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História Creepypastas - O Melhor Psicólogo


Escrita por: _AliceZoss_

Capítulo 25 - O Melhor Psicólogo


Quando eu tinha doze anos, cheguei a conclusão que todas as pessoas no mundo, incluindo minha família, estavam contra mim. Nunca fui uma criança problemática, mas meus pais me tratavam como uma.


Por exemplo, sempre precisava estar em casa antes das cinco da tarde. Isso reduzia drasticamente minhas "horas de brincar" fora de casa. Não podia receber amigos em casa, nem podia ir para a casa de ninguém. Tinha que fazer meus deveres direto quando chegasse em casa, não importava o quanto levasse. Meus pais se recusavam comprar vídeo games para mim e me forçavam ler livros e depois escrever um resumo para provar que tinha lido de verdade.


Mas chega deles, vamos falar sobre o psicólogo da minha escola. Para a privacidade dele, trocarei seu nome para Dr. Tanner. Como na maioria das escolas particulares, um psicólogo sempre está disponível no horário de aula para ajudar os alunos com qualquer necessidade que seja emocional, acadêmica, social, de comportamento, etc.


Para ser honesto, nunca tinha visto nenhum aluno conversando com Dr. Tanner. Todos os dias eu passava pelo escritório dele quando estava indo para o refeitório e olhava pela pequena janela da porta. Ele sempre estava sozinho lá, lendo ou escrevendo em alguns papéis.


Acredito que a maioria das crianças tinha medo de falar de seus problemas com um adulto que era praticamente um estranho. Por isso, me levou três semanas para juntar coragem o suficiente para ir até o escritório dele. 2 de Março de 1993 foi a data que decidi falar de meus problemas para o Dr. Tanner. Durante o intervalo, fiquei na frente de seu escritório e bati na porta.


Pela janela, vi ele levantar a cabeça, sorrir e fazer um gesto para que eu entrasse. Entrei.


Me deu boas vindas, se apresentou e perguntou meu nome. Dr. Tanner era um homem que falava manso, que parecia irradiar bondade. Em menos de trinta minutos, discorri sobre como meus pais era ruins comigo e como não ligavam para mim. Depois de um tempo minha voz começou a tremer e parei de falar. O psicólogo ouviu pacientemente toda minha lenga-lenga, braços cruzados e concordando com a cabeça. Esperava que ele começasse a falar como tudo que eu acabara de dizer era mentira, que meus pais me amavam e blábláblá. Mas ele não disse.


Dr. Tanner se curvou em minha direção com um sorriso no rosto e disse "Sabe... Eu sou o melhor psicólogo escolar do mundo. Prometo que concertaremos isso."


Revirei os olhos. "Okay, mas como?" Perguntei.


"Tenho o meu jeito!" ele respondeu. "Sou um homem de palavra. Prometo que dentro de um mês, a relação entre você e seus pais vai mudar para melhor. Pra sempre."


Depois de uma pausa breve, continuou; "Mas você tem que me fazer uma promessa. Tem que prometer que voltará ao meu escritório depois da aula amanhã e não contará a ninguém que tivemos essa conversa hoje. É o nosso segredinho."


Prometi.


~


No dia seguinte, retornei ao escritório de Dr. Tanner depois da escola. Era por volta das quatro da tarde quando entrei. Depois de calorosas boas-vindas, pediu para que eu sentasse na frente de sua mesa mais uma vez.


Enquanto sentado, assisti ele fechar a cortina da janelinha da porta. "Pronto," ele sorriu, "agora temos a privacidade que precisamos!".


Começamos a conversar sobre meus gostos e interesses, minha matéria preferida na escola, os professores que menos gostava e coisas desse tipo. Uma hora de conversa depois, Dr. Tanner me ofereceu um refrigerante.


Aceitei com felicidade, pois meus pais nunca deixavam eu tomar refrigerante. Dr. Tanner foi até seu frigobar e vasculho até voltar com duas latinhas abertas de refrigerante.


Depois, continuamos a conversar sobre o que estava acontecendo na minha vida mas não demorou muito para que eu desmaiasse com seja lá que droga ele colocara na lata.


~


Demorou alguns segundos para que minha visão voltasse ao normal quando acordei...


...E quando voltou, não sabia o que pensar.


Eu estava amarrado em uma cama com a boca tapada por fita isolante. Imediatamente comecei a entrar em pânico - me mexendo e lutando contra as algemas - mas desisti logo em seguida.


Meus olhos se arregalaram enquanto eu olhava o quarto em volta. Haviam pôsteres de super heróis nas paredes e também de atletas famosos. No meio do quarto tinha uma televisão e um Super Nintendo, vários jogos espalhados a sua volta.


Não sabia no que pensar. Aqui estava eu em um quarto cheio de coisas que crianças da minha idade adorariam brincar. Provavelmente teria chorado de felicidade se não estivesse algemado e amordaçado.


Meu estomago gelou quando a porta se abriu e Dr. Tanner entrou. Ele sentou no canto da cama.


"Ouça," ele disse, "lembre-se que eu estou aqui para te ajudar e nunca te machucaria, ok?"  Dr. Tanner gentilmente soltou minhas algemas e tirou a fita de minha boca.


Meu primeiro instinto devia ter sido chorar, mas algo sobre Dr. Tannner me fazia sentir seguro. Ele sorriu pra mim. "Você vai ficar aqui por algum tempo," continuou, "e durante esse tempo, você está permitido brincar com qualquer brinquedo nesse quarto enquanto eu estiver em casa."


"Mas quando eu sair, preciso de algemar de novo na cama. Você pode assistir a TV, mas quero que só veja as noticias quando eu estiver fora."


Fiquei sentado em silêncio, tentando processar a informação que havia me dado.


"Então!" Dr. Tanner sorriu de orelha a orelha, me dando um tapinha no joelho. "Vá em frente e jogue a vontade. Voltarei na hora do jantar."


Ele se levantou da cama, andou pelo quarto e ligou a TV antes de sair e trancar a porta atrás de si.

Vários minutos passaram até eu perceber que ele não estava brincando. Tudo que me restava era ligar o video game e ficar jogando Mario até a noite começar a cair.


Por volta das seta da noite, Dr. Tanner voltou para o quarto carregando dois pratos de purê de batata e frango. Finalmente tomei coragem de perguntar para ele quanto tempo eu ficaria ali no quarto. "Bem, por volta de um mês," ele respondeu, "algumas semanas. Só preciso trabalhar em uma coisa."


~


Na manhã seguinte acordei com Dr. Tanner dando tapinhas na minha cabeça. "Hey amiguinho, você não precisa acordar agora se não quiser, mas preciso colocá-las de volta", ele sussurrou enquanto me algemava.


Olhei para ele. Estava usando uma camisa social, com um casaco jogado por cima de seus ombros e segurando um terno nos braços. Estava exatamente como eu sempre o via na escola. Antes de sair, ele colocou o controle remoto perto de mim e me falou para assistir ao jornal.


A primeira coisa que vi quando liguei a TV foi uma manchete de "Notícias de última hora". Um policial que parecia ser importante estava em um palanque rodeado de pessoas. Comecei a ver na metade de seu discurso.


"Um aviso para todo o estado foi enviado essa manhã. Temos diversos investigadores trabalhando em identificar sequestradores em potencial, mas até agora não existem muitas evidências. Membros do corpo docente informam ter visto o menino por volta das cinco da tarde na-"


Comecei a me sentir enjoado quando uma fotografia minha apareceu na tela. Era uma foto que tirara no colégio no ano anterior. Na legenda da foto apareciam meu nome, idade, escola e cidade. Acima da foto dizia em letras maiúsculas: FBI COMEÇA A PROCURAR POR CRIANÇA e SUSPEITO DE SEQUESTRO DESCONHECIDO e FUGA POSSÍVEL.


A filmagem ao vivo continuou e logo reconheci minha mãe e pai subindo no palanque. Os dois pareciam estar com os olhos vermelhos. Lágrimas corriam pelo rosto de minha mão quando pegou o microfone.


Nunca havia visto muita emoção vindo de minha mães antes dessa vez na televisão, gaguejando frases como "por favor, devolva meu bebê para mim" e "Me perdoe" e "Por favor, volte para casa".

Quando meu pai pegou o microfone, esperava ver sua atitude de coração de pedra, mas ele também estava com lágrimas nos olhos. Implorou para que retornassem seu filho e depois pediu meu perdão! "Sei que não tenho sido o melhor pai do mundo, mas eu queria ter sido agora. Por favor, devolva nosso menino."


Desliguei a televisão logo depois disso. Minhas emoções eram contraditórias. Nunca antes na vida havia visto meu pai chorar.


Me sentia mal por meus pais estarem passando por isso, mas ao mesmo tempo estava aliviado. Agora eu sabia o quanto minha mãe e meu pai me amavam.


~


Quase quatro semanas passaram e Dr. Tanner estava me tratando com muito respeito. Ele saia de manhã me deixando algemado na cama, voltada a tarde para almoçar e jantar, conversar e brincar comigo. Nunca teria adivinhado que Dr. Tanner era tão bom com Jogo da Vida e Banco Imobiliário.

Mas em uma manhã Dr. Tanner me acordou antes de ir para o trabalho, e notei um tom urgente em seu rosto. Percebi também que eram três horas antes do que geralmente me acordava.


"Você precisa ver o jornal hoje. Sem exceção. Quero que fique com a TV ligada o dia todo e preste muita atenção," disse sombriamente.


Eu, claro, concordei e o vi sair do quarto.


Duas horas depois, uma manchete de notícia de última hora interrompeu um comercial de pasta de dente que eu estava assistindo. O título:


RESTOS HUMANOS ENCONTRADOS


Dois homens sérios em ternos estavam um do lado do outro e um começou a falar:


"Estamos tristes em trazer notícias tão devastadores nessa manhã sobre a criança desaparecida no começo do mês."


Um dos homens abaixou a cabeça e mexeu em uns papéis que tinha na mão. Continuou:


"Restos de um corpo foram encontrados dentro de um sacode lixo perto da entrada da rodovia. O corpo parece ser daquela criança, mesmo que muito pouco tenha sobrado. O corpo foi decapitado e o resto está totalmente queimado."


A imagem mudou para a de um helicóptero sobrevoando a rodovia, vários policias juntos da entrada. A voz continuou soando:


"Dentro do saco a polícia encontrou um cartão de identificação".


Na tela apareceu a minha carteirinha da escola que sempre estava na mochila. O plástico estava meio queimado, mas minha foto e nome estavam intactos.


Depois que os homens saíram da tela, a câmera pairou sobre meus pais. Eles estavam sentados junto de jornalista; o rosto da minha mãe estava congelado em uma expressão de luto, e meu pai estava com o rosto enfiado nos joelhos.


Desliguei a televisão.


~


Dr. Tanner voltou muito tarde para casa. Ele se apressou para meu quarto, me desalgemou e colocou uma garrafa com gás na minha mão.


Colocou suas mãos nos meus ombros e sorriu.


"Fiz uma promessa, não é?"


Assenti com a cabeça, lágrimas escorrendo de meus olhos.


"Você tem que me fazer outra promessa,"sussurrou.


Ele disse que eu tinha que tomar a água na garrafa, que me ajudaria a dormir - e que dali em diante eu nunca poderia falar para ninguém que eu sequer tinha o conhecido. Prometi.


"Falei que eu era o melhor psicólogo do mundo, não falei?"


~

E ele estava certo.


Acordei naquela noite deitado no meio de um parque, olhando para o céu cheio de estrelas brilhantes. Reconheci o parque. Não era muito longe da minha escola.


A uns 50m dali eu conseguia ver minha casa. As luzes estava desligadas mas conseguia ver uma silhueta sentada na porta da frente. Era meu pai.


Hesitantemente, chamei por ele. Lentamente levantou sua cabeça, mas quando me viu começou a correr em minha direção, com os braços abertos e gritando meu nome. Minha mãe saiu violentamente da casa logo depois dele.


Dr. Tanner estava certo. As coisas mudaram comigo e minha família. Meu pais sorriam com mais frequência e me tratavam com amor. Não podia pedir por um final mais feliz.


As vezes eu vejo Dr. Tanner no colégio, conversando dentro de seu escritório. Raramente fazendo contato ocular, ou ficamos sozinhos para conversar. Mas as vezes ele sorri e pisca pra mim.


Sempre mantive minha promessa e nunca contei para ninguém que eu o conheci, mas sempre terá uma pergunta ecoando na minha cabeça: Quem foi que Dr. Tanner decapitou e jogou na rodovia?



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