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História Corações entorpecidos (Heeseung - ENHYPEN) - He explained the infinite



Notas do Autor


Oi turminha!
Lá vem a Luna e eu com mais um projetinho kkkk
Essa ideia apareceu outro dia, e desenvolvemos tudo direitinho nesses últimos dias. Enfim, eu pessoalmente nunca escrevi nada com o Heeseung e realmente espero que gostem disso!

Beijos da Mary e da Luna! Boa leitura e perdoem os erros! Bjs

Capítulo 1 - He explained the infinite


Fanfic / Fanfiction Corações entorpecidos (Heeseung - ENHYPEN) - He explained the infinite


"O luto pode destruir uma pessoa" A cinco passos de você 


Angie

Um corredor cheio demais, com adolescentes em plena a melhor idade indo de um lado para o outro em sua pressa usual. Para todos os jovens os minutos parecem ser os últimos de suas vidas, cada segundo é importante para que os corações com batidas aceleradas sinta para além do que qualquer outra pessoa possa entender. Cada simples instante é precioso: o respirar profundo, as risadas barulhentas e os olhares atentos.

São tantas respirações que pesam no ar comprimido dentro de um corredor cheio demais e, ainda assim, sinto como se minha respiração pudesse se condensar diante dos olhos de todos os que passem próximo ao meu corpo. É como se tudo ao meu redor possa se tornar gasoso e sem importância. Sei que meus pensamentos já o fizeram há algum tempo.

Sinto a superfície lisa e fria do armário onde pressiono minhas costas. Este também costuma ser o local no qual guardo os materiais necessários para cada uma das aulas que se segue durante o horário letivo, desde livros didáticos, que explanam as matérias que serão aplicadas ao longo do ano, até algumas de minhas leituras atuais, que provavelmente envolve algum romance água com açúcar que deixaria outras pessoas com certa preguiça ao lerem o título, embora me deixam verdadeiramente animada com poucas palavras.

A leitura tem sido uma companhia intensa nas últimas semanas, as palavras deixam minha mente calma e o coração repleto de sentimentos dos quais prometi que esqueceria. E, ainda assim, não fui capaz de deixá-los para trás.

Sei que outras coisas ocupam espaço neste armário, algumas inúteis e outras que fazem o meu coração bater para além do compasso enquanto meus olhos se enchem de lágrimas. E talvez por ter em mente o que tanto tento esquecer, me coloco de forma protetora na frente desta porta repleta de lembranças, acreditando bem no fundo do coração que, de alguma forma, há como enxergar para além do alumínio frio trancado com um cadeado de combinação numérica. Ainda teimo em acreditar que as memórias possam trazer os números a um alguém que não deve se lembrar, e que em algum momento esta tranca vá ser aberta e todos os segredos escondidos revelados.

Por algum motivo, me permito ter esperanças. E Deus sabe o quanto nego a mim mesma a existência deste termo simples. Esperança.

E tudo piora quando a maldita hierarquia que domina esta escola se faz presente. É neste momento que aperto os livros em meus braços com um pouco mais de força do que deveria, um escudo contra os olhares que possam vir até meu corpo, a qualquer pessoa que ouse dirigir a palavra até mim ou qualquer cumprimento. Bem no fim do corredor um grupo caminha em meio as tantas pessoas que entopem cada espaço, ninguém ousaria atrapalhar o caminho de qualquer um deles, imagine só de todo o grupo reunido?

Os principais jogadores do time de basquete, a elite de todo o colégio, os rapazes mais belos e mais desejados entre todos. Posso garantir que até mesmo os primeiranistas sabem exatamente o nome, a idade e a turma de cada um daqueles rapazes. Provavelmente outros ousariam arriscar até mesmo a cor favorita ou ainda melhor, o hobbie que praticam.

Eles caminham usando o uniforme do colégio como os outros alunos, os trajes sociais e as mochilas presas as costas. Todos os olhares caminham até eles como ímãs poderosos.

Porém, jamais me importei com o quanto cada um deles possui poder aquisitivo dentro desta escola por jogarem basquete e ganharem campeonatos para o colégio. Tudo o que guardo para mim sobre cada um deles são as palavras de um amigo que os via para além da fama exagerada e das festas ainda piores.

Ele costumava dizer que Jungwon é o mais atencioso, que Jay costuma ficar bravo com facilidade, mas que cuida de todos com carinho. Que Sunghoon é talentoso na patinação no gelo e que tem a risada mais adorável de todas as que já ouviu, já Jake costuma amar tudo e todos com intensidade além do comum, que é inteligente e prestativo. Sunoo é como um ursinho de pelúcia de tão adorável, com sua voz doce e atitudes tranquilas, já Niki, o mais novo entre eles tem tanta energia que o deixava tonto às vezes, porém, é quem ele costuma procurar com o olhar quando se sente desanimado.

E havia ele, o último do qual o tal amigo esqueceu de citar, o sorriso que mais brilha entre todos, a estrela que cintila em meio a tantas outras, o andar confiante e as piadas sem graça. Aquele mesmo rapaz que tem o abraço mais quente e confortável e os cabelos tão macios quanto algodão, que possuí todo um universo contido em seus olhos escuros e usava as próprias palavras para contar e me explicar o infinito.

Lee Heeseung é o seu nome, algo que soa tão belo quanto seu dono. O porte alto enquanto caminha com o cuidado usual, como se soubesse que é observado por cada alma viva dentro deste local. Ele sorri da forma mais bela que consegue, mas ainda consigo notar uma linha fina preencher o cantinho de seu olho como um sinal de que não sabe o motivo de fazê-lo. A mochila permanece pendurada no ombro direito como o usual, ao passo que a mão de Jay permanece no outro ombro o guiando pelo espaço extenso até a cantina.

O sorriso some ao olhar em minha direção, os olhos antes brilhantes pela diversão que compartilhava com os amigos tomam um tom quase melancólico. Sua respiração se torna palpável ao estar a cerca de um metro de distância, sinto que posso tocar Heeseung se esticar o braço um pouco mais, que deveria fazê-lo imediatamente e sentir a textura de seu blazer cinza contra meus dedos.

Ele olha para minhas mãos atadas contra os livros didáticos que seguro com tanta firmeza, como se esperasse que eu me aproximasse um pouco mais neste instante que poderia ser o último. Mas eles passam, como um vento apressado que teima em correr para o norte, levando consigo o inverno mais gélido.

Pois é assim que me sinto há várias semanas. Como se o mais terrível inverno tivesse se instalado em meu corpo e não desejasse me deixar com facilidade. Sinto meus ossos se tornarem gelo e as articulações se desfazerem em neve, os pensamentos são como cada lufada de ar que se condensa contra a atmosfera abaixo de zero.

Provavelmente a única parte que ainda queima é o coração, que tenta esquentar o restante do que sobrou com os últimos pedaços de lenha em uma fogueira. Porém, assim como o restante, essa madeira está acabando. Até tudo se tornar gelo.

Espero por alguns segundos até que toda a comoção da simples passagem dos rapazes pelo corredor se torne algo ínfimo. E somente então me apresso em direção a biblioteca, o único local capaz de acalmar meus nervos neste momento repleto de ansiedade. Para a minha sorte o local fica quase do outro lado da escola, e também é pouca habitada, apenas um à cada dez alunos vai até lá por pura e espontânea vontade, e sei que posso me gabar por ser um destes.

Empurro as portas duplas com um pouco menos de força do que deveria. Acredito que o restante de firmeza corporal tenha se esvaído após a última aula, educação física, onde jogamos vôlei até que meus braços doessem com tantos golpes. Embora fosse algo divertido e que abraçava minha mente, o treino de basquete ficava na quadra ao lado, coisa que não me dava a chance de esbarrar em qualquer um dos jogadores do time.

A bibliotecária — uma mulher de aparência jovial, cabelos castanhos longos, o clássico terninho em tom cinza e os óculos de grau pousados no nariz — me olha com um sorriso no rosto, tratando de desgrudar o olhar do próprio livro por apenas estes instantes.

É então que meu coração toma um pouco de ar, quando o cheiro das páginas enche meu olfato com uma velocidade impressionante, as prateleiras repletas das mais variadas obras faz com que meus olhos desejem brilhar e quase em automático caminho em direção a uma delas em específico, onde sei que encontrarei um dos romances que tanto amo. Passo os dedos com rapidez pelos títulos buscando por um em específico, para ser sincera, tenho buscado por obras parecidas com esta com mais frequência do que tenho coragem de admitir.

O livro pesa em minha mão, deixa os nervos aturdidos por saber exatamente em que página deve abrir e qual a frase deve buscar. “O luto pode destruir uma pessoa”.

Sei o quanto isso pode ser verdadeiro, o quanto se pode sentir dor sem que se esteja verdadeiramente ferida, o quanto as escolhas podem deixar um trecho de seus dias mais obscuros. Não me arrependo por tê-las feito. Mesmo sabendo que os cortes que se abriram junto delas não podem ser fechados com tanta facilidade.

Perder alguém, ainda que seja sua escolha ter deixado que esta pessoa partir, é a pior das dores que se pode sofrer. Não cura, só se abre a cada dia.

Passo o meu dedo sobre a frase, analiso cada parte que levou a personagem a formular aquele pensamento e colocá-lo nesta forma e com este enredo, pois tudo o que a rodeia é a perda.

O luto pode destruir uma pessoa. Essa sim, é uma citação dramática... — Viro-me em abrupto. Sinto antes de fazê-lo a voz aveludada acariciar meu pescoço e, ao focar os olhos em seu dono, eu encaro o sorriso mais brilhante de todo universo. É Heeseung que me observa ler e reler o mesmo trecho, a marcar a frase com o dedo pela falta de uma caneta.

É Heeseung que sorri e mantém as mãos atrás do corpo. Porém, não é ele que me olha com curiosidade em busca de algo. Não é Heeseung que espera que eu lhe diga algo em resposta ao que acabou de dizer. Não é o antigo Heeseung.

— Você me assustou — respondo a ele, que não tira o maldito sorriso do rosto. — Eu... posso te ajudar com alguma coisa?

Esforço-me para que a minha voz saia o mais firme possível, para que em nenhum momento algum tremor involuntário percorra meus ossos ou faça com que meus olhos se encham de lágrimas inconsequências. Tento me lembrar uma, duas vezes. Este não é Heeseung.

— Me desculpe pelo susto, é que eu não queria te atrapalhar. Mas não achei outra forma de chamar sua atenção — explica ele, e passa a mão pela nuca em um gesto característico, como se me pedisse para acabar com o momento embaraçoso. — Enfim, eu realmente preciso da sua ajuda. É que depois desse tempo que fiquei em casa, perdi um pouco o jeito com algumas matérias, principalmente biologia. E quando eu perguntei para a professora, ela me disse que em algum momento você já me ajudou com isso...

— Então ela te disse para me procurar mais uma vez? — O rapaz balança a cabeça concordando rapidamente, os olhos pareceram brilhar em algo inocente, tranquilo. — Tudo bem, acho que eu posso te ajudar em biologia... — completo, apenas para ver um sorriso doce tomar seus lábios.

— Então a gente pode se ver amanhã a tarde? — Não consigo evitar quando um tom rubro toma minhas bochechas, a forma como ele fala me lembra outros tempos, outra pessoa. — Sei lá. Se sobrar um tempinho podíamos sair para tomar um sorve...

— Tudo bem. Podemos nos encontrar na biblioteca no centro da cidade amanhã! — O corto antes que o convite seja feito, não quero ter de machucá-lo ao negar um “encontro” mesmo que seja apenas para tomar sorvete. — Às duas da tarde, depois da aula...

— É claro que sim. Você é uma boa amiga, Angie!

Dói.

É como se um golpe houvesse sido aplicado contra meu estômago e o ar houvesse fugido de meus pulmões. Amiga. A mesma amiga que o visitou no hospital todos os dias enquanto ele esteve internado, a mesma amiga que segurou sua mão enquanto seus olhos abriram pela primeira vez após todo o acontecido, a amiga que viu seu rosto sereno se tornar uma expressão de confusão completa.

A primeira pessoa a escutar “Me desculpe, quem é você?”

E, ainda assim, eu sorrio e logo depois deixo o livro onde havia pegado. Viro-me no mesmo momento e parto em direção a porta com passos decididos, ainda que sentisse tudo o que estava congelado se tornar líquido e se acumular em meus olhos, ainda que uma pedra de gelo dolorosa esteja presa em minha garganta. A respiração se torna mais espessa, complicada.

Uma boa amiga é tudo o que tenho tentado ser.

Sinto uma mão em meu ombro, temo que seja Heeseung, e tenho ainda mais medo que ele me veja com os olhos marejados. Tento conter a enxurrada que me toma e após decidir que basta, me viro com um sorriso no rosto.

— Você é a Angie, certo? — Encaro um sorriso doce que não pertence a quem eu esperava. É Jake, amigo de Heeseung, que me para em meio ao corredor. — Será que posso falar com você? — Concordo com a cabeça. É claro que ele não vai se apresentar, estudamos juntos há tanto tempo que presume que sei seu nome, e quem não saberia, ele pertence ao time de basquete e é um dos caras mais conhecidos da escola. — Você e o Heeseung eram amigos antes... de tudo acontecer, não eram?

— Eu costumava ajudá-lo com biologia, essa nunca foi uma matéria que ele fosse muito bom — lhe respondo com rapidez, ainda que tentasse ser clara. A expressão de Jake suaviza, ele respira fundo uma vez e logo depois solta devagar, como se esperasse por algo há muito tempo.

— Sabe, eu posso parecer meio lerdo às vezes, mas gosto de observar certas coisas — dita o rapaz com uma calma impressionante, algo que o invejo por possuir — e uma das coisas que percebi antes de tudo acontecer com Heeseung, é que ele estava mais feliz, mais leve. Ele só tirava notas altas e se atrasava para alguns treinos, e mesmo assim corria para as aulas de biologia e de educação física como se a vida dependesse disso — meu coração afunda, estilhaça. — E essas são as únicas aulas que temos com você. E quando eu lhe questionei sobre isso, poucos dias antes de tudo, ele me disse que estava apaixonado, mas que esperaria até que o ensino médio acabasse para assumir o relacionamento com a garota que ama...

— Jake... Por favor...

— Pode ficar tranquila, eu não vou contar para ninguém e também entendo sua decisão. Mas, por favor, preciso que me ajude com o Heeseung. Sei que deve doer muito. Mas, Angie, precisamos ajudá-lo a se lembrar de tudo.

— Não há como, o médico disse que se ele se lembrar de alguma coisa será em um processo lento, coisa que pode demorar dezenas de anos, Jake! — respondo, a dor transparece por minha voz quase que de imediato. Eu mesma havia perguntado ao neurologista de Heeseung quais as chances, e ele havia me dito que são nulas. Ele não se lembraria de sua vida antiga.

— Olha, eu sei o que o médico disse. Mas se há algo que aprendi é que não devemos acreditar na palavra de uma só pessoa. Então eu pesquisei, virei madrugadas pesquisando sobre o assunto e após tudo isso, percebi que a amnésia vem com um trauma, e por pior que seja, Heeseung só vai se lembrar se sentir algo que seja tão intenso quanto — ditou Jake, falando verdadeiramente como um alguém que é especialista no assunto. — E tudo o que sei é que você causava essas sensações nele, Angie. E antes que me diga que isso é impossível, no último jogo ele se lembrou corretamente de nossas jogadas ensaiadas por que estava sentindo a pressão de ter de ganhar, e nós ganhamos, e por acaso ele se lembrou de quantos campeonatos já levamos durante os anos que estudamos juntos.

— Isso, será que pode funcionar? — Não sei se Jake tem realmente uma aura convincente, mas uma pequena luz de esperança se acendeu dentro de mim.

— Não sei, mas esperei algumas das reações de Heeseung surgirem efeito em sua memória antes de vir falar com você — dita ele, sorrindo em seguida. — Acho que podemos começar hoje mesmo! Mas pra isso você vai ter que esquecer essa coisa de níveis sociais na escola — balanço a cabeça concordando. — Jay vai dar uma festa hoje a noite, é aniversário dele, vocês moram perto, não é?

— Sim, são apenas duas casas de distância... — respondo a ele, que sorri ainda mais.

— Me dê o seu número, eu vou passá-lo para o Jay, que por acaso vai te convidar pra essa festa. Se prepare bem, quando estiver lá eu vou arrumar uma maneira de deixar você e o Heeseung sozinhos por tempo o bastante para vocês, sei lá, dançarem juntos, algo que possa deixá-lo marcado esta noite!

— Mas, e se não funcionar? E se o Heeseung não sentir nada ao estar próximo a mim?

— Pode ficar tranquila, ele já sente. Hoje mais cedo ficou te olhando enquanto você jogava vôlei com o pessoal, e no corredor admitiu que sentia o coração acelerar quando estava perto de você. Me certifiquei disso também. — Jake parece orgulhoso de suas constatações.

— Você daria um ótimo cientista, Jake.

— Essa é a ideia — ele ri baixo, acompanhado por mim. — Nos vemos na festa do Jay?


— Sim, nos vemos na festa do Jay.


Notas Finais


E aí? O que estão achando de tudo?
Conseguiram descobrir o que aconteceu com o Heeseung?


Até mais! Voltamos em breve!


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