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História Crônicas de Paragon - Elo Fraco


Escrita por: Alexianka

Notas do Autor


Imagem de Luuh

Capítulo 31 - Elo Fraco


Fanfic / Fanfiction Crônicas de Paragon - Elo Fraco

Ouve um silencio constrangedor entre a porta da casa se fechando com Oroko dando adeus para eles com a mão enquanto sorria e os quatro parados do lado de fora na rua encarando a porta fechada de madeira, o som das pessoas em seus afazeres na rua parecendo estranhamente surreal.

Yerko foi o primeiro a sair do topor, pegando Antony pelo colarinho puxando-o para o lado esquerdo da rua, quase que ao mesmo tempo em que Deia segurava a mão de Isaty o conduzindo para a direita.

- Onde você estava com a cabeça Antony? Propor uma festa na mansão de seu pai? Yerko o acusou.

- Cuidado, você está amarrotando minha camisa, por acaso quer ter o outro braço quebrado? Antony rebateu, retirando a mão de Yerko do colarinho e ajeitando a camisa.

- Tudo para você é uma brincadeira?

- Aprenda uma coisa Yerko Profeus, posso parecer que brinco, mas tudo que eu faço tem um propósito.

- irritar seu pai? Ele indagou.

- Este é um dos motivos, mas existem outros... E para alguém que está interessado em uma mulher que tem uma irmã charr, não espere que aceite sermões seus.

A expressão de Yerko era uma mistura de sentimentos, raiva, medo, preocupação, humilhação. Antony era capaz de fazê-lo sentir tudo isso de uma única vez. Em outra ocasião ou situação Yerko teria admirado Antony.

- Lhe deixei sem resposta, não é mesmo?

Yerko não respondeu. O que ele faria? Não podia mais esconder o que sentia pela garota, ele gostava de Celes, mas o quanto esse amor podia suportar?

- Escute Yerko, não vou atrapalhar seu namorico com a garota. Eu não ligo, pode casar com ela e ter a charr como dama de honra se quiser, mas vou te dizer algo para que você reflita.

- O que? Ele perguntou de expressão fechada.

- Você não pode servir ao meu pai e ter aquela garota, vai ter que escolher.

Do outro lado

- Porque Isaty? Porque você entrou para... Deia hesitou em dizer o nome, olhando de esguelha para Antony e Yerko que discutiam. Depois se aproximou de Isaty e disse em voz baixa para que apenas ele escutasse.

- Entrar para os separatistas.

Isaty segurou suas mãos a olhando intensamente, os cabelos ruivos curtos pareciam pegar fogo sob o sol que aqueciam eles.

- Você tem de confiar em mim. Isaty falou para ela.

- A culpa é minha, não é? Ela perguntou a ele.

- O que? Não! Claro que não. Isaty falou notando tristeza nos olhos de Deia.

- A culpa é minha, porque não aceitei namorar você. Deia falou sentindo que se tivesse agido diferente com Isaty, ele nunca teria se envolvido nisso.

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Ele a defendeu.

- Então porque você entrou para eles, mesmo sabendo o que os separatistas fizeram com minha família? Isaty foi por causa deles que seu pai foi executado também. Você se esqueceu disso?

- Foi por isso que entrei para eles. Isaty disse com o olhar sério.

- Como assim? Não entendo? Deia disse espantada.

Isaty se aproximou mais dela, o rosto ao lado do ouvido da garota e disse em um sussurro.

- Vou cortar a cabeça da serpente.

Deia arregalou os olhos assustada e neste momento Isaty a beijou de surpresa. Antony olhou por cima do ombro de Yerko vendo Isaty beijar a menina, um sorriso malicioso se formou em seu rosto e ele falou alto.

- Ei Isaty, não precisa ficar na ponta dos pés enquanto beija, isso é coisa de garotas.

Isaty e Deia se afastaram ofegantes, ambos com o rosto vermelho. Deia não esperava pelo beijo, mas não quis afastá-lo a mente dela estava uma confusão com tudo o que tinha acontecido até agora com eles.

- Eu tenho de ir. Isaty falou para ela se despedindo, as mãos permaneceram dadas o máximo que a distancia permitia depois se soltaram.

Quando Isaty chegou próximo de Antony ele o agarrou envolvendo Isaty num abraço, depois puxou Yerko pelo outro braço, os três juntos como se brincassem e fossem velhos amigos.

- Hoje eu disse que sairia para beber e é o que vou fazer... Antony começou a falar.

- Nós três vamos comemorar. Antony falou mantendo os dois presos, os músculos dos braços e ombro ficando rígidos por causa das tentativas de Yerko de se soltar.

- Comemorar? Isaty disse espantado quase sendo esmagado pela força do abraço.

- O que tem para comemorar? Yerko o perguntou, não importando quanta força fizesse, não conseguia se livrar do abraço forte de Antony.

- Vamos comemorar o amor entre duas pessoas, a amizade de novos amigos, a beleza feminina e é claro a grande festa que darei.

- Você só quer um motivo para beber. Yerko o acusou.

- Não preciso de motivo para beber, mas detesto beber sozinho.

- Porque está me tratando como se fossemos amigos? Yerko quis saber.

- Porque meu caro Profeus é melhor ser meu amigo do que meu inimigo. Agora vamos, conheço um lugar ótimo aqui perto.

Deia ficou olhando os três se afastarem, Antony os obrigando a caminharem pela rua como se fossem amigos de longa data, Deia juntou as mãos junto ao peito como se pretendesse rezar e disse num sussurro.

- Tome cuidado Isaty.

Um rosto surgiu no vidro da janela da casa observando Deia, um sorriso malicioso se formou no rosto de Oroko, ela havia assistido toda a conversa de Deia e Isaty como uma vizinha fofoqueira espionando pela janela.  

- Espionar os outros é feio. Pelucita disse a Oroko de dentro da casa.

- Se estão parados em frente a minha casa onde posso vê-los não é espionar. Oroko se defendeu falando com Pelucita que estava ao lado de Celes e acrescentou.

- E esses dois, Isaty e Deia são um casal curioso.

- O que tem de curioso neles?

- Deixa para lá, porque agora temos um assunto mais importante a tratar, o que me faz lembrar de mais uma coisa.

Oroko abriu a porta de casa pegando Deia pela mão e a puxando para dentro, ela tomou um susto, encarou Oroko que sorria para ela.

- O que foi? Deia perguntou temendo que ela tivesse escutado a conversa lá fora.

- Aloim iniciar operação vestido de festa! Oroko falou com as mãos na cintura.

- Sim minha general! Aloim falou fazendo continência para ela, em seguida correu para um armário que Celes e Pelucita juravam não estar lá há segundos atrás. Ele abriu a porta dupla do armário puxando uma haste metálica com vários vestidos pendurados, um mais belo que o outro.

- Eu quero ver você experimentando todos eles. Oroko falou em meio a uma risada olhando Pelucita com olhos cobiçosos e dois vestidos um em cada mão.

- O QUÊ? Não vou usar um vestido para humanos. A charr protestou.

- Ah vai sim! Todas nós usaremos, podem escolher a vontade e não se preocupe Pelucita que a casa se encarrega de ajustar para seu corpo.

- Pelucita você vai ficar linda usando este. Celes falou apanhando um vestido rosa claro com detalhes dourados.

- Não seja tímida, eu ajudo você a se despir. Oroko falou avançando na direção da charr, as mãos levantadas pronta para agarrá-la, o sorriso de Oroko aumentava a cada passo dado na direção de Pelucita.

- O seu marido está aqui dentro! Pelucita falou como última alternativa, ela tinha se afastado e estava com as costas contra a parede não tendo para onde fugir.

- Aloim dê o fora. A esposa mandou sem tirar os olhos de Pelucita.

- Eu tenho mesmo de ir? Ele disse chateado.

Oroko se virou para Aloim o encarando com um olhar feroz apanhando Juggernaut na prateleira.

- Você por acaso está insinuando que quer ver nossas convidadas em roupas intimas, querido?

- Não amor, de maneira nenhuma... acho que vou sair e comprar algumas peças para minha nova invenção.

- Acho uma ótima idéia querido. Oroko falou batendo a marreta na mão.

Ele apanhou o sobretudo em cima da mesa retirando o avental e colocou o sobretudo, indo em direção da porta para sair, quando Celes perguntou curiosa.

- Senhor Aloim, você não vai sentir calor usando isso?

- Eu não sinto mais calor. Foi sua resposta dando um sorriso a ela.

- Como assim? Celes perguntou não recebendo resposta, Aloim já tinha saído.

- Agora que meu marido saiu... Oroko falou se virando novamente para Pelucita que arrepiou todo o pêlo até a ponta da calda nervosa.

A porta da casa se fechou atrás de Aloim, ele ainda conseguiu ouvir Pelucita gritando para Oroko soltá-la, Celes e Deia tentando convencê-la a se acalmar. Aloim levantou a cabeça admirando o lindo dia de sol, não havia nenhuma nuvem no céu, ele fechou os olhos tentando se lembrar da sensação agradável do sol aquecendo a pele, 200 anos era muito tempo para Aloim conseguir ainda se lembrar, ele puxou a gola do sobretudo para cima e começou a caminhar pela rua.

 

Taverna

 

Antony literalmente arrastou Isaty e Yerko até uma taverna próxima da mansão Solar Cran, a princípio tanto Isaty quando Yerko se recusaram a participar da bebedeira, mas após a segunda garrafa de vinho e muita conversa Antony os convenceu a participarem. Foram horas agradáveis de piadas, conversas e informações para Antony, já havia algum tempo que ele queria descobrir mais sobre os dois e a única maneira de fazer isso sem recorrer a violência seria deixando-os alcoolizados.

Yerko e Isaty respondiam quase tudo o que Antony os perguntava, contando verdadeiras pérolas a respeito de suas vidas, Antony soube que tanto Isaty quando Yerko tiveram os pais executados por pertencerem aos separatistas. Antony entendia o motivo de Yerko entrar para eles, o perfil dele era próprio dos separatistas, mas Isaty era totalmente inverso, frágil e delicado demais, mesmo bêbado Isaty não falou porque ingressou, Antony desconfiava que tivesse a ver com a bela garota chamada Deia. Quando Antony puxou assunto sobre ela Isaty desconversou, isso até o sexto copo de vinho, depois disso ele chorou como uma mulher dizendo estar apaixonado.

 No caso de Yerko ele quase arrumou briga com Antony ao contar sobre quando era escravo dos rebeldes charr onde conheceu Celes e Pelucita. A garota sem dúvida era o ponto fraco dele, bastou insinuar que uma mulher de verdade nem olharia na cara dele por ameaçar a irmã de criação que Profeus se levantou irado quebrando uma garrafa na mesa, o caco de vidro perigosamente balançando em suas mãos. Mas segundos depois Yerko desabou na cadeira dormindo profundamente, totalmente bêbado.

Antony e Isaty tiveram de carregar Yerko até a mansão e deitá-lo na cama do quarto, em seguida Antony pediu que Isaty o acompanhasse, porque precisava falar com ele ainda. O motivo de todo esse teatro era para Antony ver se existia um elo fraco dentro dos separatistas, fazia algum tempo que ele formulava um plano e ao conhecer Oroko soube que era à hora certa de agir. Três dias o separavam de conseguir o que era seu por direito.

 

Entrada de Ebonhawke

 

Aloim seguia pela rua calmamente em passos silenciosos, ele gostava de andar assim quando não queria ser perturbado, ele literalmente deslizava por entre as pessoas alheias a sua presença, esta talvez fosse uma das poucas vantagens de sua condição. Em menos de 15 minutos Aloim cruzou toda a cidade chegando aos portões de entrada de Ebonhawke, ele desceu a rampa larga capaz de acomodar um dos tanques de guerra dos charr.

Aloim imaginava o que aconteceria com a cidadela de Ebonhawke caso os charr decidissem tomá-la como fizeram com a capital humana de Ascalon Rin transformada em Black Citadel, mesmo após anos de reforço nas defesas da cidadela era pouco provável que Ebon resistisse por muito tempo, o poderio bélico charr era imensamente superior ao dos humanos de Ascalon, se o conflito não tivesse sido parado com a morte do rei Aldebern e a transformação de um terço da população humana em fantasmas, possivelmente kryta acabaria tendo de participar do conflito o que eventualmente se tornaria uma guerra continental.

Aloim ergueu a cabeça pensativo e notou ter chegado ao seu destino, penhascos de Mithric, onde ficava a cidade charr Relógio de Deathblade, há 15 quilômetros de Ebonhawke. O local é um assentamento fortificado onde os charr jovens são treinados e o comércio amplamente estimulado. Aloim levou 30 minutos para cobrir os 15 quilômetros, sua condição ainda o causava espanto quando realizava tais feitos mesmo após tantos anos.

Uma vertigem o atingiu, seguido de um enjoou, Aloim baixou a cabeça entre os joelhos vomitando o café da manhã, por causa de todo o alvoroço causado pelas visitas e a presa de sair de casa, ele havia se esquecido completamente de vomitar a comida no banheiro, agora o corpo cobrava o preço pelo seu erro, Aloim apoio as costas no muro de ferro da cidade charr esperando o mal estar passar, assim que se sentiu melhor ele se virou dando um soco de frustração na parede metálica, o ferro amassou deixando a forma de seu punho nela. Quando Aloim começava a se sentir mais humano algo sempre o fazia se lembrar que nunca mais poderia ser um.

 

 Quarto de Antony

 

- A resposta é não! Antony foi curto e grosso com ele.

- Pensei que você era contra as loucuras do seu pai? Isaty falou com ele, o bafo de álcool atingindo o rosto de Antony.

- Sou. Mas não posso simplesmente soltar um charr preso numa jaula dentro da base separatista e deixá-lo sair pelo portão da frente. Ele argumentou.

Isaty finalmente havia tido coragem de falar sobre Tybalt, a bebedeira ajudou a tomar coragem de falar com Antony, assim como as várias perguntas que Antony tinha feito a ele antes, essa apenas acabou surgindo na conversa.

- Eu não disse que faríamos assim, podemos soltá-lo a noite quando todos estiverem dormindo. Eu já fui até a jaula, ninguém vigia ele de noite.

- Então esse era o tal gatinho faminto? Antony o fuzilou com o olhar entendendo aquela escapada noturna dele.

- Tecnicamente é um gato... grande.

- Isaty, você deu sorte daquela vez e pelo que você me contou o charr não está em condições de andar, o que dizer correr ou se esgueirar. Você por acaso sabe quando pesa um charr adulto?

- Ahhh, não. Na verdade não. Isaty disse tentando imaginar o peso de Tybalt.

- Bem, eu também não. Mas não quero descobrir, ele deve pesar igual a uma vaca.

- Isso foi ofensivo. Isaty falou olhando para ele irritado.

- Ok, igual a um boi. Antony falou dando em ombros.

- Ainda é ofensivo.

- O que importa Isaty é que não vou soltá-lo.

Isaty encarou Antony fazendo beicinho, com um olhar choroso.

- Pára de me olhar com essa cara, maldita hora que resolvi apadrinhá-lo. Antony falou levando a mão a cabeça, começava a achar que tinha abusado demais na bebida, começando a ficar lerdo.

- Pensei que ia dizer virar meu amigo.

- Tanto faz. Isaty se você quer libertar o charr.

- O nome dele é Tybalt. Isaty o corrigiu.

- Ok, se quer libertar Tybalt só tem uma maneira segura de fazer isso.

- E qual é?

Antony sorriu aquele mesmo sorriso igual ao do pai desprovido de sentimentos.

- Matando meu pai.

- Espero que isso seja brincadeira.

- Estou falando sério, quando eu matar meu pai você solta o charr.

- As vezes você me assusta Antony. Isaty falou o encarando, um filho nunca devia pensar em matar o próprio pai independente de quem fosse ele.

- Sou um cara assustador. Ele brincou fazendo pose.

- Sim, quando não está babando enquanto dorme, roncando e comendo como um porco. Isaty foi numerando nos dedos da mão.

- O que você disse moleque?

- Ops, escapou. Isaty falou levantando da cadeira e ameaçando fugir.

- Onde pensa que vai? Volta aqui!

Antony gritou correndo na direção dele, ao se levantar rápido demais acabou tropeçando na cadeira devido a embreagens, seus movimentos ficaram lentos. Ao cair Antony segurou o braço de Isaty e ambos foram ao chão, Antony aproveitou a oportunidade montando em cima dele segundo as mãos de Isaty imobilizando-o.

Antony sorriu para ele e Isaty arregalou os olhos assustado, o rosto assumiu um tom vermelho, a pele ficou fria ao toque, mas suor escorreu da testa dele, o peito de Isaty subia e descia enquanto respirava rápido, Antony podia jurar conseguir escutar o coração dele batendo acelerado. Por algum motivo Antony se sentiu desconfortável com aquela situação, ele soltou Isaty permitindo que ele se levantasse, depois falou para ele sem o olhar nos olhos.

- Acho que é hora de você ir pro seu quarto.

- Eu... eu... também acho. Isaty respondeu meio constrangido, quando chegou à porta se virou para Antony e disse para ele antes de sair.

- Você não é um monstro como seu pai.

- Mas também não sou o herói que você talvez pense que posso ser.

Isaty saiu do quarto fechando a porta, Antony ficou lá parado por mais de 1 minuto pensativo, depois foi em direção à parede apoiando o braço nela baixando a cabeça, de repente ele começou a esmurrá-la, golpe atrás de golpe, a parede ganhando a impressão do punho dele devido ao sangue. Antony parou ofegante aplicando um novo soco, a dor percorrendo a mão e subindo pelo braço até se alojar no cérebro.

- Que pensamento besta foi esse que tive? Acho que vou ter de sair e procurar uma mulher.

Mas Antony não parava de pensar como a pele de Isaty era macia e tinha um perfume de canela.

 

Penhascos de Mithric

Cidade charr Relógio de Deathblade

 

- Veja só o que o vento me trouxe. Falou um charr velho de pêlo alaranjado com listas pretas iguais a de um tigre, um dos chifres tinha uma rachadura, várias falhas no pêlo mostravam antigas cicatrizes de alguém que não lutava há muito anos.

- Olá Greyffan Torneye, você continua bonito como sempre. Aloim falou para o charr se sentando no banco de ferro da loja.

“Parafuso solto” era o nome desta loja charr de peças usadas, Aloim era um velho cliente e amigo de Greyffan, muito velho por sinal.

- Quando você vai tirar isso que você chama de barba da sua cara? O charr brincou com ele.

- O dia que você começar a escovar os dentes.

- Há, há, há, é bom ver você Aloim. O que vai querer hoje?

Aloim o entregou uma lista, o charr examinou atentamente cada item se virando para separá-los.

- Muita coisa hoje, precisa de ajuda para levar?

- Não, obrigado.

- Tem certeza? Vai ser quase 130 kg só de peças.

- Dou conta. Aloim disse arrumando os óculos.

- Um dia vai ter que me explicar como consegue carregar tanto peso assim. O charr falou avaliando a expressão dele.

- Eu conto quando você me explicar como funciona um motor a vapor charr. Aloim falou em provocação.

- Pelo visto nenhum de nós vai conseguir o que quer. Brincou o Greyffan.

- Tem mais uma coisa que preciso que faça para mim velho amigo. Aloim disse ficando sério.

- Tudo o que você e Oroko precisarem, devo minha vida a vocês dois.

- Preciso que você entregue uma mensagem ao imperador Smodur.

- Pelo motor a fusão! Não me diga que? O charr falou se aproximando.

- Sim. Avise a ele para mandar uma legião inteira para Ebonhawke em 3 dias, a cabeça da serpente finalmente será cortada.

 

Mansão Solar Cran

 

A intenção de Antony era ir a um bordel se perder em libertinagem como já tinha feito inúmeras vezes, mas antes mesmo de sair do quarto tinha mudado de idéia, por algum motivo estranho ele estava desconfortável em fazer isso, por essa razão resolver visitar uma pessoa que não havia visitado ainda desde o seu retorno, a pessoa mais importante para ele, sua mãe Mirian.

 Antony abriu a porta do quarto da mãe com todo cuidado, uma fraca luz entrou pela porta iluminando o aposento na penumbra.  As cortinas estavam fechadas para permitir que ela repousasse tranquilamente de dia, Antony caminhou lentamente ajoelhando ao lado da cama, gentilmente ele pegou a mão da mãe com delicadeza envolvendo-a nas suas, a voz dele saiu baixa e carinhosa.

- Mãe? Está acordada?

Mirian despertou abrindo os olhos e virando a cabeça para ver o filho, o corpo frágil e magro dela estava pálido e com manchas escuras em algumas partes do corpo. Mirian sorriu para Antony, ela tinha olheiras profundas em volta dos olhos, os cabelos loiros estavam desbotados e sem vida.

- Meu querido filho.

- Mãe... estou de volta. Desculpe-me não ter vindo antes para te visitar.

- Você ficou preso naquele mosteiro por 12 anos meu filho, queria aproveitar a sua liberdade.

- Eu estava com medo mãe. Medo de a senhora me ver e dizer que estou igual ao meu pai.

- Meu querido. O que eu vejo é meu menino que foi tirado de mim e agora retornar como um homem forte e bonito. Ela disse sorrindo.

Antony segurava as lagrimas, não queria chorar na frente da mãe, ele retribuiu o sorriso para ela e falou.

- Como a senhora está?

- Bem meu filho agora que pude ver você... mas tem algo o incomodando? A mãe perguntou a ele analisando as feições de Antony.

- Não. Antony mentiu para ela.

- Não minta para sua mãe, algo está lhe incomodando. Ela o pressionou.

- Mãe... papai está viajando, ficará fora por mais 3 dias, quando voltar eu vou enfrentá-lo. Não quero nada disso, riqueza, poder, o nome da família. Vamos embora, só eu e a senhora para bem longe desse monstro.

- Meu filho, eu não quero ser um estorvo para você e porque essa idéia de partir justo agora?

 - Não quero continuar aqui.

- É por causa de uma garota? A mãe lhe perguntou com o sorriso um pouco mais malicioso que uma senhora podia dar.

- Não é nenhuma garota... antes fosse. Antony ainda chegou a falar, depois acrescentou.

- O que quero dizer mãe, eu não quero viver mais neste lugar sendo controlado por aquele homem.

A mãe tocou o rosto do filho alisando seus cabelos, o olhando dentro dos olhos.

- Sebastian nunca permitirá que você vá.

- Não preciso da autorização dele, só me importo com a senhora.

- Meu filho, você sabe o que precisa fazer se quiser ser livre.

Antony se levantou encarando a mãe, os punhos se fechando as dobras dos dedos ficando brancos.

- Você sabe. Ela falou novamente.

- Eu sei... e o farei.

 

Portões de Entrada Ebonhawke

 

Aloim retornou para Ebon carregando uma grande mochila cheia de peças, ele mal fazia esforço, mas se pedisse algo mais para o charr Greyffan ele desconfiaria. Quando estava na metade do caminho para casa algo chamou sua atenção. Havia alguém escondido em cima de um telhado deitado de bruços observando, longe depois para um passante perceber, a pessoa vigiava uma rua ou mansão. Aloim abaixou os óculos apurando mais a visão, qual foi sua surpresa ao ver que era uma menina.

Luuh totalizava quatro mansões com o símbolo dos Solar Cran na cidade, não foi difícil achá-las, eram as mansões que mais se destacavam, o brasão dourado do sol ornamentava o murro de todas elas. Agora vinha a parte mais difícil, descobrir qual dava acesso a base separatistas e como invadiria.

- Está vendo algo interessante?

A voz veio do seu lado, ela não sabia explicar como, mas um rapaz de óculos com uma barba preta literalmente surgiu deitado ao seu lado imitando sua posição de vigília. Luuh rolou para o lado se pondo de pé, o movimento quase a fez escorregar nas telhas, ela sacou a adaga esperando que fosse atacada pelo estranho.

- Oi. O rapaz disse se sentando no telhado, um sorriso inocente surgiu em seus lábios.

- Quem é você? Luuh perguntou não baixando a guarda em nenhum momento.

- Calma mocinha, não sou seu inimigo. Eu só fiquei curioso em te ver aqui em cima escondida.

Ela olhou para baixo vendo os 12 metros de altura que estava e falou para ele cheio de desconfiança.

- Não tinha como você me ver lá de baixo eu estava muito bem camuflada.

- Tenho ótima visão.

- Usando óculos? A menina disse sarcasticamente.

- Por isso tenho uma boa visão. Ele rebateu ainda sorrindo.

Luuh olhava em volta pensando o que faria, devia fugir ou atacar?

- Olha. Desculpe-me se a assustei. Só achei estranho uma menina na sua idade, aqui em cima escondida, se está procurando alguém ou algum lugar eu posso ajudar você.

- O último que me ofereceu ajuda tentou me violentar. Luuh disse com os olhos raivosos pronta para matar se fosse preciso.

Aloim arregalou os olhos ao ouvir o que a menina disse, o sorriso sumiu do rosto dele e em seu lugar uma tristeza profunda foi vista. Em um piscar de olhos Aloim se moveu de maneira inacreditavelmente rápida, um segundo atrás ele estava ainda sentado no telhado, no seguinte ele estava sobre Luuh a envolvendo em seus braços, ela não conseguiu impedi-lo, quando se deu conta Aloim a abraçava, Luuh ainda conseguiu por reflexo acertar a costela dele com a adaga.

- Me solta! Luuh começou a falar.

- Como puderam fazer isso com uma criança? Aloim começou a dizer, o abraço era carregado de carinho e ternura.

 Luuh ouviu ele soluçar, Aloim chorava as lágrimas dele escorriam indo cair no rosto dela.

- Você teve de se fingir forte porque não teve escolha. Deve ter sentido medo?

Luuh não compreendia essa tristeza dele, foi quando tudo que estava preso dentro dela saiu. Medos, tristeza, solidão. Tudo vindo de uma vez, ela retribuiu o abraço e chorou as lágrimas lavando a alma, deixando tudo sair que estava acumulado dentro dela.

- Você não está mais sozinha criança.

E enfim Aloim pode sentir-se humano novamente ao confortar uma menina.

 

 

Casa de Oroko

 

- Querida cheguei!

Aloim abriu a porta da casa, uma das mãos tampando os olhos, mas os dedos permitindo que ele visse pelas arestas.

- Pode entrar querido. Oroko falou.

- Todas vestidas? Nada que possa depois me causar uma dor violenta por espiar?

- Sim. Estamos todas vestidas, pode olhar. Nada de dor para você hoje. A esposa brincou.

Aloim baixou a mão e sua expressão foi de alegria.

- Vocês estão lindas. Ele elogiou.

As três garotas e a charr usavam vestidos exuberantes, além disso, o cabelo delas tinha sido feitos e maquiagem destacava seus rostos.

- Me sinto uma idiota vestida assim. Pelucita falou se olhando.

- Você está muito fofa. Aloim disse a ela com uma mão no queixo enquanto ele a admirava.

- Não abuse da sorte. Ela falou mostrando as garras e presas. Em seguida foi até o tapete deitando no chão em cima dele, deu duas giradas como um gato para se acomodar.

- Pelucita você vai amassar o vestida! Celes falou para ela.

- Eu tenho uma surpresa amor. Aloim falou para a esposa.

- Surpresa? Seria chocolate? Ela perguntou ansiosa.

- Infelizmente não... Ele disse abrindo a porta de casa e revelando uma menina de no máximo 12 anos vestindo algo parecido com roupas de couro, a cor da pele dela era caramelada e os cabelos longos pretos, a menina olhava sem jeito para dentro da casa examinando cada detalhe dela.

- Eu a encontrei na rua perdida. Podemos ficar com ela? Podemos? Aloim brincou.

Oroko sorriu para a menina caminhando até ela, depois se ajoelhou em frente a menina e a abraçou.

- Vai ficar tudo bem querida, qual é o seu nome?

Os olhos de Luuh passaram direto por Oroko se fixando em Pelucita que estava deitada no tapete, ela se desvencilhou de Oroko correndo na direção da charr e se jogou nos braços de Pelucita. A charr olhou a menina com curiosidade em seguida Luuh chorou.

- O que eu fiz? Pelucita perguntou preocupada.

As garotas olharam sem entender a reação da menina, Aloim foi até a esposa e falou algo em seu ouvido, ao escutar a expressão de Oroko se transformou, uma fúria dominou a mulher, ela ergueu o braço e a marreta Jurggenaut voou para sua mão, o movimento assustou Celes e Deia que se viraram para olhar Oroko.

- Quem tentou fazer isso com você menina? Diga-me que esmagarei as duas cabeças desse miserável! Oroko falou queimando de raiva.

- Não precisa, ele está morto. Eu mesma o matei. Luuh falou encarando Oroko, depois voltou a abraçar Pelucita, a saudade de Tybalt a consumia.

Deia e Celes olhavam para ela, esta criança pequena tinha matado alguém? Oroko deixou a marreta na mesa e foi até Luuh, as outras garotas indo com ela.  As quatro formaram um circulo em volta da menina.

- Não se preocupe ninguém lhe fará mal aqui.

- Só quero encontrar Tybalt!

Oroko sorriu e disse.

- Nós ajudaremos a encontrá-lo.

No fundo da sala Aloim sorria, ele olhou para a lateral do corpo e retirou a adaga fincada nele, tinha se esquecido de retirá-la, a ferida se fechou instantaneamente. Quando tivesse oportunidade precisava falar com a esposa, logo, logo ele precisaria se alimentar.

 



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