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História Corvo - Depois do acidente


Escrita por: InfiniteVitium

Capítulo 5 - Depois do acidente


-Noite do ‘acidente’ de Isabella, SP em um beco qualquer-  

 Ainda em estado de choque uma policial loira tenta me acalmar, mas eu não consigo esquecer das palavras de Isa. Elas ficam repetindo sem fim em minha cabeça.

“Porque você é um corvo. E corvos não morrem, eles que trazem a morte aos seus inimigos.”

--Você está se sentindo melhor agora para nós dizer o que aconteceu? –Ela pergunta de jeito atencioso. Não digo nada, não movo nem um musculo, continuo encarando o chão manchado de sangue.

--Chega dessa baboseira, Sara, sai de perto dessa menina, deixa que eu mesmo falo com ela. – Se aproxima um homem que parece um policial, ele fedia a cigarro.

--Ela está em estado de choque. – A loira responde. – Não pode responder...

--Cala a boca e vai fazer um serviço qualquer. Você não é nada. – Ele diz com uma voz firme, parecia ter mais poder que ela, já que a loira saiu sem contestar. –Então, me conte como você sobreviveu a isso tudo e porque mataram Isabelle Fortunado. – Ele me pediu, mas não parecia querer me obrigar. Tinha uma voz imponente, mas não me deu medo nenhum.

--Porque eu sou um corvo, eu não morro. – Respondi ainda encarando os sapatos dele, eram de marca.

--Escuta aqui, você acha que isso aqui é uma brincadeira, ein? – Ele perguntou sem querer resposta, parecia nervoso, mas eu não ligava. – Acha que vão acreditar em você? Vão considerar que você é louca, ou me fala a verdade ou vou considerar que você fez tudo isso.

--Eu falei a verdade. – Digo com uma voz imponente, que não soube de onde veio. Encarei os olhos pretos do policial, que parecia ter ficado ainda mais nervoso. – Se quer me prender por falar a verdade, me prenda. Se quer considera que sou louca por falar a verdade, considere. –Respondi ainda encarando seus olhos, pude sentir que ele ficou por um rápido momento com medo, mas logo depois voltou para pose de policial malvado que trabalha nas favelas de São Paulo.

--Você não acha que é nova demais desrespeitar alguém mais velho que você? –Ele perguntou, me encarando de volta, ficando mais próximo.

--Você acha realmente que eu ligo para a sua idade? Ninguém liga, você pode ter mil anos, vou continuar falando com você da mesma forma. Idade é formada de apenas números, nada mais. Idade não forma caráter, forma rugas. – Respondi e ele já foi se afastando rindo da minha cara.

--Fala pros pais dessa menina que eles tem duas opções: Arrumar um bom advogado ou colocar essa maluca em um hospício. – Ele falou com um dos policias que logo foi indo em direção de um carro de polícia.

Agora que pude reparar que a cena de crime estava cheia de policias e peritos e curiosos, as pessoas curiosas tiveram que ser contidas com uma barricada que a polícia deve ter feito. Mas mesmo assim eles tiravam fotos com seus celulares e não ligavam para o luto. Para eles aquela morte, só iria se tornar uma notícia e então teriam o que falar com seus amigos no dia seguinte.

▲ ▼ △ ▽

Depois de me fazerem algumas perguntas na delegacia deixaram meus pais entrarem. Meu pai parecia preocupado, mas minha mãe estava com ódio nos olhos.

--O que você tem na cabeça? – Ela me perguntou como se eu quisesse que isso tudo acontecesse. – Você tem 11 anos! Pensa que pode sair por ai desrespeitando policiais como se fosse a dona do mundo? Você não é! E agora temos que achar um bom advogado. – Ela falava como seu eu realmente ligasse. –ESTÁ ME OUVINDO? – Ela me perguntou.

--Acha que sou surda? – Rebati.

--Filha, você está bem? – Meu pai perguntou. –Calma amor, ela está assim por causa do choque. Se coloque no lugar dela. – Meu pai tentava me defender com seu jeito calmo.

--Eu deveria me colocar no lugar dela? Sabe o que ela acabou de fazer com a imagem de nossa família? Jogou no lixo como se não se importasse! – Ela disse passando as mãos no cabelo.

--Se continuar desse jeito vai perder todos os cabelos. –Comentei apontando com o olhar a mão dela cheia de cabelos.

--Cala a sua boca antes que eu pense em te colocar num hospício. – Ela disse com os dentes cerrados.

--Querida. – Meu pai chamou a atenção da minha mãe, e durante uma entreolhada eles pareciam ter conversado como se entendessem com o olhar. Meus pais podem brigar, mas sempre foram unidos. –Acho melhor pensarmos um pouco melhor nas opções, enquanto você pensa eu vou buscar um copo d’água para você. – Ele disse dando logos espaços entre as palavras e depois saiu da sala.

--Você poderia pelo menos me explicar por que? – Ela me perguntou com seu semblante cheio de preocupação.

--Apenas vou repetir o que Isabelle me disse em suas últimas palavras. Porque eu sou um corvo, e corvos não morrem eles trazem a morte. – Respondi e isso pareceu só ter deixado minha mãe mais nervosa.

Depois de um tempo de conversa que não levou a nada, minha mãe acabou desmaiando de raiva. Quando acordou disse que eu era filha do demônio e a fiz desmaiar a sufocando, mas eu nem sai da cadeira. Eu estava algemada, os policiais não acreditaram em mim, mesmo com as câmeras provando o que eu dizia.

Meus pais me mandaram para o hospício. Um carro da polícia me levou para lá, pela policial loira.

--Você sabe que eu não sou doida, né? –Perguntei para a policial.

--Eu sei, você apenas está em luto. As pessoas não conseguem respeitar o espaço dos outros. – Ela respondeu. – E você sabe que sua amiga tem razão, né? –Ela perguntou me olhando pelo espelho retrovisor.

--Sim. 



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