História Coraline - A porta se abre - A jogada final

Quando olho para trás novamente, não há mais casa. Simplesmente não há mais. Ofegante, aperto os meus olhos e vejo uma figura. É o gato.

- A casa sumiu - diz ele. - Acabou.

Percebo que a vela caiu da minha mão na fuga. Só estou com o punhal e a caixa de fósforos vazia.

- Não - falo. - Não pode ser. Estamos presos então, já que tudo acabou.

- Esse é o problema - diz. - Beldam nos prendeu.

Deixo o punhal escorregar da minha mão e coloco as duas mãos na cabeça. Sinto algo me observar, então vejo Beldam e a Outra Coraline atrás de mim.

- Você fala - diz Beldam, se referindo ao gato. - Seu parasita traidor.

- Cale a boca, Beldam - digo. - Acabou para você.

- Hum, Coraline - ela está com um prato com botões e uma linha de costura nas mãos. - Por que não fica comigo para sempre?

- Seríamos muito felizes - diz a Outra Coraline. - Pare de achar que somos as antagonistas.

- Vocês são as antagonistas - falo. - E você não passa de um clone meu que é controlado pela Beldam. 

- Você é muito boba, Coraline - fala Beldam. - Boba, boba. Mas acabou. Não para mim. Para você.

Do nada, tentáculos saem de Beldam e me agarram, apertando o meu estômago. 

- Não! - grito, cada vez sem ar. - Não!

Tudo começa a ficar embaçado. Ouço o gato falar:

- Oh, Beldam. Talvez tenha esquecido que eu tenho alguns poderes.

Então, Beldam começa a gritar pavorosamente, e os tentáculos me soltam. Caio no chão branco e vejo Beldam se deteriorando, o sangue negro jorrando de todos os lugares, assim como a Outra Coraline. Um vento esvoaça os meus cabelos, e sinto que estou caindo.

Tudo fica escuro, e vejo que estou em pé em um corredor estreito. Corro em direção a uma porta, e finalmente abro a porta com força, caindo no meio da sala de estar. Quando me levanto, vejo um garoto de olhos verdes e roupas negras do meu lado, olhando para a porta. Quando olho também, vejo uma parede de tijolos. E nada mais.