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História Corte de Sombras e Sonhos - Ossos e pedras


Escrita por: lisacampos

Capítulo 14 - Ossos e pedras


Fanfic / Fanfiction Corte de Sombras e Sonhos - Ossos e pedras

Duas semanas se passaram. Duas semanas e nenhuma notícia de Azriel, apenas um bilhete que ele deixara para Rhys avisando que iria para o Continente investigar melhor Briallyn e seu andamento em relação ao Tesouro do Medo. Duas semanas que Davina passara completamente confusa. Ela não esperava de forma alguma aquele tipo de avanço do encantador de sombras, mas quando ele se afastou, murmurando um pedido de desculpas e depois sumindo por quinze dias, aquilo a magoou. Por mais que evitasse pensar nele, todas as noites quando estava sozinha no seu quarto involuntariamente repassava o beijo em sua mente diversas vezes. Graças a Mãe, Dav conseguia se manter ocupada durante o dia. Passara a treinar com Cassian, Nesta, Gwyn, uma sacerdotisa que trabalhava na biblioteca sob a Casa do Vento e Emerie, uma illyriana de quem Nesta ficara amiga. Os treinos passaram a ser, sem dúvidas, mais divertidos. Suas tardes também eram ocupadas por ajudar Rhys, Amren e os outros amigos a pesquisarem informações sobre o Tesouro, ou como encontra-lo. Nesta ainda não achava que estava preparada para testar adivinhação e vinha tendo pesadelos mais frequentemente, o que sempre levava Dav e Cass a correrem até seu quarto no meio da noite.

Depois de tomar um bom banho quente, – cada vez mais o inverno se aproximava e a Corte Noturna ficava mais fria – Davina voou até a Casa do Rio para fazer uma espontânea visita ao seu irmão e cunhada. Quem sabe algum dos dois gostaria de acompanha-la em uma passeio por Velaris, já que Nesta e Gwyn estavam ocupadas na biblioteca e Cass tinha levado Emerie para Windhaven, onde ela morava. Ao chegar lá, uma criada lhe informou que Feyre dava aulas de pintura naquele horário mas que Rhys estava em casa. Ela subiu até o segundo andar e encontrou o Grão-Senhor jogado sobre a poltrona do seu escritório, com um copo de uísque na mão.

— Você parece acabado — a morena comentou ao se sentar na cadeira do outro lado da escrivaninha, cruzando uma perna sobre a outra. Por mais que sua frase tivesse um tom de provocação, ela tinha se incomodado de ver o irmão naquele estado.

— Ontem foi um dia difícil — Rhys apoiou a cabeça em um punho apoiado na mesa.  

— O que houve? — Dav inclinou a cabeça. Quando Rhys não respondeu, ela insistiu sutilmente — Rhys, você tem estado distante há semanas... 

— O bebê tem asas — o Grão-Senhor não olhou para ela enquanto sussurrava.

— Você tem certeza? — o significado dessas palavras fizeram o sangue da fêmea gelar. 

 Em outra situação, aquilo seria uma benção, motivo para se fazer festa. No entanto, Feyre não era illyriana, não tinha a estrutura óssea que feéricas como sua mãe, Emerie ou até mesmo a própria Davina tinha para dar à luz a bebês com asas. Partos desse tipo eram geralmente complicados, com grande risco tanto para a mãe quanto para a criança.

— Nos encontramos ontem de manhã com Madja, a curandeira.

— Mas o bebê é apenas um quarto Illyriano — Davina rebateu, criando esperanças. Era possível, é claro, que o bebê tivesse herdado asas, mas bastante improvável.

— Ele é, só que Feyre estava em uma forma illyriana quando o concebemos.

— Isso pode fazer diferença? 

— Ela muda de forma.  Se transforma inteiramente na forma que assume.  Quando ela concede asas a si mesma, ela essencialmente altera seu corpo em seu nível mais intrínseco.  Então ela era totalmente illyriana naquela noite. 

— Ela não está com as asas agora — pontuou a fêmea.

— Não, ela mudou de volta antes de sabermos.

— E ela não pode voltar ser uma illyriana para ter o bebê? — Dav inquiriu e o rosto de Rhys se contorceu em uma careta. 

— Madja proibiu metamorfose.  Ela diz que alterar o corpo de Feyre de qualquer forma agora pode colocar o bebê em risco. — Davina não conseguiu conter um suspiro com a resposta do irmão.

— Vai ficar tudo bem. Não é tão ruim — ela para consolá-lo mas sabia que não era a verdade. 

— Não é tão ruim? Por muitos malditos motivos, é ruim pra caralho! — Rhys rosnou e a morena recuou até encostar as costas na cadeira. Ela não estava acostumada a ouvir aquele tom vindo irmão mais velho.

— Respire — ela disse calmamente.  Apesar dos olhos entregando a raiva de Rhysand, ele se forçou a inspirar e então a expirar, até que estivesse mais controlado.

— Vou contar a Cassian e a Amren ainda hoje, mas ninguém pode dizer uma palavra a Feyre — ele ergueu seu copo, virando o uísque de uma vez só — Azriel já sabe. Na verdade está aproveitando para procurar maneiras de resolver esse problema também.

Após o demorado silencio, Davina, que refletia se era certo ou não esconder aquele detalhe essencial de Feyre, assentiu. Não cabia a ela lhe revelar um segredo que seu irmão lhe confiara, então que Rhys esperasse o momento certo.

— Milorde — a criada que abrira a porta para Dav estava parada na entrada do escritório, com as mãos entre as costas — Tem visitas.

Os irmãos se entreolharam e então desceram até o hall principal da casa, se deparando com Nesta apertando nervosamente as mãos e Cassian sorrindo encorajador ao seu lado.

— Eu decidi tentar a adivinhação — a fêmea contou.

x x x

Quarenta minutos depois, todos do Círculo Íntimo se encontrava no escritório de Rhys. Bem, quase todos. Mor ainda estava em Vallahan e Az no Continente, mas Feyre e Amren tinha vindo assim que as chamaram. Ninguém perguntou sobre a mudança de atitude de Nesta quando ela e Cass entraram pela porta da sala encontrando todos os outros parados diante de um mapa gigante de Prythian. Uma tigela de pedras e ossos estava exatamente na frente da Archeron mais velha. 

— Vamos começar logo isso — Amren tomou as rédeas, como sempre.  Nesta estendeu a mão e recolheu as pedras e os ossos, que estavam extremamente gelados. Apertando-os com força, ela fechou os olhos e extendeu o braço sobre o mapa espalhado na mesa — Procure pela Máscara, quando acha-la, abra a mão e solte as peças.

Ninguém falou, embora todos os olhares cautelosos estivessem sobre Nes. Por longos minutos, apenas o tique-taque do relógio de pêndulo no canto preencheu o escritório.  Nesta ficou ao lado de Cassian, a mão estendida sobre o mapa com ossos e pedras dentro. Davina acidentalmente cruzou olhares com Feyre – ela mal fora capaz de olhar para a cunhada quando entrou – e se obrigou a sorrir, o retrato da calma. 

— Se você a encontrou, garota, então agora é a hora de deixá-la ir — Amren ordenou, após ver a batalha que Nesta travava dentro de si. Sua mão permaneceu fechada mas seus olhos se moviam rapidamente por trás de suas pálpebras, procurando e  procurando. 

— Eu não estou gostando disso — disse Feyre enquanto uma brisa gelada se espalhava pela sala.

— Faça-a parar — pediu Cassian, se virando para Rhys, controlando o seu desespero.

— Eu não consigo, os muros mentais dela estão erguidos e impenetráveis — ele respondeu suavemente, o seu poder era um manto de estrelas e noite ao seu redor. 

— Ela nos trancou do lado de fora mas também se trancou lá dentro — Feyre se referia à mente da irmã com o rosto tenso. 

— Nesta — o general disse em seu ouvido e Davina sentiu seu coração se apertar de pena do amigo. Estava claro que aquela fêmea era muito mais que só um “casinho” para Cass.

De repente, todos ficaram surpresos e tensos quando o genereal se inclinou, abaixando a cabeça, e a beijou. Nesta não o beijou de volta, mas não o empurrou. Quando percebeu que o corpo da fêmea de aquecia, Cassian se afastou o suficiente para dizer contra seus lábios:

— Solte, Nesta. 

E então os objetos caíram exatamente sobre o centro do mapa enquanto os olhos dela se abriram atordoados. 

— Interessante — Amren observou, enquanto a mulher estudando o mapa. 

— O Pântano de Oorid? — Davina franziu a testa ao ver o ponto no Meio — A Máscara está em um pântano?

— Oorid já foi um lugar sagrado — disse Amren, se virando para a morena ao seu lado — Guerreiros foram enterrados em suas águas negras como a noite. Mas Oorid se transformou em um lugar sombrio. Você sabe o que quero dizer, Rhysand — a feérica  explicou, cruzando os braços — Dizem que a água de lá flui para Sob a Montanha, e as criaturas que vivem no pântano há muito usam seus canais subterrâneos para viajar pelo Meio, até mesmo para as montanhas das Cortes mais próximas. 

— Mas não pode ser mais específico? — Feyre perguntou a Rhys — Temos um mapa detalhado do Meio?

— É proibido mapear o Meio além de vagos pontos de referência — Rhys negou e apontou para a montanha sagrada em seu centro, onde esteve preso por quase cinquenta anos — A Montanha, o bosque, o pântano… Tudo pode ser visto da terra e do ar, mas seus segredos, aqueles descobertos a pé - são proibidos.

— Por quem? — curiosidade tomou conta da Grã-Senhora.

— Um antigo conselho dos Grão-Senhores — foi Dav quem explicou, passando uma das mãos pelo mapa plano — O Meio é um lugar onde a magia selvagem ainda habita, prospera e se alimenta. Há séculos nós os respeitamos como uma entidade própria e não desejamos provocar sua ira revelando seus mistérios.

— O Meio é onde o Tecelão da Floresta morava — Feyre encarou Nestha, que estava olhando fixamente para onde as pedras e os ossos haviam caído em uma pequena pilha organizada no topo do pântano — Se você for para o pântano, precisará estar armada

— Nós dois estaremos armados — declarou Cassian — Até os dentes.

— Vamos amanhã — Nesta disse de maneira decidida. 

— Você precisa de tempo para se preparar... — a Archeron mais nova começou, mas foi interrompida pela mais velha.

— Vamos amanhã — repetiu Nesta.  Ela queria ir logo, para não ter a chance de pensar sobre o perigo que enfrentariam — Depois do café da manhã.

— Eu também vou — Davina falou subitamente e todos a encararam. Ela sentiu o olhar de Rhys intimidá-la, mas antes que ele pudesse dizer algo, ela se apressou — Não me olhe assim, Rhysand. Eles precisam de toda ajuda que puderem, e como nenhum de vocês está em condições de ir, eu irei.

— Você também não está em condições de ir — Rhys contestou e então se virou para Cassian — Está?

— Bem... — Cass engoliu em seco, olhando para o chão — Dav vem treinando há um bom tempo e ela é uma guerreira nata, Rhys. Além de que possui poderes de Grã-Feérica que nos poderiam ser úteis.

— Alguém precisa nos atravessar para lá, não é? — Nesta tentou ajudar e recebeu um pequeno sorriso da morena em retorno. Não eram melhores amigas, mas tinham se tornado próximas nos últimos tempos. Todos encararam o Grão-Senhor e Feyre lhe deu um fraco aperto na mão, como um pedido silencioso.

— Tudo bem — ele se rendeu, exasperado — Se eu não permitisse que fosse, ela daria um jeito de ir mesmo assim.

— Ei! — a fêmea de quem se falava reclamou, mas no fundo, ela sabia que era verdade.

— Eu arriscaria dizer que essa teimosia é de família, querido — Feyre sorriu carinhosa para o parceiro então para a cunhada.

— Mas no primeiro sinal de perigo...

— Vocês sabem que o Meio é inevitavelmente perigoso — Davina lembrou ao interromper o irmão, se controlando para não dar um sorriso insolente.

— No primeiro sinal de perigo potencialmente mortal — ele frisou as últimas duas palavras após revirar os olhos — Atravessem de volta imediatamente.



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