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História Corrupted (Livro 1) - Caminhos Se Separam


Escrita por: moonysupreme

Capítulo 58 - Caminhos Se Separam


2 de julho de 1995
St. Mungus
05:45

Eleanor abriu os olhos, de repente, e se viu rodeada por Lupin, Emmeline, Hestia, Dedalus e Wendy, na cama do quarto do St. Mungus. Estava ofegante e sentiu alguns fios de cabelo grudados em sua testa, olhou para o próprio corpo e viu as vestes do hospital grudadas com o suor.

Se debateu para se soltar dos braços que a seguravam e se sentou rapidamente, olhando em volta, assustada. "Não está mais no cemitério...", ela pensou, tentando se acalmar, "...está tudo bem".

Tentando controlar a própria respiração, olhou em volta do quarto e viu que o céu começava a clarear, aos poucos. Emmeline e Hestia se afastaram e foram para o corredor, enquanto Dedalus se sentava na poltrona. Lupin e Wendy permaneceram ao lado dela.

– Que horas são? – Perguntou, com a garganta arranhada. Provavelmente, estava gritando, como das últimas vezes.

– Quase 5... – Lupin respondeu, a voz trêmula. – Já ia te acordar. Vamos te levar de volta para Hogwarts em 20 minutos.

– "Vamos"?

– Eu, Emmeline, Dedalus e Hestia. Elifas vai aparatar antes, garantir que tudo está seguro. – Contou como se fosse óbvio.

– Eu não preciso de um exército pra me proteger. – Grunhiu de dor, enquanto se levantava da cama. Wendy se ofereceu para segurar o braço dela, mas ela recusou. Não gostava que ninguém a tocasse assim que acordava dos pesadelos.

– Mas eu quero que um exército te proteja. – Respondeu, rapidamente. – Dumbledore enviou as vestes da escola... – A entregou, com cuidado para não tocar nela diretamente, uma muda de roupas embrulhada em papel bege.

Quando tomou banho e se arrumou, todos os quatro bruxos de guarda se prepararam para ir embora. Enquanto checavam o perímetro, Wendy e Eleanor se despediam.

– Caso sinta qualquer coisa estranha, me mande uma carta, tudo bem? – A loira disse. – Mande pra cá, se tiver o meu nome, eu vou receber!

– Com certeza. – Eleanor sorriu fraco. – Agora posso falar que tenho uma curandeira particular.

– É quase isso, não é? – Enrugou o nariz, dando uma risada contagiante.

Eleanor pensou em passar no quarto de Frank e Alice para se despedir, mas áquela hora, estavam dormindo. Se sentiu mal por ir embora sem dizer nada, mas fez uma promessa á si mesma de visitar eles assim que tivesse a chance. Era o mínimo que poderia fazer, e, talvez, pudesse levar alguns livros trouxas para ler. Alice parecia alguém que gostaria de ler Romeu e Julieta.

Lupin voltou ao quarto, parecendo muito agitado, e chamou Eleanor com um aceno da cabeça.

– Estamos prontos. – Confirmou, e ela se juntou á ele, andando pelos corredores até onde os outros estavam, na saída do St. Mungus, em uma rua trouxa, no centro de Londres, o que foi completamente novo para Eleanor, já que não se lembrava de como havia chegado lá.

– Vocês... chegaram á avisar pros meus pais? O que houve comigo? – Ela perguntou, enquanto andava no meio deles na rua deserta. Os quatro formaram um tipo de escudo em volta dela com seus corpos, olhando para todos os lados, muito desconfiados. "Eu nem sei como vou começar a contar o que houve...", pensou consigo mesma.

– Eu contei. – Lupin respondeu, sem tirar os olhos da rua. – Fui até sua casa e trouxe eles pra cá.

– Minha ca... como você...

– Hestia, chame. – Emmeline disse, rápido, quando chegaram até a beira da calçada, e, levemente, encostou no ombro de Eleanor, a empurrando para trás. A garota recuou, involuntariamente, mas não fez mais do que isso, ao ser tocada.

Hestia esticou o braço direito e, por alguns segundos, Eleanor se perguntou se eles haviam enlouquecido. Estavam fazendo sinal para o quê, afinal? Estava muito cedo, os ônibus ainda não passavam por lá. Decidiu avisá-los sobre isso, afinal, não deveriam saber.

Quando abriu a boca, mal pôde terminar a frase, pois ouviu uma buzina estranha e, ao olhar na direção do som, um ônibus exageradamente roxo de três andares se materializava na estrada, vindo em alta velocidade, até parar, bruscamente, em frente ao grupo.

Eleanor ergueu a cabeça, de olhos arregalados, e leu as palavras "Nôitibus Andante" em letras douradas, no parabrisa. Um homem de uniforme roxo estava na entrada do ônibus, pronto para cumprimentá-los. Era muito magro, muito alto, com as orelhas grandes e o rosto pálido.

– Bem vindos ao Nôitibus Andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos, meu nome é Stanislau Shunpike... podem me chamar de Lalau... e eu serei seu condutor por esta noi- manhã. – Leu em um cartãozinho em suas mãos.

– Sim, nós sabemos. – Emmeline revirou os olhos e abriu espaço entre o grupo para que Eleanor pudesse passar. – Vamos, Eleanor, suba. – A encorajou com a cabeça e a menina obedeceu, hesitante.

Ao subir os degraus de metal, Eleanor ouviu os outros subirem atrás dela enquanto olhava em volta. Não era um ônibus comum por dentro; todo o andar em que eles se encontravam estava mobiliado com uma variedade de cadeiras diferentes e espalhadas próximas ás janelas. Algumas estavam caídas no chão, provavelmente quando o ônibus parou abruptamente.

– Eu e Emmeline ficamos com Eleanor, Dedalus e Hestia, fiquem aqui neste andar. – Lupin disse, e os outros concordaram.

Eleanor, Lupin e Emmeline subiram até o último andar, e se sentaram em uma fileira de poltronas vazias no fundo.

– Os bruxos tem transporte de graça? – Eleanor questionou, enquanto se sentava no meio deles.

– Não é de graça. – Emmeline contou. – São onze sicles para cada passageiro.

– Onze sic... – Ela arregalou os olhos.

– Não se preocupe, já cuidei disso. – Lupin a interrompeu, sério, olhando em volta das outras poltronas. Eleanor o lançou um olhar feio; sabia o quanto ele tinha dificuldades de dinheiro, e odiava que ele gastasse o mínimo que fosse com ela. – São 22 sicles, Eleanor, não é nada...

– E isso são 33 euros! – Argumentou, mas se distraiu quando o ônibus soltou um estampido estrondoso e ela se sentiu sendo amassada contra a poltrona.

Mal pôde se mexer direito, pois o ônibus andava rápido demais, mas, depois de algum tempo, seu corpo se acostumou com a sensação e ela pode ajustar a postura. Se inclinou para olhar para a janela e viu o ônibus saltar da estrada vazia de Londres para uma estrada campestre, cheia de curvas fechadas. As cercas saltavam para longe enquanto o ônibus avançava sobre elas e, dali, entraram na rua principal de uma cidade movimentada.

Subiram um viaduto cercado por montanhas, e desceram em uma estrada destruída pelo vento entre vários prédios, um estrondo diferente á cada curva. Entre os diferentes estrondos, reconheceu a voz de Dedalus e viu que ele cambaleava na direção deles, se equilibrando, vindo do andar de baixo.

– A próxima parada é Hogwarts. – Disse, ajustando o chapéu que usava. – Já podemos descer.

Eleanor desceu as escadas se apoiando em todos os lugares que podia e quase caiu de cara no chão quando o ônibus parou, abruptamente, nos portões de Hogwarts.

Lupin e Eleanor foram os únicos a descer do ônibus. Ao chegarem do lado de fora, ele olhou para a estrada deserta com cautela e empunhou a própria varinha.

– Não vou poder entrar com você. – Disse. – Dumbledore reforçou a segurança, e achei melhor não pedir que ele abrisse uma brecha para mim.

Ela o olhou com medo no rosto. A única coisa que a dava forças para voltar para a escola era o pensamento de que ele entraria com ela, e agora, ela deveria voltar sozinha? Sentiu um buraco negro se abrir em seu peito e sugar todos os seus órgãos, enquanto seu estômago borbulhava.

– Mas... – Gaguejou. – E se...

– Não tem perigo algum, confie em mim. – Assegurou. – E ele está te esperando na entrada da escola.

– Porquê ele não vem me buscar, então, se é tão perigoso á ponto de eu precisar que 4 pessoas me escoltem até a escola?

Lupin pareceu não saber o que responder. Abriu e fechou a boca várias vezes, mas nada saía. Eleanor apenas bufou e balançou a cabeça em negação.

– Melhor eu me apressar. – Mudou de assunto, se virando para os portões da escola. – É um longo caminho.

– Eleanor, espere. – Lupin a segurou, involuntariamente, pelos pulsos. Ela se debateu, andando para trás e puxando o braço para se soltar dele, e ele instantaneamente a soltou com os olhos arregalados. – Desculpe! Desculpe...

– Não... – Ela murmurou, com a voz embargada e passando a mão no próprio pulso com o rosto contorcido. – ...não faça isso... – Abaixou o olhar para o chão.

– É por isso que eu não queria que você voltasse, está vendo? – Inclinou a cabeça, a olhando com um semblante preocupado. – Como acha que vai ficar nessa escola lotada?

– Eu sei o que estou fazendo! – Respondeu, ríspida, e automaticamente se assustou com a agressividade em seu tom. Nunca havia falado assim com Lupin. – ...me desculpa, eu... – Levou a mão até a boca, a tampando, com os olhos levemente arregalados.

– Está tudo bem. – Balançou a cabeça, suspirando. – Se não se sentir bem e quiser voltar pra casa, me mande uma coruja... volto pra te buscar na hora.

– Vou manter isso em mente. – Mentiu, forçando um sorriso sem mostrar os dentes e andando até o portão.

Subiu, com esforço, a estrada escorregadia até o castelo, enquanto o sol passava de uma tonalidade laranja para a tonalidade branca que tinha durante as manhãs. Ao ver a enorme sombra do castelo aumentar cada vez mais, sentia o nervosismo e ansiedade crescerem dentro dela. Não como da primeira vez em que chegou na escola, em 1991, e sim um sentimento ruim. Não sentia que Hogwarts era sua casa. Não mais.

Como Lupin havia dito, Dumbledore a esperava na escadaria, acompanhado de Sprout e McGonagall. A diretora da Lufa-lufa soltou uma exclamação ao ver Eleanor e deu passos apressados até ela, erguendo os braços.

– Pomona, por favor... – Minerva a segurou, gentilmente. – Fomos avisados de que ela ainda não está pronta para isso, lembra? – Murmurou, em voz baixa.

– Ah, sim, claro, claro... – Assentiu, vermelha. – É maravilhoso te ver de pé, querida... – Sorriu para Eleanor.

– Obrigada, professora. – Eleanor sorriu de volta, rapidamente.

– Parece estar melhor, Eleanor. – Dumbledore tinha as duas mãos cruzadas atrás de seu corpo e a lançou um sorriso gentil, inclinando a cabeça pra frente numa rápida reverência.

– Certamente, senhor. – Eleanor respirou fundo. "Não é como se eu fosse chegar aqui aos prantos", pensou consigo mesma, e ao mesmo tempo, Dumbledore soltou uma risada baixa.

Ela franziu o cenho. Havia sido muito estranho... teria ela falado aquilo em voz alta, sem querer? Se bem que Sprout e McGonagall não pareceram reagir como ele.

– Eleanor, gostaria de pedir que me acompanhasse até meu escritório. Está bem com isso? – Ele perguntou, lentamente.

– Hã... sim. – Assentiu.

– Ótimo. Pomona, você pode me acompanhar? – Se virou para a professora e ela assentiu, prontamente. – Minerva, você pode se juntar aos outros no Salão Principal, no café da manhã, sim? Eleanor se juntará quando for a hora.

McGonagall assentiu e olhou para Eleanor uma última vez antes de voltar para dentro da escola. Alguns segundos depois, silenciosamente, Eleanor seguiu Dumbledore e Sprout até o escritório do diretor. Ela não sabia dizer se era apenas ela, ou se a atmosfera da escola estava extremamente pesada. Muito mal parecia a escola que ela conhecia, parecia muito mais sombria.

Ao passarem pela passagem da gárgula, Dumbledore conjurou uma cadeira e a puxou para que Eleanor se sentasse, em frente á mesa dele. Sprout ficou de pé ao lado dela, apoiando as mãos no encosto da cadeira, parecendo tensa.

– O senhor... quer o meu depoimento? – Eleanor perguntou, olhando em volta da sala.

– Ah, não, não. – Ele negou com a cabeça, sentado em sua enorme mesa. – Fiquei sabendo por um Cornélio Fudge particularmente irritado que seu depoimento foi idêntico ao que Harry Potter me deu.

– Diretor, ele não acredita em mim!! – Ela exclamou. – Se recusa á acreditar que Vol... ele voltou! Praticamente me chamou de louca e disse que eu estava imaginando coisas!

– Estou ciente dos sentimentos de Fudge em relação aos fatos, sim... – Ele pareceu levemente irritado ao se lembrar. – Tenho certeza de que Remus já te falou sobre a Ordem da Fênix?

– Sim... – Assentiu.

– Tomaremos providências para manter Lorde Voldemort longe do mundo bruxo. – Disse, determinado. – Mas não te chamei para cá pra isso. Quis lhe perguntar diretamente como se sente.

Involuntariamente, ela encolheu os ombros e desviou o olhar, cruzando os braços. Dumbledore continuou a olhando, de forma curiosa.

– Eu estive recebendo notícias dos bruxos que te acompanharam em St. Mungus e repassei para a Professora Sprout. Espero que não se importe, já que ela é a diretora da sua casa e pode te ajudar com seus... problemas para dormir. – Contou, e Eleanor olhou para Sprout, de olhos arregalados.

– Você não contou pra eles...? – Perguntou pra ela, aterrorizada. – Por favor, diz que não...

– Não, claro que não! – A mulher a assegurou, rapidamente. – Deixei para que você falasse... é uma coisa pessoal demais.

– Certo... obrigada... – Suspirou, aliviada. – Hã... respondendo sua pergunta, diretor... eu estou bem. – Mentiu.

– Não tenha medo de pedir ajuda, Eleanor. Hogwarts está aqui para isso. – Respondeu, como se pudesse ver que ela mentia.

"Não era isso que parecia quando eu estava sendo torturada até a beira da morte por causa de uma armadilha montada por um comensal da morte disfarçado de professor...", pensou, sentindo uma ponta de irritação.

– O que eu quero dizer é... caso tenha alguma pergunta, qualquer pergunta, tentarei, ao máximo, respondê-las. – Prosseguiu, sua voz se sobressaindo sobre os pensamentos raivosos dela. Havia tanta raiva crescendo dentro dela, como se queimasse todos os seus órgãos, numa chama lenta e crescente.

– Não tenho nenhuma pergunta. – Ela contorceu o rosto involuntariamente, negando com a cabeça freneticamente. – Eu só... quero sair do meio disso tudo e fingir que nada aconteceu.

Alguns segundos de silêncio se fizeram, e o olhar de pena que Dumbledore lançou para ela a fez pensar se havia dito algo de errado. Nunca viu o diretor olhar para alguém de forma tão vulnerável, como se genuinamente sentisse pena dela.

– Eleanor, eu sinto muito por isso, mas... – Iniciou, suspirando. – ...receio que não tenha saída disso tudo... não depois do que aconteceu no cemitério.

– Não tem saída? O que quer dizer com isso?! – Fez careta pra ele, erguendo a postura, o encarando.

– Veja bem... o plano de Voldemort era, o tempo todo, fazer Harry chegar até o cemitério, sozinho, matá-lo e, assim, eliminar seu maior adversário. – Explicou, sereno. – Harry seria admitido como morto durante a tarefa, por acidente, e ninguém mais saberia que ele estava de volta. Mas, além de Harry, ele teve mais uma testemunha...

– ...eu. – Completou, inexpressiva, mas de repente, se levantou em um pulo, parecendo ser tomada por um sentimento misturado de raiva e medo. – Ele vai vir atrás de mim?! É isso que está me dizendo?!

– Nós não sabemos se ele já descobriu que você está viva. – Respondeu. – Mas independente de quando souber, você estará protegida. Assim como Harry.

– E se eu fugir? Com minha família? Ele ainda não sabe de nada... – Sugeriu, desesperada.

– Seria inútil. Ele te encontraria, uma hora ou outra... – Negou com a cabeça. – Além do mais, você está mais segura estando perto da Ordem.

– Exatamente, eu! – Exclamou. – E meus pais? Minha irmã? Ele vai atrás deles, agora? E PORQUÊ NINGUÉM TIROU ELES DO PAÍS AINDA?!

– Eleanor, querida, se acalme! – Sprout falou, pela primeira vez desde que chegaram na sala. – Está tudo bem...

– Não, não está tudo bem! – A interrompeu, erguendo a mão, pedindo que ela não falasse mais. – Me diga, Dumbledore, o que acontece comigo agora? Minha família?

– Vocês estarão seguros. – Assegurou. – Colocaremos feitiços de proteção e anti detecção na sua casa. E você irá se juntar á Ordem da Fênix na Sede, algumas semanas antes das aulas começarem.

– Sede? Eu não vou poder nem ficar em casa?!

– Precisa ficar próxima de outros bruxos e aurores o máximo que puder. – Respondeu. – Se, por algum acaso, te encontrarem, você estará protegida. Seus pais não poderão ser encontrados se você não estiver tanto em casa.

Ela permaneceu paralisada por alguns segundos. Tudo iria mudar, e aquela seria sua vida dali pra frente. Feitiços protetores, visitas ao St. Mungus, não poder ver a família direito, amedrontada pela própria vida.

Se sentou de volta na cadeira e passou as mãos pelos cabelos em um gesto desesperado. Fechou os olhos com força e respirou fundo, abaixando a cabeça. Sentia os olhares de Dumbledore e Sprout em cima dela.

– Eu sinto muito por estar envolvida nisso, Eleanor. – Ele disse, depois de alguns minutos em absoluto silêncio. – Foi um caso muito infeliz de lugar errado, hora errada. Mas saiba que estará segura. Faremos o possível para que não seja uma vítima, mais uma vez. – Se levantou da mesa.

A mente de Eleanor iria para lugares terríveis. Seu maior medo era ser a causa da morte das pessoas que amava, e agora, ele nunca esteve tão próximo de se tornar realidade. Então, uma realização horrível a atingiu: se sua família estava em perigo, seus amigos também estavam?

Susan havia perdido toda a família para Voldemort, agora seria a vez dela?

Justin, sendo nascido trouxa, também estava em perigo. Sua família não estaria protegida por feitiços de proteção, e ele não estaria rodeado por aurores. E se fossem atrás dele?

Cedric, que era facilmente a pessoa em que a escola concordava unanimemente que era a pessoa mais próxima dela... Lucius Malfoy os viu juntos na Copa de Quadribol, não seria muito difícil ligar os pontos. E se Cedric, Cassandra e Amos fossem alvos dos Comensais?

Hannah e Ernie vinham de famílias nobres e respeitadas. Provavelmente, eram os mais seguros do grupo, mas e se, por algum motivo, a associação deles com ela os tornasse dignos de desconfiança e fossem mortos também?

Tudo seria culpa de Eleanor...

– Eu acho que vou vomitar... – Ela murmurou, sentindo que suava frio.

– Ai, meu Merlin, quer ir pra ala hospitalar? – Sprout a olhou, preocupada.

– Não... – Fechou os olhos e engoliu em seco, tentando conter a vontade de vomitar. Sentia aquilo toda vez que falava sobre o incidente do cemitério ou algo relacionado.

– Eleanor, se não for pedir muito... – Dumbledore continuou falando. – ...gostaria de pedir que se juntasse á nós no café da manhã. Acho que seria melhor se todos os outros a vissem, de uma só vez, do que te verem pelos corredores, desavisados.

Ela pensou no assunto por um tempo. O mero pensamento de ficar no Salão Principal, lotado de alunos e funcionários que sabiam o que havia acontecido com ela, era como se estivesse sendo torturada novamente. Sabia que todos a olhariam com pena ou preocupação, e ela não sentia a mínima vontade de lidar com isso.

Como se lendo sua mente, Dumbledore acrescentou:

– É claro que, se estiver acanhada, com medo de te abordarem, você pode se juntar á nós depois do início da refeição, quando todos estiverem em suas mesas. – Garantiu.

– ...sim, senhor. – Assentiu, hesitante.

– Ótimo. Pomona, pode ficar com ela aqui enquanto eu vou para o Salão Principal. – Se direcionou para a Professora Sprout. – Leve ela para lá uns 10 ou 15 minutos depois do início da refeição. – E assim, se retirou da sala.

Sprout não tentou puxar assunto ou nada do tipo, apenas deixou que Eleanor ficasse em silêncio, tentando organizar seus próprios pensamentos e não colapsar no chão. Apenas a perguntou se estava bem algumas vezes, quando escutava os soluços dela ecoarem no silêncio. A garota estava tão desolada que mal prestou atenção na fênix que a observava, curiosa.

O tempo se passou num piscar de olhos e, quando se deu conta, já estava andando até o Salão Principal, acompanhada por Sprout. Não haviam mais alunos nos corredores, pois todos já haviam se reunido para tomarem café, mas ela podia escutar o som de suas vozes enquanto se aproximavam da grande porta de entrada para o Salão.

Assim que as duas entraram, todos se calaram e se viraram na direção da porta. O silêncio se tornou ensurdecedor de certa forma, e Eleanor sentiu como se fosse vomitar á cada passo que dava ao lado de Sprout na direção da mesa da Lufa-lufa.

Andou de cabeça baixa, evitando olhar para qualquer um que a olhava, mas podia escutar os cochichos, "Olha a cara dela...", "Coitada!", "Achei que ela não fosse voltar?". Apenas ergueu a cabeça ao reconhecer a voz de Susan e Hannah, que abriam espaço para ela na mesa, afobadas.

– Chega pro lado, Macmillan! – Hannah sibilou, o dando uma cotovelada forte.

– Dá pra esperar?! – Ernie retrucou, se ajeitando nos assentos.

 Susan, para de chorar! – Justin sussurrou. – Vai assustar ela!

– Eu tô... – Susan fungou. – ...tentando!

Encontrou o olhar deles e, pela primeira vez, sorriu de forma genuína. Seus olhos marejaram instantaneamente, e ela, só naquele momento, percebeu o quanto sentia falta deles.

– Sente-se, querida. – Sprout sussurrou, apontando para o espaço entre Susan e Hannah, e Eleanor obedeceu. A professora rapidamente andou até a mesa dos professores, se sentando ao lado de Flitwick, enquanto os outros alunos ainda encaravam Eleanor.

Os quatro amigos, de repente, ficaram em silêncio, se entreolhando, enquanto Eleanor encarava a mesa, abalada.

– É bom te ver, El. – Justin cortou o silêncio, sorrindo sem mostrar os dentes.

– Ah, aí está você, Sparks. – Ernie exclamou. – Nem percebi que não estava aqui antes, pra ser sincero. – Deu de ombros, brincando, e os outros riram. Aquilo fez o clima ficar mais leve, e Eleanor também esboçou um sorriso.

– Nós sentimos sua falta... – Hannah murmurou, olhando para a amiga com os olhos levemente marejados.

– Muito mesmo! – Susan acrescentou. – Ai, El... – Abriu os braços pra abraçar ela, mas se assustou quando Eleanor se esquivou, com os olhos arregalados.

– Agora não... – Eleanor sussurrou, esperando que ela abaixasse os braços. – Eu... só... não consigo...

Susan pareceu constrangida e rapidamente abaixou os braços, á tempo de que Dumbledore se erguesse da mesa e andasse até seu palanque, chamando a atenção dos alunos.

– Bom dia á todos. – Disse, checando se todos haviam parado de olhar para Eleanor para olhar para ele. – Como podem ver, a Srta. Sparks se juntou á nós nesta manhã. – Confirmou, e alguns cochichos se fizeram no Salão.

Hannah se virou para trás para repreender alguns alunos da Corvinal que falavam sobre os rumores do que aconteceu com Eleanor um pouco alto demais.

– Entendo que todos tenham perguntas, mas, assim como pedi com o Sr. Potter, irei pedir que deixem ela em paz. – Anunciou. – Respeitem o espaço dos dois. O que vocês precisam saber será dito hoje á noite, na Festa de Despedida.

Dito isso, ele permitiu que todos voltassem á comer, mas Eleanor não comeu uma migalha sequer. Apenas o cheiro da comida a dava vontade de sair correndo.

– Você, hã, quer panquecas? – Susan apontou para a torre de panquecas na mesa, e Eleanor negou com a cabeça. – São suas preferidas!

– Susan, ela não quer! – Hannah fez careta.

– Tá bem, não tá mais aqui quem falou! – Levantou as mãos em sinal de rendição.

Eleanor não conseguiu ficar até o final da refeição. Menos de 15 minutos depois de se sentar, já se levantou e saiu do Salão Principal, dando passos pesados e tentando controlar a respiração descompassada. Nunca havia tido um ataque de pânico, mas ouviu sobre isso o suficiente para reconhecer os sintomas.

Enquanto andava, sentia como se as paredes e o chão á sua volta cambaleassem de um lado para o outro, como se fosse um sonho. Sentia sua testa gelada e molhada com suor, sua mão tremia de forma que parecia proposital, mas estava completamente dormente. Uma onda de calor havia tomado seu corpo, a fazendo puxar o colarinho da blusa para se sentir melhor, mas não adiantava. Sentia vontade de chorar, mas não conseguia engolir em seco, como se sua garganta tivesse se fechado. Sem contar com a sensação iminente de medo e perigo.

– El! – Alguém colocou a mão no ombro dela, a fazendo dar um grito e pular para longe. Ao se virar para a pessoa, encontrou o rosto de Cedric muito pálido e com os olhos arregalados. Ele parecia muito cansado, como se não dormisse há dias. – Sou eu! Não precisa se assustar...

– Não faça isso! – O repreendeu, sentindo uma lágrima escorrer, involuntariamente. – Não faz... isso. – Respirou fundo.

– Foi mal, eu só... você estava andando rápido demais. – Juntou as mãos atrás do corpo e olhou para o chão. – Como você se sente?

– Estou viva, não é? – Respondeu, ríspida, e, mais uma vez, se surpreendeu com a agressividade em sua voz. Desta vez, não se desculpou. – Qualquer coisa além disso é lucro.

– Concordo. – Assentiu, sem graça. – El, escute, eu... me desculpa. Por te tratar daquele jeito... – Murmurou, ficando muito vermelho.

Ela o encarou, com os olhos semicerrados.

– Quando vocês voltaram, eu achei que... que você estava... – Engoliu em seco. – ...me senti muito culpado pela briga, e eu sinto muito. De verdade.

– E se eu tivesse morrido?

– Não fala isso. – Balançou a cabeça, franzindo o cenho. – Só... me desculpa. Não era pra ter reagido do jeito que reagi.

– ...tudo bem. – Assentiu, e se assustou quando ele tentou abraçar ela. – Não, não! – Se afastou, colocando os braços entre eles.

– O que houve? Eu só ia te abraçar!

– Eu... não consigo mais fazer isso. – Explicou, afobada. – É que... eu não sei... não consigo.

– Abraçar os outros?

– Qualquer tipo de contato físico. – Murmurou, e começou á se beliscar involuntariamente.

– O que é que hou... – Ele disse, preocupado, mas sua expressão se esfriou quando viu alguém atrás dela. – Agora não.

Eleanor o encarou, confusa, e se virou para a direção na qual ele olhava. Seu peito se congelou na hora em que encontrou o olhar dele, virando para o outro lado na mesma hora, de olhos arregalados.

– Eleanor... podemos conversar? – Draco perguntou, com uma vulnerabilidade não costumeira na sua voz.

– Vou deixar vocês á sós. – Cedric resmungou, muito relutante.

– Não. – Ela respondeu, parecendo amedrontada. – Eu... preciso voltar pro dormitório.

– Eleanor? – Draco deu um passo na direção deles, mas ela deu as costas e andou para longe, sem sequer olhar para trás.

Cedric e Draco ficaram para trás, ambos a olhando desaparecer no corredor, muito confusos.

*****

Susan e Hannah voltaram para o dormitório assim que Cedric pediu que elas fossem checar como Eleanor estava. As duas abriram a porta, afobadas, e escutaram o soluço de Eleanor vindo da cama dela, onde a encontraram encolhida em posição fetal, abraçando á si mesma.

– El... – Susan choramingou, correndo até o lado da amiga, se sentando no colchão. – Nós estamos aqui, está tudo bem...

– Não, não está! – Ela soluçou. – Eu sou uma bomba relógio, Susan, você não entende? Eu sou um perigo pra todos vocês!

– Do que você está falando? – Hannah fechou a porta, com o cenho franzido, se juntando á elas.

– Eu testemunhei tudo e agora vão vir atrás de mim! – Contou. – E vocês também vão estar em perigo se continuarem falando comigo... eu não posso deixar isso acontecer!

– Eleanor, não seja ridícula, ninguém vai atrás de você! – Hannah tentou tranquilizar a amiga.

– O Voldemort voltou, Hannah! – Eleanor vociferou, se levantando da cama com as pernas trêmulas, e Susan ficou pálida. – Eu vi tudo! Com meus próprios olhos! E ele sabe que eu vi!

– Espera, o que é que houve naquele labirinto?! – Hannah se levantou também, parecendo muito séria.

– Eu... é uma longa história, está bem?! – Sentiu calafrios. – O que importa é que Voldemort voltou, e eu e Harry fomos as testemunhas disso. E eu não posso carregar a culpa de causar as mortes de vocês. – Puxou o malão de baixo da cama e o abriu.

– ...o que foi que você viu? – Susan perguntou, com a voz trêmula. Eleanor arregalou os olhos e olhou para ela; havia se esquecido que toda a sua família havia sido morta durante a primeira ascensão de Voldemort.

– Ele... – Gaguejou. – Voltou. Um ritual bizarro... e ele recuperou o corpo...

A menina se levantou da cama, soltando um suspiro de susto, e saiu do dormitório, apressada. Eleanor e Hannah a olharam, preocupadas.

– Vá atrás dela. – Eleanor se direcionou á Hannah. – Vai! Ela precisa de você mais do que eu.

Hannah apressou o passo para ir atrás de Susan, deixando Eleanor sozinha no dormitório. Rapidamente, ela jogou as roupas que tinha separadas dentro do malão. Parava, de vez em quando, para limpar as lágrimas que escorriam sem querer.

Quando foi recolher seus outros pertences, guardou a câmera, com cuidado, e guardou o livro que ganhou de Ernie sobre Criaturas Mágicas das Trevas. Quando pegou em suas mãos o exemplar limitado de Animais Fantásticos e Onde Habitam, seus olhos marejaram de novo, e ela precisou conter a vontade de arremessá-lo na parede. O jogou dentro do malão e fechou o zíper, com força, e jogou o malão de sua cama para o chão, se deitando mais uma vez e chorando até cair no sono.

Acordou algumas horas depois, no final da tarde, e decidiu sair do dormitório. Se andasse rápido o suficiente, e soubesse escolher os corredores certos, evitaria os olhares e cochichos dos outros alunos.

Guardou o malão de volta embaixo da cama e, sem fazer barulho, abriu a porta do dormitório e andou até a Sala Comunal. No sofá mais no canto do cômodo, viu Susan abraçada aos próprios joelhos, ao lado de Justin e Hannah, que a acalmavam. Se sentiu mal pela amiga, e se odiava por não ter tido mais tato para falar sobre o assunto. Iria até lá, se desculpar, mas era melhor se sentissem raiva dela, não é? Assim, se afastariam dela e não estariam em perigo.

Aproveitando que todos os outros alunos também estavam distraídos, apressou o passo e, se esgueirando pelos cantos da Sala Comunal, saiu de lá sem chamar atenção. Alguns alunos a olharam, mas haviam sido gentis o suficiente para não alertarem os outros.

Conseguiu chegar até o pátio sem encontrar nenhum aluno nos corredores; todos estavam, provavelmente, arrumando as malas e aproveitando o último dia na escola, já que iriam embora pela manhã.

Se assustou ao ouvir vozes perto dela, mas ao olhar na direção delas, reconheceu Ernie sentado em um banco, ao lado de um menino de cabelos pretos e olheiras profundas, com vestes azuis.

Andou para o outro lado do pátio, sem querer interromper ou ser vista, e se sentou embaixo de uma das árvores ali. Achou que o ar fresco a faria se sentir melhor, como fazia antes, mas não havia mudado nada. Não havia um único sentimento bom dentro de si, naquele momento.

Mesmo que olhasse para o céu e observasse os pássaros voando em conjunto, ainda sentia como se piorasse mais á cada segundo. Pensava em coisas terríveis, e estava tão absorta em seus pensamentos que mal percebeu quando Ernie se sentou ao lado dela.

– Quer um onióculos pra observar os pássaros melhor? – Ironizou, a assustando.

– Não chega assim, de fininho! – O repreendeu, levando a mão ao peito e fechando os olhos.

– Tá bem, foi mal! Não achei que fosse estar arisca assim! – Fez careta.

Ela não tinha a mínima vontade de conversar. Temia que ele fosse perguntar algo sobre a terceira tarefa, e tudo que ela menos queria era falar sobre aquilo novamente.

Porém, surpreendentemente, Ernie sequer tocou no assunto. Como se tivessem entrado em um consenso de não falar sobre isso, sem precisarem usar palavras.

– Ficou sabendo que o diretor de Durmstrang deu no pé? – Contou. – Tem uma semana que ele sumiu, eu acho...

– Karkaroff? – O encarou, com o cenho franzido, e ele assentiu. – Não me falaram... – "...mas faz sentido", pensou consigo mesma, se lembrando de que Karkaroff era um Comensal da Morte e havia delatado vários deles para ser libertado de Azkaban.

– Ninguém sabe pra onde ele foi ou porque fugiu. – Deu de ombros. – Também teve toda a história do Moody estar na ala hospitalar... ficamos sem aula na quinta-feira.

– Ele está na ala hospitalar? – Franziu o cenho. Sabia que não era o mesmo Moody que ela conheceu, e sim o verdadeiro, pois Lupin a contou parte da história.

– Cara, você perdeu muita coisa... – Ernie deu risada e ajeitou a postura. – Ok, vou te contar em ordem cronológica.

Eleanor sorriu fraco ao ouvir ele a contando sobre os acontecimentos mundanos da escola. Pela primeira vez desde que chegou, se sentia confortável, como se não fosse apenas uma vítima, digna de pena. Ernie sequer deixou de a alfinetar como fazia antes, dizendo que ela "havia perdido os neurônios", quando ela não ouviu a última parte de uma de suas frases.

Enquanto ele contava sobre os "acontecimentos" da escola, Eleanor reparou que três figuras se aproximavam deles. Quando reconheceu os rostos, já estavam perto o suficiente para falar com ela.

– Estamos atrapalhando? – Hermione perguntou, sorrindo fraco, mas parecia tensa.

– Ah, não, eu só estava contando pra ela do setimanista que estava saindo com uma menina do terceiro. – Ernie deu de ombros. – É meio bizarro, não é? Ela tem tipo, uns 13 anos...

Ron pareceu levemente enojado ao imaginar a cena, mas Harry apenas olhava para Eleanor com um semblante de culpa no rosto.

– Bem, eu vou... – Ernie se levantou, percebendo. – ...voltar pra Sala Comunal. Te vejo depois, Sparks. – Andou para dentro da escola.

Hermione, rapidamente, se sentou ao lado de Eleanor, parecendo apreensiva. Harry, hesitante, fez o mesmo, e Ron o seguiu.

– Como você se sente? – Hermione perguntou.

– Vocês já devem imaginar. – Suspirou, abaixando a cabeça.

– Eleanor, eu...  eu sinto muito. – Harry disse, a olhando, sério. – Espero que saiba que nunca tive a intenção de te envolver nisso. Em nada disso...

– Você não me obrigou á me envolver. – Ela o interrompeu. – Não é você quem eu culpo. – Murmurou.

– Foi muito corajoso o que você fez, nós estávamos falando sobre isso... – Ron ajeitou o cabelo longo. – Não era sua luta e mesmo assim você se arriscou pra ajudar.

– E agora, parece que também é minha luta. – Riu, ácida, pelo nariz. – Estou aterrorizada de sequer continuar falando com meus amigos, não quero colocar eles em perigo também...

Os três se entreolharam, como se conversassem por telepatia.

– Bem, nós estamos em perigo desde o primeiro ano, se isso faz você se sentir melhor. – Harry observou.

– E já somos amigos, não somos? – Hermione acrescentou, e ela sorriu fraco pra ela.

– Tome aqui... – Harry tirou uma bolsa marrom de dentro das vestes e estendeu para ela. – Sua parte do prêmio. Nós empatamos, afinal.

Ela olhou para a bolsa. 500 galeões. Seus olhos marejaram.

– Eu não quero isso. – Negou com a cabeça. – Não quero. Não tenho uso nenhum pra isso, pode ficar.

– Acredite em mim, eu também não quero a minha parte. – Ajeitou os óculos.

– Se você achar algo pra fazer com isso, me avise. – Recolheu a bolsa, relutante. – Senão, eu jogo no lixo.

– São 500 galeões! – Ron exclamou, exasperado.

– Tome pra você, então. – Ela estendeu pra ele.

– Não! Não seja ridícula! – Fez careta. – Qual é a sua e do Harry, hein? Oferecendo dinheiro assim?

– Eu não vou usar isso! – Se defendeu, e Harry concordou.

Apoiou a bolsa em seu colo e ficaram em silêncio por alguns minutos.

– O que acontece agora? – Eleanor quebrou o silêncio, pensativa.

– Nós lutamos. – Harry respondeu, com o cenho franzido. Ela engoliu em seco, sentindo uma pontada de medo, mas concordou. Quando a hora chegasse, queria estar pronta. E estaria.

*****

Na hora da Festa de Despedida, Eleanor foi para o Salão Principal acompanhada de Harry, Hermione e Ron. Passou o resto da tarde conversando com eles, no pátio, e contou algumas coisas sobre seus dias em St. Mungus. Se sentia mais confortável para contar algumas coisas para eles, já que, mais do que ninguém, estavam envolvidos na história.

Uma figura alta e ruiva veio andando na direção de Eleanor enquanto eles faziam a curva de um corredor. Helena parecia eufórica por ver a mais nova, de pé, inteira.

– El, aí está você! Te procurei pela escola a tarde inteira! – Deu passos apressados na direção dela, acompanhada por George e Fred, que vinham logo atrás. – Você está bem, por Merlin, está bem! – Estendeu o braço para abraçar ela, mas Hermione, disfarçadamente, entrou na frente dela.

– Eleanor não está... muito bem... para receber abraços. – Ela murmurou para a ruiva, que assentiu e abaixou os braços.

– Todos nós ficamos muito preocupados com você. – Ela prosseguiu, mantendo uma distância confortável. – E fiquei mais aliviada vendo que está realmente bem.

"Fisicamente é diferente do que mentalmente", Eleanor pensou consigo mesma.

– Alguns mais do que outros. – Fred acrescentou, e Eleanor jurou ter visto George olhar para o outro lado.

– Claro, eu era a mais preocupada! – Helena disfarçou, sorrindo de orelha á orelha. – Mas agora, está tudo bem, você está de pé, sem um braço ou perna faltando, então, tudo certo!

Eleanor sorriu para ela, sem mostrar os dentes, e os três se juntaram á eles enquanto andavam até o Salão Principal. Com sorte, haviam pessoas o suficiente em volta de Eleanor, de forma que ela passou despercebida pelos outros. George, Fred e Helena abriam espaço entre os alunos, por serem mais altos, e quando entraram no Salão Principal, perceberam que não haveria um banquete.

As mesas não estavam ali. Haviam apenas várias fileiras de bancos, viradas na direção da mesa dos professores, onde eles já estavam sentados, muito sérios. Diferente das últimas festas de despedida, não haviam bandeiras com as cores da vencedora da Taça das Casas. Eram bandeiras pretas, com o emblema de Hogwarts.

– Você vai se sentar aonde? – Hermione perguntou, e Eleanor pensou nisso por alguns segundos.

– Do meu lado! – Helena exclamou, quando chegaram até as fileiras da frente.

Hermione, Harry e Ron se sentaram na fileira de trás, enquanto Eleanor se sentou na primeira fileira, entre Helena e George, que estava ao lado de Fred. Ela se ajeitou, desconfortável, no banco, pois não queria ficar grudada com ninguém. Precisou ficar com o corpo inclinado pra frente.

Quando se sentiu confortável, olhou para a mesa dos professores: o verdadeiro Moody estava ali, parecendo o mesmo de antes, exceto que estava muito inquieto e se assustava muito toda vez que alguém falava com ele. Por algum motivo, mesmo sabendo que ele não era o homem quem ela conheceu, ela ainda não conseguia sequer olhar para ele sem sentir raiva. Afinal, não sabia como Bartô Crouch Jr. era, e o único rosto que vinha na sua cabeça quando ela pensava em alguém para culpar por tudo que aconteceu era o rosto de Moody.

O lugar de Karkaroff, como Ernie havia dito, estava vazio. Madame Maxime estava ao lado de Hagrid e os dois conversavam, baixinho. Ao ver o rosto da garota em meio á multidão, Hagrid soltou um sorriso enorme e acenou para ela, animado, e ela sorriu de volta.

Ouvia um falatório ecoar pelo Salão Principal, mostrando que estava lotado. Sequer ousou olhar para trás para checar quantas pessoas haviam ali, já que apenas os sons das vozes deles faziam seu estômago se revirar. Apoiou a cabeça nas próprias mãos e fechou os olhos, tentando ignorar a vontade de vomitar que voltava á sentir.

– Tá tudo bem? – George perguntou, se inclinando ao lado dela e a olhando.

– Tá, sim. – Respondeu, evasiva, e ele a olhou por alguns segundos antes de voltar á se encostar no banco.

Dumbledore se levantou da mesa dos professores e, rapidamente, todos se calaram. Ele andou até o palanque, lentamente, e olhou para todas as fileiras.

– O fim... – Inicio. – ...de mais um ano letivo.

Seu olhar parou em Eleanor por alguns segundos e, mais uma vez, ela viu aquele semblante de pena. Nunca havia visto o diretor daquele jeito antes e odiava que ela era a única pessoa que ele olhava com pena.

– Há muitas coisas que eu gostaria de dizer para vocês, mas primeiro, quero agradecer aos senhores Harry Potter e Eleanor Sparks por se juntarem á nós esta noite, mesmo depois de tantos acontecimentos. – Estendeu a mão na direção deles, já que estavam sentados próximos um do outro, e Eleanor se encolheu, tentando se esconder dos olhares dos outros. – Há muita especulação sobre o que aconteceu na noite do dia 24 de junho, e eu acho que todos vocês tem o direito de saber exatamente o que aconteceu. – Sua voz, de repente, ficou mais grossa.

Eleanor escondeu o rosto entre as mãos e curvou as costas, sentindo vontade de chorar. Sabia exatamente o que ele diria, e o fato de que toda a escola escutaria aquilo era agoniante.

– Harry lutou contra Lorde Voldemort. – Anunciou. – Eleanor, sendo uma amiga boa e leal, não hesitou em o ajudar, e isso causou com que ela fosse torturada por Comensais da Morte.

Tudo ficou tão quieto que era possível escutar um alfinete caindo. Não havia um cochicho sequer. De repente, tudo que escutaram eram os soluços abafados de Eleanor. Helena estendeu a mão para dar tapinhas nas costas dela, mas se lembrou do que Hermione havia dito, então apenas se inclinou ao lado dela e sussurrava coisas como "está tudo bem".

– O Ministro da Magia não queria que eu os contasse. É possível que alguns pais se revoltem com o que acabei de dizer, seja por não acreditarem que Lorde Voldemort tenha ressurgido ou por acharem que vocês sejam jovens demais para saberem. – Prosseguiu. – Creio, no entanto, que fingir que nada aconteceu, ou deixar que mentiras sejam propagadas, seja um insulto ao sacrifício que ambos fizeram naquela noite.

Cada rosto no Salão Principal estava aterrorizado enquanto olhavam para o diretor.

– Não acho que seja justo não falar sobre o que cada um dos dois passou. – Inclinou a cabeça pro lado. – Harry Potter lutou, mais uma vez, contra Lorde Voldemort e demonstrou uma bravura que poucos bruxos seriam capazes de demonstrar, fazendo questão de trazer Eleanor de volta para Hogwarts, em segurança. Por isso, eu o homenageio.

Alguns cochichos se fizeram.

– Eleanor, como um verdadeiro membro da Lufa-lufa, se recusou á abandonar um amigo em perigo e arriscou sua vida diante de Lorde Voldemort para isso. – Dumbledore olhou diretamente para ela, que ergueu o olhar choroso para observar. Entre escolher o certo e o fácil, ela escolheu o certo, e demonstrou tamanha bondade, coragem e generosidade. E por isso, eu a homenageio.

Constrangida, ela desviou o olhar para a mesa dos professores. Não deu certo, pois todos eles sorriam para ela, parecendo orgulhosos de alguma forma. Decidiu, então, olhar para o chão.

– O objetivo do Torneio Tribruxo era aprofundar e promover o entendimento no mundo bruxo. Á luz dos recentes eventos e o ressurgimento de Lorde Voldemort, esses laços se tornam mais importantes do que nunca. – Ele se direcionou para Madame Maxime, na mesa, e então, para os alunos de Durmstrang. – Cada convidado nesse salão, será bem-vindo caso um dia queira voltar para cá. Seremos tão fortes quando unidos quanto fracos quando formos desunidos. O talento de Lorde Voldemort para disseminar a inimizade e a desarmonia é inegável, e precisamos combatê-lo mostrando uma ligação igualmente forte de confiança. Nossos costumes, idiomas ou sotaques não significam nada se nossos objetivos são os mesmos e nossos corações forem receptivos.

Se recuperando dos soluços, Eleanor secou o rosto com a manga das vestes.

– Creio, e nunca quis tanto estar enganado, que estamos diante de tempos obscuros e difíceis. Alguns de vocês, neste salão, já sofreram diretamente nas mãos de Lorde Voldemort. Muitas famílias aqui já foram despedaçadas. – Comentou, e Eleanor precisou se conter para não olhar para trás e procurar por Susan. – Há apenas uma semana atrás, uma aluna quase foi levada do nosso meio. Se lembrem disso quando se perguntarem o que acontece quando se cruza o caminho de Lorde Voldemort.

*****

Eleanor estava de volta no dormitório, mas havia se recusado á falar com Hannah e Susan. Foi até o corujal, para buscar Alaska e colocar ela em sua gaiola, trocou de roupa, colocando seu pijama, e deitando embaixo dos cobertores. Fingiu estar dormindo quando as duas chegaram no dormitório, na hora de dormir.

– Tem certeza de que não quer ir na Madame Pomfrey? Você não para de tremer! – Hannah disse, para Susan.

– Ssshhhh, ela está dormindo! – Susan sussurrou, a repreendendo. – Vê se faz silêncio, não sabemos há quanto tempo ela não dorme direito... – Escutou o som delas se sentando em suas respectivas camas.

– Torturada... dá pra acreditar? Não entra na minha cabeça como que isso pôde acontecer com ela... – Hannah sussurrou, depois de entrar no banheiro e trocar de roupa.

Já estou acostumada á ver coisas ruins acontecendo com pessoas boas. – Susan suspirou, cabisbaixa. – Só espero que ela melhore logo.

Eleanor sentiu uma lágrima escorrer de um olho para o outro, pois estava com a cabeça deitada, e precisou conter um soluço. Mesmo depois de tudo que Susan passou, ela ainda se preocupava com a amiga acima de tudo. E doía muito ter que se afastar delas. Mas era para o bem delas, não é? Eles ficariam mais seguros. Todos eles.

Depois de, aproximadamente, 40 minutos, elas já haviam caído no sono, e Eleanor se levantou da cama, colocando um casaco por cima de seu pijama. Se recusava á dormir no dormitório e acordar as duas com seus pesadelos. Isso as preocuparia mais ainda, e isso era o contrário do que ela queria.

Ao sair do corredor dos dormitórios e chegando na Sala Comunal, viu Cedric em uma poltrona, parecendo atormentado com algo. Ele ergueu o olhar e, quando a reconheceu, se levantou rapidamente.

– O que houve? Está sentindo algo? – Andou até ela, com o cenho franzido.

– Não, eu só... – Desviou o olhar. – ...vou na Madame Pomfrey tomar um remédio. Minha cabeça dói um pouco, acho que é da agitação de hoje... – Mentiu.

– Quer que eu te leve? Eu te levo! – Pareceu mais acordado do que nunca.

– Não, não precisa... é capaz de ela querer que eu passe a noite lá, em observação, então é melhor ir sozinha. – Balançou a cabeça, evasiva. – Te vejo amanhã, Ced. – Deu as costas e saiu da Sala Comunal.

Deu passos lentos até a saída dos barris. Quando eles se abriram e ela passou por eles, se assustou com alguém sentado no chão, encostado contra a parede, com a cabeça apoiada nos joelhos. Um nó se fez em sua garganta na mesma hora, pois reconheceria aquele cabelo platinado em qualquer lugar.

Draco ergueu a cabeça ao ouvir o som dos barris se movendo, parecendo muito sonolento, como se estivesse dormindo ali. Ao ver o rosto de Eleanor, arregalou os olhos e se levantou em um pulo, perdendo o equilíbrio por alguns segundos.

Ela prendeu a respiração e andou para longe dele, na esperança de que ele achasse que ela não o viu e desistisse de falar com ela, o que não aconteceu. Ele veio, cambaleando, atrás dela, enquanto ela tentava não o escutar.

– Eleanor! – Chamou, seus passos ecoando atrás dela. – Espera! Por quê você não fala comigo? – Questionou, parecendo aflito.

– Agora não, Draco. – Ela engoliu em seco, sentindo seus olhos marejarem.

Subiu as escadas até o primeiro andar da escola, andando pelos corredores, e ele continuou a seguindo, em silêncio.

– Para de me seguir... – Murmurou, ainda sem virar para ela.

– Você disse que não quer conversar. – Respondeu. – Eu só estou te acompanhando. Pra onde você vai?

– O qu... – Franziu o cenho, mas balançou a cabeça, suspirando. – Pra enfermaria.

– O que você sente?

– Não fala comigo! – Exclamou, irritada, e aquilo fez com que ele desse uma pequena corrida para alcançá-la, parando em frente á ela.

– Dá pra falar comigo? Eu fiquei esse tempo todo preocupado, sem uma notícia sua! – Ergueu a mão para segurar ela pelos ombros, mas ela se debateu, o empurrando para trás.

– NÃO TOQUE EM MIM! – Vociferou, dando vários passos para trás, aumentando a distância entre eles, o deixando perplexo, a olhando. Naquele momento, ele reparou que, em momento algum, ela olhou em seu rosto.

– Você nem olha pra mim. – Franziu o cenho e deu um passo á frente. – Por quê você não me olha, Eleanor? – Perguntou, temendo a resposta.

Ela tremia dos pés á cabeça e, de tanto andar para trás, acabou encurralada na parede. Seu rosto estava completamente molhado pelas lágrimas que ela deixou escorrer, e ela soluçava incessantemente.

– Você é igual á ele... – Sussurrou, entre soluços.

– Ig... igual á quem? – A expressão dele se suavizou.

– Você não tem idéia de quem foi que fez isso comigo? – Perguntou, com a voz trêmula.

Ele não respondeu, apenas arregalou os olhos e deu alguns passos para trás, assombrado. Nunca se sentiu tão culpado. Ainda mais ao ver o estado dela, diante dele. Como se tivesse medo dele.

– Eleanor, eu... – Ele gaguejou, abrindo e fechando a boca várias vezes, mas nada saía. Ela não respondeu, sequer mostrou escutar o que ele tentava dizer. De repente, ele se desequilibrou e deu um chute na parede, grunhindo. – DROGA!

A reação dele fez com que ela se encolhesse, com medo, e ele, ao perceber, se aproximou, lentamente.

– Eu não quis te assustar... – Esclareceu, com os olhos arregalados. – Eu... eu vou consertar isso, eu prometo... olha pra mim... – Colocou a mão na bochecha dela, e ela o empurrou mais uma vez.

– Consertar? O que você acha que dá pra consertar?! – Contorceu o rosto, ainda sem olhar no rosto dele. – Eu não sou um vaso quebrado que você pode colar as peças e esperar que tudo fique bem de novo! Não funciona assim!

– Eu resolvo com meu pai! Eu não sei! Só me deixa consertar isso...

– Draco, você não vê? – O rosto dela se contorceu numa expressão triste, ao invés de uma raivosa. – Nada nunca funciona pra nós! E nunca vai!

Ele a encarou, atordoado, e seus olhos brilhavam como se fossem de vidro.

– O que... isso quer dizer? – Perguntou, num tom baixo, engolindo em seco.

– Eu não posso me apaixonar por você. Não posso lidar com toda a dor que acompanha isso... – Choramingou, limpando o rosto com a manga do casaco. – Eu não sou tão forte quanto você acha que eu sou.

– Não fala isso... – Negou com a cabeça. – Nós tínhamos... tínhamos consertado as coisas, estava tudo bem... não faz isso, Eleanor...

– Esse é o problema. – Soluçou. – Toda vez que nós consertamos algo, mais alguma coisa quebra. Eu não posso passar o resto da minha vida consertando tudo, por mais... – Hesitou. – ...por mais que eu queira.

– Você disse que enfrentaríamos qualquer coisa juntos... – Murmurou, abatido. Não acreditava no que ouvia.

– Eu arriscaria muitas coisas por nós, Draco, mas não a minha vida. Não posso fazer isso com minha família, meus amigos, comigo mesma... não posso. Eu sinto muito. – Afirmou, desolada. – Muito menos quando tudo que eu vejo quando olho nos seus olhos são os olhos do homem que me torturou.

– Não são os olhos dele, são os meus... – Disse, numa falha tentativa de mudar as coisas.

– Eu queria muito poder te olhar nos olhos e concordar com isso. Queria não sentir... tanta dor. – Fechou os olhos e respirou fundo. – Eu sinto muito. – Se desencostou da parede e continuou andando em direção á ala hospitalar, o deixando para trás.

Draco sequer conseguia culpá-la por qualquer uma das coisas que havia dito. Afinal, ele mesmo se culpava pelo que havia acontecido. É claro que ela também o culparia. Continuou a observando até que ela sumisse de vista, e decidiu voltar para seu dormitório.

Enquanto andava pelos corredores, viu seu reflexo em uma das armaduras no corredor. Deu um passo para trás e parou de frente á ela, aproximando seu rosto dali e se olhando. Era realmente idêntico ao seu pai. E aquilo causava dor á uma das únicas pessoas que importavam para ele. Não saberia se sequer conseguiria se olhar no espelho depois disso.

Eleanor chegou ao sétimo andar e bateu na enorme porta da ala hospitalar, em soluços e tentando controlar a própria respiração. Como se estivesse tendo um ataque de pânico misturado com a dor de precisar acabar as coisas com Draco. Tampava a própria boca para tentar abafar o choro, mas só parecia piorar tudo. Esperava que Filch aparecesse ali á qualquer segundo, furioso.

Madame Pomfrey abriu a porta, muito preocupada, e ao ver o rosto dela, ficou pálida.

– Por Merlin, entre! – Deu espaço para que ela passasse. – O que foi que houve?

Foi um milagre ela ter entendido o que Eleanor disse á seguir. A garota a contou, entre soluços, que estava indo até ela pedir para dormir na ala hospitalar, para que seus pesadelos não acordassem Hannah e Susan, e contou que havia terminado com Draco (aparentemente, Madame Pomfrey não ficou nem um pouco surpresa por saber que eles estavam juntos), e que mal sentia as próprias mãos, sua cabeça doía, e ela sentia como se fosse vomitar e parar de respirar ao mesmo tempo.

– Certo, certo, se acalme... – A levou até uma das camas na ala hospitalar. – Está vazio por hoje, então pode dormir aqui. Vou buscar algumas poções que podem te ajudar...

Eleanor tomou uma poção para que ela dormisse sem ter pesadelos (Madame Pomfrey duvidou que fosse funcionar, mas decidiu testar), uma poção para dormir, uma para tremores, uma para enjoo e uma para dor de cabeça.

Ainda soluçando, aos poucos, ela se acalmou, mesmo que as lágrimas continuassem caindo. Quando Madame Pomfrey se deu conta, ela já havia adormecido.



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