História Criminal Love - Capítulo 02 - I missed you.

(Pov Selena)

01 de Dezembro de 2013.

Londres – Inglaterra, 21:44

 Todos aqui na casa estavam ansiosos demais. Hoje seria o dia em que Justin sairia da prisão, depois de dois anos que ele permaneceu lá.

 Eu não sabia o que tinha acontecido desde então, e nem como ele estava. Justin havia proibido que eu o visitasse por lá, e isso me deixou muito frustrada e irritada durante os primeiros 12 meses. Eu insista muito, e quando meus amigos James, Ryan ou Chaz iam visitá-lo eu pedia para que eles falassem para Justin que eu queria o ver, mas eles sempre me diziam o de sempre.

"– Ele está bem, Selena. E isso é tudo o que importa."

  Minha raiva crescia cada vez mais. Porém, não tinha nada que eu pudesse fazer.

  Eu não sabia se ele estava com raiva de mim, ou se estava triste comigo. Não queria que ele estivesse sentindo nenhuma dessas emoções, mas eu não o culparia se esse fosse o motivo.

 De qualquer modo, desde que Justin foi preso os meninos começaram a trabalhar dez vezes mais, para arranjarem dinheiro o suficiente pra conseguirem tirar ele da prisão. E quando isso finalmente aconteceu, eles conseguiram convencer algum delegado corrupto a diminuir a pena por mais um ano. E isso foi o necessário para me alegrar.

 E agora que esse ano havia passado, ele finalmente voltaria.

 Apesar de eu ainda ter um pouco de raiva dele por nunca ter permitido minha visita, minha ansiedade por vê-lo era maior do que qualquer raiva que eu pudesse sentir.

 Era óbvio que muitas coisas mudaram por aqui desde que ele havia ido...

 Vanessa, que era minha amiga e também estava na nossa gangue havia tentado junto de mim e James rastrear Max para todos podermos fazer com que ele pagasse pela armação, mas infelizmente não conseguimos. O cara estava em todo lugar, e a lugar nenhum ao mesmo tempo. Quando conseguiamos um endereço dele, ele se mudava tão rápido que não deixava nem rastros. Era uma corrida de gato e rato, e depois de alguns meses de procura resolvemos desistir.

 Não era fácil ir atrás de um dos caras mais mafiosos do estado.

 Eu e Justin eramos muito unidos, nos conhecemos desde os nossos dezesseis anos num internato, e até quando saimos de lá continuamos juntos. Eramos melhores amigos, mas também tinhamos o lado mais complicado de nossa relação. O lado do ciumes, e do amor que passava de uma simples amizade... Então começamos a ficar. Uma, duas, três... Foram tantas vezes que perdemos a conta. Mas ainda não era uma “relação”, ou um “namoro”. Eramos apenas amigos que ficavam juntos algumas vezes.

 Justin sempre foi cheio de segundas intenções, assim como eu. Nós dois juntos não prestávamos, e essa era a melhor parte. O mais divertido disso tudo, era que ficavamos entre nós, mas também eramos livres, e podiamos ficar com qualquer outra pessoa que quisessemos.

 Era meio que uma amizade colorida, só que com mais vantangens. E sem a parte do “pertencemos um ao outro”. Cortavamos toda a coisa clichê, e faziamos nossas próprias regras.

 Eu ainda me culpava por tudo o que havia acontecido com Justin, mas não podia deixar minha vida acabar por isso.

 Então quando percebi que James começava a me dar algumas indiretas, eu correspondi. E no fim... Acabamos ficando juntos.

 Agora eu estava noiva de James, e isso era de certo modo surpreendente, já que a pouco tempo atrás eu mal pensava em namorar, quem diria em casar?

 Ainda não sabia se isso era o certo a se fazer, mas James também esteve comigo em minha vida há muito tempo, e eu queria dar uma chance a nós. Arriscar.

 Claro que Justin ainda não sabia disso, acho que de fato ninguém havia contado, mas acho que ele ficaria feliz por mim.

 Digo, eu ficaria por ele...

– Ele chegou! - Vanessa disse entrando na cozinha, que era onde eu estava até então. E só agora eu pude notar todas as vozes que rondavam pela casa, e a voz dele.

 Aquela voz macia, grossa, e suave que eu ouvira por tantos anos e que eu sentia falta.

 Não tive tempo de dizer algo, porque Vanessa saiu me puxando pra fora da cozinha, e então quando dei por mim eu já me encontrava na sala.

 Justin terminou de abraçar Ryan e Chaz, e então seu olhar se encontrou com o meu.

 Ele sorriu fraco, e eu me aliviei.

 Pelo menos acho que raiva de mim ele não sentia.

 Ele caminhou em minha direção, e então me abraçou. E só ai eu percebi como ele havia ficado forte. Com certeza devia ter malhado bastante na prisão, porque a diferença era bem evidente. Também percebi que um de seus braços estava fechado por tatuagens, e ele havia crescido mais.

 Nós soltamos, e eu também pude ver como seu rosto ficara mais másculo. Como sempre, ele continuava lindo.

– Então, me diga o que você prefere... Um canivete atravessado pelo seu pescoço, ou uma bala na sua cabeça? - Cruzei os braços, e todos nos olharam para ver qual seria a reação dele. Justin suspirou pesadamente.

– Selena, qual é...

– Qual é o caralho! Por que não me deixou te ver nesses dois anos? Você ficou louco? Tem noção de como eu fiquei preocupada com você, Bieber?

– Foi mal.

 Minha raiva voltou. E mandou um foda-se para a saudade. James chegou a tempo de me ver quase voando no pescoço dele. E Ryan e Chaz já se aproximavam de nós caso algo fosse acontecer.

– Foi mal??! É tudo o que você pra me dizer? Foi mal? - Minha voz já estava alterada. – Porra, eu devia te bater muito agora! Devia te deixar desacordado só por essa sua respostinha de merda! - James se aproximou, e se colocou no meio de nós.

– Opa! Calma ai. - Ele riu, e então cumprimentou Justin que não parecia ter se comovido nem um pouco com o que eu falei, menos ainda se importado. – Ei dude! - Eles se deram um abraço, que Justin retribuiu mas continuou me fitando. Depois James voltou a olhar pra mim, e se colocou ao meu lado. – Tá tudo bem?

– Está. Eu só me exaltei, desculpa. - Respirei fundo.

 Ele sorriu de canto, e então me deu um selinho.

 Nesse momento foi inevitável. Eu senti os olhares de todos em Justin. E até eu fui obrigada a olhá-lo.

 Ele pareceu indiferente em relação a isso, e então disse:

– A gente vai ficar só aqui em pé ou podemos nos sentar e bebermos algo? - Chaz riu, e então disse que ia a cozinha pegar as bebidas e saiu andando.

 Ryan e Justin foram andando até o sofá da sala, e eu e James fomos atrás junto com Vanessa.

 Em seguida, nós três nos sentamos em um sofá, Justin estava sozinho em uma poltrona a nossa frente, e Ryan estava em um sofá ao seu lado. Quando Chaz chegou com as bebidas, colocou-as na mesinha que estava no centro de nós junto com os copos, e se sentou ao lado de Ryan.

– Então, comecem falando o que foi que eu perdi? - Justin pediu animado.

 E lá se começou uma longa conversa entre amigos com bebidas. Mais o que me deixou de certo modo intrigada, era que eu senti os olhares de Bieber sobre mim e James a todo instante. E eu só esperava que ele não estivesse com raiva.

[00:54]

 Eu estava no “meu” quarto junto com Vanessa. Cada um de nós tinhamos a nossa própria casa, mas essa era uma casa que nós todos compramos juntos e tinha três quartos aqui, ou seja, quando dormiamos era sempre em duplas. Sempre dormi com Vanessa, mas houve vezes que eu dividia o quarto com Justin antigamente. E depois isso aconteceu com James quando começamos a ficar juntos. Mas eu preferia mesmo estar com Vanessa.

– Ele estava mesmo muito estranho ou isso foi coisa da minha cabeça? - Ouvi ela me perguntar, mas eu não obtive uma resposta imediata.

– Eu não sei... Quer dizer, foi estranha ele não ter uma reação diante a minha discussão e a mim com James, mas sei lá, vai ver eu não sou mais um caso de total importância pra ele.

– Justin passou dois anos preso por você e você ainda fala que não tem importância pra ele? Pelo amor! Olha, vou admitir que eu achei que ele ficaria furioso por ver você com James, mas ele me surpreendeu.

– E por que ele ficaria furioso?

– Eu não sei... - Ela deu de ombros. – Quer dizer, vocês dois eram bem unidos e apesar de não terem nada concreto ele tinha bastante ciumes de você.

– É, mas os anos se passaram e as coisas mudaram, Nessa. - Eu sorri de canto. – Talvez seja melhor assim. Não sei se conseguiria lidar com um Justin puto de ciumes pra cima de mim agora. Eu estou bem com o James, e aliás, James é nosso amigo. É alguém que podemos confiar.

– E parece que Justin não se importa com isso... Então, acho que está tudo bem. - Ela sorriu, e se jogou na cama. No momento eu não tinha certeza se queria acreditar que ele reamente não se importava. – Ai cara, nem acredito que ele voltou! Eu senti muito a falta dele, sabia? Sem o Justin aqui nosso grupo não é a mesma coisa.

– Eu concordo. - Foi tudo o que eu disse, e respirei fundo. – Eu vou lá fora um pouco, não espere por mim.

 Ela apenas assentiu, e eu sai do quarto.

 Eu queria pensar um pouco no que aconteceu hoje. A atitude de Justin foi realmente estranha e inesperada. Ele parecia ter mudado. Eu só queria poder conversar com ele agora, e descobrir se isso era realmente sério.

 E eu vi a oportunidade perfeita pra isso quando passei pela cozinha e o vi sentado na grama na área livre da casa.

 Eu andei até lá em passos lentos, e quando me aproximei me sentei ao seu lado.

 Ele não disse nada. Estava fumando um cigarro, e me ofereceu um da caixinha. Eu peguei, e então ambos estavamos com o cigarro na boca, ele se aproximou de mim e acendeu o meu ainda nesse gesto.

 Depois Justin voltou a olhar pra frente, e continuou fumando. Eu traguei, coloquei a fumaça pra fora, e o encarei.

– Você está bem? - Vi um singelo sorriso aparecer em seus lábios.

– Sim. E você, Gomez?

– Também.

– Então... - Ele me olhou, e tragou mais uma vez antes de continuar. – Você e James, huh? Isso é legal. A quanto tempo isso tem rolado?

– Hm, a alguns meses. Queriamos te contar pessoalmente, por isso os meninos nunca tocavam nesse assunto quando iam te visitar na prisão.

– Está tudo bem. - Ele riu fraco.

– Mesmo?

– Claro. Qual é Selena, não é como se fossemos a propriedade um do outro. Além disso, James é um cara legal, e é meu amigo, relaxa. - Eu não sabia se estava pedindo a benção dele ou não. Mas era bom ouvir isso de sua parte. Também não sabia se era totalmente verdade, mas não acredito que Justin iria mentir pra mim, ele sabia que sempre podia me contar a verdade e ser aberto comigo.

– Obrigada por isso. - Traguei mais uma vez com um pequeno sorriso no rosto, e ele assentiu.

– Justin? Bora! - Uma terceira voz se fez ali, eu olhei pra trás e vi Chaz em pé. Ele havia acabado de chegar, e olhava pra Justin.

 O mesmo se levantou, e jogou o cigarro no chão, logo depois apagando-o com o pé. Eu fiz o mesmo.

– A onde vocês vão? - Perguntei, enquanto Bieber caminhava em direção ao Somers.

– Dar uma volta. - Ele respondeu.

– Serio? São uma e pouco da madrugada, e você quer que eu acredite que você e Chaz vão dar uma volta? - Cruzei os braços, e os dois se olhavam de modo suspeito.

 Chaz bufou, e então se deu por vencido.

– Eu e Justin vamos fazer um assalto.

– O que?! - Eu quase gritei, mas lembrei que tinham pessoas dormindo na casa. – Comecem a explicar isso direito. - Caminhei até eles em passos firmes, e ainda de braços cruzados.

– Eu quero pagar todos pelo dinheiro que gastaram comigo me tirando da prisão. Então tenho que me adiantar o quão antes. - Justin respondeu.

– Eles não querem pagamento. Fizemos isso porque gostamos de você, porque somos seus amigos. Caralho, você acabou de sair da prisão e já tá querendo se meter em encrenca de novo?!

– Eu também to meio enferrujado, beleza? Vai ser só um assalto, não é grande coisa. Não vou ser preso por isso, eu sei me cuidar Selena.

– Não, você não vai! - Disse autoritária, e ele riu sem humor.

– Você não manda em mim, Gomez.

– Chaz... - Pedi a ajuda de meu amigo, e ele apenas deu de ombros. Bufei. – Tudo bem, então eu irei com vocês.

– Ta louca?! Você pode acabar estragando tudo, deixa isso comigo e com o Somers. - Os dois já iam me dar as costas, mas eu os segui. Justin se virou visivelmente nervoso, e me olhou com raiva. – Você vai ficar, Selena.

– Não, eu não vou.

– Larga a mão de ser chata, garota!

– E você larga a mão de ser otário! Porra Justin, dá um tempo, você acabou de chegar.

– Eu sei que você me ama e não vive sem mim, mas eu sei me cuidar sozinho. - Eu não me dei por vencida, e continuei na mesma posição e o olhei com ironia. – Quer saber, cansei de você por hoje. - E então eu fui levantada do chão, e quando percebi Justin havia me colocado sobre seu ombro. O desgraçado do Chaz ao invés de me ajudar ficou rindo, e Justin foi indo em direção ao meu quarto. Eu dava socos em suas costas, e quando gritei ele deu um tapa em minha bunda.

– Dá pra calar a boca? Tem gente dormindo. - Seu tom de voz era divertido. Ele adorava me deixar nervosa, e era isso que mais me exaltava.

– Me solta caralho! Eu pulo a janela mas vou atrás de vocês!

– Você não vai ter nem tempo de nos alcançar. - Ele abriu a porta do quarto onde eu e Vanessa ficavamos, e me soltou em cima da minha cama sem nenhuma delicadeza. – Boa noite, Gomez. - Em seguida saiu, e eu ouvi a porta estar sendo trancada.

– Maldito! - Falei em alto tom, e depois de ouvir sua risada ouvi seus passos distanciando-se.

 Vanessa já dormia profundamente na cama ao lado, e apesar de eu querer arranjar um jeito de sair daqui, sabia que seria em vão. Eles já deveriam ter corrido pro carro de Chaz, e quando eu saisse eles já estariam longe.

 Então desisti da ideia, e apenas fiquei torcendo para que os dois não se metessem em encrenca. Mas não os subestimava... Sabia que eram bons no que faziam, e mesmo Justin tendo estado dois anos presos ele ainda devia ser o melhor assaltante entre nós.

 Mas eu não conseguiria dormir. Não era a primeira vez que Justin me deixava trancada no quarto só para mim não acompanhá-lo em seus assaltos ou coisa do gênero. Ele temia por mim e se preocupava muito com a minha segurança. E em como nas outras vezes que ele fazia isso, agora eu também faria o mesmo. Ficaria acordada, esperando ele voltar.

 A preocupação entre nós ainda estava presente, como em todos esses anos. E isso era algo que no momento eu não sabia se deveria ser motivo de preocupação ou alivio.