Nunca coloquei uma gota se quer de álcool em minha boca.
E hoje estou bêbada novamente.
Os sentimentos encalamoucados em meu âmago fazem de mim uma tola, sufocam-me o ar e aspiram o brilho que outrora residiu nesse amontoado de átomos que insistem em querer voltar para casa. A casa que desejo encontrar, tão frugal e tão grande, busco ainda com o resto de algo que um dia chamou-se eu, encontrar tal lugar em que penso poder finalmente, engendrar algo servil, aspirar o ar gélido e vivo que hoje tanto me falta.
Talvez busque nas pessoas, nos lugares, nas palavras, qualquer coisa a qual possa me ser recíproca suficiente para que de uma vez por todas cada átomo de meu corpo possa encontrar o devaneio de sua balbúrdia. Creio eu que tal lugar se quer exista, mas recuso-me a aceitar. Recuso-me pois anseio de corpo e alma, se é que ainda os possuo, alcançar o que me é tirado gradativamente, desejo cada gotícula do Eu que me fora roubado. Hoje as lágrimas sufocam-me as palavras e afogam-nas. Eu estou bêbada. Ainda consigo sentir a consciência estapear-me por ser tão tola e acreditar, Acreditar que o problema não era eu de fato. Sempre fora, e eu sinto muito.Sinto muito. Sempre senti. Por isso estou bebendo o que resta de Mim.
E espero com qualquer coisa que restar, se restar, que algum dia tudo isso seja claro a alguém, ou a mim.
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