História Crise de ansiedade - Capítulo Único

Sentado no chão, batendo a cabeça ritmicamente na parede, enquanto encaro sua oposta, branca e plana. Olhos perdidos, e ouvidos ocupados com músicas aleatórias, eu aumento o som na tentativa de encobrir meus próprios pensamentos com palavras que não entendo.

Mesmo confusa, minha mente insiste em me atormentar, como quem tira sarro de mim, uma avalanche de palavras e frases soltas encobrem as batidas da bateria e misturam-se com os solos de guitarra.

“Idiota! Vai depender dos outros até quando? Você devia estar estudando, não serve para nada, tem que arrumar o quarto, você é um incômodo, ninguém gosta de você, tem que arranjar um emprego, vai ficar sentado aí até quando?”

“Inútil, inútil, inútil, inútil...”

O quarto parece aumentar, a luz machuca, o ar falta, meus olhos ardem, minha garganta arranha, meus pulmões clamam por oxigênio; suo.

Agarro fortemente o topo da minha cabeça, coração retumbando em meus ouvidos, rosto entre os joelhos, o corpo em um movimento de gangorra, para frente e para trás, para frente, para trás, um mar se forma em meus olhos, os fecho, os aperto, chacoalho a cabeça como quem diz não.

Relaxa, respira, concentre-se, espira, pare de tremer, repita: vai ficar tudo bem.