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História Cravo e Canela - TaeKook - Capítulo extra; Cigarros Caros.


Escrita por: ellisatk

Notas do Autor


Oiii! pelo feedback maravilhoso no capítulo passado, resolvi trazer um extra de Cravo & Canela

Boa leitura, cliquem na estrelinha e comentem. Beijos

Capítulo 2 - Capítulo extra; Cigarros Caros.


Fanfic / Fanfiction Cravo e Canela - TaeKook - Capítulo extra; Cigarros Caros.

Chin-hoo usava pantalonas, uma longa beca preta e um chapéu de três pontas. A feiura do ator era de congelar o sangue, com seu nariz enorme, um queixo duplo comprido e uma boca permanentemente entortada para um lado em uma careta. Ele adentrou o palco a passos lentos e calculados, a personificação do mal. Com um rugido voluptuoso, disse:

— Condenado por bruxaria.

Um calafrio se espalhou pela plateia.

E TaeHyung ficou fascinado com aquilo. Já sabia da existência de teatros e peças, é claro, mas nunca havia imaginado que seria assim: o calor, as lamparinas a óleo fumegantes, as roupas fantásticas, os rostos pintados e, acima de tudo, toda aquela emoção: fúria, paixão, inveja e ódio, sentimentos representados de forma tão intensa que seu coração se acelerava, como de fosse reais.

Quando Chin-hoo descobriu que a filha havia fugido, ele se moveu de um lado para o outro como um louco, sem chapéu, com os cabelos em pé, os punhos cerrados, em uma perfeita explosão de agonia, gritando "Tu sabias?", como um homem padecendo os tormentos do inferno.

Ao falar "Já que sou um cão, cuidado com minhas presas", se lançou para frente, como se fosse saltar sobre as luzes da ribalta, e toda a plateia recuou apavorado.

Para assistir aquilo, teve que pagar 20 moedas na bilheteria; pelo menos um terço da merreca que TaeHyung ganhava no trabalho de descarregar navios e alguma ínfima quantidade do que Jeongguk ganhava ao cozinhar para um bando de bêbados tarados, na taberna de um tal de Kim Namjoon todos os dias.

Aliás, este, era distante, sedutor, carismático, mas, para Jeongguk, muito perigoso e hostil: não gostava da família de Jeongguk — apenas ele, TaeHyung e Sooni, que já estava enorme — porque eram espertos, perspicazes e bem-sucedidos, mas também porque eram barulhentos e intromentidos. A família do tal Namjoon estava além do horizonte, na vila, nos vales. Rapazes robustos e cordiais, mas reservados e pensativos, moças saudáveis, espontâneas e disciplinadas, que pareciam saber e compreender tudo.


De qualquer forma, eram diferentes. Mas, a família de Jeongguk tinha suas vantagens, e muitas: eram fortes, sensatos, capazes de guarda segredos, de entoar em volta da fogueira canções de saudade e nostalgia de cortar o coração e também canções engraçadas ou de amor e atrevidas, que iam muito além de enrubescer a face.


Capazes de montar cavalos selvagens e de manobrar tratores de esteiras largas, de falar italiano — sim, eles apreenderam — e de conhecer todas as grutas e ravinas; afeitos ao manejo de pistolas e granadas, mas também à leitura de poesia e de livros de romance e filosofia a fim de meditar e refletir. Com opiniões próprias, todavia discretos ao expressá-las, conversas entre si em vozes muito contidas à luz de velas, nas tendas, altas horas da noite, sobre o significado de suas vidas e sobre a escolha serena que haviam feito entre amor e o dever.


As vezes, assim que eles chegaram na vila, Jeongguk ia com seus amigos para a taberna do sujeito Namjoon, só para vê-los chegar de lugares distantes, de além das montanhas, de propriedades nas cidades. Ficavam rondando por ali para sentir o aroma da comida, para se embriagar com o cheiro das distâncias: na cidade é que tudo acontece de verdade. Lá se constrói um país e se conserva o mundo.


Lá desponta uma nova sociedade, uma nova paisagem toma forma e se escreve uma nova poesia, lá cavalheiros armados patrulham solitários, prontos para responder com fogo ao fogo dos saqueadores, lá se transformam pobres trapos humanos em uma nação altiva e combatente. E só depois que fugiu com TaeHyung e Sooni para lá, Jeongguk soube que viver ao lado de Hoseok sempre fora um tempo bem desperdiçado.


Por isso que, desde pequeno, o seu sonho secreto era um belo dia ser levado embora com eles, seus amigos, para também se trasformar em altivo combatente. Para que sua vida também se convertesse numa nova canção, uma vida limpa, honesta e pura como um copo de água gelada num dia de extremo calor.


Após outra fala do ator, "Vá buscá-la, eu ordeno", um grande supiro em expectativa soou pela plateia. De certa forma, gastar 20 moedas para ouvi-lo atuando personagens que reclamam sobre sua vida e resmungar enquanto a bengala batia no chão e ecoa-se no microfone, era sensacional.


E TaeHyung tão pouco poderia se comparar à ele. Era um simples descarregador do carvão que após um debate no salão da sra. Kang, escreveu uma carta. Naqueles tempos, poucos eram os mineradores de Daegu que sabiam ler, porém a mãe de TaeHyung sabia e ele a havia infernizado para que o ensinasse. Ignorando as críticas sarcásticas do marido, que dizia que as ideias da esposa estavam acima da sua posição social, ela ensinou o filho.


Era endereçada a Kim Seokjin, um advogado Londrino que escrevia artigos aos jornais ofendendo o governo. A carta tinha sido confiada a Choi, um vendedor ambulante, que deveria postá-la. TaeHyung se perguntava se ela de fato alcançaria ao seu destino. A resposta chegara no dia seguinte e foi o acontecimento mais empolgante da sua vida e que a mudaria completamente. Ela o libertaria.


"𝙰o contemplar seus vinte e um anos, nenhum homem é mais da propriedade de Jung Hoseok, condato de Jeju, 1798".

Nenhum dos mineradores jamais haviam redigido uma correspondência antes e cada palavra foi alvo de longas considerações. Ele pensou consigo mesmo, que história contaria?


| Cinco anos antes |

Quando a primeira safra de tabaco estava enfim pronta para a venda, Call levou quatro barricas para o centro da cidade em uma chata. Hoseok aguardava impacientemente seu retorno, ansioso para saber quanto conseguiria pelo tabaco.

Não receberia dinheiro vivo por eles, visto que não era assim que funcionava o mercado. Call levaria o tabaco para um galpão público, onde o inspetor oficial emitiria um certificado que afirmaria que ele era "comercializável", e o documento que iria receber eram usado como moeda corrente em toda a Daegu. A última pessoa a recebê-la a descontava, entregando-a a um capitão de navio em troca de dinheiro ou, mais provavelmente, produtos importados de Busan.

Felizmente, pensava Jung, Jeongguk não percebera que estavam falidos. Depois que o bebê nascerá, este passara três meses em uma espécie de transe e, ao apanhá-lo com Call, Jeon fechou-se em um silêncio furioso. Naquele dia, porém, estava diferente outra vez: parecia mais feliz e soava quase amigável.

— Quais são as novidades? — perguntou Jeongguk ao jantar.

— Tumulto na capital — respondeu Hoseok. — Um grupo de arruaceiros chamados Amantes da Liberdade teve a audácia de enviar dinheiro para aquele maldito do Namjoon em Londres.

— Fico surpreso que saibam quem ele é.

— Eles acham que Namjoon representa a liberdade. Os comissários do sul estão com medo de por os pés em Daegu e refugiaram-se a bordo do navio Afrodity.

— Parece que estão prestes a se rebelarem.

Hoseok balançou a cabeça.

— Eles só precisam de uma dose do remédio que demos aos escravos: um gostinho de pólvora dos nossos rifles e alguns bons enforcamentos.

Jeongguk ergueu as sobrancelhas e não fez mais perguntas. Eles terminaram a refeição e, enquanto Hoseok acendia seu cachimbo, Call chegou. Logo, notaram que ele não havia só feito negócios cono também bebera. O cheiro de conhaque enjoando Jeongguk.

— Correu tudo bem, Call?

— Não exatamente — respondeu o capataz em seu tom insolente habitual.

— O que houve? — perguntou Jeongguk, sem paciência para aquilo.

— Nosso tabaco foi queimado — explicou sem olhar para o ômega.

— Queimado! — espantou-se Hoseok.

— Como? — Indagou Jeongguk.

— Pelo inspetor. Como se fosse lixo. Não comercializavel.

Hoseok sentiu um embrulho no estômago e engoliu a seco.


— Não sabia que eles podiam fazer isso.


— O que havia de errado com ele? — questionou Jeongguk.


Call ficou calado, constrangido, o que não era do seu feitio.


— Desembuche, homem — falou Jeon, irritado.


— Eles disseram que é tabaco de curral.


— Eu sabia! — exclamou Jeongguk.


Hosoek não fazia ideia do que eles estavam falando.


— Como assim, "tabaco de curral"? O que quer dizer isso?


Jeon respondeu com frieza:


— Quer dizer que o solo do tabaco foi feito de curral para o gado. Quando a terra é adubada em excesso, o tabaco adquire um gosto forte e desagradável.


Foi então que Hosoek compreendeu que falira de vez. A fazenda estava hipotecada, ele tinha se individado até o pescoço e toda a safra era invendável. De repente, sentiu dificuldade de respirar. Sua garganta parecia obstruída. Ele abriu a boca como um peixe, mas não conseguiu sorver o ar. Por fim, conseguiu tomar fôlego, como um homem que se afogava vindo à tona pela primeira vez.


— Que Deus me ajude — falou ele, enterrando o rosto nas mãos.


Naquela mesma noite, Hoseok bateu à porta do quarto de Jeongguk, que estava sentado de roupas de dormi diante da lareira, pensando em TaeHyung.

Mal conseguia conter a felicidade, fitando as chamas e pensando como a noite acabaria. Tentava se fixar em ideias práticas, mas sua mente insistia em evocar a lembrança de como eles haviam feito amor ali, naquele tapete em frente ao espelho.

Assustou-se ao ouvir as batidas. Levantou-se com um salto da cadeira e olhou para a porta trancada. A maçaneta foi chacoalhada, mas ele vinha trancando a porta toda as noites desde que flagara Hoseok com Call.

— Jeongguk, abra a porta — ordenou o marido.

Ele manteve silêncio.

— Vou a Busan amanhã bem cedo para tentar arranjar algum dinheiro emprestado. Quero vê-lo antes de ir.

Jeongguk continuou calado.

— Sei que está aí dentro, abra a porta! — gritou Hoseok, soando um pouco embriagado. Acordaria Sooni, desgraçado.

No instante seguinte, ouviu um baque, como se ele estivesse jogando seu ombro contra a porta. Jeongguk sabia que de nada adiantaria: as dobradiças era de metal e o trinco era pesado. Ele ouviu seus passos recuaram, mas imaginou que Hoseok não tivesse desistido. E tinha razão. Três ou quatro minutos depois, ele voltou e ameaçou:

— Se não abrir a porta, vou derrubá-la.

Algo se chocou contra a madeira com um estrondo; Jeongguk supôs que fosse um machado. Um segundo golpe rachou a madeira e ele viu a lâmina despontar dentro do quatro.

Trêmulo, Jeongguk foi até a mesinha da cabeceira e pegou sua pistola. Sentiu medo. Desejava que TaeHyung estivesse por perto, mas ele estava no alojamento dos escravos, dormindo em um catre duro. Precisava se defender sozinho.

Hoseok continuava o ataque, o machado destruindo a porta com uma série de impactos ensurdecedores, estilhaçando a madeira e fazendo as paredes da casa tremeram; Sooni passou a chorar no berço. Com as mãos trêmulas, Jeongguk despejou um pouco de pólvora na caçoleta, soltou as travas de segurança das perneiras e armou a pistola.

A porta se escancarou e Hoseok irrompeu no quarto, vermelho e ofegante. Com o machado em punho, foi na direção de Jeongguk, que estendeu o braço esquerdo e disparou um tiro acima da cabeça dele. No recinto pequeno, o estampido foi como o de um canhão, e Sooni temeu pela aflição da filha. Hoseok se deteve e ergueu as mãos em um gesto defensivo, parecendo assustado.

— Você sabe como eu atiro bem — disse Jeongguk. — Mas só tenho mais uma bala, então a próxima entrará no seu coração.

Jeongguk mal podia acreditar que tinha coragem suficiente para proferir palavras tão violentas ao homem que já amara um dia. E de repente voltou no tempo.

Quando a luz fraca refletiu nos olhos de Hoseok e Jeongguk notou o rosto dele manchado de preto, como o dos mineiros: o de carvão sujava tudo. Ele estava engraçado e Jeongguk sorriu.

— O que foi? — perguntou Hoseok.

— Seu rosto está preto!

Ele deu um sorriso torto e tocou a bochecha do ômega com a ponta do dedo.

— E como acha que o seu está?

Jeongguk se deu conta de que estava igualzinho a ele.

— Ah, não! — exclamou, com uma risada.

— Mas continua lindo — elogiou ele, e selou seus lábios aos de Jeon. Os lábios firmes e doces... Quando ele se afastou, Jeongguk disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça:

— Foi por isso que o senhor me trouxe aqui?

Está ofendido?

Era contra lei da sociedade bem-educada que um jovem cavalheiro beijasse outro que não fosse seu noivo. Jeongguk deveria estar indignado, mas tinha apreciado aquele momento. Começo a ficar constrangido.

— Talvez devêssemos voltar.

— Posso segurar sua mão?

— Pode.

Ele direcionou o olhar para o berçário onde Sooni chorava, e voltou-se para uma foto cor sépia sob o criado mudo. Jeongguk pensou por um instante, perdendo-se nos rostos felizes e sorrisos calorosos. É uma nostalgia muito sedutora que nos  faz pensar que este são os dias mais felizes de nossas vidas. Mas, na verdade... não são. O que acontece amanhã, nos faz pensar no presente. E Jeongguk voltou a realidade. Sua vontade era de chorar, mas ele rilhou os dentes de coelho e o encarou firme, sem titubear.

Hoseok ironizou:

— Nunca pensei que fossemos obrigados a passar por todo esse estardalhaço, mas você é um marido incomum na sociedade. Sabe, qualquer um o acharia questionável.

Aquela era uma farpa inteligente, pois a frieza era algo de que Jeongguk mesmo se acusava. Lentamente, baixou a pistola. É claro que não atiraria nele.

— O que quer?

Hoseok largou o machado.

— Possuí-lo uma última vez antes de partir.

Jeongguk se sentiu enjoado. A imagem de TaeHyung veio-lhe à mente e ninguém além dele poderia ir para sua cama agora. A ideia de fazer amor com Hoseok era, no mínimo, irritante. E Jung, vendo a expressão alheia, agarrou a pistolas pelo cano e Jeongguk o deixou tirá-las de suas mãos. O viu desarmar a que ele havia disparado e a largou. Jeongguk o fitou, horrorizado. Não conseguia acreditar no que estava prestes a acontecer.

Hoseok se aproximou e lhe deu um murro no estômago. Jeongguk soltou um grito de espantou e dor e dobrou-se para a frente.

— Nunca mais aponte uma arma para mim! Eu também sou pai da sua filha! — gritou ele. Desferido-lhe um soco no rosto, fazendo-o desabar.

Chutou sua cabeça e Jeongguk desmaiou.

Na manhã do dia seguinte, Jeongguk amanheceu na cama, com uma dor de cabeça tão forte que mal conseguia falar. Diana veio lhe trazer o café da manhã, parecendo assustada. Jeongguk tomou um gole de chá e fechou os olhos novamente.

Quando a cozinheira voltou para apanhar a bandeja, Lizzie perguntou:

— O Sr. Jung já saiu?

— Sim, senhor, ele partiu para Busan ao raiar do dia. O Sr. Call  foi com ele.

Jeongguk respirou fundo, cerrando os punhos para dispensar suas emoções e sua satisfação.

— Louvado seja Deus. O mundo é um lugar melhor sem ele por perto — falou Jeongguk, aliviado.

Logo, voltou a ouvir som de passos pisoteando o chão de madeira; passos rápidos; no plural. Levantou a cabeça, avistando TaeHyung irromper o quarto junto com o Dr. Kant; as madeixas do velho penteadas, reluzindo em gel.

— Que parta para o inferno — praguejou TaeHyung, irado demais.

— Não mandei chamar o senhor — falou Jeongguk ao médico, tentando avistá-lo sultilmente, conseguindo ver somente a silhueta dançando em busca de algo.

— Eu fui buscá-lo — explicou TaeHyung parando ao lado da cama e o fitou, tremendo de raiva.

Jeongguk sentia vergonha do que acontecera e preferia que o Kim não tivesse feito aquilo.

— Porque acha que estou doente?

— Porque passou a manhã inteira deitado na cama.

— Talvez eu esteja apenas com preguiça.

— E talvez eu seja o governador de Daegu.

Jeongguk cedeu, abrindo um sorriso.

— Obrigada.

— Disseram que o senhor está com dor de cabeça — falou o médico.

— Mas não estou doente — afirmou ele. Que se dane, pensou, por que não dizer a verdade? — Minha cabeça dói porque meu marido me chutou.

— Hum. — Kant parecia constrangido. — Como está sua vista, embaçada?

— Não.

Ele pousou as mãos em suas têmporas e as percorreu suavemente com os dedos.

— Sente-se confuso?

— Amor e casamento me confundem, mas não porque levei uma pancada na cabeça. Ai!

— Foi aqui que levou o golpe?

— Foi, droga.

— Sente algum enjoo?

— Só quando penso no meu marido.

— Ele é louco, se me permite dizer. Vou lhe dar um medicamento para diminuir a dor. Não se apegue muito a ele, é viciante. Mande alguém me buscar novamente se tiver algum problema.

Depois que ele foi embora, TaeHyung sentou-se na beirada da cama e pegou a mão de Jeongguk. Passado algum tempo, lembrando-se de que não amamentara Sooni ainda, o ômega questionou:

— Onde está meu bebê?

— Elisa esta lhe dando banho em seu quarto, já o trás. É uma boa criada, poderíamos levá-la conosco.

— Quero encontrar seus verdadeiros pais — comentou pensativo. — Quando... quando podemos ir?

— Antes do amanhecer. Levarei a carroça até o alojamento dos escravos hoje à noite, para não fazer muito barulho ao partirmos.— Afirmou TaeHyung, retirando um estojo de couro do bolso e desdobrando um mapa. — Cerca de 160 quilômetros a sul daqui há uma longa cadeia de montanhas.

— E como chegaremos lá?

— Caminharíamos. A ideia é seguirmos em direção às colinas. Se Elisa for, pode nos ajudar a carregar os mantimentos.

— E... se alguém nos ver, TaeHyung? Podem ir ao xerife e avisar que nós fugimos roubando muitas coisas.

— Lembre-se da nossa história. Você e Sooni irão visitar um primo que acabou de inaugurar uma fazenda no interior da cidade. Está levando presentes.

— Embora estejamos falidos.
Jeongguk assentiu.

— Vou garantir que o coronel Boston e Julian Assange saibam dos meus planos.

— Diga a eles que sua sogra não gosta da ideia e talvez crie problemas para você.

— Bem pensado. O xerife não vai querer se envolver em uma briga familiar. — Ele se deteve. — E depois que chegarmos às montanhas?

TaeHyung sorriu. É nefasto. Uma situação tão delicada que deixava-o completamente perdido. E ali ele pode sentir seu coração chorar também, não sabendo exatamente o porque. Nunca foi de soltar lágrimas, de soltar o nó na sua garganta, mas permitia-se derramar seus sentimentos atrás de cada singelo segundo que via Jeongguk tão perto de si. E agora era real.

— Procuraremos um vale com peixes no rio e cervos na floresta, e talvez um casal de águias aninhando nas árvores mais altas. E vai ser lá que construiremos nossa casa.

Ouviu-se três batidas na porta e depois de um "entre", vindo de Jeongguk, Elisa adentrou o quarto com Sooni nos braços. TaeHyung não teve dúvidas de que a criada e a filha de Jeon era, de longe, as mais lindas que já havia visto. A criada: uma preta perfeita, com seu cabelo afro que ia até a cintura, e um corpo lindo que nunca passava despercebido pelos vestidos que usava.

E Sooni, com sua carinha de sono; vestindo uma pequena saia longa, branca. Os olhinhos pretos abertos e os lábios moldados em um sorrisinho contente.

— Veja o que vos espera, Sooni — murmurou Elisa, em um constrangimento nítido por ter a atenção direcionada a si. Mas, sobretudo, ela era uma boa criada, e Jeongguk com certeza levaria-na consigo.

— Minha pequena — Jeongguk a apanhou nos braços. Não a via desde a noite anterior, mas também não falaria mais sobre aquele assunto. — Eu te amo tanto, tanto!

Jeongguk fez uma pequena mala com cobertores, meias de lã, tesouras, agulha e linha. Seus sentimentos oscilavam entre euforia e o pavor. Diante da expectativa de fugir com o criado, Sooni e Elisa, imaginava-se cavalgando pelos campos selvagens lado a lado e dormindo juntos debaixo de um cobertor sob as árvores. Então, pensava na dificuldade que precisariam enfrentar.

Eles teriam que matar sua própria comida dia após dia, construir uma casa, plantar milho, prestar cuidados médicos aos cavalos. Os índios poderiam ser hostis. Havia a chance de encontrarem criminosos à solta, pela região. E se ficassem preso por uma nevasca? Eles poderiam morrer de fome!

Ao olhar pela janela do quatro, viu um movimento na entrebaria e notara ser TaeHyung com Elisa. Jeongguk se aprontara, prendendo os cabelos, mais longo do que o habitual, em um coque acima da cabeça e vestiu suas calças, botas de montaria, uma camisa e um colete. Pôs um vestido em Sooni,  que brincava com uma boneca de pano, e a apanhou nos braços com o coração batendo a toda velocidade.

Por mais que temesse a jornada em que estavam prestes a embarcar, não tinha desconfiança alguma em relação a TaeHyung. Sentia-se tão íntimo dele que deixaria a própria vida em suas mãos.

Quando ele veio lhe buscar, Jeongguk estava sentado perto da janela com um paletó e um chapéu de três pontas. TaeHyung sorriu ao vê-lo e deram-se as mãos, deceram a escada na ponta dos pés e saíram da casa. A carroça estava à espera deles mais adiante na estrada, fora de vista. Sentada no banco, Elisa enrolava-se em uma manta e, ao ver a bebê, correu em direção à Jeongguk para apanhá-la.

— Sooni está a preferir os braços da criada do que ficar junto à mim. Só me quer para ser amamentada — Ele fez uma careta divertida. A menina sorriu.

— Me desculpe, senhor. — Jeongguk negou asism que a viu abaixar os ombros. Sooni sorriu ao ser pega por Elisa. — Eu costumava ajudar minha mãe no trabalho, ela era parteira.

— Não duvido que tenha aprendido com a vida. — Jeongguk hesitou ao dizer: — Qual seu nome?

— Kalina. — Deu uma pequena pausa, antes de contar com um resmungo a única notícia que ficou sabendo nos últimos meses. — Soube que era amante do coronel Boston, antes de estar casada com um velho gorducho que tem uma taberna em Jinhae.

— Amante do coronel? — Jeongguk se espantou com aquilo, subitamente, e Elisa apenas concordou sem dar muita importância para o assunto.

Pelo que bem sabia, Boston e Julian Assange era um casal de anos, que já enfrentara muitas dificuldades nesta vida. Diferente da sociedade que se sentia obrigada a informar em manchetes sobre uma pessoa célebre — "Ela nasceu", "Ela está grávida", "Ela faleceu" —, Boston e Assange nunca foram esquecidos.

E como reconhecimento dado, parte por sua mulher sempre tão trabalhadora e honesta, Boston não podia trocá-la por uma crioula que estaria o usando, usando seu dinheiro. Não mesmo. Jeongguk lembra que Julian vendera parte da sua butique de vestidos caríssimos, para ajudar o marido na época que ele decidira se tornar um governador decente, que precisava usar sobretudos bonitos e tivesse uma loja, praticamente, para saciar quando quisesse a merda de um vício no cigarro.

Pelo menos era esse tipo que as pessoas gostavam. Esse que esbanjava riqueza, que era tão simpático e amigável que chegava a ser, no mínimo, irritante. No final de tudo, ter uma linda dama para chamar de Minha Mulher, e quando esta estivesse entupida de remédios de dor de cabeça, traí-la com uma outra só por que se é um homem, e "homem tem seus desejos", nunca seria tão importante em uma sociedade machista.

Mas Jeongguk não tinha voz sobre isso. Talvez, a sociedade o odiasse no mesmo ponto que Jeongguk odiava a traição, a mentira. E ter enfrentando uma chuva de pedras, que havia quebrado as janelas da sua casa, para se casar com o imbecil de Hoseok era a prova de que, assim como a linda e respeitada Julian Assange, era um tolo assemelhar a vida real dos contos de fadas.

Depois de um tempo, Jeongguk simplesmente disse:

— Falávamos dele hoje — forçou um sorriso. — É importante que não saiba para onde nós vamos.

E se virou para o lado, vendo que Jimin havia arreado quatro éguas e amarrado mais dois machos à traseira. Todos os escravos estavam ali para se despedirem. Jeongguk beijou a mão de Dana e Diana, TaeHyung abraçou Jimin e Cass, o cavalariço. Amy, uma das cozinheiras, jogou os braços em volta de Jeongguk aos soluços.

Todos ficaram parados sob a luz das estrelas, observando-os subirem na carroça.

— Upa! Andem!

Os cavalos tomaram impulso, a carroça sacolejou e eles partiram. Na entrada, TaeHyung virou na direção oeste. Jeongguk olhou para trás. Os peões permaneciam no mais completo silêncio, acenando para eles. No instante seguinte, sumiram de vista. Jeongguk voltou a olhar para a frente.

Ao longe, a aurora despontava.

Min YoonGi estava fora da cidade quando Hoseok e Call chegaram a Busan. Ele deveria voltar no dia seguinte, avisou o criado, e Jung escreveu um bilhete dizendo que precisava de mais dinheiro emprestado e que gostaria de ver um advogado assim que possível.

À hora do almoço, Hoseok já estava bêbado. Tão bêbado que até Marta, a servente apaixonada por ele, pareceu perder o interesse. Naquela tarde, Hoseok desmaiou no bar do Jin. Call deveria tê-lo colocado na cama, pois ele acordou em seu quarto na manhã seguinte.

Hoseok pensou em se matar. Não lhe restava muitos motivos para viver: não tinha lar, não tinha família, não considerava Jeon Sooni sua filha. Nunca chegaria a lugar nenhum na Daegu agora que fora à falência e não suportaria voltar à Londres.

O esposo o odiava e agora só tinha Call. O que fora um erro desde o início. A única dúvida que restava era se ele deveria pôr uma bala na cabeça ou beber até a morte. Agora, minutos antes de ir ao encontro de YoonGi, Hoseok estava tomando conhaque outra vez às onze da manhã quando a mãe, Jung Mi-suk, entrou na taberna.

Ele achou que já estivesse enlouquecendo. Se levantou para encará-la, assustado. Como se pudesse ler sua mente, Mi-suk afirmou.

— Não, não sou um fantasma.

Ela o beijou e sentou-se. Ao se recompor, Jung perguntou:

— Como conseguiu me encontrar?

— Você é previsível, Hoseok. Não me admira que após ter tido uma filha e descobrir que está terrivelmente falido, uma pessoa como você estivesse sorrindo para seus criados enquanto bate palma para que eles possam dançar capoeira. Então, prepare-se para uma notícia chocante: Jung Hoseok está terrivelmente falido.

Mi-suk era simplesmente a única criatura do universo que fazia tanta reclamação que chegava a doer nos ossos de Hoseok. Ela tinha no mínimo quarenta anos, cabelos brancos e era, de longe, a mulher mais irônica que Hoseok já se permitira conhecer em toda a sua vida.

— Estou arruinado.

Os olhos de Mi-suk se arregalaram.

— Não seja tão patético, Hoseok. Isso não combina com você. Sabe, um quarto de todo o espólio pertence a qualquer neto do seu pai nascido no espaço de um ano após a sua morte. Se não houver nenhum neto depois disso, Jung-hyung ficará com tudo.

Este era irmão de Hoseok. Se encontrava na cidade e havia ido falar com ele; estava ficando cada vez mais parecido com o pai: corpulento, carrancudo  e lacônico. Talvez não fosse uma boa oportunidade ter os dois juntos no mesmo lugar. A última vez que olhara para a cara de Hyung, Hoseok teve vontade de matá-lo. E se perguntar, foi porque Jung-hyung lhe dissera que um advogado londrino, o tal Kim Seokjin, lhe tinha uma ordem em relação a carta que TaeHyung o havia escrito uns meses atrás.

Hoseok sentiu raiva e, quando voltasse para a fazenda, mataria aquele desgraçado de TaeHyung, porque aquele criado já havia durado tempo demais.

— Isto não é possível. Jeongguk teve uma filha, e ela vale.

— Certamente, certamente... mas não tenho certeza se terá a fortuna nas mãos. 

Hoseok esperou um segundo.

— O que quer dizer?

— Jeongguk fugiu com o aquele condenado que você comprou assim que chegou-

— Meu Deus! Ele me abandonou? E fugiu com... TaeHyung...?! — Profundamente humilhado, Hoseok desviou o olhar. Sentiu como se o chão estivesse se abrindo debaixo dos seus pés.

— Aquele pobre coitado não pertence mais a você, lembre-se. — A mãe pigarreou. — Talvez seja melhor deixar TaeHyung ir embora. O rapaz trabalha bem, mas é um encrenqueiro e seria bom para nós nos livrarmos dele.

— Não com o meu marido junto! — berrou, inconformado. — E se conseguiu se safar, todos os jovens pensarão que podem ir embora também.

— Você nem o ama mais — Mi-suk fez uma careta, revirando os olhos. — E isso tampouco diz respeito apenas a nós. Esse advogado, Kim Seokjin, poderia escrever para cada residência de Daegu. Se jovens empregados pudessem abandonar seus postos de trabalho aos 21 anos, toda a indústria entrara em colapso.

— Ouça o que eu digo: se um dia eu conseguir acusar Kim Seokjin por traição à pátria, eu o enforcarei antes que qualquer um possa dizer "inconstitucional", juro por Deus.

— Não jure nada, Hoseok. Você é preguiçoso e fraco. E armou a sua própria desgraça. 

Hoseok ignorou os insultos. Tudo em que conseguia pensar era que o próprio marido havia o abandonado. Levantou-se devagar, com um esforço doloroso, como um velho. Mi-suk continuava ali, calada, uma expressão desdenhosa e arrogante em seu rosto. Ela tinha um defeito: a decadência de sentir-se culpada. Com um ar constrangido se levantou do banco, apoiando-se no balcão sujo, respirando fundo.

O ambiente era claro e esfumaçado e cerca de uma dúzia de pessoas estavam sentadas em bancos e cadeiras de madeira, bebendo em canecas. Alguns jogavam cartas ou dados, outros fumavam cachimbos. O ruído de bolas de bilhar vindo do salão dos fundos.

Ela disse para Hoseok:

— Eu falei com o xerife, mas Jeongguk foi esperto, espalhando uma história de que iria levar presentes para um primo no centro da cidade. Os vizinhos disseram a ele que eu era apenas uma sobre implicante que estava tentando criar problemas.

— Todos eles me odeiam — aquele vaivém entre a esperança e o desespero foi demais para Hoseok, que caiu em uma descrença absurda. — Não adianta, a providência está contra mim.

— Não desista ainda!

Call interrompeu a conversa fumando um cachimbo para perguntar como Mi-suk estava e se gostaria de beber algo. Ela pediu um chá e o capataz sorriu de forma provocante para Hoseok antes de se virar para a servente e lhe pedir um de hortelã.

— Estou aqui porque o credor, Min YoonGi, está a me ajudar. E Jeongguk não é o fim dos tempos mamãe — Hoseok ergueu uma das sobrancelhas, detestava a ideia de sair em busca de um esposo fugitivo pois o fazia parecer um idiota. — Posso ter um filho com outro ômega.

Mi-suk olhou com desprezo para a direção de Call. Hoseok fitou a mãe por um longo instante e fez menção de apanhar sua bebida. Ela pousou a mão sobre o copo para impedi-lo.

— Já chega. Você precisa ir andando. — Relutante, ele recolheu a mão. — Precisa de um decreto parlamentar e, com a ajuda do tal credor, pagará a fortuna, se quiser se separar de Jeongguk.

— É bom que tenha concordando comigo.

Às pressas, Mi-suk caminhou até a porta e a segurou aberta por uns instantes.

— Ainda não. É cedo demais para isso.

Três dias se passaram até TaeHyung, Jeongguk e Elisa e a pequena Sooni depararem-se com um terreno mais reto que indicava o começo de um vilarejo. Terras cultivadas deram lugar a pastagens e uma cordilheira azulada despontou no horizonte nebuloso. A medida que os quilômetros que somavam, os cavalos começavam a revelar fadiga, tropeçando ao longo da estrada acidentada e teimando em desacelerar. Nos trechos mais íngremes, eles deceram da carroça e seguiam a pé para diminuir o peso.

De repente, um caneco de cerveja pareceu a Jeongguk a coisa mais desejável do mundo. Ele havia trazido dinheiro de Londres; não era muito, mas o necessário para comprar o básico para a jornada. E a primeira coisa que encontraram ao alcançar o seu destino, foi satisfatório. Um homem saiu de uma taberna — sem camisa, usando uma calça de couro e um chapéu de três pontas surrado.

— Precisamos comprar aveia para os nossos cavalos. — Disse-lhe TaeHyung.

— Por que não descansam aqui um pouco e tomam um trago?

— Claro.

— Sou Kim Namjoon, mas todos me chamam de RM — apresentou-se o taberneiro, lançando um olhar intrigado para Elisa. No entanto, RM não fez nenhum comentário a respeito, limitando-se a conduzi-los para o interior.

Quando os olhos de Jeongguk se habituaram à penumbra, ele viu que a taberna não passava de um recinto com chão de terra, dois bancos e um balcão e alguns canecos de madeira em uma prateleira. O lugar que trabalharia futuramente, mas só descobrira depois. Namjoon estendeu a mão para um barril de rum, mas Jeongguk o deteve:

— Rum não, apenas cerveja por favor. E para Elisa, limonada.

Namjoon serviu a bebida em uma barrica de três canecos de madeira. Acomodaram-se perto do balcão, e TaeHyung acendeu um cigarro, olhando para Jeongguk. E o imaginava como um príncipe da Coréia, com toda a sua personalidade arrogante e sorriso conquistador. 

Como um arrepio de excitação, sentiu o contato das coxas nuas dele contra as suas. Não queria beijá-lo naquele momento, desejava fitar seu rosto. Ele acariciou seus quadris. A mão de Jeongguk fechou em volta do seu pênis e ele deu um sorriso de alegria. TaeHyung se sentiu a ponto de explodir, porque foi apenas ali que notara que tudo era de fato real.

Jeongguk enlaçou seu pescoço e levantou as pernas para envolver a cintura de TaeHyung, que fincou os pés no leito do rio e sustentou o peso dele. Jeon se remexeu um pouco e acomodou-se em cima de TaeHyung; sentindo-o deslizar dentro dele com tanta facilidade que era como se os dois tivessem anos de prática.

A carne de Jeongguk era como óleo quente contra a pele de Kim. O calor, o beijo, o sorriso que então se tornou sério, assumido um ar de concentração. Jeongguk puxou o pescoço dele, fincando o próprio corpo, e deixou-o cair novamente, repetindo o processo várias vezes. Soltou um gemido gutural, os olhos quase fechados. TaeHyung observava seu rosto, fascinado.

Eu te amo — comentou Jeongguk, encarando a caneca de cerveja, sem realmente dar atenção à ela ou estar ciente do que TaeHyung estava a pensar. — Eu sempre te amei na verdade. Desde que te vi em Londres, machucando, eu soube que havia criado sentimentos questionáveis por você. Devo ter te desejado naquela época, antes de me casar. Mas nunca admitia para mim mesmo.

Eu te desejei em todos os poucos minutos em que te via. Você é magnífico, e me sinto um homem de sorte. Eu também te amo.

Jeongguk apontou para Sooni e sorriu.

Nos te amamos.

Na metade do cigarro, um homem entrou na taberna. Ele veio andando até onde Taehyung, Jeongguk e Elisa estavam sem realmente reparar neles, procurando nos bolsos o próprio cigarro, enquanto um grupo de forasteiros bebia do outro lado da taberna. O homem continuou procurando seus cigarros por pelo menos mais dez segundos, e quando TaeHyung estava prestes a se levantar — porque ouviu som de cascos de cavalo lá de fora e pensara em Hoseok —, ele olhou de relance e perguntou:

— Ei, me dá um desses? — apontando para o cigarro na ponta dos dedos de Kim. — Acho que perdi meu maço.

— Não. — TaeHyung respondeu, olhando diretamente para o seu rosto pela primeira vez. Não estava sendo grosso, mas a ideia de que Hoseok poderia tê-los alcançado tão rápido o deixava apreensivo.

Então, o homem olhou para TaeHyung, olhou mesmo, os olhos castanhos cravados nele como se tivesse acabado de perceber que o (ex) criado  não era uma planta.

— Eu te devolvo depois, cavalheiro — O homem argumentou, tentando não rir. — Um maço inteiro, se quiser.

— Como tem certeza de que me verá depois? — Agora, TaeHyung já havia esquecido dos cacos de cavalo lá fora, porque realmente não tinha importância: se Hoseok vinhesse, o mandaria para o quinto dos infernos e pronto. 

O sujeito disse, um pouco mais alto que o necessário, com a intenção de lhe fazer hesitar:

— Então porque simplesmente não me dá um cigarro?

TaeHyung também não entendia, mas achava engraçado. Virou completamente para encará-lo e pensou na pergunta por pelo menos dois segundos, mas, no fim, seu cérebro anuviado pela nicotina e álcool decidiu ir com a resposta mais fácil:

— Porque eles são caros.

Então, o homem sorriu outra vez para ele. Usava uma blazer escuro e uma calça jeans, tão simples que com certeza fariam com que TaeHyung se interessasse por ele se não estivesse apaixonado pelo rapaz ao seu lado, Jeongguk que observava tudo serenamente,  ou se soubesse que aquele homem era um dos herdeiros mais ricos da cidade.

E só então notou que aquele rosto não lhe parecia estranho, tampouco sabia de quem se tratava. TaeHyung ia abrir a boca, incrédulo, mas o homem lançou-lhe um sorriso tão caloroso que o calou.

— Seu nome é Kim TaeHyung e eu aposto um cigarro quer vou sim me lembrar do rosto de um pessoa que já escrevera uma carta para mim.

TaeHyung sorriu verdadeiramente pela primeira vez para ele, não porque ele sabia seu nome ou porque prometera lembrar do seu rosto — quer dizer, ele não podia se alegrar menos com isso —, mas sim porque tinha a resposta irônica perfeita que iniciaria uma conversa com o advogado londrino que o libertara das mãos de Hoseok. Deu-lhe finalmente um de seus cigarros, olhando uma última vez para trás. Voltar a se sentar ao lado do ruivo. E Jeongguk se aproximou tambem, bastante interessado.

— Kim Seokjin, eu não aposto cigarros, eles são muito caros.


Notas Finais


E Cravo & Canela chega, pela segunda vez, ao fim.

Bem, gostaria que comentassem o que acharam.

Talvez, este final tenha ficado com algumas coisas não explicadas. Mas é bom imaginar o que pode ter acontecido depois, né?

um beijão


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