História Contos escapistas de um adolescente que não se sente em casa - Quartos vazios na minha cabeça

Sabe, eu tenho invertido minha vida por tempo demais, e sempre que eu tento por ela de volta nos trilhos, eu falho, é como se eu tivesse andado na contra mão por tanto tempo que eu não sei mais quem eu sou e nem como voltar.

Os tempos não ajudam, as pessoas nunca me entenderam, e agora entendem menos ainda, pois estão se fechando no que sentem e ignorando o que os outros sentem, com seus sentimentos sempre acima e a frente dos sentimentos alheios, e todos são assim, todos. Foi assim que aprendi a me culpar pelo modo como sinto e me expresso, mas não aceito levar a culpa, não sou cristão. 

Eu sempre me sinto sozinho, perdido, tenho amigos, mas estão todos tão longe e sempre acho que estou atrapalhando/sendo um fardo. Comecei a estudar Cálculo e acabei me identificando muito, quase ninguém entende, mas é realmente difícil compreender, mas todos tomam como uma pequena obrigação que tem que levar a diante, com o esforço suficiente. 

Talvez o problema do mundo seja esse, o suficiente, por mais que vc tente, dê tudo de si, tente mudar, não será o suficiente para o mundo, ou para os outros, as expectativas dizem quem você deve ser, elas te apresentam antes de vc se mostrar, mas elas não mostra quem você é de verdade, mas sim quem "deveria" ser.

Meu quarto está vazio agora, isso me dá mais liberdade, mas retira de mim o compromisso com a realidade e a sociedade, agora, duas e meia da manhã eu ando pelos quartos vazios da casa, no escuro e sozinho, e dentro da minha cabeça, eles estão ainda mais vazios, pois normalmente as pessoas romantizam o amor como uma força omnipresente, contudo, não é assim que funciona, é eles não me amam, amam as expectativas que tem em uma persona que não sou eu. 

Cada dia que passo sozinho, estou mais livre e mais sozinho, eu não sei se tenho como voltar, nem como consertar isso. O futuro não me parece muito promissor, nem pra mim nem pra ninguém.