História CORRIDA DO AMOR - Jeon Jungkook ( BTS) - Renegociacões

Barcelona, ESPANHA -  Paddock Ferrari 06 de abril

— Tanti auguri a te,tanti auguri a te, tanti auguri a tutti, tanti auguri per te. 

Segurando meu bolo de aniversário em mãos, escutei a equipe toda cantando parabéns para mim. Não nego que isso me deixava de certa forma incomodada, todas as atenções voltadas para mim me deixavam sem jeito, se perguntando, o que eu faço nessa situação? Será que canto junto ou fico parada?

Com os parabéns sendo finalizados, apaguei as velas que marcavam vinte e cinco anos, acompanhado de um maravilhoso bolo inspirado na Scuderia Ferrari. 

— Aaa parabéns, best! — Lívia me abraçou com entusiasmo, com certo cuidado por eu ainda estar com o bolo de tamanho médio em mãos.

— Obrigada Lívia. 

— Disponha. Agora deixa eu levar essa delícia aqui antes que ocorra um desastre. — pegou o bolo de tamanho médio da minha mão, arrancando algumas risadas minhas pela sua careta.

Recebendo as parabenizações de cada membro da equipe presente ali, avistei Jungkook que me olhava seriamente, enquanto permanecia com seus braços cruzados com a parte de cima de seu macacão aberto deixando à mostra sua camiseta branca e justa da Ferrari. Era novo ver eles assim.

— Por que está me olhando assim? — perguntei indo em sua direção, vendo um sorriso que esbanjava indignação vindo dele.

—  É sério que você ‘tá me perguntando isso? — descruzou o braço. — Por que não me contou que hoje é seu aniversário?

Eu soltei uma risada anasalada desacreditada que o coreano se chateava tão fácil por algo tão bobo.

— Porque você não me perguntou, ué. — respondi pegando o meu casaco da Scuderia que eu tinha colocado em cima de uma das mesinhas que comportava os lanches.

—  Nossa, essa resposta foi até boa, mas mesmo assim, não custava nada ter me dito. — disse me seguindo em passos calmos.

— E porque você iria querer saber a data do meu aniversário, por acaso estava preparando algum presente?

— Estava, mas agora você não irá saber qual. — suspirou pegando um dos mini sanduíches que estava na mesa. — Inclusive, meu aniversário é dia primeiro de setembro, não se esqueça.

— Pelo visto, você realmente se importa com os aniversários. — parei de andar o olhando, vendo ele fazer o mesmo.

— Claro que me importo, você não?

— Não muito, depois de um tempo perde a graça. — voltamos a andar novamente, no entanto, entrando  no extenso corredor branco que possui a lateral toda de vidro.

— Se você tivesse me contado que estava aniversariando hoje, com certeza, com meu presente, você não iria mais achar que aniversários não tem graça. — parei de andar novamente com sua afirmação, cruzando os braços. 

— Hum, e por que? — dei um meio sorriso e logo ele olhou discretamente para ambos os lados, me deixando confusa. — O que foi? 

— Vem. 

Sem que eu nem pudesse raciocinar direito, ele pegou minha mão e rapidamente nos guiou até uma porta branca do corredor, me jogando lá dentro e fechando a porta atrás de si.

Assim que eu pude pensar direito depois do ato repentino do coreano, finalmente percebi que estávamos no quartinho de limpeza, um lugar que estava um pouco apertado por conta dos armários e materiais de limpeza.

— Qual o seu problema?! — me virei para ele indignada. — Poderíamos ser pegos.

— Eu não deixaria isso acontecer. Agora… — pegou em minha mão e me puxou para ficar mais próxima dele, sendo possível sentir sua respiração calma colidir em meu rosto. — Vem cá. — expressou em sussurros.

Lentamente, seus lábios foram de encontro aos meus iniciando um selinho. De início, eu ainda estava um pouco travada pelo acontecimento anterior, mas só de sentir o toque de Jeon em minha cintura, eu comecei a relaxar e me entregar aquela sensação maravilhosa que era sentir seus lábios.

Nós, aos poucos, intensificamos o beijo com movimentos singelos, mas que eram o suficiente para me fazer ter vontade de aprofundar ainda mais aquele beijo, mas algo em mim lutava para não deixar isso acontecer.

— Espera… — lutando contra mim mesma, parei o nosso momento segurado no braço de Jungkook que ainda permanecia em minha cintura. — Não podemos fazer isso aqui… — fechei os olhos. — Não agora. — os abri e olhei para ele que levou a mão livre até minha bochecha.

— Eu sei, por mais que eu quisesse muito não quero te colocar em apuros. — deitou a cabeça em meu ombro. — Argh, porque ficar com alguém escondido é tão prazeroso? — fingiu reclamar, o que claramente arrancou uma risada minha acompanhada da dele, que saiu abafada por consequência de sua atual posição.

O coreano levantou o rosto e olhou para mim com um sorriso nos lábios, puxando-me para mais beijo, só que dessa vez um rápido selinho.

— O que você acha do seu presente de aniversário ser uma renegociação do nosso acordo?

— Àquele que fizemos na Coreia, da comida? — ele concordou e franzir levemente o cenho. — Não entendi. 

Jungkook descaradamente começou a se aproximar de mim me levando a ir para trás, o que era quase impossível, pelo miserável espaço do armário, fazendo-me senti a estante atrás de mim colidir em minhas costas, permitindo que o coreano me encurralasse entre seu corpo e ela.

Um sorriso malicioso se fez presente em seus finos lábios, me deixando intrigada ao me perguntar o que ele estava aprontando.

— Se o resultado do teste de hoje for satisfatório em relação ao carro, hoje a noite você irá para o meu apartamento e cumprirá com a parte do nosso acordo.

— E se o teste não for satisfatório?

— Eu te dou mais uma dose de prazer. Lembra da mesa de sinuca?

Como não lembra? Chegava a ser quase um pegado ele me fazer essa indagação. As lembranças de sua língua trabalhando tão perfeitamente em meu íntimo me deixava quente. Uh, lembrar daquilo realmente atiçava um outro lado meu, um lado que estava dormindo a quase dois anos. 

Seria errado recusar, certo?

— Está bem, eu aceito.

— Ótimo. — se afastou de mim com um sorriso divertido. — Já vai planejando o que irá me ensinar a cozinhar. — disse indo até a porta e colocando a mão na maçaneta.

Como ele conseguia mudar tão rápido?

— Vai você preparando a sua língua. — cruzei os braços e sorri vitoriosa, logo ouvindo um riso anasalado vir dele.

— Está bem Miller. De qualquer forma, eu vou me beneficiar de qualquer parte deste acordo. — deu uma piscadela carregada de segundas intenções e saiu do armário me deixando ali, atônita com seu jeito de ser.

Argh Jungkook, onde é que você quer chegar com isso?

Agora que eu tinha me tocado que eu literalmente tinha deixado meu lado mais irracional me comandar nessa conversa, algo que certamente de meu feitio, agora já era tarde demais para mudar o passado, ele já tinha me visto praticamente nua a alguns dias atrás, o que seria essa conversa para ele?

Após alguns segundos de sua saída, eu presumi que já seria o momento perfeito para me retirar dali. Com cautela, abri a porta e sai apressadamente do armário, mas quando a fechei:

— S/N? — Lívia, com os olhos arregalados, me chamou assim que eu fechei a porta daquele maldito armário. — Eu estava te procurando, mas eu não sabia que estava tão ocupada.

Merda! Será que ela viu?

— Argh, cala boca Lívia. Você não viu nada, tá bom. — meio irritado pelo meu vacilo, proferi.

— Não sei não. Não sabia que a relação dos dois já estava a esse nível.— falou com um sorriso travesso e instintivamente revirei os olhos no mesmo instante 

— Nós não… — suspirei. — Só me diz, por que estava me procurando? 

— Querendo fugir do assunto. Tá bom, não está aqui quem falou. — riu. — Já estão te chamando para  ir a área das câmeras, o teste já irá começar.

— Que ótimo. Você vai querer ficar lá comigo?

— Você ainda pergunta, best? — cruzou nossos braços no mesmo instante, com aquele sorriso bobo.

— Então vamos. — demos dois passos quando meus olhos se atentaram a algo. —  Espera… — segurei no braço de Lívia repentinamente, assim que algo me chamou a atenção no final do corredor, dentro de uma sala que estava com a porta aberta. 

Meu pai e Jungkook se cumprimentavam amigavelmente ao mesmo tempo que riam, pareciam até velhos amigos daquele jeito.

— É impressão minha, ou o seu pai e Jungkook estão bem amiguinhos?

— Com certeza não.

Observando os dois, eu sabia bem o porquê dessa proximidade, já desconfiava das saídas de meu pai todas as tardes desde que ele conheceu Jungkook, a insistência dele em vir a pré-temporada, tudo fazia sentido.

Meu pai sempre conversou comigo sobre tudo, mas algo que ele e muito menos minha mãe falavam para mim foi o motivo dele ter traído minha mãe antes de se casarem. É, eu sabia bem dessa história, por mais que eles sempre mudavam de assunto quando eu perguntava. Só sei que tinha relação com a carreira de meu pai. Será que esse é o motivo da aproximação? O fato de Jeon ser piloto e não um engenheiro?

Com Dylan era diferente toda essa relação de genro e sogro, pois meu pai não se preocupava tanto em construir rapidamente esse relacionamento com ele, mas com Jungkook, que nem ainda era oficialmente meu namorado, ele se aproximou tão rápido.

De qualquer maneira, minhas dúvidas tiveram que ser interrompidas no momento em que meu pai percebeu minha presença a alguns metros de distância dele, me olhando surpreso assim que Jungkook tinha saído.

(...)

— Nossa, ficar aqui é tão incrível. — sentada na cadeira ao meu lado, Lívia girava parecendo uma criança enquanto segurava o fone vermelho que está em seus ouvidos nas mãos.

— Não discordo. 

— S/N, os pilotos já estão prontos. Podemos começar? — um dos técnicos me informou e eu logo confirmei. 

— Allen e Jungkook, o teste irá começar. Se preparem. — avisei no rádio e em poucos instantes o teste começou a todo vapor. Não era uma disputa entre eles, era somente um teste para avaliar as mudanças feitas no carro. Pelo menos para equipe era, já para os pilotos tudo era disputa, ainda mais para esses dois.

— Agora que o teste começou, você pode tratar de me dizer quando iria contar a sua amiga que já tinha dormido com Jungkook? — Livia chamou minha atenção dando um tapa na minha coxa.

— Para que isso? Fala baixo. — pedi com a entonação baixa, rindo discretamente. — Eu não dormi ainda com ele. — disse com a atenção nos monitores.

— Não sei não, para irem a um armário no meio do dia vocês devem ter dado algum passo na relação. — Lili colocou as duas mãos em meu braço que estava apoiada na mesa, me fazendo a olhar. — Vaiii, me contar os detalhes. — expressou um olhar pidão.

Eu relaxei meus ombros ainda a olhando. Sabia que não iria conseguir esconder nada dela, ainda mais com sua insistência.

— Está bem, mas não surta. — pedi voltando meu corpo para ela e trazendo uma de minhas mechas para trás da orelha. Logo, ela concordou endireitando seu corpo. — Jungkook e eu quase chegamos aos finalmente, mas fomos interrompidos pelos meus pais que chegaram bem na hora.

— Espera. O que vocês estavam fazendo? — franziu o cenho em curiosidade.

— Jungkook estava me fazendo um…— soltei o ar de meus pulmões me lembrando daquela língua tão habilidosa. —...maravilhoso oral. 

— Uh, pelo jeito que você falou parece ter sido incrível, mas também não vejo como, ele parece já ter praticado em várias. — comentou repentinamente, parecendo só perceber depois o que tinha falado. — Ãh...S/N m-me desculpa, eu… — a interrompo. 

— Não, tudo bem. O Jungkook não é nenhum príncipe encantado ou coisa do tipo.

— Tem certeza mesmo? A gente sabe da fama dele com mulheres, isso não te incomoda?

Evitando, essa era a palavra que definia perfeitamente o fato de eu nunca ter me permitido pensar nisso. Jeon é um cara legal e se ele realmente está disposto a querer algo sério comigo não custa tentar, mesmo que seu passado amoroso não seja um dos melhores.

— É… sinceramente, nunca parei para pensar muito nisso, mas Jungkook já disse que realmente gosta de mim e eu tenho que dar um voto de confiança.

— Está bem. — colocou uma das mãos sobre a minha acariciando. — Sabe que  qualquer coisa você pode chamar Jisoo e eu para te ajudar.

— Sei sim, melhores amigas como vocês não existem. — sorrimos uma para outra, contudo, em pouco tempo nossa atenção foi tirada uma da outra com um selar de meu pai depositado na cabeça de Lívia, colocando uma nas mãos em seu ombro.

— Como está Lívia? — perguntou o mais velho vindo ficar ao meu lado.

— Estou bem Herick, e o senhor também parece está. — sorriu gentilmente.

— Que bom Lívia. E você filha, eu posso conversar com você rapidinho? — abaixou o olhar me olhando, já que estava ao meu lado e em pé.

— Claro. 

— A sós, se possível. — lançou um olhar a minha amiga que na mesma hora entendeu.

— Conversa de pai e filha, saquei. — se levantou com um sorriso. — Eu vou pegar um suco de morango. Vocês querem?

— Sim. — nós dois dissemos juntos.

A ruiva saiu nos permitindo ver sua silhueta sumir entre os funcionários de vermelho, fazendo assim, meu pai se sentar no lugar antes ocupado por ela.

— A corrida está indo bem, né? — o ouvi dizer em suspiros.

— Sim. — respondi simplista, olhando para os monitores que mostravam a excelente corrida dos pilotos.

Um silêncio pairou entre nós. Sua forma de falar já deixava claro que ele estava querendo alguma coisa.

— Escuta pai, eu sei bem que o senhor não veio aqui só para me ver olhando os monitores, o que tiver para dizer, fale. — olhei para ele. — Ser hesitante não combina com o senhor . — nos dois demos fracas risadas.

— Está certa. — suspirou. — Filha, o que você viu hoje mais cedo não é o que parece. Só estou ajudando Jungkook com as corridas e…

— Não precisa se explicar. Sei que o senhor não faria nada para atrapalhar meu relacionamento com Jungkook e além disso, não está sendo tão ruim assim o senhor o ajudar. — apontei para os monitores, onde registrava a velocidade dos carros. — Jungkook parece está fazendo as curvas com mais cuidado do que antes, o que certamente é algo que ele não fazia. Seja o que estiver fazendo a performance dele está melhor.

— Jeon aprende rápido. — expressou com um sorriso no rosto, um sorriso de orgulho muito parecido com o que ele deu quando descobriu que eu seria chefe. 

Ele realmente gostava de Jeon?

— Parece que o senhor realmente gosta dele. 

— Ele é um bom garoto, isso é inegável, mas a paixão dele pelo esporte realmente é cativante.

— Pelo visto, o senhor está gostando de instruir ele. — sorri.

— É muito boa a sensação de estar de volta, sentir o cheiro de borracha, a agitação das equipes. Tudo é realmente nostálgico.

— Fico feliz por está gostando de estar de volta...mas eu não posso negar que isso é perigoso.

— Ajudar Jeon? — franziu o cenho e concordei.

— Pai, quando eu for contar ao conselho sobre minha relação com Jungkook, se descobrirem que o senhor o ajuda podem achar que estou favorecendo ele na equipe e isso pode ser péssimo para todos nós.

— É, você tem razão. — puxou ar para os seus pulmões cruzando os braços. — Isso é uma pena.

— Não necessariamente. — no mesmo instante ele me olhou curioso. Havia acabado de ter uma ideia que poderia facilitar tudo. — O senhor pode treinar o Allen também ou somente dar conselhos. A vários ex pilotos que fazem isso, não só para pilotos, mas para as equipes como Niki Lauda na Mercedes.

— Hum, isso parece ser interessante, mas tenho certeza que Jungkook não irá gostar. — nós rimos. 

— Isso é fato, só que ele terá que entender. É para o nosso bem. 

— Tudo bem então. A partir de agora eu sou o "conselheiro da equipe". — gesticulou com as mãos simbolizando que não sabia bem qual era o nome de sua nova posição na F1 e muito menos eu sabia.

— Vai ser incrível trabalhar com o senhor. — expressei o abraçando lateralmente, ato este que foi retribuído.

— Para mim também.

(...)

Junto com grande parte da equipe no Paddock, eu fiquei ali, de frente para as TVs esperando os resultados do primeiro dia de teste.

Era nítido a ansiedade da equipe, todos nervosos com a revelação dos resultados oficiais e isso deixava tudo mais intenso e de certa forma um pouco assustador, pois se os resultados não tiverem sido como esperamos isso realmente será frustrante.

Por fim, as telas das TVs foram invadidas com a planilha e rapidamente meus olhos caçaram pela Scuderia, achando o resultado sem muito esforço. A Ferrari tinha ficado em segundo lugar nos testes, segundo lugar!

Todos soltaram gritos de felicidade e o lugar que antes era habitado por uma equipe completamente ansiosa agora parecia relaxar com os excelentes resultados, melhores do que o esperado.

— Isso é incrível! — digo a mim mesma, ainda em êxtase pelo maravilhoso resultado.

— S/N, ficamos a somente três segundos atrás dos carros da Mercedes. O motor se comportou muito bem, só percebemos algumas inconsistências, mas é algo que podemos corrigir rapidamente. — Taehyung proferiu toda a ficha técnica com empolgação, me deixando com um enorme sorriso no rosto. Era impossível não sorrir com a agitação evidente da equipe.

— Uau, isso realmente é melhor do que pensávamos. — soltei o ar dos pulmões aliviada. — Somente resolvam a questão da potência, pois no GP temos que ser os mais rápidos e isso não é um pedido e sim uma ordem.

— Pode deixar chefe. A SF1000 será um exemplo de velocidade nesta temporada. — Taehyung deu uma piscadela e me abraçou lateralmente.

Enquanto comemorava com os funcionários, vi de relance Jungkook me observando com um sorriso pequeno em seus lábios enquanto estava encostado na mesa, quase sentado nela, uma cena que realmente era impossível de ignorar. Sem demoras, o vi pegar seu celular na calça jeans e parecer digitar algo, logo senti meu celular vibrar no bolso da calça me fazendo pegar o eletrônico e franzir o cenho ao ver a notificação de mensagem do coreano.

Abri a mensagem e vi o que seus dedos digitaram a segundo atrás para mim.

Meta concluída. Te espero na minha casa às 19:30. Esteja pronta para tudo, chefinha.�� 

Endereço: *************

"Quais são seus planos, Jeon?"