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História Contrato - Fillie - Nuvem negra


Escrita por: fl0rence

Notas do Autor


Segura na mão de Deus e vai

Capítulo 12 - Nuvem negra


Fez uma semana. Uma semana e eu não aguentava mais, beirava o ápice. Uma pessoa pode enlouquecer por ficar muito tempo dentro de casa? Eu acho que sim. E ainda somado à todo o resto. Ficou pior quando ouvi barulho de passos no corredor, sombras por baixo das portas entrando no quarto da frente e vozes. 

Chega. 

Se eu ficar um minuto a mais aqui dentro, vou surtar. Eu sei que esse casamento é uma farsa e não dou a mínima para o que ele faz da vida dele, não me importo. Só que a partir do momento em que passa a ser desrespeitoso comigo, sendo o relacionamento de verdade ou não, eu não sou obrigada a abaixar a cabeça e aceitar.

 

Eu sei que foi uma coisa bem errada de se fazer todavia era a única alternativa que consegui pensar sob pressão. 

– Boa noite. – Cumprimentei o mesmo porteiro com cara de poucos amigos da outra noite.

– Boa noite, srta. Wolfhard. – Respondeu sem me dar muita atenção.

– Eu... uh, preparei algo e pensei em compartilhar. Está esfriando um pouco, imaginei que gostaria de um pouco de chocolate quente? – Olhou-me desconfiado e ampliei o sorriso angelical em meu rosto. – Um pedido de desculpas por ter lhe xingado. Não estava nos meus melhores dias. – Pareci o convencer.

– Obrigado. – Pegou a caneca de porcelana com o líquido quente e deu um gole sem esfriar e não fez sequer uma careta. 

– Imagina. – Dei mais um sorriso e girei os calcanhares fingindo ir para a mansão. Permaneci escondida durante cinco intermináveis minutos. Quando saí do esconderijo, voltei para a guarita e o homem dormia feito criança. Respirei aliviada. Abri a portinha que por sorte não estava trancada e pressionei o botão que acionava os altos portões de correr. Esperei abrir um tanto considerável e apertei novamente para fechá-lo, me pondo para fora e pegando o celular no intuito de chamar um uber. Nunca antes consegui uma corrida tão rápida. O carro chegou bem rápido também, por sorte, porque como não estava nos meus planos sair, minha bateria estava por um fio. 

Abri a porta traseira e entrei. 

– Boa noite. – Cumprimentei fechando a porta.

– Boa noite, srta. Wolfhard. – As travas desceram e... espera... O meu nome no aplicativo continua sendo Millie. Ergui o olhar para o motorista. 

– Como sabe o meu nome? – Ele sorriu através do espelho. 

– Wolfhard deveria ser mais cauteloso ao deixar sua esposa andar sozinha por aí. 

– O quê? 

– Ele não é tão esperto como eu pensava. Tampouco você. É uma honra tê-la como passageira. – Seu tom de voz não era nada bom. Alguma coisa estava muito errada ali. Tentei o puxador mesmo sabendo que ele havia trancado.

– Quem é você? Abra essa maldita porta! 

– Aproveite a viagem. – E então ele cantou pneu. 

Em pânico e completamente desesperada era a minha definição no momento. 

 

 

Eu estava sendo sequestrada. 

Não perdi tempo em pegar o iphone novamente, tendo o infortúnio de estar desligado. Merda! Como se já não estivesse tudo errado na minha vida. Onde está me levando? O que está planejando? Quem é esse sujeito? Eu não sabia o que fazer. 

– PARE O CARRO! – Berrei mesmo sabendo que era inútil; forçando a porta mesmo sabendo que era inútil. 

Estava escuro e eu não fazia ideia de onde estávamos, visto que ele dirigia extremamente rápido e mesmo em questão de um minuto eu já sabia que nos encontrávamos bem longe da mansão.  Comecei a implorar para Deus fazer alguma coisa, qualquer coisa. 

Acalme-se, não saia mais ainda do controle.

– Finn vai acabar com você. – Minha voz saiu tão firme que até eu me surpreendi, levando em consideração o meu completo pavor.

– Se ele conseguir te encontrar. 

 

De súbito surgiu um carro atrás de nós. Mais especificamente uma lamborghini branca. Tão rápida quanto. Ficou na nossa cola em segundos. O cara afundou mais ainda o pé no acelerador, mas não sem antes murmurar um palavrão. Dei um grito quando um barulho altíssimo irrompeu e o automóvel perdeu o controle. Ele xingou outra vez. Mais um barulho estridente e o retrovisor virou estilhaços. Nós paramos bruscamente depois de alguns giros que fizeram minha bile subir a garganta. O sequestrador por burrice - ou por querer dar o fora - destravou as portas e não levei meio segundo para sair, quase caindo de cara por estar tremendo da cabeça aos pés. A porta do motorista da lambo estava escancarada.

– Entra no carro. – Ordenou a voz que eu já conhecia. Levantei o olhar e Finn estava parado há dois metro de mim, com um revolver prateado reluzente apontado para frente e um semblante de botar medo em qualquer um no rosto. – Entra no carro, Millie! – Mandou outra vez e saí do transe, obedecendo de imediato. 

O falso uber também tinha saído do carro e também tinha uma arma em mãos. Eu não sei se por meu sangue estar sendo bombeado tão alto nos meus ouvidos ou por outra razão que meu pavor não permitia identificar, não consegui entender absolutamente nada do que falavam. Dei um sobressalto e meus olhos se arregalaram, levei minhas mãos até a boca em choque quando ouvi o barulho do terceiro tiro. 

“Mexa com a minha família outra vez e eu não terei tanta piedade” Foi o que ele disse antes de marchar para a lamborghini e entrar batendo a porta.  

– O que diabos você estava pensando, Millie? Quantas vezes eu vou ter que falar para obedecer o que eu digo, porra?! 

– VOCÊ NÃO É MEU DONO! – Explodi.

– EU NÃO QUERO SER SEU DONO CARALHO, EU SÓ QUERIA EVITAR QUE COISAS DESSE TIPO ACONTECESSEM! O QUE IRIA FAZER SE EU NÃO TIVESSE APARECIDO? HUH?! 

– Eu... Não sei... 

– Exatamente! Se não quer saber o que está acontecendo é problema seu, só então não queira questionar o que eu faço para tentar mantê-la protegida. – O quê?

Me calei. 

Caralho.

De repente tudo começou a fazer sentido. 

No meu primeiro dia, na reunião em seu escritório, ele perguntou se eu sabia o que ele fazia; falei que não e que não queria me envolver. Então ao menos isso ele respeitou. Quando me proibiu de sair da mansão sozinha, sem dar sequer um motivo, era por essa razão e não apenas por ser um babaca. Poderia ter me explicado ao invés de simplesmente impôr a regra. Só que também, ao que entendi, teria me posto a par se eu tivesse dado abertura. Bem, a culpa não é inteiramente minha ou dele; é de ambos. 

Fiquei todo o caminho quieta. Ainda permanecia abalada com o ocorrido. 

Ao passo que desligou o motor abri a porta e saí em disparada. 

– Millie! – Chamou meu nome no meio das escadas. – Millie! – Repetiu quando ignorei e continuou vindo atrás de mim. Óbvio, até porque seu quarto era ao lado do meu, então de qualquer modo... 

Eu só queria ficar quieta e sozinha para poder chorar em paz. As cenas de minutos atrás bombardeavam minha mente. Finais alternativos para o episódio me deixavam aflita, mesmo eu sabendo que estava a salvo, ainda estava aterrorizada. Só quem é mulher é capaz de entender o que é estar nesse tipo de situação. O risco que se corre e o medo que vem junto. Eu poderia estar sendo estuprada nesse exato momento. Um nó embolava minha garganta. E parecia que algo apertava meu peito.

– Millie? – Quando me dei conta já estava com lágrimas caindo feito cascatas dos meus olhos, o que não chorei antes, veio agora, com força total, conforme a adrenalina do episódio ia passando. Encostei no batente da porta e pareceu que tudo que vim sentindo desde o dia em que fui tirada de casa veio a tona. A revolta, o abandono, o ressentimento, a falta da mãe que mal cheguei a conviver, o vazio, o ser tratada como mercadoria, a falta de amor; tudo. Envolvendo-me como uma densa nuvem negra de dentro para fora. Minhas pernas cederam. Teria caído de joelhos caso ele não tivesse me segurado no lugar, contornando meu corpo com precisão em resposta a minha total e completa falta de sanidade.


Notas Finais


EEEITA BRASIL Quem aí entendeu a razão por trás da quarentena bobby brown????
Eu quero vocês explodindo esses comentários, hein? Vamos bater recorde do penúltimo capítulo?! #Quarentenou
E vocês julgando o Lobo porque ele queria mantê-la na casa........


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