Desligo o meu celular e me levanto com pressa da cama para sair do quarto quando de supetão a porta do cômodo é aberta. Era o meu pai.
- Ah!! Ufa... Você me deu um susto em pai. - Bati de leve no ombro dele. Me desviando completamente do seu possível abraço.
- Olha Coraline. Nós precisamos mesmo conversar.
- Ah... Sério? Justo agora?! - Falo sem paciência enquanto mexo na minha capa de chuva super molhada ainda por não ter tido tempo suficiente para ela secar.
- Ah? Sério. Não estou de brincadeira Coraline! - Visto a minha capa de chuva e pego as minhas galochas as sentindo mais pesadas do que costumam ser. Coloco os meus pés nelas e sinto elas serem completamente molhadas pela água que entrou antes de eu entrar dentro de casa.
- Ah! Ecate!! Não acredito nisso!!!! - Retiro os meus pés delas com uma certa dificuldade fazendo a água que estavam ali presentes saírem por causa da posição virada das galochas mal retiradas. - Af. É mesmo sério isso?? O senhor veio aqui só para agradar a mamãe e não porque está "preocupado" comigo. - Fiz aspas com os dedos na palavra: preocupado.
- Como você pode pensar se quer uma coisa dessas minha filha? - Ele se aproximou de mim colocando uma mão em cada lado do meu ombro. - Eu estou sériamente preocupado com você como qualquer outro pai estaria. - Coloca uma mão no meu queixo e o levanta devagar. Olho dentro dos seus e vejo um sinal de choro vindo. - Eu e a sua mãe sempre vamos querer o melhor pra você. Sempre. - Reafirmou. - Desviei os meus olhos frustrada.
- Mas não é o que parece! - Gritei mais alto do que pretendia.
- Entenda minha filha, agora nós estamos sem tempo de ficar com você por termos que trabalhar arduamente para podermos continuarmos morando nessa casa. Entretanto, uma hora iremos terminar e-
- Estar muito tarde para as suas histórinhas papai. Acho que sou bem grandinha agora para saber o que é fantasia e realidade. - Afirmei olhando dentro dos seus olhos friamente. - Agora, por favor me dê licença, pois eu vou ir dormir e não quero distrações. - Me afastei dele andando para outra parte do meu quarto. - O senhor pode por favor falar pra mamãe não se preocupar comigo por não haver necessidade? - Tiro mais uma vez a capa de chuva e a coloco estendida. - Até amanhã. - Parei e fiquei esperando ele sair sem dizer algo mais.
Tomei banho, escovei os meus dentes, coloquei o meu pijama e fui pra cama. Desliguei o abajur e me deitei de bruços cruzados enquanto eu deixava as minhas lágrimas caírem como as gotas de chuvas caiam das nuvens em direção ao chão frio e úmido.
Acordo ouvindo barulhos de pedras acertando a janela do lado de fora do meu quarto. O sol ainda ia nascer mas Wybie estava lá me acordando.
- Ei! Seu idiota!! O que você está fazendo aqui à essa hora??!! Será que pode me dizer???!!!
- Shi!!! - Colocou um dedo em sua boca. - Desse jeito você acordará toda a vizinhança. - Olhou em volta. - Espera aí! Eu vou voltar! - Ele andou em uma direção onde eu não conseguia ver pela a minha janela pequena.
- Argh.
- Ei, Coraline! - Me chamou outra vez. - Pega a outra parte da corda!! - Ele joga e eu pego.
- E quem agora irá acordar toda a vizinhança, em? - Reclamei enquanto segurava a corda fortemente para o Wybie subir nela.
- Aaah! - Ele entrou alguns minutos depois. - Ufa. Finalmente consegui.
- Nós. Nós conseguimos, tá bom?!
- Sim, é claro.
- Então... Você pode me dizer agora o porque da sua vinda?
- Oh! Olha. - Olhou para a minha cama. - O Gato estava aqui com você, é? Me substituíu foi gatinho? - Disse passando a mão na cabeça do animal, não recebendo nenhuma resposta fora o ronrono como uma.
- Hum, hum...! - Faço um barulho com a garganta para chamar atenção dele.
- Ah, sim. Me desculpe. É que eu me distraí por alguns instantes. - Falou procurando algo na bolsa que tinha trago consigo pendurado em seu corpo.
- Eu trouxe escondido da minha avó. - Me entregou um livro velho. - Por favor não conte a ela que eu te emprestei ele.
- Wybie! - Olhei surpresa para ele e seu quase presente. O abracei com força.
- Eita! - Quase caímos na cama juntos.
- Me desculpe! Não fiz por mal... - Falei ainda constrangida virando o rosto para não encará-lo tão sériamente.
- Você... Está muito perto. - Falou constrangido virando o rosto também só que para o lado oposto ao meu. O vi corado. Era muito atraente. Comecei a corar ao começar achar isso dele. Me afastei devagar.
Ficamos sem graça juntos por um tempo.
- Você quer lê-lo comigo? - Me perguntou ainda me abraçando.
-A-ah...! Claro. Com certeza. - Nos afastamos ao ponto de encerrarmos o nosso abraço e nos sentamos lado a lado no chão de madeira do meu quarto.
Abri o livro. Tossimos frenéticamente tentando nos recuperar da tamanha pueira que se fez presente.
- Não consigo ler. - Wybie falou.
- Ainda nem amanheceu. Você queria o quê? - Me levantei e fui em direção ao meu celular. - Eu não posso ligar a luz do meu quarto. Os meus pais poderiam ver e viriam aqui reclamar. - Resmunguei.
- Entendi.
Sendo do lado dele novamente e ligo o meu aparelho e apesar dele alertar estar quase no vermelho, ligo o modo Lanterna dele.
"O estudo da Varinha Rabdomante.
Cientístas afirmam que Varinhas Rabdomantes são só servem com o propósito de fazer a água obedecer os comandos de quem a usa. Não existe comprovação de que ela realmente exista mas muitos contradizem essa mesma teoria, por haver contradições e suas argumentações. Como por exemplo: O porque de sabermos isso sem nem ao menos já há termos visto."
Viro a página:
"Um cientista muito famoso conhecido pelo o mundo inteiro, especulado como extremamente próximo da família Lovat - familía que é conhecida por aderir várias e inestímáveis preciosidades históricas em sua mansão na Grécia Antiga -, chamado como: Heitor Daskalakis, professor bacharelado de uma das mais prestigiádas faculdades de Arkadia..."
- Eu já ouvi sobre esse homem. - Susurrou Wybie perto do meu ouvido.
- Aonde? - O questionei, sussurrando também.
- Pela a minha avó. Uma vez ela me disse que o único descendente dele vivo, o Theo, viria aqui para pegar uma carta.
- Mas que carta? - Perguntei curiosa.
Nesse mesmo instante ouvimos passos e vimos sombras de passos passando pela a minha porta.
- Wybie-
Ele segurou um dos meus braços com uma mão e com a outra tampo a minha boca. Aos poucos nos levantamos em silêncio e ele tirou as mãos dele de mim. De repente a luz lá de fora é ligada e ouço os meus pais conversando baixo.
O que será que está acontecendo?
- Rápido! Se apresse!! Entre logo no meu guarda-roupa!!! - Falei sem fazer o som sair da minha boca. Empurrei o livro para embaixo da cama.
- Mas o que-
- Anda, seu idiota. - Peguei o braço dele, abri as portas do meu guarda roupa e o empurrei para dentro. Ao fechar a porta sinto um arrepio justamente com o susto da minha porta sendo aberta pela a minha mãe.
- Coraline, você já está acordada? - Juntei minhas mãos atrás do meu corpo ansiosa.
- Sim. - Sorri nervosa. - Eu acordei com um barulho e.... - Olhe em volta preocupada em dar alguma desculpa plausível para já ter acordado. - Vim procurar o meu re-relógio.
- No... Guarda-roupa?
- É. É isso mesmo. - Sorri super nervosa agora. Tentando me manter calma.
- Entendi... - Ela cruzou os braços e observou que a janela do quarto ainda estava aberta. - Bom, você o achou? Quer que eu procure, junto com você?? - Se dispôs a me ajudar.
- Não, não. Não se preocupe. - Me aproximei dele amigavelmente com a pretensão de a empurrar para bem longe do meu quarto. - É sério. Está tudo tranquilo. Além do mais eu voltarei a dormir. - Bocejo. - Até daqui a pouco.
- Você está estranha. - Ela falou me olhando atentamente. Ela começou a andar felizmente para longe. - Então, tá. Depois nos falamos.
- Pode deixar, mãe!!! - Sorri alegremente. Corri para perto do meu guarda-roupa.
- Está escuro aqui! Posso sair? - Wybie quis saber.
- Pode. - Abri as portas do guarda-roupa e deixei ele passar dando espaço para ele sair.
- Ah... E agora? Como eu vou embora? - Passou a mão no rosto.
- Pela a corda, oras. - Me proponho a ajudá-lo.
- Não funciona desse jeito. Se você achou difícil me ajuda a subir quanto mais descer desse jeito! Aah... - Resmungou chateado.
- Olha, tá tudo bem. Você pode dormir aqui comigo hoje.
- Mesmo?
- É claro, mas só hoje. Não quero passar por isso de novo. - Ri alegre. - Realmente as coisas são mais difíceis do que parece.
- Você nem imagina.
- Como assim? - O questionei indo até a janela aberta para fechá-la.
- Como posso dizer isso... As coisas são diferentes na vida real não é mesmo?
- O que você está querendo dizer com isso? - Andei até a minha cama e comecei a arrumá-la.
- Bem... Entenda. Não estamos em um livro de contos de fadas infelizmente. - Me deito meio incomodada com o que foi dito por ele.
- Se deitar parece ser igual para mim. - Zoei com ele e o mesmo riu feliz pelo o meu comentário.
- Felizmente. - Ele tirou o casaco dele é o colocou pendurado na cabeceira da cama, expondo por conseguinte os seus braços pela a primeira vez para mim. Ele usava uma camisa branca com mangas curtas.
- Dormir é fácil para você? - Ele deitou enquanto me ouvia o perguntar.
- ...Às vezes não. - Confessou.
- Por quê? - Ele se acomodou na cama e fiquei esperando sua resposta.
Quando eu achei que não viria ele me surpreendeu dizendo:
- Sinto falta dos meus pais. - Admitiu. - Às vezes eu sonho com eles.
- Como eles morreram? - Eu sabia que eu estava o fazendo perguntas difíceis mas eu não o iria forçar a dizer tais coisas se ele não quisesse realmente. - Você não é obrigado a me responder. - Ele virou o corpo em minha direção.
- Eles foram mortos por um monstro. - Arregalei os olhos. - Eu ainda era um bebê na época. A minha vó foi quem me salvou.
- Entendi. - Encostei minha mão no braço dele tentando o encorajar a falar mais.
- Eu me sinto culpado de alguma forma pela as mortes deles.
- Mas você não tem culpa, Wybie! - Falei convicta. - Eu não sei o porque disso ter acontecido, porém talvez com este livro saibamos.
- Obrigado. - Tiro a minha mão do ombro dele.
- Wybie... - Olho para ele. - Você sabe o porque dos seus pais terem se mudado para cá? - Ele me olhou profundamente.
- Eles eram Arcádicos. - Do nada vejo alguém pequeno subindo na cama e andando com suas pequenas patinhas até nós, se aconchegando no nosso meio, feito um bebê.
Wybie começou a paparicá-lo como sempre com massagens relaxantes em sua cabeça e isso me deixou vontade de acariciar o Gato também. Eu acho que isso deve ter feito bem ao Wybie já que ele ria como não via com ninguém mais e isso de certa maneira me deixou com inveja.
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