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História Coração de Dragão - A Lenda


Escrita por: KhatleenZampieri

Capítulo 10 - A Lenda



Há muito tempo, os dragões viviam escondidos nas florestas, com medo dos humanos e de suas armas, naquela época, ou ainda hoje, existe muita raiva e mentira no coração das pessoas, e isso deixava os dragões, criaturas de puro amor e aura branca assustados.
Uma maga de magia branca, chamada Mavis, achava tudo aquilo, essa relação dos humanos e dragões errada, ela conhecia a verdadeira natureza dessas feras e também sabia que os humanos eram capazes de amar.
Frustrada com isso resolveu tentar explicar para ambos as espécies o quão erradas estavam, mas pouco deram ouvidos a ela, achavam-na estranha e cúmplice do outro lado, chateada com a falta de fé do mundo, resolveu lançar uma maldição.
_Aquele que possuir o coração de um dragão terá a imortalidade! – Mavis olhou para os céus e raios desceram em sua direção, então olhou para a terre e ela tremeu, posteriormente olhou para as águas e do rio uma onda se levantou, depois olhou para o sol e um raio de luz passou pelas nuvens de chuva e a atingiu, iluminando seu corpo, e por último fechou os olhos e respirou fundo, invocando o poder do ar, onde várias correntes a rodeavam fazendo suas vestes e seus cabelos esvoaçarem.
Com isso a maldição foi lançada, ninguém sabia do que realmente ela se tratava, até que depois de milhares de anos foi esquecida e virou apenas uma lenda antiga.
Minha mãe me contou essa história quando eu era pequena, e sempre comentava que algo estava errado. Ela assim como eu achava os dragões fascinantes e sempre procurávamos saber de tudo sobre eles.
Mas infelizmente, sobre a lenda não existiam arquivos e ninguém sabia nada sobre isso, até agora.
Zeref, o mago negro, conhecia essa lenda, e por isso matou todos os dragões e pegou seus corações tentando obter a imortalidade, mas nunca sentia nada de diferente e também sempre que se feria, não curava-se sozinho.
E por causa de sua teimosia em saber sobre os segredo dos dragões, em sua jornada pela imortalidade, o mago negro matou muitas pessoas também, inclusive minha mãe e meu pai.
O corpo imóvel de meu pai jazia em meus braços no meio do salão principal, o silêncio após a morte do rei desonrado se alastrou e o castelo pareceu morrer com ele, já não haviam lágrimas que caíam de meus olhos, minha mente estava longe da realidade, meu corpo estava tão pesado quanto a atmosfera em minha volta.
Vozes ao longe tentaram me reanimar, mas não conseguia entender o que diziam, e aos poucos foram ficando mais altas e mais compreensíveis.
_Lucy.... Lucy.... – Uma mão delicada se pôs em meu ombro e então reconheci Juvia. – Vai ficar tudo bem, Juvia está aqui.
_Que comovente. – Zeref se pronunciou. – Achei que o odiava princesa? Em meus pensamentos ele morreria só após seu casamento, afinal precisaria de um novo rei, não é mesmo meu aprendiz?
_Como pode dizer uma coisa dessas? – Gray perguntou com a voz abafada, estava abalado pelo que seu mestre havia feito. – Como pôde mentir pra mim? Eu me devotei a você, tudo o que eu fiz, foi em seu nome, eu acreditei em você, que faríamos o melhor para o mundo, mas você apenas me queria como peão?
_E pra que mais você serviria? – Zeref argumentou. – Seu talento com o gelo é notável, mas por ações do destino, você veio a mim quando pequeno procurando força, e logo vi que você tinha a mesma idade da nossa adorável princesa, então o aceitei como aprendiz e sempre falei muito bem dela não foi, era tudo planejado Gray, tudo, desde muito tempo atrás.
Gray estava indignado e então caiu de joelhos, se sentindo o pior ser humano de todos.
_Mesmo com tudo planejado. – Me recompus e levantei enfrentando Zeref. – Você falhou em descobrir o que queria.
_Eu sei, isso é deprimente. – Zeref deu as costas a mim e a seu aprendiz e olhou para Natsu que o encarava com muita raiva. – Que olhar é esse meu jovem?
_O olhar de alguém que está prestes a matar. – Natsu respondeu com raiva. – Você deve conhecer bem a sensação.
_Huhu... – o mago negro riu e então de suas mãos a fumaça negra começou a surgir e dançar em sua volta. – Eu já te matei uma vez, posso muito bem fazer isso de novo, e com todo o prazer Dragãozinho.
Então os dois começaram a lutar novamente, mas dessa vez eu sentia que um deles iria morrer permanentemente.
_Você vai morrer dragão. – Zeref falava enquanto sua fumaça ia aonde suas mãos mandavam e rapidamente pegavam Natsu, que logo conseguia se livrar delas com suas chamas de dragão, e posteriormente ele ia atrás de mago negro, que se desviava com a mesma habilidade. – Nunca vai me vencer.
_Você não sabe de nada. – Natsu respondia a altura. Ele abaixava-se enquanto dispara várias rajadas de fogo em direção a Zeref, distraindo-o enquanto corria por trás e o acertava com o mesmo soco de antes.
Porém, Zeref o deteve segurando seu punho e o perfurando novamente com a fumaça negra.
_Ahhhh. – senti novamente em meu peito a dor de Natsu, por quê?
Zeref me olhou estranhamente franzindo o cenho, e então acertou mais uma vez Natsu mas agora em seu pescoço.
_Ahhhhhhhh... – tanto ele como eu gritamos ao mesmo tempo, eu coloquei a mão sobre o local atingido, a dor era imensa, imagino o que Natsu está sentindo.
_Lucy? – Juvia e Gray vieram em minha direção não entendo o porquê de minha dor.
_Hahahahahahahaha, eu não acredito. – Riu Zeref soltando o corpo morto de Natsu no chão, ele o observou por alguns instantes e viu Natsu voltando à vida. Então o agarrou pelo pescoço de novo. – Como fez isso?
_Você nunca saberá! – Natsu sorriu.
Olhei para Nastu e ele percebeu que eu estava com dor e então se desculpou, eu entendia que não era culpa dele, mas como isso era possível?
_Bem, se você não me contar. – Zeref se levantou e jogou Natsu longe. – Terei que mata-la para descobrir. 
_Não. – Gray ficou em minha frente. – O senhor não fará isso.
Reparei em seus punhos o ar gélido se formando.
_Saia de minha frente jovem. – Zeref deu mais um passo e então Gray atacou, tentando perfurar seu mestre, mas não conseguia, o mago negro conhecia seu estilo de luta, afinal foi ele quem o treinou.
E assim Zeref lançou Gray para longe com um golpe de fumaça negra. Então novamente começou a andar em minha direção e dessa vez Juvia entrou no caminho.
_Juvia não... – falei tentando afastá-la, mas ainda estava com dor e não consegui levantar.
_A por favor. – Zeref pediu com desdém e assim a fumaça pegou Juvia pelos cabelos e a puxou para longe.
_Ahhhhhhh... – A fumaça a arrastou até a parede fazendo com batesse a cabeça e desmaiasse.
_JUUUVIA... – Gritei, espero que esteja viva.
_Vamos lá. – Zeref se pôs em minha frente e pegou em meus cabelos com as mãos erguendo-me do chão. – Última vez dragão!
Zeref disse isso formando uma estaca afiada de fumaça em sua mão apontando para meu peito.
_Espere Zeref... – Gray se levantou e pediu ao mestre.
_Fique fora disso Gray. – Zeref ordenou. – Mais tarde eu cuido de você, agora Dragão?
_Não fale nada Natsu. – pedi a ele, eu poderia morrer, mas se Zeref soubesse como ser imortal, isso significa o fim do reino e de tudo o que amo.
_Quietinha. – Zeref pediu e a estaca encostou em meu peito rasgando o tecido do meu vestido e furando um pouco minha pele, senti a ardência.
_Ahhhhh.... – gritei de dor.
_LUCY... – Natsu grita. – Solte-a, mesmo que eu lhe conte, você não vai ser imortal, é impossível pra você.
_Então não será possível pra você também. – Zeref adentrou um pouco mais em minha pele.
_Ahhhh. – Gritei novamente. – Natsu não fale nada.
Natsu pôs a mão no peito e sua expressão dizia que ele também sentia a minha dor.
_Zeref, por favor pare com isso... – Gray pediu novamente.
_Ah, eu já mandei você ficar fora disso moleque. – Zeref retirou a estaca de meu peito e fez um movimento pra fumaça jogar Gray mais longe. – Agora, onde estávamos? Ah sim..
Ele enfiou de volta a estaca no meu peito, eu tentei tirá-la com as mãos, mas a fumaça prendeu minhas mãos atrás de meu corpo.
_Maldito... – Natsu falou. – É o amor.
_O que? – Zeref pareceu não compreender. – Explique.
_Você traduziu errado a lenda Zeref, assim como todos os outros anteriores. – Natsu explicou com a mão no peito. – Primeiro, não é o coração físico que é mencionado na lenda, é o amor e segundo não é “terá a imortalidade”, e sim “obterá o segredo da imortalidade”.
_Mentira! – Zeref estava furioso.
_Não é. – Natsu explicou calmamente. – Layla entendeu o significado e tentou alertá-lo, mas você nunca dá ouvidos a ninguém.
Zeref engoliu em seco.
_Eu sou imortal, por que Lucy me ama, então ela tem meu coração. – Natsu finalizou. – E é por isso que você nunca se tornará imortal, por que você é incapaz de amar.
_Se eu não serei imortal. – Zeref furioso afunda totalmente a fumaça em meio peito. – Então ninguém será!
_LUUUUUUUUCYYYYYY.... – Natsu gritou meu nome, mas também começou a sentir a dor no peito.
Zeref me deixou cair no chão retirando a estaca de meu peito e permitiu que Natsu se aproximasse.
Caí nos braços de meu amado dragão, eu sabia que ele estava sentindo a mesma dor que eu, mas ele teve forças pra me segurar.
_Me desculpe... – as lágrimas começaram a cair dos olhos de Natsu, e quando chegavam em seu peito se misturavam com o sangue. – Me desculpe....
_Hahahahahahahahaha... você pode ser imortal dragão, mas ela não é, e se ela morrer... você também morre hahahahahahaha... aghr... o que? – Zeref parou de rir quando uma espada de gelo atravessou seu coração negro e frio, então Gray retirou a espada e deixou que se desfizesse em água, e observou Zeref olhá-lo com ódio e surpresa. – Você.....
_Vocês estão bem? – Gray veio até nós, deixando Zeref sufocar no próprio sangue e morrer sozinho. – Ah meu Deus.
_Gray... – o chamei. – Quero que case comigo...
_O que? – ele pareceu não entender.
_Eu vou morrer... – falei sorrindo com minhas últimas forças. – Quero deixar o reino em boas mãos....
Gray pareceu surpreso e ao mesmo tempo culpado, então olhou para Natsu e viu que o dragão sorria pra ele aconselhando que o aceitasse.
_Tudo bem! – então ele tirou de seu bolso um anel de ouro com uma pequena insígnia de gelo em cima, sorri quando vi. – Quero que fique com isso, é importante pra mim e eu fiz especialmente pra você. - Ele pôs em meu dedo e assim buscou os papéis necessários para legalizar o casamento.
Eu assinei com dificuldade, mas dava pra entender minha letra.
_Lucy, me desculpe por tudo... – Gray pediu.
_Tudo bem, eu... eu... eu fui uma péssima anfitriã nos primeiros dias.... – falei tossindo sangue.
_Me desculpe também Natsu. – Gray ofereceu a mão e Natsu a segurou, e assim fizeram as pazes.
_Gray... – o chamei.- Como último pedido,... cof cof, cuide da Juvia... e do Jardim...
_Pode deixar. – as lágrimas nos olhos de Gray também vieram à tona.
_Adeus Gray... – olhei para ele uma última vez e então olhei para Natsu. – Obrigada.... por me dar.... esperança....
_Eu que agradeço.... – Natsu deixou a última lágrima cair e depois deitou ao meu lado, sua pele estava ficando escamosa, seu corpo maior, ele estaca voltando a ser um dragão. – Eu... te amo Lucy...
_Eu também.... meu dragão... – assim minha visão ficou preta e não consegui sentir mais meu corpo, era meu fim, aos poucos meu pensamento se esvai e tudo o que sinto é o calor de Natsu e da minha família me envolvendo.
***
Após a morte do Dragão chamado Natsu, Gray recolheu um pouco do sangue da fera e prometeu que ele não deixaria essa espécie morrer. 
Como casou-se com a Princesa antes dela morrer, ele virou o novo rei, e conforme prometido a Lucy, ele cuidou do reino e de todos nele, baixou os impostos, reviveu a vila e o palácio com a felicidade do povo em servir um rei bondoso, casou-se com Juvia e juntos cuidaram do Jardim da antiga rainha, e alguns anos depois tiveram uma filha a quem deram o nome de Wendy na qual se tornou uma Dragon Slayer devido ao sangue de Natsu que Gray deu a ela, Wendy se tornou uma princesa forte e determinada, ela podia se transformar em dragão quando quisesse, um dragão que protegia o reino e controlava o ar em sua volta.
Orgulhoso, Gray olhava para o céu como quem cumpriu uma promessa, com a ajuda de Juvia ele conseguiu transcrever a lenda dos dragões e a história de Lucy e Natsu contando toda a verdade, assim sua filha estava a salvo de maus olhos e nunca mais se ouviria falar de um dragão morto, e sim do amor de um coração de dragão.



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