História Criminal Blood - Nem tão morto assim

Ainda encarava Bieber, minha boca abria e fechada, não sabia o que falar.  

-E-eu..sinto muito. 

Ele da um passo em minha direção, recuo para trás. - Não sinta, você nem o conhecia. - Abaixo minha cabeça, com ele passando por mim. 

Segundos depois, escutamos uma porta sendo fechada com força.  

Encaro os meninos, todos me encaravam. Eles estavam bastantes tristes, isso era nítido. 

Seus olhos estavam vermelhos.  

-E-eu..vou limpar isso. 

-Nós te ajudamos. - Os meninos concordam com Chaz.  t-É... Precisamos distrair a cabeça. - Ryan completa. 

Entro em um quartinho que tinha ao lado da cozinha, pego vassouras e pás para limpar aquilo. 

(....) 

Quando terminamos de limpar tudo, e não havia nenhum caco de vidro, ou de outra coisa no chão, já estava amanhecendo.  

Os meninos estavam com uma cara péssima, não conversamos muito enquanto estávamos limpando.  

Eu estava no meu quarto, com meu celular novo em mãos. 

Bieber havia me dado um celular, mas quem garantia que ele não tinha grampeado o mesmo? Por via das dúvidas fingi que acidentalmente, o celular caiu na piscina, e eu mesma comprei um novinho para mim. 

Disquei o número que eu infelizmente decorei, e depois de chamar três vezes, uma voz rouca me atende. 

-Alo? 

-Que porra você fez?  

-Candice?An...- silencio. - Aconteceu algo? - Escuto um barulho que pareceu que ele estava levantando da cama. 

-Sim, aconteceu. Que porra você estava pensando em explodir a carga de Bieber? Qual a porra do seu problema. 

-Eu...O QUE? - Ele grita a última parte. - Eu não...Carga do Bieber? Que merda está acontecendo, se o Bieber estiver do seu lado e está tramando algo contra mim, eu vou acabar com ele.  

-Você é um filha da puta cínico, não se faça de sonso. Eu não sou burra, Alex. 

Eu sabia que não deveria cobrar nada de Cooper, ele e Bieber eram inimigos declarados e é obvio que um sempre tentaria acabar com o outro. 

Mas eu precisava ouvir sua voz, para saber se ele estava mentindo. 

-Eu não sei de merda nenhuma que você está falando.  

-Você está morto, Cooper. Bieber não vai mais facilitar para você. 

-Diga algo que eu já não sei. - Ironiza e eu reviro meus olhos. - Não revire os olhos, Candice. 

Eu me assusto, como ele sabia que eu fiz isso? 

-Como você... 

-Eu sou um bom observador, só de ter saído com você aquele dia, consegui descobrir algumas manias suas. 

Bufo. - Que seja, eu só liguei para confirmar a verdade. 

-E qual seria? 

-Que você é um cretino mentiroso, nada novo.  

Ele ri. E não parecia uma risada irônica. -Candice, para começo de conversa, eu nem estou no país.  

-Isso não significa que não foi você. 

-Primeiro que eu nem sabia que uma carga estava chegando para Bieber. 

-Eu não acredito. 

-Te dou minha palavra, Candice. Você pode confiar nela, do mesmo modo em que eu confiei meu número particular apenas a você. 

-Não sei se sua palavra tem valor agora, Cooper. - Ele tenta falar algo, mas eu logo o corto. - Até logo, Cooper. 

Desligo o telefone e encaro Ryan que estava sentado na minha cama. 

-E então? 

-Eu não sei o que achar. - Ryan diz. 

-Você acha que ele pode ter feito isso? - Pergunto. 

-Quem é o inimigo declarado de Bieber? Só pode ter sido ele. - Ele me encara. - O que você acha? 

-E se não foi, Cooper? E se alguém está por trás tramando isso? 

-Quem, Candice? Ninguém é burro o bastante para se meter na briga de Bieber contra Cooper, seria suicídio.  

-Eu sei, mas... 

-Mas o que? 

-Sinto que algo estar por vir. - Encaro a janela do meu quarto. - Algo ruim.  

(....) 

Não consigo dormir, fico a manhã toda conversando com Ryan. Depois das dez da manhã, nós descemos para a sala.  

Tentamos entrar no escritório de Bieber, porém estava fechado.  

Ryan e eu ignoramos, depois de batermos umas mil vezes e perguntarmos se ele está bem. 

Sua resposta foi um belo de um ‘Vão pro inferno vocês dois’.  

Fomos para a cozinha, aonde Maria já estava lá preparando suas deliciosas panquecas. 

-Bom dia, vocês estão péssimos. 

-Obrigada pela sinceridade Maria, nós sabemos. - Digo me sentando na bancada.  

Ryan vai até a geladeira e pega dois energéticos, um para mim e outro para ele. Maria olha feio quando ele joga a latinha de energético para mim.  

-Vocês não dormiram.... Aconteceu alguma coisa, não foi? 

-É... 

-Kendrick, ele...- Ryan para de encarar Maria e  percebo que seus olhos se encheram de lagrimas.  

Ryan toma mais um gole de energético e conta a história toda para Maria. 

Uma lagrima cai no canto do olho de Maria, mas ela trata de limpa-la com a mão. 

-Pobre Kendrick....Ele era um cara tão bom. -  Ela diz. - Um cara realmente bom, em mundo como o que vocês vivem, um cara como aquele é raro. 

-Ele era ótimo. - Digo e eles concordam. 

-Eu estava pronta para chamar o senhor Bieber, mas vou deixa-lo em paz, ele precisa fica a sós consigo mesmo.  

(....) 

Já estava escurecendo quando Maria colocou as panelas de comida na mesa. Ela fez strogonoff de camarão no jantar, disse que era o preferido de Bieber, e que ela iria guardar um pouco para ele quando ele saísse e se saísse de seu escritório.  

Ela praticamente nos forçou a comer, insistíamos que não estávamos com fome, mas Maria não nos deu ouvidos.  

Chaz, Christian desceram e se juntaram a mesa conosco. Nós comíamos em silencio até que Christian fala. 

-Hm...A mulher de Kendrick.- Todos largam seus talheres e encaram Chris. - Ela me ligou, falou que tentou ligar diversas vezes para Kendrick, e que ele não atendia. Ela ligou muitas vezes para Bieber até que finalmente ele atendeu.  

-E...? 

-Bieber disse que ele estava em uma missão e que...Droga, isso é uma merda cara. 

-Apenas..continua a falar. 

-Ela sentiu que algo estava estranho com Bieber, e por isso me ligou. Eu confirmei o que Bieber disse, e falei para ela não se preocupar que...Qualquer coisa a gente avisava. - Ele olha para baixo, e todos nós percebemos que ele queria chorar. - Odeio essa situação. 

Ryan abre a boca para falar algo, quando foi interrompido por uma porta abrindo e fechando com força.  

Percebemos na hora que se tratava de Bieber, saindo de seu escritório.  

Ele não apareceu aonde nós estávamos, e em fração de segundos outra porta é fechada com força, mas dessa vez, vinha do andar de cima.  

Todos procuravam o que falar, mas decidimos ficar em silencio e continuamos a comer. 

Quando terminamos de comer, ajudamos Maria a tirar a mesa e a arrumar as coisas. 

Um som de piano começou a soar levemente pela casa, fazendo todos se encararem. 

-Oh não...-Maria foi a primeira a falar.  

-O que? - Pergunto curiosa, já que todos estavam se encarando com um olhar nada bom. 

-Bieber está tocando...- Chris murmura e volta a guardar os pratos no armário. 

-Não sabia que Bieber tinha esses dotes.  

-Ele tem. - Ryan fala. - Desde que o conheço por gente, Justin sempre teve uma paixão por instrumentos musicais.  

Me surpreendo, nunca imaginei que Bieber gostasse dessas coisas. 

-Que se dane. - Chaz fala e todos os encaram. - Ele joga o pano na pia, seu rosto estava vermelho. - Essa situação toda é uma droga, eu não aguento mais. Precisamos fazer algo.  

-Vamos beber. - Propõe Christian. 

-Não acho que seja uma boa ideia. - Ryan fala. 

-Por Kendrick....- Falo, soando mais como um sussurro. Atraio a atenção deles para mim. 

-Que seja, eu vou beber até esquecer meu nome. - Chaz fala e eu concordo com ele.  

(....) 

O clima não era um dos melhores, mas nós tentamos deixa-lo mais leve (não que tenha ajudado muito, mas serviu para distrairmos nossas cabeças). 

Acho que iria dar meia noite, quando me despedi dos meninos e fui me deitar.  

A música que Bieber tocava no piano ainda soava lentamente, as vezes era uma melodia mais animada, mas sempre voltava para uma mais triste, sem vida... 

Vou seguindo em direção ao meu quarto escutando a melodia, quando estou prestes a entrar no meu quarto a música para e a porta abre. Não o suficiente, apenas uma fresta da porta. Estava escuro até onde eu conseguia ver, mas sei que os olhos castanhos estavam me encarando. 

Suspiro. - Se quiser conversar, estarei aqui...- Entro em meu quarto, não esperando que ele respondesse. 

Eu estava cansada, tomo um banho e vou me deitar, pegando no sono logo em seguida. 

(....) 

Acordo com um solavanco, estava tremendo e suando.  

Encaro a hora no meu celular e era cerca de três da manhã. 

A música havia parado, e os meninos já não estavam lá fora bebendo.  

A mansão de Bieber nunca estivera tão quieta antes.  

Encaro a vista da minha janela e a lua é a primeira coisa que vejo, ela estava linda, brilhante como nunca. Mas infelizmente, ela não dava uma sensação boa, e sim de tristeza. 

Um de nós tinha ido para a casa pela última vez...E isso era triste para caralho.  

Minha garganta estava seca, então eu saio do meu quarto e desço as escadas e indo para cozinha pegar uma copo d’agua.  

Pego uma garrafa d’agua na geladeira e me apoio na bancada. Fecho meus olhos aproveitando o silencio da casa de Bieber.  

Esperava que nessa hora, de alguma forma, a alma de Kendrick estivesse em um lugar bom e que ele estivesse em paz. 

Um barulho alto o bastante me faz abrir meus olhos. 

-Alo? - Chamo e ninguém responde. 

 Ascendo a luz da cozinha e chamo novamente. - Bieber? Meninos? Isso não tem graça.  

 Silencio novamente.  

-Não é nada, Candice.- digo para mim mesma.  

Jogo a garrafa no lixo.  

Um grito distante me faz ficar em alerta.  

Abro a gaveta e pego uma faca afiada o bastante.  

O silencio reina novamente.  

Será que eu estava ficando louca o bastante e estava começando a ouvir coisas?  

Minha intuição falava mais alto, nem por um momento eu largo a faca.  

A sala estava escura, mas vou seguindo nela até que a porta da frente abre com muita força.  

Uma pessoa alta entra na sala, e assim que me vê, vem apressada até mim. Eu vou andando para trás a cada passo que ela vinha até mim, suas mãos se levantam pronta para me pegar e eu aponto a faca para ela. 

Ela se aproxima mais ainda de mim e eu solto um grito alto levantando mais ainda a faca. 

De repente, ele cai diante de mim. 

Corro para a parede e ascendo a luz. Encaro minha faca e ela estava limpa 

O homem estava caído no chão ainda, suas roupas estavam todas rasgadas, ele estava com a cara virada para o chão. 

Um barulho começa a se formar no segundo andar, os meninos devem ter acordado com meu grito. 

Vou até o cara que estava caído no chão e viro seu corpo.  

Meus olhos se encheram de lagrimas rapidamente.  

Portas se fechavam no segundo andar e os barulhos ficavam mais alto. 

Eu estava de costas para a escada e abraçava o corpo do homem caído junto ao meu. 

-Mais que porra é...Candice?- A voz de Bieber é a primeira que eu escuto. 

-Candice? O que aconteceu? 

Os homens de Bieber aparecem na porta, todos eles com suas armas levantadas 

Todos estavam me encarando curiosos querendo saber quem era aquele cara. 

-Candice...Que merda está acontecendo? Quem é esse? 

Encaro Bieber e seu estado era péssimo. 

Seus olhos estavam vermelhos pra caralho, seu cabelo estava todo bagunçado. Ele estava sem camisa, e suas mãos estavam enfaixadas. 

-Me responde. 

-Ele está bem, ele voltou para a casa. - Abraço mais ainda o corpo do homem contra o meu.  

Bieber aparece na minha frente, e me encara junto ao cara. O rosto do cara estava virado contra o meu peito, impossibilitando Bieber de ver quem era. 

-Candice... 

-Ele está bem, ele voltou para casa, ele voltou Bieber. - Repito minhas palavras.  

Viro o rosto do homem para que Bieber possa vê-lo e sua reação é a mesma que a minha. 

-Kendrick?