Quando Rhaegan acordou se sentiu sufocado. Os pais o haviam colocado em abraço apertado e, agora que tinha despertado, não conseguia ficar parado. Ele tentou se virar para sair do casulo, mas acabou tacando o joelho na barriga de seu pai e chutando a perna de sua mãe.
- Acho que precisamos de uma cama maior, Feyre querida - Rhysand rosnou e abriu os olhos dando de cara com o filho sorrindo amarelo.
- Desculpa, papai, mas estava me sentindo um pouco sufocado.
- Sufocado, hã? - Rhys sorriu malandro enquanto pegava Rhaegan para abraça-lo ainda mais apertado e fazia casquinha em suas costelas.
- Para... Papai... Para - O pequeno se debatia em seu coloco e soltava gritinhos entre as gargalhadas.
- O que é preciso fazer pra dormir só mais um pouquinho? - Feyre resmungou, mas sorria enquanto olhava a cena.
- Me ajuda... Ma-mãe... Por... Favor
- Rhys, solte meu bebê - Feyre disse sabendo que iria irritar o filho, ele detestava ser chamado assim. Como que tivesse usado as palavras da mãe como catalizador, Rhaegan conseguiu se soltar do pai e abriu suas asas e voou em cima da cama.
"A verdadeira definição de bebê illyriano" a voz de Rhys ecoou pelo laço enquanto ele encarava o filho orgulhoso.
- Mãe, eu já disse que não sou mais bebê - Rhaegan disse indignado.
- Eu tinha esquecido, morceguinho - Feyre se fez de desentendida - agora, sente-se na cama, tá bem? Já disse que não quero você voando dentro de casa, tem muitos móveis e você pode...
- Acabar se machucando - Rhaegan completou revirando os olhos e se sentando na cama, arrancando um riso abafado do pai - eu sei.
- Se você sabe, deveria parar de teimar e, assim, pouparia a nós dois - esse tom de voz de Feyre, rhys reconheceu, só era usado em duas ocasiões: quando ela falava com a autoridade de Grã-Senhora e quando ele ou Rhaegan estavam com problemas.
- Rhaegan promete não fazer mais, não é filho? - Rhysand tentou ajudar e recebeu um olhar atravessado da parceira.
- Claro, claro... - Rhaegan resmungou e todos sabiam que era uma promessa a qual em breve seria quebrada.
Acontece que o garoto simplesmente adorava voar. Desde que aprendeu a usar suas asas, ele não conseguia entender o motivo de ter que usar suas pernas! Ora, pensava ele, se a Mãe o havia abençoado com asas, ele precisava aproveita-las.
Só que quando ele voava dentro de casa, acabava batendo em móveis e quebrando algumas coisas. Certa vez, Rhaegan esbarrou em um dos lustres da casa e quase caiu no chão cheio de vidro. Desde então, sua mãe havia proibido qualquer vôo que não fosse ao ar livre.
- Rhae, precisamos conversar. - Rhys disse e olhou para Feyre que assentiu.
- Já prometi que não vou voar em casa, papai - ele franziu a testa sem entender o motivo do tom sério que o pai usava.
- Não é sobre isso, querido... - Feyre acariciou o rosto do filho. - É sobre o seu pesadelo.
- Rhae, você sonhou com fatos que já aconteceram... - Rhysand começou e viu os olhos violetas tão parecidos com os seus se arregalarem - Isso foi há muito tempo... Bem antes de você nascer, essa mulher...
- Amarantha - Feyre ajudou quando percebeu o desconforto do parceiro - Ela era uma mulher muito má que queria continuar a escravizar os humanos...
- Mas, mamãe, você, tia Nesta e tia Elain eram humanas!
- Sim, querido, nós éramos - Feyre puxou o filho para um abraço de lado enquanto continuava a história - Seu pai, tia Mor, tio Cassian e tio Azriel lutaram bravamente pra defender os humanos...
- Quando não conseguimos vence-la, ela aprisionou todos os Grão-Senhores de Prythian e suprimiu os seus poderes, inclusive o meu. - Rhys intercedeu - Somente depois de quase 50 anos fomos salvos por Feyre.
- Por mamãe? - Rhaegan franziu a testa e depois arregalou os olhos como se algo fizesse sentido - É por isso que tem gente que a chama de Feyre a Quebradora da Maldição!
Feyre e Rhysand continuaram contando tudo o que tinha acontecido em Sob a Montanha para Rhaegan que olhava para os pais como se os tivesse vendo pela primeira vez.
- Mas, mãe, como a senhora teve coragem de namorar aquele Grão-Senhor estranho da corte primaveril ? - o menino perguntou com cara de nojo quando os pais perguntaram se ele tinha alguma dúvida sobre a história e Rhys gargalhou com vontade.
-Ah, meu filho, você acaba de ganhar qualquer coisa que quiser em Velaris - Rhysand disse orgulhosamente bagunçando o cabelo do garoto e recebendo um olhar de recriminação de Feyre.
- Isso não está em questão - Feyre começou um pouco sem jeito - O que queremos com tudo isso, morceguinho, é dizer que você terá seus treinos intensificados. Não sabemos o porquê do seu senho e nem o que ele significa, mas queremos garantir que você esteja preparado pra tudo o que for possível.
- Vocês acham que a bruxa má está atrás de mim? - Rhaegan estremeceu.
- Nós não temos certeza, Rhae, mas acreditamos que ela não vai ficar quieta por muito tempo. Então, é importante que você nos diga qualquer sonho ou outro tipo de contato que ela venha a fazer. - Rhys disse com carinho e firmeza para que o filho entendesse a gravidade da situação.
- Que tipo de treinamento terei?
- Você continuará com as aulas de vôo com Azriel - Rhaegan sorriu em resposta - Amren também vai prosseguir com as aulas de magia e Cassian iniciará o seu treinamento illyriano.
- Sério, papai!? - ele se animou.
- Sim, Rhae. Nós normalmente só iniciamos os guerreiros depois dos 10 anos, mas não é uma situação comum. - ele encarou o filho seriamente - Não será fácil. Você entende isso, certo? Preciso que tenha muita maturidade e disciplina, morceguinho. Cassian iniciará seu treinamento aqui, mas enventualmente você terá que ir para o acampamento e se juntar com as outras crianças.
- Eu não deixarei ele ir sozinho para o acampamento - Feyre disse sem hesitar - sempre terá alguém do circulo íntimo com ele.
- Claro, não poderia ser diferente. - Rhys disse para acalmar a parceira - Eu também o darei aulas para que possa aprender a melhor controlar suas sombras.
- E eu o ajudarei a descobrir que poderes herdou de mim - Feyre disse.
- Serão longos dias... - Rhaegan suspirou.
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