História Coração Valente - Capítulo XI .

Após o almoço, Chichi caminhou sobre a proa da embarcação rústica, encostou-se sobre o corrimão e repousou as mãos sobre a madeira, respirou fundo e fechou os olhos por segundos para sentir o ar fresco que o mar lhe proporcionava. Aos poucos juntou-se a ela, sua criada e o enorme Nappa. Ficaram conversando enquanto o homem careca e barbudo guiava o timão do navio e o guiava na direção certa; trocaram experiências, contava-lhes como gostava da vida ao mar, e os anos que passou viajando antes de servir as tropas reais. Tudo fluiu bem até o cair da noite, quando a moça se despediu de todos e recolheu-se junto a serviçal para seu quarto, colocou suas vestes noturnas e deitou-se; estava frio então ela encolheu-se e escorregou para dentro das cobertas grossas, pegou seu amado livro, os que continham os cânticos de Salomão e começou a ler.

“ Durante as noites, no meu leito.

Busquei aquele que meu coração ama.

Procurei-o, sem encontrá-lo.

Vou levantar-me e percorrer a cidade,

as ruas e as praça.,

Em busca daquele que meu coração ama;

 Procurei-o sem encontra-lo. ”

Ao terminar o verso, uma lágrima de saudades escorreu em seu rosto. Passou o dedo para seca-la e suspirou, fechou o pequeno encadernado que estivera em mãos e o colocou de lado, virou-se e fechou os olhos se permitindo viajar pelas memórias, será que Goku estava bem? Será que chegou finalmente ao lugar de onde partiu? Será que pensa nela como tal faz com ele? Eram muitas perguntas; mas todas sem respostas, a sua mente vagou e pousou em algo pelo qual mais a emocionava, o dia em que se beijaram pela primeira vez; o moreno estivera a tarde toda confeccionando um singelo presente, uma pulseira de conchas; tinha dado a ela assim que a viu. Ligeiramente apertou o pulso e levantou a manga da camisola, olhou rápido e constatou o presente no mesmo lugar que colocara. O pai nunca havia notado, sorriu satisfeita, era uma prova que tudo teria realmente acontecido; fechou novamente os olhos e voltou a recordar de seu amado novamente até finalmente dormir.

Passaram os dias restantes ao mar e o navio já aproximava-se de Aragon, todos estavam eufóricos, tanto da parte da princesa quanto ao do povoado. O rei acordou cedo e verificou se a festa que preparavam de boas-vindas estava em ordem, as mulheres prendadas da vila haviam passado o dia anterior para prepararem cada detalhe; havia bandeirolas com símbolos da ordem do dragão espalhadas, grandes barracas com frutas frescas e algumas tochas colocadas em cada lado da ponte de desembarque, em seu caminho, pétalas de várias flores coloridas, tudo para que a jovem princesa se sentisse bem. Enquanto a embarcação finalmente atracava e os homens desembarcavam, Vegeta esperava do lado de fora da cabine da moça, mantinha sua posição de braços cruzados e olhar duro. A moça estava nervosa, vestiu um de seus melhores vestidos de cor amarelo, um véu transparente e uma tiara dourada enfeitava os cabelos; saiu pra fora e respirou fundo com a mão recostada no coração.

- Ran ran, cof cof. – Deu sinal o carrancudo ao vê-la. – Devo dizer-lhes madrasta, que estais muito bela. Eu poderia continuar falando seus imensos predicados, mas temo que já esteja na hora de conhecer seu novo lar.

- Ah Vegeta, não fale assim que me deixa mais nervosa, então estou bem? Acha que estou digna do rei? - Ela deu uma voltinha e sorriu nervosa.

- Está muito bonita, com certeza meu pai tem sorte. Mas não precisa ficar assim, tão nervosa. Dará tudo certo, eu vou ajuda-la por enquanto; amanhã se precisar se adequar a algumas coisas daqui, pedirei a minha noiva para visita-la e ela ajudará, certo? – Ele piscou e sorriu sínico.

- Claro, oh! Então meu enteado irá casar-se e não me comunica? Como não me falou antes?

- Não foi por nada, apenas achei que já soubesse algo sobre minha família e eu, afinal é o que as noivas costumam fazer quando sabem que seus pais lhe arranjaram compromisso. Acaso nunca quis saber mais sobre nós? Digo, meu povo e meu pai? – Fez uma cara de espanto e deu a o braço para ela segurar, ela fez e pronunciou.

- Na verdade, ouvi algumas coisas sim. Mas nunca pude ou tive permissão de conhecer nada ou lugar algum, os únicos lugares que meu pai me permitia ir, era na vila de pescadores na praia e ler para as crianças do campo as tardes.

- Hum, interessante. Então você gosta de lecionar para crianças? Aqui temos muitas, talvez gostem de você e suas histórias. Então vamos, seja bem-vinda. – A jovem assentiu e então caminharam para fora.

Desceram pelas escadas e foram caminhando sendo seguidos de Suno, que observava tudo. Chichi levou a mão livre ao colo ao ver tudo que estava esperando por ela, estava muito lindo; observou muitas pessoas amontoadas e a esperando, todos estavam ali por ela. Em um segundo, sentiu-se como um troféu que estava sendo exposto, balançou a cabeça para dispersar a mente, e então olhou melhor e lá estava o homem que aparentemente seria seu marido.

 Ele era um pouco mais alto que seu pai, tinha um porte forte e oponente, magro mas conseguiu ver os músculos marcados pela veste real, a roupa era simples para um homem da nobreza, mas ele parecia feliz, sua face dura e tinha uma barba bem-feita, o que a surpreendeu foi a semelhança com seu mais novo amigo, pai e filhos eram idênticos exceto pela barba e a cor dos cabelos. No entanto, ela paralisou quando sua visão foi atraída para um forte guerreiro postado ao lado dele; seria possível?; era Goku. Ela teria ficado em choque se não tivesse que disfarçar. Sua vista girou por alguns segundos, o estomago embrulhou e seu ar ficou pesado; as náuseas a distrairiam; porém nada a chamava mais atenção do que o que presenciava. Olhou sorrateiramente para a criada e a direcionou a fazer o mesmo, a garota abriu a boca em um *O* quando percebeu o que era, Vegeta ficou surpreso ao ver o amigo que julgava morto; e ele teve que conter a enorme vontade de abraça-lo e pergunta-lhes o que houve, faria assim que tivesse oportunidade.

- Você está bem, princesa? – Perguntou, notando que os passos haviam ficados mais devagar.

- Sim, estou. Apenas senti uma tontura; não se preocupe. Seu pai e você são parecidíssimos, parabéns. – Disfarçou e ele assentiu.

- Minha falecida mãe dizia a mesma coisa; vai gostar de Bulma. Com certeza irá querer juntar-se a você para tricotar e jogar conversa de mulheres fora. – Deu uma risadinha e parou ante o pai.

Rei Vegeta estava nervoso e ajeitava toda hora suas roupas; se posicionou ao final do caminho e ao seu lado estava Goku, com seu típico uniforme antigo, vestia calças de couro negras e botas do mesmo material, uma camisa de linho cinza com tachas metalizadas nas laterais, os cabelos como sempre desafiando a gravidade. Em volta do seu corpo um cinto de cor preto, este servia de suporte a bainha de sua espada, esta; guardada como lembrança pelos oficiais reais. E por fim, sua capa com emblema da ordem debatia-se contra o fino vento, e voltando a repousar em suas costas. Ele estava focado; o pai adotivo havia feito questão de que ele estivesse presente na chegada da noiva; no entanto, suas mãos gelaram e os olhos vidraram-se a imagem vindo em sua direção.

Tentou olhar para os lados; abriu e fechou os olhos várias vezes achando ser um devaneio de sua cabeça, as pernas ficaram tremulas e ele teve medo de cair; “Você está louco; a mulher que conhece chama Angela e é uma camponesa humilde”; pensou – “é isso, abra os olhos e tudo voltará ao normal”. Mas sua confusão ficou pior quando constatou que realmente a mulher a sua frente, era da realeza, jovem e sim; era sua amada. Porém, ele não estava aguentando de tanta incredulidade; engoliu em seco e disfarçou sua surpresa.