História Convivendo com o inimigo - Stray Kids - "Você é um monstro."

Nós três vamos de carro até o colégio. Chegando lá, ainda haviam algumas pessoas do lado de fora enquanto já dava para ouvir o barulho da multidão lá dentro. Não havia começado ainda mas estavam todos animados.

— onde estão os outros? — minha mãe pergunta em voz alta no meio do barulho todo.

— não sei também. — respondo tentando procurar eles com os olhos.

— eu vou mandar mensagem pra eles, enquanto isso vamos procurar um lugar para você sentar. — Minho responde para nós duas.

— antes, eu preciso ir ao banheiro. — digo para eles.

— eu vou com você. — Minho tira os olhos do celular para me dizer.

— tudo bem, o corredor está mais vazio e não é longe. Podem me esperar aqui se quiserem. — respondo e os dois aceitam, ainda assim preocupados.

Volto para o corredor andando sem pressa com minhas muletas. Enquanto vou em direção ao banheiro, escuto cochichos enquanto todos olham para mim, não muito felizes. Me pergunto se nunca viram alguém com a perna quebrada antes, até esbarrar com alguém.

— ah, s/n! Você veio? — Sooyeon diz com um sorriso forçado pra mim.

— o que você quer? — pergunto com pressa.

— saber de onde você tira essa cara de pau em aparecer aqui depois de tudo isso.

— o que? — pergunto confusa.

— a gente já entendeu seu plano idiota. Aliás, você pode se achar esperta mas é maluca.

— o que você tá falando?

— quer que eu desenhe? — ela pergunta debochada.

— sim, por favor. — respondo do mesmo modo.

— você quebrou a perna de propósito pra não jogar pela nossa escola porque ainda gosta da BangHwan.

— que? — solto uma risada sem acreditar nessa baboseira — você que inventou isso? Acha que eu sou o que? Uma sadomasoquista?

— eu não inventei nada. Foram apenas uns boatos que diziam por aí. Pensei que seus amigos tinham te dito.

Agora eu entendi. Por isso Chan e Nayeon estavam estranhos quando eu disse que queria ir... Por que não me falaram? Isso é obviamente ridículo. E o péssimo jeito de descobrir é por essa garota.

— mas não se preocupe, não é só isso que estão falando. — Sooyeon continua minimamente feliz — também soubemos da sua amiguinha, sentimos muito por ela... Mas também descobrimos que vocês estavam sozinhas quando aconteceu...

— o que quer dizer com isso? — pergunto assustada.

— não entendeu o porquê te chamei de maluca?

— eu nunca faria isso! — falo em alta voz, percebendo todos olhando para nós.

— nunca se sabe né. Você tem alguns problemas com a raiva, certo?

Respiro fundo sentindo minha ira aumentar enquanto sinto meus olhos alagarem.

— esse também foi um boato? — pergunto me agarrando na muleta firmemente.

— não. — ela responde sem ligar — eu disse. Sou a única que sabe o quão perigosa você é, S/n. Você é um monstro.

— eu já te pedi desculpas...

Eu senti raiva, mas não podia bater nela... Não de novo... Eu prometi não bater em mais ninguém. Não devia ter deixado ela me rebaixar assim mas ela disse sobre a Mina... Ela não tinha o direito.

Continuo até o banheiro o mais rápido que posso e entro em uma cabine. Tentando segurar meus soluços, espero até todos saírem do banheiro para conseguir soltar tudo que estava preso.

Até agora eu me mostrei forte sobre isso mas essa foi a última gota. Ainda assim me sinto mal com a partida de Mina e eu nem me despedi direito. A última coisa que a ouvi dizer foi que aquilo doía e que queria apenas ir.

Eu não queria aceitar isso, ela era muito jovem para aquilo e eu disse para ela há alguns anos que ela não iria morrer... Eu menti para ela!

— olá? — ouço uma voz de repente, me assustando — você está bem?

— sim. — digo rapidamente soando meu nariz e secando minhas lágrimas que não paravam de cair.

— s/n? — fico surpresa até indentificar a voz da Nayeon — o que houve? Você se machucou?

— Nay... — tento dizer algo mas continuo a chorar mais.

— consegue abrir a porta? — ela pergunta e eu me levanto lentamente até a porta, destrancando.

Ela me olha se surpreendendo, logo me abraçando rapidamente, aparentemente ainda confusa.

— o que houve? — ela pergunta novamente sem me soltar do abraço — o jogo já começou, mas podemos focar aqui se quiser.

— eu só preciso respirar um pouco... — digo tentando parar de chorar.

— quer uma água? Eu posso pegar.

— não, tô melhor. — digo respirando fundo, me separando de seus braços.

— o que aconteceu, amiga? — ela pergunta me olhando com preocupação em seus olhos.

— eu matei a Mina?... — pergunto em baixa voz, assustando Nayeon.

— o que? Claro que não, porque está perguntando isso?

— por que não me disse? — pergunto outra coisa logo após sua pergunta.

— disse o qu- — ela se toca, respirando fundo em sinal de vergonha — não queria te deixar mal e pensei que não viria. Espera aí, quem te disse?

— a Sooyeon...

— aquela filha da-

Seguro Nayeon antes de sair do banheiro, quase me desequilibrando. Ela me olha brava tentando se segurar.

— ela que te disse isso sobre a Mina, né?

— ela disse que tinha espalhado um rumor sobre isso...

— rumor? Não ouvi sobre isso, só a parte da perna quebrada. — Nayeon pensa, rapidamente parando de falar, percebendo o que dizia.

— ela deve ter dito pra me deixar mal... Bom, conseguiu. — dou um sorriso melancólico.

— eu ainda deixo aquela mocreia careca com minhas próprias mãos. Mas não é o que importa agora, já se acalmou mais? Devem estar esperando a gente.

Concordo com a cabeça lentamente secando melhor o rosto, logo pegando o caminho de volta a quadra. Nós duas chegamos na arquibancada onde já estavam todos, guardando nosso lugar. Me sento ao lado de Nayeon e Minho. Ele em um movimento delicado, coloca o braço em meu ombro, falando mais perto do meu ouvido.

— já descobriu? — olho assustava para ele me perguntando como ele sabia — seus olhos vermelhos ainda estão brilhando um pouquinho. — ele dá um sorriso pequeno para mim, que apenas toco em volta dos meus olhos de vagar — desculpa não ter te dito antes, não queria te ver assim. 

Terminando de falar ele deixa um beijo delicado em minha cabeça, voltando a visão para a quadra. Não escondo meu sorriso satisfeito, logo me aconchegando em seus braços.

Rapidamente vejo os times entrarem na quadra, de longe conseguindo avistar Chan com o uniforme azul escuro entre os garotos do time, logo se preparando. Eu vibrava junto com a plateia logo que entraram sem tirar os olhos do garoto que parecia nervoso mas aparentemente preparado.

Logo depois o time da BangHwan chega, fazendo outra parte da plateia vibrar. Estavam todos com o uniforme verde que eu usei a tantos anos. Ainda me trazia algumas boas lembranças de vitórias e outras de derrotas, mas ainda sim consegui não ficar totalmente deprimida com isso. Bom, não me arrependo muito de ter saído de lá.

Avisto Kyong junto com um dos seus amigos, aparentemente mais aliviado que todo o resto dos jogadores. Como o bem conheço ele dentro está muito nervoso. Ele sempre fica em todos os jogos e esse, com certeza, não seria uma exceção.

Mais um tempo depois todos se preparam em suas posições, iniciando o jogo. A quadra estava em um grande silêncio com os primeiros passos dos jogadores, logo ecoando o som do apito após um ponto do time adversário, seguido da comemoração da plateia.

Após um bom tempo, o jogo estava muito acirrado. Estava no último sete e era decisivo qual dos dois ganhariam. Eles conseguiram deixar a bola tanto tempo no ar mesmo com cortes incrivelmente rápidos e um bloqueio muito bom. Era visivelmente para todos que muito difícil para os dois times.

Mais alguns minutos, o ar ficava mais tenso enquanto a bola batia mais rápido de um lado para o outro. Sem eu mal perceber, a bola bate no chão iniciando um grito da multidão em coro. Era vitória da Lee School! Me levanto com apenas uma perna assustando Minho rapidamente, que se levantava juntamente comigo. Vejo os garotos se abraçando em grupo alegremente enquanto cantavam vitória. Rapidamente bato o olho no outro time que pareciam desapontados, Kyong olhava para alguém atrás de mim e por curiosidade me viro para saber, vendo seu pai com uma expressão brava. Voltando o olhar para o garoto, ele apenas esconde o rosto triste com um pequeno sorriso e um aceno discreto, logo se distanciando.

Olhando de volta para o time ganhador, Chan corre até mim com um grande sorriso estampado no rosto, me dando um grande abraço, conseguindo me tirar do chão.

— eu consegui! — ele exclama.

— eu disse. Eu nunca erro! — respondo para ele que apenas dá um sorriso que rapidamente some.

O ar tenso deixava claro que nós dois havíamos lembrado do que não queríamos, mas apenas ignoramos isso após ouvir alguém na fileira de trás dizer algo.

"Até parece que ela está feliz com isso. C certeza estava torcendo para os rivais. Que hipócrita."

Finjo não ter escutado, mas todos alí já tinham percebido que eu realmente escutei e fiquei desconfortável com o grupo de pessoas que estavam falando disso.

Rapidamente, Chan pula a primeira fileira de bancos, ficando de frente com um garoto mesquinho que falava, logo segurando a gola de sua camiseta.

— o que disse? — Chan diz intimidando o garoto.

— ei, o que está acontecendo aqui? — outro garoto chega, olhando para os dois próximos.

Após olhar para esse garoto que havia chegado, de repente congelo totalmente, sem conseguir tirar os olhos dele.

— Fe-felix? — digo com dificuldade, vendo ele olhar para mim totalmente confuso.