-Odeio a minha vida, sempre a mesma merda. -Jeffrey Woods resmungava enquanto arrumava a a sua cama de um jeito impaciente.
-Já devias de estar habituado, é sempre a mesma coisa. -Liu, o irmão mais velho respondeu num forma cansada, enquanto depositava uma caixa cheia de roupas no chão de madeira escura.
-Ainda por cima dormimos no mesmo quarto.
-Ei! Isso não é assim tão mau. -O mais velho diz endireitando a sua coluna que acaba por estalar devolvendo-lhe o conforto. Jeff apenas sorri e salta sobre a cama macia de Liu.
-Tens razão mano. Pelo menos...estamos juntos.
Jeffrey e Liu eram membros da família Woods, uma das mais ricas de Nova Jersey.
Eram conhecidos por serem populares em noticias e revistas da zona.
Era uma família que amava chamar à atenção.
Christina Woods, era conhecida por ser uma modelo da revista local.
A mesma ligava bastante à sua aparência e por se encaixar no "padrão ideal" da media.
Cabelos castanhos avelã, olhos azuis brilhantes, rosto fino e delicado, corpo curvilíneo.
Já Oliver Woods era um homem conhecido pela sua inteligência.
O mesmo era um empresário de sucesso nas redondezas.
Oliver era bastante exigente com a educação dos seus filhos Jeffrey e Liu.
Jeffrey era um rapaz educado e bem doce com todas as pessoas, além de ter um temperamento explosivo, ama entrar em brigas na escola, mas isso só ocorre normalmente ao proteger o seu irmão mais velho Liu.
O seu desporto favorito é Box, o mesmo trainava diariamente com o seu pai.
Normalmente o rapaz era calmo e bem simpático com tudo e todos.
Agora Liu, um rapaz calmo e que odeia se colocar em meio de brigas, ama ficar no seu canto a escrever ou até mesmo a ler um livro, ao contrário de Jeff, Liu não era muito social logo o mesmo não tinha um grande grupo de amigos.
Então o seu melhor amigo era o seu irmão mais novo Jeffrey.
-Ei Jeff, depois de arrumar-mos o nosso quarto queres dar uma volta na redondeza?
-Yes, aproveitamos e vamos à caça de uma loja de filmes e jogos, tenho compras em mente. -O mais baixo responde com um sorriso no rosto saltando seguidamente para fora da cama do mais velho.
A família Woods acabou por se mudar para o centro da cidade mais conhecida no mundo, Nova York, para ficarem mais perto da empresa de Oliver.
A empresa consistia em fabricar alarmes de segurança e outros dispositivos para tal função.
Como podem imaginar os jovem odiaram a decisão feita por seus progenitores, mas eles não poderiam lutar contra tal puder de decisão.
Logo tiveram que ir à força.
Acabando as arrumações, Liu e Jeff decidem se aventurar em Nova York na busca de analisar o terreno e caçar a tão desejada loja de filmes e jogos.
O tempo estava frio pois anteriormente avia chovido, mas isso não abalou os irmãos.
Após algum tempo os jovens avistam a tão desejada loja e juntos acabam por deixar as suas bicicletas no meio do estacionamento.
-Humm, a rapariga do caixa é bem gostosa. -Jeff diz com um sorriso enquanto analisa o pequeno estabelecimento.
-E lá vamos nós.
-Desafio-te a falar com ela!
-Isso não vai acontecer Jeffrey, porque não vais lá tu, pegador? - O mais novo apenas soltou um sorriso de canto.
-Vê e aprende Liu, vê e aprende. -Liu apenas se limitou a observar Jeff ir direto à mulher que aparentava ter os seus 17 anos. Mas em poucos segundos o mais novo volta de cabeça baixa.
-Então ela não se encantou com os seus olhos azuis senhor Jeff o pegador?
-Não sejas um idiota Liu. -Jeff diz num tom chateado, enquanto Liu ria bem na sua cara.
-Ei rapazes! Aquelas bikes são vossas? -A mulher pergunta e os olhos dos irmãos fitaram o estacionamento.
Na rua tinha um grupo de três rapazes.
Um Gordo, um magro e um magrela.
Eles montavam nas bicicletas dos dois jovens que correram logo para fora da loja indo diretos ao grupo.
-Ei...essas são as nossas bicicletas ... baza. -Jeff diz num tom alto enquanto fitava os olhos dos outros rapazes.
-HO desculpem, é que elas estavam tão sozinhas que viemos dar companhia para elas. -O magro diz com um sorrisinho para Jeff e Liu.
-Tudo bem, agora devolvam as nossas bikes e nós vamos embora. -Liu diz num tom calmo e logo caminha para perto da sua bicicleta. Mas é parado pelo rapaz mais gordo.
-Na na ni na não. Elas agora são nossas. -O gorducho diz com um sorrisinho de orelha a orelha.
-Essas bikes são nossas, devolvam antes que haja problemas para o vosso lado. -O rapaz de olhos azuis e cabelos claros diz num tom de raiva enquanto apontava para o rapaz obeso.
-Jeff ! -O irmão mais velho chama na tentativa de parar Jeff.
-Liu as bikes são nossas, não podemos abrir mão delas.
-As "vossas" bicicletas não estavam presas por correntes no estacionamento delas. Logo isso faz com que elas passem a não ter dono e...achado não é roubado. -Um sorriso macabro abre-se no rosto do rapaz magro. O mesmo caminha à ronda dos dois familiares que o observavam com raiva nos olhos. -Se vocês não querem arranjar problemas então vão embora e não digam uma única palavra.
-Não! Eu não vou embora porra nenhuma. -Jeffrey responde enquanto cruza os braços demostrando que não estava com medo mas sim com raiva. De certeza que se Liu não estivesse ali, o mesmo já teria partido para cima dos valentões, mas Jeff sabia que não poderia fazer nada pois perderia a razão.
-Fazemos assim, vocês devolvem-nos as bikes e nós vamos embora. -O mais velho diz de um jeito calmo enquanto caminhava até à sua bicicleta mas quando estava quase a pega-la, o rapaz mais gordo acerta um murro bem no rosto de Liu, fazendo o rapaz cair no chão com dor.
-Parece que o Troy quis começar com a brincadeira e nós vamos continuar. -O mais magrela diz enquanto brincava com um canivete suiço.
Jeff já avia visto de mais.
Aquele grupo só gostava de armar confusão, não eram muito chegados ao diálogo.
Eles bateram no rosto do seu irmão sem mais nem menos.
Uma sensação começou a escalar o corpo de Jeff, era algo diferente.
Era uma sensação pegajosa e densa.
Jeff sentia-se forte e poderoso.
Ele agora era diferente, conseguia comparar-se com um animal feroz a proteger a sua matilha.
Um sorriso largo instalou-se em seu rosto fazendo-o soltar uma pequena gargalhada maníaca.
-Então vocês querem brincar? -Rapidamente Jeff corre até Troy, depositando em seguida um soco no seu estomago, fazendo o rapaz gordo cair no chão. De seguida o rapaz magrela corre em direção a Jeff, tentando acertar uma facada na sua barriga, mas Jeff consegui desviar facilmente e logo deposita um soco em cheio no rosto do magrela, que cai-o no chão sem conseguir revidar.
Jeff senta-se mais rápido e mais forte do nunca.
A adrenalina corria solta no seu sangue, entregando-lhe um sabor doce e viciante.
Mas não era só isso, havia algo a mais a correr pelo seu corpo e essa sensação era como gelatina ou até mesmo petróleo que estava colado em todo o seu interior.
-Estás-te a rir do quê maníaco? - O rapaz magro, que aparentava ser o coração do grupo diz enquanto analisava o sorriso de orelha a orelha de Jeffrey. -O que é tão engraçado?
-A tua cara de medo. - A voz de Jeff sai roca e o quanto assustadora. Os olhos de Jeff analisavam cuidadosamente o seu oponente com o mesmo sorriso no rosto.
O mesmo começou a caminhar em direção ao rapaz.
A cada passo que Jeff dava o rapaz caminhava em sentido contrário.
O seu rosto expressava puro pavor e Jeff estava a amar ver o seu oponente tremer de medo.
-Okay, okay tu ganhas-te. Pega as bicicletas. -O sorriso de Jeff desaparece tão rápido quanto apareceu.
-Agora que eu estava a gostar disto.- O mesmo diz fingindo um ar triste enquanto acariciava os seus cabelos. -Tudo bem então, até mais. -Pelo canto do olho Jeffrey conseguia ver os outros dois rapazes voltarem a levantar-se com dificuldade, aumentando o seu sorriso cada vez mais.
-Jeff vem logo porra. -Liu chama enquanto segurava nas bicicletas, proto para voltar para casa, mas Jeff, Jeff continuava com o olhar frisado no trio de valentões com aquele sorriso. De repente, ao longe ouve-se sirenes, provavelmente de carros policiais. -Jeffrey Woods!
-Estou a caminho Liu, estou a caminho. -Rapidamente Jeff e Liu foram embora do estacionamento a caminho para casa.
-Randy eles estão a ir embora! -O rapaz magrela grita ao ver Jeff e Liu desaparecerem na estrada.
-Não te preocupes Keith, nós vamos encontrarmo-nos outra vez, e na próxima eles não se sairão a rir. -Randy diz com um sorriso e logo faz sinal para os carros da policia que apareciam em meio ao horizonte.
A viajem dos dois irmão foi feita no puro silencio.
Mas Jeff estava bem com isso.
Ele estava fascinado com a sua velocidade e força, ainda contendo o tal doce sabor na sua garganta.
A adrenalina desaparecia, pouco a pouco.
E aquela sensação de petróleo no seu corpo permanecia, era uma sensação fantástica, mas...ainda faltava algo que Jeff ainda não sabia o que seria.
Ainda faltava um ingrediente secreto para essa sua receita deliciosa de insanidade.
-Que merda foi aquela, eu posso saber Jeffrey? -Liu pergunta assim que chegam à rua de casa.
-Eu não sei. -Jeff responde com o olhar focado na estrada. -Mas foi fantástico. -As palavras seguintes são expelidas num sussurro inaudível por Liu mas que ainda rodavam na cabeça do irmão mais novo.
-Mas que porra! -Liu resmunga assim que se deparam com quatro veículos policiais estacionados à porta de casa.
-Então vocês decidiram aparecer. -Christina diz num tom raivoso enquanto assiste Jeff e Liu estacionarem as suas bikes na calçada.
-Quantas vezes nós temos que dizer para não provocarem problemas humm?
-Mas pai nós não... -Liu tenta argumentar mas é cortado pelo olhar de Oliver que o penetra como uma faca fazendo-o ingerir as palavras.
-Nós não tivemos nada a ver com isso, aquele grupo de deficientes mentais é que começou. -Jeff resmunga enquanto chega perto do seu pai. Uma sensação ódio começou a trepar pelo seu corpo, fazendo-o quase ranger os dentes.
-Jeffrey Woods maneiras à frente dos policias.! -Christina impõem, e logo Jeff olha para os policias.
-Nós fomos chamados por conta de uma denuncia, o senhor Liu e Jeffrey Woods, criaram uma briga de rua envolvendo os rapazes, Troy, Randy e Keith, por causa de umas bicicletas mal estacionadas. -Um primeiro policial diz enquanto escrevia em um bloquinho.
-Quem começou foram esses três.
-A moça da loja disse que vocês é que começaram, enquanto Troy, Randy e Keith estavam a arrumar as bicicletas no devido lugar como bons cidadãos.
O corpo de Jeff ardia.
Pelo facto do policial estar a proteger o grupo de valentões.
Mas o que mais o chateava era ver que os seus pais não diziam nada a respeito.
"UM pai normal iria tentar proteger os seus filhos...certo?"
Mas os de Jeff e Liu não.
Jeff já não os classificava como pais, pois pai é quem cuida, e nenhum deles cuidava de Jeff.
-Mas, pai, mãe o Liu está machucado! -Jeff disse na tentativa de ter uma prova. Mas Christina e Oliver ficaram ainda mais furiosos.
-Ainda por cima conseguiste fazer com que o teu irmão fosse magoado. Estás tão tramado rapaz. -Oliver dizia com ódio enquanto olhava para Jeff de cima a baixo.
Jeff odiava isso, era como o seu pai o chama-se de merda sem dize-lo.
Ele odiava ser analisado daquela forma.
-A próxima vez que isto acontecer eu terei que dirigir-vos para uma casa de correção. -O policial afirmou num tom alto e autoritário.
-Diga-me Sr.Roger você só está a protege-los por que fode com a mãe deles, não é mesmo "Sr. Official" -A voz de Jeff sai roca e num tom debochado.
Um sorriso brota no rosto de Jeff assim que nota o ar surpreso do oficial.
-Ou...algum deles é seu filho, se for deixe-me dize-lo que são todos uns filhos da puta.
-Jeff estás a piorar a nossa situação! -Liu diz enquanto segura o ombro do irmão que fitava os olhos do policial congelado por conta da resposta do mais novo.
-Liu, Liu, a nossa situação já está uma merda. Porque não piorar um pouco mais? -Jeff responde com um sorriso de orelha a orelha, enquanto a sensação de adrenalina corria em suas veias entregando-lhe novamente aquela sensação poderosa.
-Apenas para, assim nunca irão confiar em nós. Apenas pede desculpas e voltamos para casa. -As palavas são ditas em meio a sussurros calmos que tentavam arrancar Jeff dos seus pensamentos.
-Mas tu ensinaste-me a nunca abaixar a cabeça quando estamos certos.
-Mas às vezes é preciso faze-lo, agora fá-lo Jeff. -Liu inclina a cabeça para baixo e com uma mão obriga Jeffrey a fazer o mesmo. -Pedimos imensas desculpas pelo ocorrido, isso não se irá repetir.
-Espero bem que sim, pois eu estarei de olho em vocês. Tenham um resto de uma boa tarde.
-Pedimos desculpas pelo incomodo Sr.Roger. -Christina diz fazendo reverencia para o homem fardado.
Jeff estava com raiva, muita raiva, ele odiava quando as pessoas não acreditavam nele.
Oliver apenas apontou para dentro de casa obrigando os jovens a entrar na residência.
-Vocês só fazem merda mesmo, é só sair de casa que o Jeff bate nas pessoas e o Liu volta machucado para casa.
-O que a vizinhança vai dizer, vocês nunca pensão nas outras pessoas? Meninos nós acabamos de nos mudar, meu deus.
-Pensar nas outras pessoas, que irónico não é? Vocês nunca pensam em nós, só pensam na vossa reputação estupida.
-Jeffrey Woods vê como fala com a sua mãe!
-E Você Sr. Oliver, o policial é o quê para o Sr?
-O policial? Bem não é nada mas o pai do Randy é um grande apoio para a minha impressa, por isso Sr.Jeffrey Woods não faça merda, pois eu fazei de tudo para salvar a minha impressa.
-Chega de conversa, eu estou furiosa com vocês, AGORA vão dormir! -Christina dizia com o seu rosto vermelho de raiva.
Jeff e Liu subiram em silêncio até ao quarto.
A raiva ardia no peito do mais novo.
Era injusto, Era tudo injusto.
Eles não podiam contar com a ajuda dos seus pais para nada.
E isso o frustrava.
Como era possível?
Jeff apenas se embrulhou na sua cama e ficou ali no puro silêncio.
Liu olhava para o irmão com um sorriso meigo no rosto.
O mesmo sabia que Jeff era capaz de fazer de tudo para o defender.
-Jeff?
-O que foi?
-Obrigado irmão. -Jeff apenas limitou-se a sorrir docemente.
-De nada mano.
No Dia seguinte Christina e Oliver estavam sentados à mesa à espera dos dois irmãos.
Jeff notou o clima pesado que se formava na sala de jantar.
Eles iriam continuar com aquela conversa estupida.
-Bom dia mãe, bom dia pai. -Liu diz enquanto se sentava à mesa com um sorriso. Ao contrário de Jeff que continuava de cara fechada.
-Bom dia querido, hoje tens que fazer as malas, vais para a casa da tua tia Angeline.
-O quê, porquê? -Liu e Jeff perguntão ao mesmo tempo.
-Porque vocês juntos estão a dar muito trabalho, principalmente o Jeff. -Oliver diz enquanto dobrava o jornal, colocando-o seguidamente sobre a mesa.
-Então porque eu também não vou com o Liu? -Jeff estava furioso, eles iriam conseguir tirar a única coisa que o fazia sentir-se amado.
-Porque a vossa tia concorda. Vocês iriam aprontar bastante se voltassem para Nova Jersey e isso está fora de questão.
-VOCÊS SÃO OS PIORES PAIS DO MUNDO, EU ODEIO-VOS. -Jeff rapidamente saio da sala e correu para o seu quarto.
Com a raiva Jeff começou a partir algumas coisas.
Ele odiava os seus pais.
Eles sabiam que ele amava o irmão e mesmo assim queriam tira-lo.
Eles sabiam que eles são capazes de fazer de tudo para ficarem um ao lado do outro.
...
Horas se passaram depois do anuncio dos pais.
Liu estava agora na sala à espera da tia, enquanto Jeff decidiu ficar no quarto.
O mesmo recusava-se a se despedir do irmão, pois seria algo doloroso.
De repente Jeffrey ouve a campainha tocar e ai ele soube que Liu estava prestes a partir.
-Jeff o Liu vai embora, vem cá a baixo!
Jeff conseguia ouvir a voz da sua mãe a gritar no andar de baixo, mas ele não iria descer por nada.
Ele sabia que não iria aguentar ver o ser irmão partir sem ele.
O mesmo apenas limitou-se a ficar sentado no parapeito da janela e de lá observou o seu irmão desaparecer em meio à estrada.
O único sentimento presente no peito do jovem era um vazio.
Como se o único pilar sólido da sua mente aviam desmoronado
-Jeff, querido posso falar contigo? -O jovem apenas ignora a sua mãe que avia entrado no seu quarto sem bater na porta. -Bom eu estive a pensar e...hoje o Randy faz anos e eu gostaria que nós focemos à festa dele, ele convidou-te. -Os olhos de Jeff arregalaram. "Ele iria pedir desculpas?"
-Eu não vou.! -Jeff diz seco.
-Jeffrey eu sei que estás triste mas...mas se fizeres isto o Liu volta logo amanhã. O que me dizes?
Jeff sentia-se preso.
Ele teria que fazer uma decisão e o fruto dessa decisão era ter o seu irmão de volta.
-Eu aceito, mas faço-o e vou logo de volta para casa.- Um sorriso surge nos lábios da mulher.
-Como queiras querido.- A mesma apenas levanta-se da cama de Jeff e deposita um beijo na cabeça do rapaz. -Amo-te.
-Eu também mãe...
No Dia Seguinte...
Jeff e Christina caminhavam até à casa do aniversariante.
A mulher estava sorridente enquanto carregava umas bolachas feitas pela mesma, como se fosse um pedido de desculpas pelo ocorrido.
Jeff sentia-se a caminhar contra a sua vontade.
Ele realmente não queria pedir desculpa por algo que não foi a sua culpa.
Era algo estupido que o jovem não entendia.
A sua mãe preferia dar uma boa impressão às pessoas do que acreditar nos seus próprios filhos.
-Já estamos a chegar, coloca um sorriso Jeffrey. -Christina diz assim que nota o rosto trancado de Jeff. Logo em seguida a mulher toca à campainha e logo após alguns minutos a porta de madeira escura é aberta.
-Sejam bem vindos Christina e Jeff. -A mulher loira diz com um sorriso doce no rosto. -Entrem fiquem à vontade. -A mesma dá-lhes passagem para a sua sala. Christina apenas olhava para Jeff obrigando-o a dizer o prometido.
-Senhora eu peço desculpas pelo ocorrido, sobre a briga de rua. -Jeff disse enquanto entregava o saco de bolachas para a mulher de cabelos loiros.
-Que querido, muito obrigado Jeffrey. Mas ele está sempre a armar problemas. Tenho a certeza de que foi ele que começou. Mas se quiseres saber onde ele está, Randy está no quarto de jogos, é logo à frente das escadas no andar de cima. Até pode ser que vocês virem amigos.
-Okay, muito obrigada Senhora. -Jeff segui-o lentamente até às escadas e logo chegou no quarto de Randy.
O mesmo estava a jogar Mortal Kombat X enquanto se encontrava sentado no chão.
-Seja bem vindo maníaco. -Rendy diz com um sorriso assim que sente Jeff entrar no quarto.
-Olá fracote. -Jeff retruca com um sorriso no rosto.
-Queres jogar para perder?
-Desculpa mas quem vai perder és tu. -O de cabelos castanhos e olhos azuis diz enquanto agarra no comando.
-Até que não és tão horrível assim. - Randy diz com um sorriso.
-Acho que não és tão mau como pareces. -Jeff diz em voz alta para poder enganar os adultos que se encontravam no andar de baixo.
-A tua mãe também te obrigou a isto?
-Claro, eu não gosto nem um pouco de ti. -Jeffrey responde num sussurro.
-Ouvi dizer que o teu irmão está fora, se te portares bem pode ser que ele venha mais rápido.
-Chupa o meu pau Rendy.
Rendy apenas sorriu e observou o corpo de Jeff de cima a baixo.
-Gostas de Rock?
-Para um deficiente até tens bom gosto. -De repente Jeff é anunciado como vencedor após finalisar a sua jogada com um fatality murtal com o personagens Scorpion.
Após alguns segundos de silêncio ouve-se a porta principal abrir e logo ao olhar pela janela, as duas mulheres saírem para fazer alguma coisa, deixando os dois rapazes sozinhos.
Mas Jeff tinha um pressentimento estranho.
como se fosse algo a queimar nas suas costas.
Eles não estavam sozinhos, de certeza havia mais alguém em casa.
-Eu tenho que reconhecer, tu foste o meu melhor oponente. -Randy diz com um sorriso de orelha a orelha.
-Pena que não posso dizer o mesmo, já agora...quando é que os teus chupa rola vão sair do buraco deles? -Os olhos do rapaz arregalaram, como é que Jeff saberia?
-Já que fazes tanta questão. - De repente Troy, o obeso e Keith o magrela desnutrido apareceram ficando do lado de Rendy.
-Onde está o teu irmão? -Troy pergunta enquanto estalava os dedos com um sorriso estampado em seu rosto.
-Eu não preciso dele para nada. -Jeff responde com um sorriso, enquanto os seus olhos analisavam os seus oponentes.
-hooo e eu apensar que me ia divertir mais um pouco a partir o corpo dele. -Jeff trancou a cara ainda mais enquanto analisava o grupo de valentões.
Keith seria o alvo mais fácil, além de ter um bom manuseamento de facas e desse tipo de arma.
Troy seria meio complicado, mas nada que os murros estomacais não resolvam.
Agora Rendy...esse era estranho, Jeff nunca o tinha visto lutar, mas lembrou-se de todo o jogo de Mortal Kombat, e pela sua análise Rendy era o membro sádico do grupo, aquele que não se importa de matar para ganhar. Logo este seria o alvo mais perigoso.
-Irei gostar de te ver a gemer como uma puta assim que eu te colocar a mão em cima. -Keith dizia com um sorriso largo no rosto.
-A única puta que vais ouvir gemer é a tua mãe assim que eu a penetrar. -Jeff diz com um olhar sedento.
Keith acabou se sentindo ofendido pelo insulto e logo partiu para cima do rapaz, os outros não insistiram em faze-lo também.
O magrela tentava acertar facadas no corpo de Jeff, mas o mesmo conseguia se esquivar rapidamente.
A faca de Keith arranhou o corpo de Jeff e em poucos segundos Jeff consegue acertar um soco no seu queixo, fazendo o mesmo estalar.
O jovem num ato de defesa contra o seu próximo adversário pegou na arma do magrela e se protegeu contra Troy.
Troy gemia de dor por conta da facada que acertara a sua barriga.
Os olhos de Jeff analisavam o sangue escarlate que escorria ferozmente pela lamina metálica da faca.
Troy agora estava no chão, o mesmo tremia de dor e de medo, puro medo, enquanto Jeff ria incontrolavelmente.
Keith volta a levantar do chão frio, pegando Jeff pelo gorro do moletom branco como cal.
Jeff automaticamente lembrou-se das técnicas de defesa que o seu pai lhe ensinou.
Pegou no cinto das calças do magrelo e na sua gola da camisola e jogou o corpo do mesmo para o chão, fazendo Keith pedir por oxigénio.
-Então era esta...era esta a vossa força de que todos falavam? -O rapaz questionava enquanto olhava para os dois valentões estendidos no chão, esquecendo Rendy completamente.
A sua voz estava rouca e profunda, a sua garganta ardia, mesmo que Jeff não tivesse percebido. Os seus olhos estavam insanos, as suas pupilas estavam quase sumidas no azul dos seus olhos assustando os dois valentões.
Rendy abriu a gaveta do seu quarto, retirando uma garrafa de whiskey e uma caixa de fósforos.
Jeff ainda estava vidrado no sangre que escorria nas suas mãos.
"Como ele nunca avia sentindo tal coisa?"
Rendy tinha um plano macabro em mente.
Ele via Jeffrey como uma praga que teria de ser aniquilada pela raiz, uma espécie erva daninha.
Os olhos de Troy arregalaram assim que viram o que Rendy tinha na mão.
-EU não queria estar aqui, eu fui obrigado a faze-lo, Rendy é o cérebro de todo o esquema. - O rapaz gordo expelia medo e Horror total.
Jeff ia responder mas logo recebe o chute de Rendy, fazendo o mesmo cair no chão.
O rapaz mais alto tentava acertar golpes com a garrafa de vidro, Jeff protegia-se dando chutes no mais alto mas Rendy acabou partindo-a na cabeça de Jeff, fazendo o mesmo ficar desnorteado e ensopado de álcool.
Jeff ficou chocado ao se aperceber o que o seu aderversário tinha na mão.
Um fósforo aceso.
A chama do mesmo fascinava Rendy, que analisava a pequena chama detalhadamente.
-Pergunto-me Jeffrey...qual será o teu maior medo? -Jeff não respondeu.
O mesmo estava ajoelhado no chão, tentava focar o seu olhar no de Rendy, mas a sua cabeça estalava.
A sua vista estava embaçada, a sua cabeça rodava e juntamente apareceram as tonturas.
Jeff colocou a mão na cabeça e notou que o seu ferimento sangrava e aparentava ser profundo.
-Eu tomei a liberdade de definir a sua morte...no que me dizes?
-Chupa o meu pau Rendy.
Jeff puxou o corpo de Rendy para tentar apagar a chama, mas o mesmo esqueceu-se que todo o chão e principalmente as suas roupas.
A a pequena chama se transformou em um ser esfomeado assim que se juntou com o álcool do chão e do corpo de Jeff.
Rendy estava chocado, ele não pensava mesmo em matar Jeff, ele só queria ver o jovem se render aos seus pés.
Mas a história não tomou esse rumo.
-Desculpa,...,-Randy gritou ao ver o corpo de Jeffrey se consumido pelas chamas .
Jeff sentia cada pedaço do seu corpo arder.
A única coisa que o mesmo conseguia ver era o vermelho alaranjado das famas.
Os gritos de dor de Jeff percorriam toda a casa que pouco a pouco também era consumida, pedacinho a pedacinho.
Jeff só sentia dor, medo, mas ... havia algo mais, a adrenalina não avia saído do seu corpo deixando o corpo do mesmo dormente.
Jeffrey tentou rebolar no chão, mas não surgi-o quaisquer efeitos.
O fogo continuava a queimar tudo à sua frente.
Após alguns segundos Jeff ouve os gritos de mais pessoas, Keith e Troy também queimavam em meio às chamas.
Surpreendentemente um sorriso brotou no rosto de Jeff, que parou temporariamente de gritar só para os poder os berros medonhos de dor e sofrimento.
Rendy só teve tempo de correr para fora de casa deixando os seus colegas e Jeff no interior.
O mesmo gritava por ajuda chamando a atenção da vizinhança.
Os bombeiros chegaram logo minutos depois.
A casa de madeira queimava por completo.
Os pais dos adolescentes foram chamados para o local.
O corpo de Troy e Keith foram encontrados sem vida, já Jeff estava desmaiado, o mesmo foi colocado pelos médicos numa cama de hóspital.
Duas semanas se passaram, e o jovem Jeffrey Woods estava em coma.
Ninguém sabia quando ele iria acordar, mas chutaram que por volta de dois a quatro dias o mesmo já estaria acordado.
-Liu, podes ir buscar um copo de água para a tua mãe? -Oliver pede enquanto olhava para seu filho com um ar triste.
Liu retira-se do quarto, deixando apenas Christinha, Oliver e o médico.
-Como ele vai ficar doutor? -A mulher perguntava com um ar trémulo.
-O Jeff deverá acordar daqui a alguns dias, nós estamos a fazer o nosso melhor ao limpar todos os ferimentos do paciente. Logo ele irá estar em casa não se preocupe.
-Não é isso, como ele vai ficar doutor?
-Eu já disse, ele vai ficar bem, estamos a dar o nosso melhor...
-Não, eu falo do rosto dele, como vai ficar o rosto dele. Ele deve estar desfigurado, eu gostaria de saber como vai ficar o rosto do meu filho. -A mulher dizia em meio às lágrimas.
-Senhora, você não deveria de pensar nisso. Já foi um milagre ter encontrado Jeffrey com vida, é verdade que o seu rosto possa estar desfigurado mas, o que importa é a saúde do paciente. Vou ser honesto, as queimaduras foram graves e claro se o Jeff quiser...ele poderá optar por fazer uma cirurgia plástica, mas isso só cabe a Jeffrey escolher e não à Senhora. -O médico dizia com um leve tom de raiva na sua voz.
-O senhor pode nos deixar a mim e ao meu marido a sós, por favor? -Christina questionou assim que limpava as suas lágrimas, com cuidado para não burrar a maquilhagem. O médico faz o que a mesma pediu e logo se retirou do quarto.
-Ele não pode ficar desfigurado, o que as pessoas vão dizer?
-O que importa é a sua saúde querida.
-Não Oliver tu não entendes, a nossa reputação está em jogo. Nós vamos ser reconhecidos por criar um mostro, o Jeff tacou fogo a si mesmo, entendes a gravidade da cituação ? -Oliver suspirou, fechou os olhos por alguns segundos.
-O Jeff tem que ser internado, isto foi um quase suicídio, a sua sanidade tem que ser tratada.
-Nós estamos a conviver com um mostro, ele quase matou o Rendy, ele matou pessoas Oliver!!!
Eles continuaram a falar mal do próprio filho por longos minutos.
Mas o que eles não sabiam era que Jeff já estava acordado.
O mesmo avia absorvido cada palavra como uma esponja.
O ódio começava a crescer no peito do jovem.
"Como poderiam acreditar no merda do Rendy mesmo depois de tudo? Ele quase morreu e mesmo assim...não ligaram a mínima."
Jeff decidi-o continuar imóvel por mais algum tempo para ouvir a conversa dos seus pais.
(Dias depois)
Hoje era o dia em que Jeff iria voltar para casa.
E como diariamente acontecia, a enfermeira vinha mudar as suas ataduras e claro conferir se tudo estava bem.
Jeff gostava dela, a mulher não ligava para a sua aparência, ela dizia coisas engraçadas e cudava dele com carinho.
-Vou tirar as ataduras, tudo bem?
-Sim.
A mulher começou a retirar delicadamente as ataduras brancas, eu sentia elas descolarem do meu rosto dando um efeito satisfatório.
Após a remoção das ataduras, a mulher continuava com o mesmo sorriso no rosto, com um gesto dócil a mesma acariciou o meu rosto como se analisa-se cada pedaço.
-Tens sorte, o teu corpo cicatriza muito bem Jeff.
-Posso ver? -A mulher olhou nos meus olhos e logo esboçou o tal sorriso doce.
-Claro, queres que chame os teus parentes?
-Não, eu quero ter um momento sozinho.
-Compreendo, irei buscar um espelho, volto num instante. -A mulher chegou rapidamente após a sua saída com um pequeno espelho na mão. -Aqui o tens.
Um sorriso surge nos meus lábios ao ver o meu novo eu.
A minha pele estava mais pálida, quando toquei na mesma, a pele que antes era macia tinha-se tornado áspera como coro.
Os meus cabelos estavam negros e secos.
Haviam algumas marcas de queimaduras no meu rosto, mas no geral...eu estava ótimo.
Jeff fitava o espelho por longos minutos com um sorriso no rosto.
-O que achas? -A enfermeira perguntou enquanto olhava para Jeff curiosa.
-Está melhor do que eu pensava.
-Boa, então acho que fiz um bom trabalho a cuidar de ti. -Jeff apenas limitou-se a sorrir com o espelho nas mãos. -Bom agora se não te importas eu tenho que voltar a colocar os curativos. -O jovem apenas confirma positivamente e logo o seu rosto é tapado pelas ataduras limpas de algodão.
(Algum tempo depois.)
A volta para casa era feita no puro silêncio.
Só se conseguia ouvir o som do motor.
Jeff olhava para o seu reflexo estampado no vidro do carro.
Liu limitava-se a olhar para o irmão com um sorriso no rosto.
A felicidade enchia o seu peito por ver o seu irmão voltar para casa bem.
O mais velho não ligava para a nova aparência de Jeff, o que o mesmo queria saber era como o seu irmão se sentia.
Liu não sabia, mas Jeff sentia-se fantástico.
Ele tinha-se tornado o que os seus pais não gostavam.
Ele amava o seu novo rosto, Jeffrey amava ver a cara de desespero que a sua mãe fazia ao ver a sua cara.
Um sentimento preencheu o seu peito como peças de um puzzle.
Era algo acolhedor, algo quente e reconfortante.
Quando a "família" chegou a casa, os mesmos aviam planeado uma pequena festa pelo regresso de Jeff, Pizzas, filmes, pipocas, bebida maioritariamente Coca-Cola, bebida favorita do mesmo.
Liu passava o tempo a rir com o irmão, o mesmo não queria falar do ocorrido pois achava que Jeff poderia ficar triste, mas o que o mais velho não sabia era que esse era o assunto favorito de Jeff.
Jeff não se importava de dizer o quanto amou ouvir os gritos de horror dos dois rapazes que queimavam até à morte.
A sanidade de Jeff estava quebrada e o único que o fazia se sentir bem era o seu irmão.
-Jeff queres assistir o quê? -Liu perguntava enquanto assistia aos pais subirem as escadas para irem descansar, deixando os dois jovens sozinhos.
-Friday The 13, o tal filme do assassino Jason. -Liu simplesmente apagou as luzes da sala deixando um clima de filme de terror.
-Ei...Jeff.
-Sim?
-Eu amo-te irmão. - Jeff apenas surrio docemente.
-Eu também Liu, és o meu melhor amigo e sempre vais ser.
O resto da noite seguiu-se calma.
Liu encontrava-se no quarto a dormir com os seus fones de ouvido, um habito natural do mesmo.
Já Jeff...encontrava-se perplexo a olhar para o seu reflexo.
Aquele sorriso assustador no rosto, mas logo as memórias vieram à superfície da sua mente ocupada.
Jeff conseguia ouvir os seus pais a falar mal da sua aparência, diziam estar assustados, incomodados com a sua presença.
Quando o jovem volta a se olhar ao espelho, o seu sorriso avia desaparecido, uma pequena lágrima escorria pelo seu rosto agora pálido.
As mãos de Jeff começaram a tremer e agora lágrimas grossas passavam pelo seu rosto.
Ele não sabia o porquê de estar assim.
"Sorriso"
Esta foi a única coisa que estava em sua mente, essa parecia ser a resposta para todos os seus problemas.
Jeff sentiu um sorriso se formar em seu rosto, a adrenalina começou a escalar por todo o seu corpo.
Jeffrey sentia como se o seu corpo se arrasta-se pelos corredores escuros da casa.
Entrou na cozinha e pegou numa faca, com um pequeno golpe na sua mão, o jovem viu o quanto a mesma era afiada.
-Perfeito. -As palavras saem num sussurro rouco, pesado e frio.
Jeff dirigiu-se de volta para a casa de banho/ banheiro e voltou a fitar o seu reflexo.
Christina acordou com uma pressão em seu peito.
Em meio ao silêncio dava para ouvir leves choros e gemidos.
A mulher saio do quarto em passos curtos.
"Quem poderia fazer barulho a esta hora da noite?"
A sua audição levou-a ao corredor iluminado pela luz da casa de banho/ banheiro.
-Jeffrey, já são uma da manhã meu amor, volta para a cama. -Jeff estava inclinado no lavatório de costas para a porta.
Os olhos de Christina arregalaram assim que fitaram o rosto de Jeff, o seu rosto pálido estava esculpido com um sorriso enorme, de orelha a orelha, os seus olhos azuis estavam com lágrimas que se espalhavam pelo resto do rosto, o seu cabelo agora negro estava despenteado e caia levemente sobre o seu rosto.
-Olá mãe, olha o que eu fiz...não estou bonito? .O jovem perguntou ao ver a sua mãe bem atrás dele.
O corte de Jeff sangrava cada vez mais quando ele falava, dando uma visão de um filme de terror.
-Eu vou chamar o teu pai, assim ele também pode ver o teu lindo sorriso.
As palavras sairão trémulas, o seu corpo estava dormente, as suas mãos gelaram.
Christina Correu para o quarto e logo começou a acordar Oliver.
-Querido, acorda. Pega na arma. -A mulher dizia repetidamente vezes sem conta enquanto cutucava no corpo do marido.
-O que se passa? -O homem perguntou e logo frisou nos olhos chorosos da esposa.
-O Jeff está com uma faca... -As lágrimas tomaram conta do seu rosto por completo.
Um barulho se fez presente bem atrás da mesma...era Jeff com a faca ensanguentada e com aquele sorriso esculpido no rosto.
-Mãe, eu a pensar que tinhas gostado do meu novo rosto, afinal...tu mentiste. -Jeff dizia fingindo um ar triste e decepcionado. -Tu sempre ligaste mais às aparências do que dos teus próprios filhos. -Jeff caminhava lentamente em cada palavra que saia dos seus lábios.
-Eu fiz isso para o vosso bem... -A mulher tentava falar em meio ao soluços desesperados.
Oliver, secretamente tentava achar a sua arma que sempre se encontrava na sua cabeceira, mas...
-Nananina não paizinho...procuras por...isto? -Num gesto calmo Jeff retirou a arma do seu bolso e a levantou no ar. -Parece que são mesmo os piores pais de sempre.
Jeff voltou a sentir aquela sensação quente e pegajosa consumir o seu corpo de mãos dadas à adrenalina que corria solta nas suas veias.
Um sorriso brotou no rosto de Jeffrey Woods de uma forma maníaca.
-Vocês queriam me internar... -Os olhos de Jeff pesaram sobre o corpo de Oliver.
-Filho...
-Cala a boca. -Uma facada é acertada na cama, furando os lençois e os cobertores da mesma. -CALA A PORRA DA BOCA...
-Tu sempre foste um rapaz assim, impulsivo... -O sorriso de Jeff abriu ainda mais.
-Eu disse...-Jeff move-se rapidamente até ao corpo do seu pai e começa a apertar o pescoço do mesmo. -CALA A PORRA DA BOCA. -Cada palavra expelida por Jeff era seguida de uma facada que cortava e espetava o corpo do homem vezes sem conta.
As gargalhadas do rapaz preenchiam o quarto e possivelmente a casa.
O sangue manchava os lençois brancos, tornando-os de um vermelho vibrante.
Christina olhava para a cena horrorizada, os seus olhos focaram no corpo de Oliver, agora sem vida.
Jeff analizava o seu novo alvo.
-E tu mamã? Como é que dizias?...Haaa...já sei, "O rosto do Jeff deve estar desfigurado, como serei vista pela sociedade assim, com um filho feio?" -Jeff dizia tentando imitar a voz da sua mãe, que apenas chorava de pavor e se engasgava nas próprias lágrimas.
-Eu amo-te....
-Não, eu sei quando estás a mentir mãizinha. Eu ódeio mentiras. -As palavras saiam num tom alto que fazia o corpo de Christina tremer até aos ossos. -Lembras-te do que disses-te quando o Liu tentou contar-te a verdade ?
Os olhos da mulher arregalaram assim que viram o brilho da faca de cozinha.
-Jeff...
-Tu disses-te...-Jeff sorri mais uma vez e com uma das suas mãos segurou os braços da sua mãe. -Vai dormir.
Liu continuava a dormir tranquilamente ao som das suas músicas favoritas.
Já o mais novo caminhava em direção ao quarto do irmão.
A faca estava na sua mão, o seu moletom branco agora manchado com o vermelho vibrante do sangue escarlate, as suas calças pretas encharcadas do mesmo liquido.
Jeff sentou-se à beira da cama de Liu e segurou a sua mão.
-Jeff...? -O rapaz dizia com uma voz insonada quase sem abrir os olhos.
-Liu...eu...amo-te muito irmão, muito mesmo, perdoa-me por tudo mas foi pelo teu bem.
-Jeff, se for sobre o dia das bicicletas, escusas de pedir desculpas pois eu faria o mesmo por ti. Agora vai dormir. -Liu apenas voltou a colocar os seus fones de volta. -Jeff...eu também te amo muito irmão, agora boa noite...dorme bem Jeffrey. -Com estas palavras o mais velho voltou a adormecer tranquilamente.
Jeff sem fazer barulho agarrou na mochila da escola e colocou pares de roupa, facas, escova de dentes, pasta e escreveu uma pequena carta de despedida para Liu.
Após isso Jeff saio pela porta de casa para nunca mais voltar.
(Continua...?)
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