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História Contrato de risco - André


Escrita por: CombatLover

Notas do Autor


Volteiii
Desculpa a demora gente, mas realmente tá osso. Não vou abandonar a fic, nunca.
Gostaria muito de saber o que acharam.

Capítulo 21 - André


[Nathan/Levi]

Olhei em volta avaliando a situação.

O cenário era caótico: pessoas gritando e correndo, algumas sangrando e seriamente machucadas, e outras... mortas.

Ao fundo do salão, encostado em um dos pilares estava André; ele falava ao celular com a expressão carregada, o olhar petrificado, fixo onde Marina e Erick haviam caído.

Sabia que Helena tinha corrido para lá e cuidaria da situação. Evitei olhar e aumentar minha preocupação - meu único objetivo agora era encerrar a história de uma vez por todas.

A cena era uma repetição do que passamos na Síria: a fumaça, os gritos, os escombros; a visão dos dois fundida à de Isabel e Farlan e me fazendo sentir um medo que não sabia que era possível sentir novamente.

E no centro de tudo, mais uma vez o maldito do Omar me tirando pessoas que eu amava. Quando o localizei em meio à confusão, ele já estava do outro lado do salão, fora do meu alcance.

Corri até um dos seguranças atordoados e roubei sua arma; seria muito mais útil em minhas mãos que nas dele.

Mirei a figura que corria e tive uma fração de segundos para decidir seu destino: se o mataria ou não.

Apertei o gatilho.

———

[Helena]

Quando meus olhos cruzaram os de Erick soube que ele também havia encontrado Marina.

E então, assim que Omar colocou a mão no bolso ele correu em direção a eles.

Foi rápido, mas vi com clareza o momento em que o solo subiu e se espalhou em estilhaços pelo salão quando a bomba explodiu.

O grande pilar adjacente tombou e pedaços do teto começaram a ruir; um deles, exatamente onde estavam.

Omar e René pularam para o lado a tempo, mas a moça simplesmente estancou, sem reação; o comandante pulou sobre ela e a protegeu no exato momento em que o pesado bloco caiu sobre eles.

Corri para o local sem me importar com o fato de que os dois terroristas estavam fugindo. Levi que cuidasse deles.

Quando me aproximei, vi que a situação não era tão ruim quanto parecia: a oriental estava completamente protegida sob seu corpo, o sangue que me assustou apenas resultado de escoriações.

Mas o bloco caiu sobre o comandante; ele estava preso, tentando puxar o braço, sem sucesso. Vi bem acima um grande pedaço do teto quase se soltando sobre os dois.

Seu braço estava dilacerado; o osso em uma fratura exposta, carne e músculos rasgados e presos sob ferro e concreto. Só tinha uma alternativa.

— Preciso te tirar daí, Erick.

Não precisei perguntar para que ele entendesse o que eu pretendia. Quando travou o maxilar e fechou os olhos, soube que podia prosseguir.

Procurei rapidamente algo afiado, e encontrei um fragmento do porcelanato quebrado. Respirei fundo e comecei. Não tinha forma delicada de agir – afinal, eu estava cortando seu braço — então apenas fiz o que precisava fazer.

Rasguei um pedaço do meu vestido e o usei para estancar o ferimento. O urgente agora era fazer com que ele tivesse o tratamento médico adequado.

Tão logo concluí minha tarefa Erick levantou, pálido e abatido, mas perfeitamente lúcido e capaz. Abaixei e peguei Marina no colo. Ele me olhou e fez sinal para que a jogasse sobre seus ombros.

— Vá ajudar o Levi. Eu cuido dela. Preciso falar com o André.

Não tinha tempo ou disposição para discutir com meu superior, só obedeci. Estávamos novamente num front, e aquele homem tinha total domínio da guerra.

Era o comandante Erick Smith, afinal.

——— 

[Nathan/Levi]

Atirei na perna de Omar; com ele neutralizado imediatamente comecei a procurar por René pelo salão destruído.

Meu coração acelerou ao ver Erick carregando Marina e ao lado, Helena dando cobertura, porém desarmada.

Minha mente e meu coração estavam separados: sentia a necessidade de protege-los a todo custo, só que a razão mandava continuar procurando e encerrar essa história de uma vez por todas.

Se os deixasse livres, eles continuariam nos caçando até o inferno.

René facilitou as coisas para mim, atacando o trio; o que eu queria fazer estava agora unido ao dever e tinha certeza de que quem me olhasse agora me acharia um tanto insano.

O tempo pareceu parar quando vi Ana sair de trás um pilar e apontar a arma na direção deles; meu coração parou e cada mínimo movimento se desenrolava em câmera lenta diante de meus olhos.

A forma como ela empunhava a arma denunciava que era uma profissional; agora toda a destreza e absurdo conhecimento marcial que demonstrava em suas lutas fazia sentido. Desde o início, eles estavam por perto.

Eu não podia ter mais perdas. Não agora que as coisas pareciam fazer o mínimo de sentido para mim, não agora que Marina tinha me feito desejar mais do que apenas continuar existindo.

Mirei sua cabeça. Naquela altura dos acontecimentos, a preocupação com qualquer convenção ou humanidade tinha sumido há tempos.

Só que para minha surpresa, quando apertei o gatilho não houve disparo.

———

[Marina]

 

Ouvia todo o barulho e os gritos como se estivessem distantes. Abri os olhos e percebi que alguém estava me colocando no chão. Erick.

Observei ao redor e parecia que estava no próprio inferno, sem compreender nada do que estava acontecendo, a audição ainda prejudicada e a mente confusa.

Focalizei o olhar: ele estava sem um braço, um pedaço de pano amarrado estancando o sangramento, mas não parecia especialmente abalado.

Pelo menos não até Ana aparecer ao meu lado empunhando uma arma.

E meu reflexo foi imediato.

Aproveitando o elemento surpresa a desarmei, entrando em combate corporal e tudo o que eu queria era destruir aquela loira que cruzava meu caminho agora pela segunda vez sem que eu entendesse a razão.

A lembrança de que André estava no local turvou meu raciocínio: ataquei e mais rápido do que pude defender, senti uma aguda dor na costela quando ela aproveitou minha guarda baixa para me chutar. Caí no chão, incapaz de levantar.

———

[Nathan/Levi]

Ana neutralizou Marina rápido, mas a ajuda da morena foi vital: agora eles estavam também desarmados.

Cheguei em seguida e rapidamente dominamos René e o amarramos; logo depois Ana.

Helena apoiava Marina para que pudesse levantar e sair dali; certamente em breve socorro chegaria, só precisávamos aguentar mais um tempo.

Só que guerras são rápidas. Um segundo; um erro. Ao nos damos conta, é tarde demais.

E eu errei não matando o infeliz do Omar: vi a bala cruzar o ar um milissegundo antes de entrar no tronco de Marina.

E pela terceira vez, a vi cair aquela noite; preferia mil vezes que tivesse sido eu o alvo.

Segui a trajetória da bala para ver que Omar tinha se arrastado até ali, a aparência perturbada e obcecada.

— Capitão? Vou matar todos vocês, demônios!

E eu vi tudo vermelho.

Ele gemia de dor e o rastro de sangue denunciava que já estava fraco devido ao tiro que levou; tombou incapaz de mirar direito o segundo tiro, que atingiu a tenente de raspão.

Não teve tempo de tentar novamente e eu estava sobre ele, meus punhos descendo em seu rosto com ferocidade. Por Isabel, Farlan, Helena... Marina.

Por cada um que tinha perdido a vida devido a sua cruzada insana.

Sabia que no momento em que matasse Bertold calaria também a principal testemunha, e as consequências poderiam ser terríveis para mim.

Mas sabia também que algumas coisas apenas a morte resolve.

O barulho de sirenes se aproximava iluminando tudo com seus tons vermelhos e azulados. Para minha surpresa, não era apenas a polícia chamada pelos civis: um grupo de militares estava junto.

Erick estava sendo removido por paramédicos, mas consciente.

Marina também estava sendo removida e meu coração ainda parecia ter dificuldade de bater, mais ligado ao dela do que eu poderia ter imaginado desde que a conheci.

Ninguém me impediria de ir com ela - nem mesmo André, seus olhos claros banhados de culpa e lágrimas.

Entramos na ambulância e abaixei a cabeça entre as mãos tentando pensar nos desdobramentos do meu descontrole. Fiquei surpreso ao ouvir a voz dele.

— Eu gravei tudo.

Olhei perplexo, sem entender corretamente.  O mais novo explicou.

— Eu e Erick sabíamos do atentado. Mas era a única forma de pegá-los.

A gravação com a ameaça de Omar seria a prova que corroboraria todas as outras, que nos salvaria e que também poderia desbaratar toda uma rede de terroristas.

Finalmente, estávamos livres.

Mesmo assim o fitei com ódio.

— Marina pode... permitiram que tudo isso acontecesse por um plano?!

Não fui capaz de concluir o raciocínio. A ideia me aterrorizava. A mulher da minha vida estava baleada e gravemente ferida, como resultado de um plano?

A resposta de André embrulhou meu estômago, e naquele momento percebi que jamais conseguiria fazer parte de tudo aquilo novamente.

— A verdade é mais importante que qualquer um de nós, capitão.

Cerrei os punhos numa tentativa de me conter. Afinal, eu os tinha arrastado praquela merda toda, não o contrário.

Desde o começo, algo em mim dizia que era errado, algo gritava para me afastar dela. Que eles tivessem nos encontrado, mas apenas a nós; se não conhece-la fosse o preço a pagar pela segurança dela, o pagaria sem pensar duas vezes.

Estava anestesiado, incapaz de processar que novamente a vida me tiraria alguém. André levou as mãos ao rosto e começou a chorar, apavorado, o peso de suas escolhas caindo em seus ombros subitamente.

— Eu não sabia que ela estaria aqui Levi, não sabia!

Como podia criticá-lo? Apesar de tudo, como podia criticá-lo, depois de tudo que fiz, sendo quem sou? Sabendo que eu que tinha falhado em mantê-la longe dessa merda toda?!

Ele prosseguiu com o plano porque achou que estaria rifando apenas a própria vida e a de militares cientes do risco. Era apenas um jovem.

Pousei a mão em seu ombro.

— Está feito, André. Não tinha como saber do resultado.

Ele me fitou decidido.

— Conseguimos acabar com tudo, Levi.

Mesmo assim, estava chocado com a frieza que vi nos olhos azuis, a obstinação.

Erick finalmente tinha encontrado uma mente à altura.



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