História Crazy? Im not crazy. - O Primeiro Dia de Aula

Taeyeon’s POV

 

Ela iria partir, ela realmente iria partir e eu não poderia impedir isso. Não tenho o direito de interferir em seu futuro. Eu sei que o amor é importante, nunca disse que não era. Mas o amor sozinho não sobrevive, não sou cética, isto é real. Somos seres humanos, com sonhos e ambições, dentro de cada pessoa há um mundo.

 

Eu poderia desistir dos meus sonhos por ela, sim, a qualquer momento. Mas eu também sabia que ao fazê-lo eu também comprometeria nosso amor… A maior verdade que existe é que não podemos amar alguém sem nos amar primeiro. Nosso amor próprio sempre irá refletir no amor que sentimos por alguém. Quer um exemplo? Uma pessoa insegura, com baixa auto-estima, com pouco amor próprio jamais vai se achar merecedora do amor de outra pessoa, continuará a ser insegura e excessivamente ciumenta. Sentirá ciúmes de amigos do namorado (ou namorada), de seus hobbies, de tudo. A falta de amor que ela tem por si será a destruição do amor que ela tem por alguém. Estou mentindo? Olhe bem para dentro de si e me responda se estou mentindo.

 

Eu poderia desistir dos meus sonhos, mas eu nunca me livraria do “E se…” e eu a culparia por uma decisão que eu fiz sozinha… Eu poderia destruir meu amor a qualquer momento. Em uma briga qualquer jogaria-lhe na cara que desisti de tudo por ela… Faria chantagens emocionais… Em um momento de fraqueza me amaldiçoaria por não te seguido meus sonhos. Gente, sejamos realistas, é isso que acontece.

 

E desistir dos sonhos para ficar perto de alguém também implicava em certa falta de confiança, afinal teríamos que confiar uma na outra para ficar tanto tempo longe. Iríamos conversar todos os dias, a saudade maior seria a física apenas e essa é a que causa as traições por aí. Sério, quando uma pessoa trai outra, geralmente ela não está pensando no que pode conversar com ela… Não, está pensando em fazer sexo (na maioria das vezes, é claro). Quando a traição envolve o lado emocional, geralmente há um rompimento, pois envolve paixão… Uma pessoa apaixonada, normalmente, não é sacana de ficar com duas ao mesmo tempo.

 

Não achava que a Tiffany fosse me trair, muito menos que eu fosse traí-la. Desistirmos dos nossos sonhos não era bom para nenhuma de nós. Não é como se já tivéssemos uma carreira, uma vida. Não tínhamos nada… Desistir significaria em renunciar etapas necessárias em nossas vidas. Seguir nossos planos significaria pensar a longo prazo, pensar no nosso amor anos à frente. Esse era o certo.

 

A CalArts é simplesmente fantástica em termos de artes em geral, principalmente em animações, documentários e narrações dramáticas. Tiffany teria uma formação dos sonhos. Até eu já havia pesquisado formas de entrar lá para estudar Artes. Ela tinha inúmeros programas e eu queria participar de algum quando estivesse estudando Artes. Agora que ela conseguira estudar lá, eu faria todo o possível para participar de seus programas de Arte e assim conseguir ficar mais perto dela. Seria como um sonho se eu realmente conseguisse uma vaga em um dos programas… Um sonho. Vou conseguir, está decidido. Só preciso me esforçar bastante. Mas sem chance de eu consegui no primeiro ano… Calouros nunca têm muitas oportunidades. Aish!

 

Depois de quebrar a cabeça pensando nesses assuntos, decidi que eu deveria parar de perder tempo e usar cada segundo que restava para ficar com ela.  O problema era que sua mãe também queria ficar com ela o máximo de tempo possível e quem sou eu para querer me meter no meio disso? Depois do que ela me falou sobre sua relação com a mãe eu estava mais do que feliz por elas terem feito as pazes e estarem se dando bem.

 

Parei o carro em frente à sua casa, o motorista se ofereceu para botá-lo lá dentro, como sempre fez, eu deixo porque ele sempre insiste. É um cara legal.

 

Tiffany e sua mãe estão na área da piscina, elas estão deitadas pegando sol. Ótimo, não trouxe biquíni. Vou até lá, ela se levanta correndo e me abraça.

 

- Tae! Não sabia que vinha tão cedo. - fala ainda abraçada à mim. A mãe dela nos olha com interesse, me afasto automaticamente dela, vai que isso cause problemas, não é?

 

- Não dormi muito bem… Acordei muito cedo. - respondo.

 

- Vem, junte-se a nós, mamãe está falando uma história engraçada que aconteceu com ela no natal. - ela fala me puxando para onde sua mãe estava. Eu não conseguia deixar de me sentir como se estivesse atrapalhando, sabe? Atrapalhando o momento mãe e filha.

 

- Bom dia, Taeyeon. - diz a mãe dela. Está usando um maiô listrado super chique que até eu teria vontade de usar se fosse meu.

 

- Bom dia, senhora Hwang. - digo, depois me pergunto se está certo já que ela havia se divorciado. Ela não me corrige, então agradeço internamente por isso.

 

- Continue contando a história mamãe… - pede a Tiffany e ficamos mais alguns momentos ali na piscina (eu de shorts e uma camiseta preta com um SnowTrooper na estampa, vale salientar).

 

Tiffany, diferente de mim, se sentia muito à vontade em pegar em minha mão na frente de sua mãe, de me abraçar e de cochichar coisas em meu ouvido. Eu não sei se ela notava, mas eu percebia que sua mãe nos olhava de um jeito curioso. Não sei se é coisa de minha cabeça, mas eu tinha essa impressão.

 

Almoçamos ali fora, junto com sua mãe,  ela parecia ser uma mulher muito legal, sabe?! Independente, moderna, jovial… tinha até uma tatuagem no ombro. Era uma pequena borboleta. Tiffany olhava para ela cheia de admiração, realmente amava a mãe, o retorno da mesma parecia ter sido um ponto positivo.

 

Depois do almoço fomos ao seu quarto, eu e ela queríamos passar um tempo juntas. Assim que a porta se fechou, ela me abraçou forte e saiu me arrastando para sua cama, onde deitou-me de costas e deitou-se por cima de mim. É, parecia que ela também sentira minha falta. Em poucos segundos sua boca já tomara conta de meu pescoço e eu estava entregue ao seu desejo.

 

Menos de 10 minutos se passaram até baterem na porta, ela rapidamente saiu de cima de mim e aprumou as roupas. Fiz o mesmo, indo sentar-me na ponta de sua cama, ela ligou a tv em um canal de filmes e foi destrancar a porta. Era sua mãe.

 

- Vocês estão vendo filme? - perguntou olhando com interesse para dentro do quarto.

 

- Sim… - a Tiffany estava muito sem graça, imagino que seu rosto devia estar vermelho. - Quer ver também?

 

- Não… tenho que fazer umas ligações. Vim trazer isto. - ela fala mostrando uma caixa de chocolates.

 

- Omo! Valeu, mãe! - Tiffany agradece e lhe dá um abraço, sua mãe sorri ao gesto.

 

- Não vão comer tudo de uma vez, araso?! - pergunta e a Tiffany acena que sim. - Depois venho aqui falar com vocês.

 

Ela se retira e Tiffany faz menção de voltar a fechar a porta, mas para. Sua mãe voltara.

 

- Não precisa trancar a porta, seu pai nem está em casa hoje, somos só nós três. Deixe aberta, tá? Daqui a pouco volto aqui. - ela diz e meu olhar cruza com o dela. Neste momento me vem a certeza de que ela sabe ou pelo menos desconfia de nós.

 

Quando Tiffany volta para perto de mim eu pergunto.

 

- Você contou para ela sobre nós?!

 

- Não… Por quê?! - pergunta, servindo-se de um chocolate.

 

- Por nada. - respondo, em meu coração sei que estou certa, só não tenho certeza se isso é bom ou ruim ainda.

 

Passamos o resto do dia de mãos dadas, sua mãe vinha ao quarto ocasionalmente por motivos bem estúpidos, era como se estivesse cuidando para que não fizéssemos nada mais… ousado. Entende? Ao fim da noite, bebíamos chocolate na cozinha: a Tiffany, sua mãe e eu.

 

- O que você vai estudar, Taeyeon? - pergunta sua mãe.

 

- Já falei para você, mamãe. A Tae vai estudar artes. - Tiffany responde em meu lugar.

 

- Você gosta mesmo de Artes? - pergunta com interesse genuíno.

 

- Sim… - respondo, tímida.

 

- Isso é bom… quem sabe você não pode estudar na mesma faculdade da Tiffany depois que começar seu curso aqui? - ela diz, nesse momento senti um arrepio na espinha, era como se ela soubesse de todos os meus planos, como se estivesse sondando.

 

- Talvez… CalArts é um pouco concorrida… - respondo sem dar muitos detalhes… sem parecer muito interessada.

 

- Uma garota esperta como você deve conseguir… Tiffany ficaria muito feliz. - ela responde, sorrindo e levando a xícara de chocolate aos lábios.

 

- Sim! A Tae é fantástica, mamãe! - Tiffany diz,me deixando mais sem graça que antes.

 

- Estou vendo. - responde sua mãe, sorrindo.

 

- Acho que já vou… minha mãe está sozinha, ela não gosta que eu chegue muito tarde. - eu falo.

 

- Poxa, já? - fala a Tiffany decepcionada.

 

- A gente se fala amanhã. - eu digo sorrindo. Ela vem até mim e me abraça. Os olhos de sua mãe estão fixos em mim.  

 

- Boa noite, Taetae. - ela diz, alheia ao clima que está acontecendo entre nós e sua mãe.

 

- Boa noite, Fany-ah. - respondo. - Boa noite, Senhora Hwang.

 

No caminho para casa me pergunto quanto tempo vai demorar até a mãe dela falar a respeito comigo ou com a filha..

 

***

 

Meu primeiro dia de aula chegou rápido demais, acordei sem a mínima vontade de sair de casa. Não eram nem 6 horas ainda, o sol não havia nascido completamente e o friozinho da manhã castigava minha coragem para levantar e alimentava meu sono. Aish!

 

Levantei-me assim mesmo, morrendo de preguiça e fui tomar banho, minha mãe já havia acordado e me preparara um belo café da manhã. Eu tenho a melhor mãe do mundo… era uma pena que eu só enxergava isso agora. Eu estava com um buraco no estômago, talvez por ser este o meu primeiro dia, tenho histórico de ansiedade… Bem, o que de ruim poderia acontecer, né? O amor de minha vida já estava de malas prontas para ir embora… nada pior poderia acontecer.

 

Quando já estou indo para meu carro na garagem, meu celular vibra, chegou uma mensagem.

 

“Vamos senhorita universitária, sua motorista já lhe espera.” - Fany

 

Não entendi, que história era essa?!

 

BAM BAM

 

Alguém buzinou lá fora. Será que? Omo!  Vou lá fora e não me surpreendo ao ver um carro rosa estacionado em frente à minha casa e uma garota de cabelos pretos, excepcionalmente linda, acenar da janela para mim.

 

- Fany-ah, o que está fazendo aqui tão cedo?! - pergunto como uma boba indo em direção ao carro.

 

- Omo! Vim te buscar, vou te levar na aula. - ela diz como se fosse óbvio.

 

- Mas é muito longe… e eu tenho que ir de carro para poder voltar… - explico.

 

- Sou sua motorista hoje, eu te trago de volta. - ela diz sorrindo e imagino que seus olhos, por baixo daqueles óculos escuros, estão em formato de luas crescentes.

 

- Omo! - falo e devolvo o sorriso, dou a volta e sento-me no banco do carona. Ela me beija brevemente, um beijo de bom dia.

 

- Você é demais, sabia?! - digo quando já estamos no caminho.

 

- Sabia… - responde, sorrindo de lado.

 

- Babo! - falo dando uma tapa leve em seu ombro.

 

- Gostou da surpresa? - pergunta.

 

- Adorei… Mas, Fany-ah… O que você vai ficar fazendo enquanto eu estiver em aula? - pergunto, seria demais para ela esperar o dia inteiro.

 

- Vou dar uma volta na cidade, ouvi dizer que há ótimas lojas de livro por lá. Não se preocupe comigo, estudante. Tenho tudo planejado. Quando sua aula terminar você me liga e vou te buscar. Ah, ao meio dia vou te levar para almoçar.

 

- Omo, já planejou tudo mesmo. Só podia ser filha de grandes empresários mesmo… - ela ri com meu comentário.

 

Ela dirige calmamente até lá, o que me deixa feliz, geralmente ela gosta de andar  de pé enfiado. Quando chegamos, fico um tempo ainda no carro.

 

- Não tenha medo, Taetae. - ela diz, percebendo que fico ansiosa antes de coisas grandes assim.

 

- Não é medo… é só que… sei lá. - digo, ela passa a mão em meu rosto.

 

- Vai dar tudo certo. Vem cá. - ela me puxa, toca meus lábios com o seus brevemente. - Boa aula.

 

- Obrigada, Fany-ah. - digo saindo do carro.

 

- Ao meio dia estarei aqui, araso? - diz quando já estou me encaminhando ao prédio.

 

- Araso. - respondo sorrindo.

 

Era muito fofo isso dela. Literalmente estava aproveitando todo o tempo que nos restava. Entrei na sala e me assustei com o que vi.

 

- PROFESSOR JANG?! - digo em voz alta, as poucas pessoas que já tinham chegado olharam para mim, surpresos. O professor Jang, aquele do Castelo estava ali parado na frente da turma.

 

- Taeyeon. - ele diz sorrindo. Suas roupas continuam meio hippies e seu jeito ainda é charmoso, nunca imaginei encontrá-lo aqui. - Parece que nos encontramos outra vez.

 

Ele ensinaria História da Arte I, gostei de ver ao menos um rosto conhecido ali… Mas não parou por aí, por entre os inúmeros corredores, topei com um cara um pouco mais alto do que eu trazendo um violão nas costas: Donghae.

 

- Taeyeon! - ele exclama ao me ver. - Yoona não me disse que você ia estudar aqui.

 

- Omo… Também não me disse que você estaria aqui. - respondo. Nos abraçamos brevemente. Yoona e Donghae estavam namorando há poucos meses. Eu o via com frequência quando a visitava, o clima entre nós havia ficado mais leve com isso. Ele deixara o cabelo crescer e o usava preso em um mini rabo de cabalo.

 

- Perdido? - pergunto, curiosa, só hoje havia me perdido umas três vezes.

 

- Sim… Um veterano me disse que a sala 207 ficava por aqui, mas acho que ele está enganado…

 

- Não seja bobo, Donghae, os veteranos gostam de pregar peças nos calouros. Eu acho que a sala 207 fica no outro prédio, aqui só vi sala de número 400 para cima.  - falo para ele que parece decepcionado.

 

- Aish, já andei por esse lugar inteiro! Isso aqui está pior que as aulas de Educação Física da Boa, minhas pernas estão doendo de tanto subir e descer escadas. - tive que rir disso, ele realmente parecia acabado, ainda mais carregando aquele violão para todos os lados.

 

- Tudo bem, amanhã você já vai estar acostumado… - digo. - O que está estudando aqui?!

 

- Música… E você?!

 

- Artes.

 

- Está perdida também?! - pergunta.

 

- Não, não tenho mais aulas agora, estou só dando uma volta para ficar familiarizada com minhas salas da tarde. Estou esperando dar meio-dia para encontrar alguém. - falo sem querer dizer quem especificamente, os dois já tinham uma longa história de ódio e não queria que se encontrassem hoje aqui. Tiffany piraria ao vê-lo estudando na mesma faculdade que eu… Ela havia relaxado um pouco quando ele começou a namorar a Yoong, mas nunca superou o ciúmes que sentia dele.

 

- Ah, tudo bem. Acho melhor eu ir andando… Estou oficialmente atrasado. Foi muito bom te encontrar aqui, Tae. A gente se vê por aí.

 

- A gente se vê…

 

Aquele lugar era bem grande, adorei o estúdio de pintura e a biblioteca. A estrutura era ótima e o corpo docente também, grandes pintores coreanos se formaram ali, foi por isso que a escolhi. Mas agora, mesmo com toda essa estrutura ao meu dispor, tudo o que eu queria era passar em um programa de artes da CalArts, tudo para ficar mais perto dela.

 

Ao meio dia ela me pegou, seu carro estava cheio de sacolas.

 

- O que é isso, Fany-ah? - pergunto.

 

- Aqui também tem lojas de roupa ótimas, aproveitei para comprar umas coisas para a viagem, além de alguns livros que estava de olho há um tempo. - ela responde, animada.

 

- Você passou a manhã toda fazendo compras?! - pergunto surpresa.

 

- Não, também visitei um ponto turístico daqui, aquele templo budista. - ela aponta para uma máquina fotográfica. - Tirei ótimas fotos para você guardar este rostinho lindo no computador.

 

- Convencida! - digo e ela sorri.

 

- E como foi o primeiro dia de aula?!  - pergunta.

 

- Você não vai acreditar em quem ensina lá! - falo, animada. Ela olha para mim enquanto estamos paradas no sinal vermelho.

 

- Quem?!

 

- O PROFESSOR JANG!

 

- MENTIRA! - ela fala, está surpresa.

 

- Verdade! Ele me reconheceu e o cara é muito profissional! Não sabia que ele era doutor em História da Arte! Estou chocada até agora!

 

- Omo! Eu também, ele parecia ser apenas um hippie desleixado.

 

- Né?! Hahaha! - depois de alguns segundos eu resolvo arriscar. - Também encontrei o Donghae, ele está estudando música aqui.

 

Vejo ela apertar o volante com um pouco mais de força que o necessário e respirar fundo.

 

- Hm… Ao menos você tem dois rostos conhecidos aqui, agora posso ficar mais tranquila. - ela diz e meu orgulho dela infla de uma forma impressionante. Fico olhando para ela que nem uma boba, cheia de admiração. Ela percebe depois de um tempo.

 

- O que é?! - pergunta, ficando vermelha com meu assédio.

 

- Você é linda… - digo, ela fica mais vermelha ainda.

 

- Eu sei… - diz, sorrindo.

 

Chegamos a um restaurante bem diferente e tradicional.

 

- Disseram que os frutos do mar daqui são uma delícia. - ela diz, dando um sorriso sorrateiro. Ela adorava frutos do mar.

 

- Você REALMENTE planejou tudo. - digo.

 

- Claro. - ela responde, sorrindo.

 

O almoço estava uma delícia, a companhia também, vale salientar haha.  Ela me levou de volta à faculdade, onde eu teria mais duas aulas.

 

- Te espero aqui, Taetae. Estude direito! - fala como se fosse minha mãe.

 

- Araso, omma! - respondo brincando, antes de trocarmos mais um beijo carinhoso.

 

A cada segundo naquele lugar, gostava mais de estar ali. Não teve nenhuma aula que não tenha gostado, exceto a de filosofia, sinceramente, juro que vou tentar não dormir no futuro, mas provavelmente será difícil. Que aula chata! Mas tudo bem, o fato de que minha Mushroom me esperava, fazia com que minha tolerância à aulas chatas aumentasse bastante.

 

Quando a aula terminou, fui ao seu encontro, ela estava sentada em um banquinho, no pátio. Andamos juntas até o carro e então ela começou a dirigir de volta, silenciosamente. Quando chegamos à nossa cidade, ela foi até o shopping, paramos lá.  

 

- Agora é hora do nosso encontro. Que filme quer ver?! - falou ao entramos no shopping.

 

Passamos o resto da tarde e o começo da noite lá, assistimos a uma animação da Disney. Pude perceber seu esforço para ficar próxima,  ela estava tentando aproveitar todo o tempo que nos restava, acordara cedo, fora me buscar e agora estávamos aqui, em um encontro, fazendo coisas que normalmente nem fazíamos. Após o filme ela fez questão de me levar a um restaurante para jantarmos.

 

No fim da noite, eu e ela estávamos bem cansadas… Assim como eu, ela também acordara muito cedo, era uma rotina bem dura essa. Ela me deixou em casa.

 

- Obrigada, Fany-ah. - digo antes de sair do carro. Eu estou emocionada com tudo isso que ela está fazendo por mim e pelo fato de que eu sei que vou sentir falta dela antes mesmo dela partir. - Eu me divertir bastante hoje.

 

- Eu também, TaeTae. - ela diz e se aproxima de mim, colocando a mão em meu rosto e limpando a lágrima que não percebi cair de um dos meus olhos. - Vem cá.

 

Ela me beija de forma terna, devagar, como se tentasse gravar aquele momento em sua mente, sei disso porque eu estava fazendo exatamente isso. Sua mão acariciava a pele do meu rosto levemente e a minha fazia o mesmo no seu. Seu lábios saem dos meus e passam a beijar lugares diferentes, beijos suaves, ela encosta-os na minha bochecha, na minha testa, em meu queixo e sorri antes de tocar a pontinha do meu nariz e falar.

 

- Eu te amo muito. Cada partezinha sua quero levar comigo para lá. - ela diz sorrindo tristemente.

 

- Eu vou fazer de tudo , Fany-ah. Vou estudar mais que meus colegas, vou ter as melhores notas e vou me candidatar para um dos programas quando estiver no segundo ano. Eu vou conseguir, Fany-ah. Vou te encontrar lá. - essas palavras saíram sem permissão. Eram meus pensamentos, meus planos, mas ao olhar em seus olhos e ver tamanha saudade em seu interior, não pude me conter.

 

- Eu vou te esperar, Taetae. - ela diz, sorrindo ao ver meu entusiasmo. - Sua mãe está ali no portão.

 

Ela fala acenando com a cabeça, minha mãe esperava ansiosa para me perguntar como foi o dia. Ainda bem que o carro da Tiffany tem revestimento nos vidros.

 

- Amanhã venho te buscar denovo. - ela diz.

 

- Até amanhã, Fany-ah. - digo antes de lhe dar um selinho.

 

- Até amanhã, Taetae. Sonhe comigo. - diz, piscando.

 

- Você também! - respondo e saio do carro, indo de encontro à minha mãe para lhe contar como foi o meu dia maravilhoso.

 

No outro dia ela veio me buscar e no dia depois deste também. Tiffany foi comigo à Universidade até o dia de sua viagem e todas as nossas despedidas foram assim.