História Crônicas de Ghost River - Siga a estrada de tijolos amarelos

Acordei no dia seguinte com o celular vibrando. Não conseguir ver quem era devido ao sono, apenas atendi.

- Oi? - Claro que a pessoa percebeu que eu estava dormindo.

- Desculpa, não achei que fosse tão tarde.

- Waverly? - Me sentei, olhando no visor. 6AM.- Aconteceu alguma coisa? São 6 horas da manhã. 

- Nossa, eu não tinha olhado a hora. Não consegui dormir. Desculpa ter te acordado. - Desligou. 

Dessa vez eu não ia deixar ela tomar as rédeas da situação, liguei de volta em seguida.

- Ei, não tem problema você ter me acordado. Você está bem? Por que não conseguiu dormir?

- Não quero falar sobre isso. Só queria que você soubesse que eu me diverti ontem a noite. - Comecei a bocejar, foi inevitável. - Pode voltar a dormir. Descansa.

Claro que eu ia conseguir dormir depois dela ter dito que se divertiu comigo, depois de ter me ligado. Claro. Fiquei rolando na cama até o relógio despertar.

Quando eu cheguei na delegacia, fui até a cozinha pegar café, Waverly estava lá fazendo o mesmo.

- Oi? - Perguntei, confusa de vê-la ali.

- Nicole? - Disse meu nome mostrando que tinha levado um susto com minha presença.

- O que você faz aqui? - Caminhei até a máquina de café, ficando ao lado dela.

- Eu vim ajudar minha irmã. - Pegou um copo e me entregou. Segurei o copo mantendo o contato visual.

- Wynonna, certo? - Ela balançou a cabeça afirmativamente.

- Parece que a gente vai se ver mais vezes. - Pegou seu copo com café

- Espero que sim. - Terminei de colocar o café sem conseguir controlar o sorriso que saia em meu rosto e a vi sair sorrindo de volta.

Naquela semana, eu tinha começado a investigar um caso bem atípico. Duas mulheres, sem identidade, estavam rondando a cidade e praticando alguns golpes em jogos. A gente não tinha como provar o que elas faziam, mas em nenhum jogo elas haviam perdido. Na ficha só estavam os primeiros nomes: Dini e Julia. Num certo dia eu consegui seguir uma delas até uma casa, não tinha certeza se elas moravam lá, mas já era alguma coisa.

Os dias seguintes pareceram correr normalmente. Multas de trânsito, brigas de bar, pôquer espetacular e boatos que a Waverly tinha terminado novamente com o Champs.

Numa quarta-feira, calma até para o setor especial, Wynonna foi dispensada mais cedo e eu também. Eu a vi saindo e tentando ligar a caminhonete que ela dirigia, mas não conseguiu, provavelmente era problema na bateria. Me ofereci para levá-la para casa, mas antes ela parou no mercado para comprar engradados de cerveja.

- Então quer dizer que você é a menina de 12 anos que matou o pai que todo mundo fala? - Perguntei, claramente mais curiosa do que julgando.

- Culpada. - Abriu uma das garrafas e começou a beber. Me ofereceu e eu aceitei, mas não abri. - Longa história ou não.

- Como aconteceu? - Parei o carro no farol e olhei para ela.

- Versão curta: Inimigos do meu pai iam sequestrar minha irmã Willa, meu pai tentou impedir, eu peguei a arma para atirar nos sequestradores e acertei meu pai. Levaram a Willa, nunca acharam o corpo, mas acharam a roupa que ela vestia no dia com sangue.

- Uau. - Voltei a andar com o carro - Então na verdade não era só você e a Waverly.

- Não, na verdade a Waves meio que ficou abandonada, porque "não era saudável" ela ficar na mesma casa que eu. - Frizou que "não era saudável" não era uma frase dela.

- E para onde vocês foram? - Perguntei, enquanto fazia uma curva, para sair de Purgatory. Ela soltou todo o ar e colocou os pés no banco.

- Ela foi morar com o tio Curtis, irmão do meu pai. Eu viajei de centro médico em centro médico, de centros de detenções em centros de detenções, internatos em internatos, de país em país, até completar 27 anos, fazendo trabalhos ilegais para os meus oficiais de condicional e agora estou aqui tentando fazer com que minha irmãzinha não esqueça que eu existo. - Bebeu o último gole da cerveja e abriu outra.

- Centro médico? Você já foi presa? Caramba Wynonna, eu não fazia ideia. - Passei pela entrada da casa dela e estacionei o carro.

- Mas e você? - Perguntou tentando mudar de assunto.

- Nada demais. Morava com minha mãe e minha avó em uma chácara pequena no meio da cidade grande, meu pai morreu quando eu estava na pré-adolescência, minha avó me deu um cavalo como consolo, que eu sei montar muito bem por sinal. - Fiz uma pausa - Até achei estranho vocês usarem carros aqui. - Ri.

- Olha só, Nicole Haught fazendo uma piada. - Começou a trocar as estações de rádio. Ela era engraçada, não me incomodava.

- Não é piada, o Nedley já viu alguém prendendo um cavalo na frente da delegacia.

- Deve ter sido o Doc, mas deixa eu ir. Qualquer dia eu te conto porque eu fui expulsa do Santa Victoria. - Abriu a porta e saiu- Obrigada pela carona.

- Sempre que precisar. - Voltei para casa.

Cheguei em casa e conferi minhas mensagens de texto.

"Era você na frente de casa? Por que não veio falar comigo?" - Waverly

"Sábado, eu e você. Festa no Intriga's bar. Olívia te mandou um beijo." - Clarissa

"Você vem para casa no final de semana?" - Mãe

Respondi na ordem.

"Desculpa, não achei que eu devesse fazer."

"Festa de quem?"

"Tudo indica que sim"

Waverly respondeu logo em seguida.

"Eu sei que eu não tenho sido a melhor pessoa com você, mas..."

"Mas...?" - Perguntei em seguida. Esperei por 10 minutos, sentada na sala ainda de uniforme. Nada. Ela sempre fazia isso, era irritante.

Quando eu estava indo dormir, meu celular voltou a vibrar. A mensagem tinha chegado atrasada. provável que o sinal não estivesse bom devido ao mau tempo.

"Nicole?"

As mensagens tinham quase 2 horas de diferença. Respondi.

"Sinal ruim. Já foi dormir?"

"Não. Terminando de ler um livro em latim."

"Latim? Parece difícil"

"Ainda bem que a gente não precisa falar, a não ser que você queira fazer um feitiço."

"Ah é? E você quer enfeitiçar alguém?"

"Provavelmente se eu usasse essas palavras, minha casa ia parar em Oz."

"Não esqueça de seguir a estrada de tijolos amarelos"

"Engraçadinha. Está com sono?"

"Ainda não e você?"

"Não. Como foi seu dia?"

"Nada de especial, mas apliquei duas multas. Aposto que seu dia foi mais divertido."

"Não muito, só trabalhei no Shorty's, comprei algumas coisas e voltei para casa."

"Sua irmã me disse que você morava com seu tio, agora você está oficialmente com a Wynonna?"

"Sim, inclusive ela que pegou minhas coisas. Se ela soubesse antes a quantidade teria desistido."

"Duvido que alguém faça isso com você."

"Isso?"

"Desistir." - Apaguei a mensagem e enviei. "Quis dizer que ela não desistiria, ela ficou muito tempo sem te ver, não? Ela me contou algumas coisas."

"Sim, ela não merecia o que aconteceu com ela. Terminei o livro. A gente se fala depois?"

"Claro. Dorme bem, vai fazer bastante frio hoje. Se mantenha aquecida."

"Você também. Boa noite."

E aquela foi a melhor hora do meu dia.