História Contrato - Fillie - Cronologia

Finn’s point of view

– Sabe o que eu mais amo em você? – Girei o pescoço encontrando o rosto que eu tanto amo. 

– Seus olhos. Eles são transparentes. Consigo enxergar seus sentimentos através deles. Já ouviu falar que os olhos são a janela da alma? – Eu dei uma risadinha flexionando os bíceps e colocando-os atrás da cabeça como apoio. 

– O que meus olhos estão mostrando para você agora? – Questionei com uma pitada de humor. Ela sorriu e seus olhos verdes e dourados ficaram menores nos cantos externos.

– O tanto que você me ama.

– Ah, é mesmo? 

– Sim. – Um sorriso malicioso estampou sua boca.

– Se queria que eu dissesse que te amo, era só ter falado. – Brinquei.

– Seus olhos, Finn, eles dizem. Quando chamei sua atenção, eles transpareceram que era nisso que pensava quando me olhou. – Ela inclinou a cabeça e semicerrou os olhos. – Ou eu estou miseravelmente enganada? – Estalou a língua no céu da boca, esperando com um olhar agudo. 

– Está lindamente certa. 

– Eu sei. – Revirou os olhos como se fosse óbvio que tinha sempre razão. Foi a minha vez de sorrir, chamando sua atenção de volta para mim.

– Eu não tenho mais forças para ficar longe de você. 

– Está citando Crepúsculo para mim? 

– Como sabe, huh? 

– Você e Lottie parecem só saber falar disso o tempo todo. E ela é sei lá, cinco anos mais nova que você.

– Qual o problema de eu gostar das mesmas coisas que uma criança de onze anos? 

– Eu acho que é autoexplicativo. – Assoprei, atasanando-a.

– Só porque eu gosto de vampiros que brilham no sol? – Fez-se de ofendida. 

– Exatamente por esse motivo. 

– Não se preocupe, eu amo Edward Cullen – Debruçou sobre meu peito. – mas amo mais você, Wolfblack.

– É claro que sim. Eu tenho uma maneira diferente de brilhar. 

– Idiota! – Ela rolou os olhos. – Amanhã eu faço dezessete. Vou alcançar você por uns meses. – As pupílas brilharam. Gostaria de entender qual a grande coisa em ter a mesma idade que eu. Fez um muxoxo e tive vontade de beijá-la. – Ayla me chamou para fazer compras de aniversário à tarde. E temos a comemoração com o meu irmão. Mas...

– Mas à noite você é minha. – Desprendi meus braços da cabeça e a envolvi. – Tenho um ótimo presente.

– É mesmo? – Seus olhos acenderam. 

– Você tem uma mente muito suja, Loe. É apenas uma promessa. 

– Uma promessa? – Ergueu a sobrancelha com curiosidade.

– Um chaveiro com uma promessa. Amanhã irá saber. 

 

 

 

– Feliz aniversário, Lobo difícil! – Chloe pulou em cima de mim dando um gritinho. 

– Caralho, você engoliu uma melancia?! – Exclamei fingindo estar sem ar.  – Ela espalmou as mãos em meus ombros. 

– Vou te falar o que eu engoli, babaca. – Esbravejou mas um sorriso ardiloso beirava seus lábios pintados de algum tom derivado do rosa. Inclinei-me para beijá-la mas ela recuou. – Não pode fazer mais isso. – O sorriso escondido então apareceu. – Agora você é maior de idade e eu continuo com vinte. 

– Tecnicamente, a maioridade é dezoito. 

– Hummm, algumas leis discordam disso. – Passou uma das pernas pelos meus quadris para acomodar-se em meu colo. 

– Então não deveria estar sentada aí. – Seu sorriso tempestuoso aumentou e então inclinou-se para o meu ouvido. 

– Eu não gosto de seguir as leis. – Sussurrou devagar, o hálito quente arrepiando a minha pele e levando um comando letal para outras partes de mim. 

– Por que é que eu nunca desconfiei? – Deboche pingou da minha boca. 

– Eu posso citar Crepúsculo?

– Ah, meu Deus! – Revirei os olhos rindo pela sua obsessão de anos, mas voltei a encará-la. – Você pode fazer o que quiser. 

– Fazê-lo  lembrar de mim, inclusive? – O seu sarcasmo comumente veio à tona entretanto suas íris verdes e brilhantes demonstraram raiva. 

– Me desculpe, Loe. Eu sei que... 

– Shhh. Apenas esqueça o resto e fique comigo. –  Peguei sua mão e espalhei beijos por toda ela.

– Eu amo você, sinto muito. 

– Sei disso. Também amo você. Agora pare de falar e demonstre. 

– No meio da sala de estar? – Ergui a sobrancelha em desafio, um sorriso a espreita. 

– Nós amamos fazer um show, não acha? – Zombou. 

– Com certeza.

 

 

– VOCÊ NÃO PODE ME CULPAR!

– NÃO? NÃO?! FRANCAMENTE! 

– EU TE AMO! 

 

 

– Eu não sei viver sem você.

– Não me destrua. 

– Não irei, eu prometo. 

– Nós somos feitos de promessas. 

– Não. Nós somos feitos de tempestade. E gostamos de nos molhar. 

– Você é minha vida. 

– Então tome conta dela. 

– Eu te amo. 

– Eu te amo.

 

 

Dia um.

Dia dois.

Dia três.

Dia quatro.

Dia cinco.

Dia seis.

Dia sete.

Dia oito.

Dia nove.

Dia dez.

Dia onze.

Dia trinta. 

Dia trinta e um. 

Dia cinquenta.

Dia sessenta.

Dia setenta.

Dia oitenta.

Dia noventa.

Dia cem.

Dia cento e vinte e um.

Dia cento e vinte e dois.

Dia cento e vinte e três.

Dia cento e vinte e quatro.

Dia cento e vinte e cinco.

Dia cento e vinte e seis.

Dia cento e vinte e sete. 

Dia cento e vinte e oito. 

Dia cento e vinte e nove.

Dia cento e trinta.

Dia trezentos e sessenta e cinco.

Vá para o inferno.

 

 

 

 

Dia doze de março de dois mil e vinte. 

Manhã ensolarada. 

 

 

 

Dia trezentos e sessenta e cinco.

Dia trezentos e sessenta e quatro.

Dia trezentos e sessenta e três.

Dia trezentos e sessenta e dois.

Dia trezentos e sessenta e um.

Dia trezentos e sessenta. 

Dia trezentos.

Será que meu coração um dia vai parar de tentar pular do peito sempre que você tocar em mim?

 

 

 

Dia cento e vinte e quatro.

 

Millie’s point of view

Caixa postal. 

Ele sempre vai escolhê-la. 

Não. 

Tentei outra vez. 

E mais outra. 

Mas ele estava me ignorando. 

Ele sempre...

Senti as lágrimas arderem com a constatação iminente de que eu estava perdendo e isso doía. Doía quase da mesma forma de ontem a noite pensando em Finn e Chloe e a probabilidade de que ele pode ainda ter sentimentos por ela e apenas não notara antes por estar distraído comigo. 

Eu tenho absoluta convicção do que ele sente por mim. 

Mas é possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo. 

 

“Estou pegando um carro e indo até lá” 

Apertei o enviar e enfiei o celular no bolso do shorts. Peguei uma chave qualquer e desci para a garagem. Apertei o alarme prestando atenção em qual das três lamborghinis ou dos três SUVs seria destrancado. Quando eu disse certa vez que ele tem um carro para cada dia da semana, não estava brincando. Hoje ele saiu com a lambo branca, talvez a sua favorita, pois era a que mais usava dentre as outras três opções. Os faróis da BMW reluzindo seu vermelho impecável acenderam. Pulei para trás do volante do carro alto e arranquei para fora da garagem seguindo pelo jardim. Cobri os meus olhos agora provavelmente da cor do automóvel com um óculos de sol dele perdido no console. Os portões abriram-se para mim sem a interferência do porteiro e agradeci mentalmente o dono da propriedade. Fiquei olhando pelo retrovisor na espera da SUV usual que certamente viria a meu encontro com Bass, visto que Noah não daria ao trabalho. Até porque era atrás dele que eu estava indo. 

Dito e feito. Conferi a placa para ter certeza de que a pessoa certa me seguia. Engoli em seco quando o pensamento cruzou minha mente mas logo o afastei. Não levou mais que dez minutos para eu estar de frente para o prédio luxuoso. Como sempre subi sem ser interrompida. O elevador levou-me lentamente ao último andar. 

Escondi-me do olho mágico depois de ter tocado a campainha. Seria muito mais fácil se a cobertura dele fosse daquelas mais comuns em que o elevador não dá para uma porta e sim para um cômodo dentro do apartamento. 

Ouvi o alarme destrancar a porta e a silhueta dele  preencheu meu campo de visão. 

Seus cabelos castanhos apontavam para todos os lados, os olhos estavam de uma coloração mais intensa que o habitual e ele vestia apenas uma calça jeans com metade da cueca para fora. 

Fechou a porta atrás de mim e sem dizer uma palavra rumou para a cozinha, abrindo a geladeira e retirando de lá uma caixa de leite que levou diretamente para a boca. 

– Geralmente as pessoas bebem álcool quando estão afligidas. – Ele não me olhou mas os músculos em suas costas se moveram. Suspirei. –  Noah. – Levou quase um minuto inteiro até ele virar para mim. 

– O que veio fazer aqui? 

– Estou preocupada com você. Estava magoado com a... sua irmã ontem à noite.

– Esse assunto não é uma opção.

– Eu apenas queria saber como você está. 

– Estou ótimo. 

– Por favor, não faz isso. 

– Fazer isso o quê? 

– Está me afastando. Ela chegou e você de repente... 

– Está com ciúmes, Millie? – Pela primeira vez vi um traço de divertimento em sua voz. 

– Não. – Cruzou os braços sobre o tórax. – Talvez. Bem, não é isso. Olha... eu fui alertada quando à ela. 

– Como? 

– Nada. Eu apenas... você é meu melhor amigo, Noah. Ela fez algo que causou mal a você e que te perturba. Vocês dois ficaram extremamente afetados pela aparição dela. Finn pareceu ver um fantasma, mas você estava ressentido por trás de sua raiva. 

– Chloe não fez nada para mim diretamente, se é o que quer saber. 

– O que eu quero saber. – Andei até ele. – É se você está bem. Apenas isso.

– Estou bem. 

– Então por que me evitou o dia todo?

– Eu precisava pensar. E dormir. Wolfhard saiu daqui era bem tarde. E como bem disse, eu estava com raiva. Não queria descontar em você. 

– Não teria feito isso. 

– Era melhor ter certeza. 

– Se essa era a razão então porque me ignorou quando eu cheguei? 

– Porque eu não posso responder às suas perguntas e pensei que era por isso que veio.

– O que você acha que eu sou? – Minha voz soou ofendida. E eu de fato estava.

– Me desculpe, algodão doce. – Pediu estendendo a mão para mim.

– Não faça mais isso. – Ordenei enquanto a pegava e punha um fim em nossa distância, abraçando-o. – E o meu cabelo não está mais rosa. – Frisei pela septuagésima vez.

– Eu nunca vi uma garota tão serena e paciente como você, sabe. – Comentou retribuindo o abraço.

– Eu sempre tento ver todos os ângulos. Sei que qualquer uma em meu lugar teria surtado de umas cinco formas diferentes... Vocês guardam muitos segredos. 

– Você também tem os seus. 

– Por essa razão que eu não tenho o direito de confrontá-lo, caso quisesse. 

– Deve entender porque ele não os conta. – Afastei-me um pouco na tentativa de fitar seus olhos. 

– Ele não confia em mim? 

– Você não confia nele? – Rebateu.

– Eu confio nele. Apenas tenho medo. 

– Vocês dois são mais parecidos do que imaginam, Mills.