beija - pedi e logo fui atendida. Werner me beijou, dessa vez desesperado. Rebolei em seu colo e ele me pressionou apertando minha cintura, minha intimidade queimou ao sentir seu estado, suas mãos grandes agora apertavam muito minhas coxas. As imagens do passado voltavam em minha mente, me lembrei da última vez que estive assim em seu colo na minha casa, passando o texto do Bento e da Caetana. Naquele tempo eu não podia imaginar o quanto Werner mudaria a minha vida.

- Que falta senti de usted - ele falou como se lesse meus pensamentos. Puxou meu cabelo e dessa vez me deu um beijo quase feroz, eu não negava, pelo contrário, o mordia, sem me importar se isso causaria problemas, puxava seu cabelo e me mexia em cima dele para senti-lo melhor. Mas quando ele tentou tirar meu vestido, parece que cai na real. Ele ainda era o Werner casado de anos atrás, continuava sendo meu companheiro de cena e se eu insistisse nisso, acabaria me machucando. A vontade desesperada de estar com ele, brigou com a minha razão. Me senti totalmente confusa e me afastei.

- Chega Werner... vamos parar.

- Minha voz saia entrecortada. Puxei os pulsos dele até soltar suas mãos de meus seios.

- Eliane... - fechou os olhos e passou as mãos pelo rosto quando voltei a sentar do seu lado.



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