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História Crônicas de Uma Semideusa: A Filha da Tempestade - Bastardos


Escrita por: LightB

Notas do Autor


Hey pessoas...
Bem, acho que vocês devem estar me odiando no momento né?
Desculpem o sumiço, mas aqui lhes trago um cap especialmente longo, sei que não compensa o tempo perdido, mas...
Espero que gostem!*

Capítulo 30 - Bastardos


Voltei meu olhar para a janela a minha frente, mas dessa vez sem realmente ver nada, minha mente estava longe do meu corpo, me levando de volta ao dia em que descobri que eu não era normal, quer dizer, que descobri ser uma semideusa, o dia em que o primeiro ciclope me atacou.

Maldito Ciclope.

"O deus que acha que nos tem sob controle", essas eram as palavras dele, mas que deus é esse? Seria Poseidon? Quer dizer, as forjas são aqui em seu reino, mas nenhum ciclope é obrigado a ficar aqui, eles são livres para sair quando quiserem, mas a maior parte prefere ficar e trabalhar, por vontade própria, até por que aqui eles são aceitos, eles tem algo a fazer, tem lugar para descansar, comida e o mais importante, estão seguros.

Então por que querer vingança contra Poseidon? Não faz o menor sentido.

Não muito tempo depois disso eu ouvi um barulho um tanto quanto alto, quando virei para olhar o que havia causado o som, ali estava o Percy, olhando de mim para o Poseidon e então para mim de novo e novamente para o Poseidon, e o barulho havia sido graças a espada que ele derrubou no chão, talvez pela surpresa.

Eu ia dizer a ele que podia respirar tranquilo, dizer que nossa relação complicada estava menos complicada, mas não tive tempo para isso, a esposa de Poseidon, Anfitrite, entrou na sala, seus passos ecoavam por todo o salão, o longo cabelo castanho-avermelhado estava preso em uma trança repleta de estrelas do mar prateadas, a pele levemente bronzeada brilhava levemente e seus olhos escuros se dirigiram a mim com raiva, naquele momento achei que ela me mataria.

-Poseidon - ela soltou o nome com raiva, seus olhos se voltaram para ele e eu pude perceber uma aura levemente assassina nela - o que essas coisas ainda estão fazendo aqui?

-Essas coisas são meus filhos e esta é minha casa - Poseidon se endireitou em seu trono, sua voz soou firme e impassível, seus olhos verdes tão serenos escureceram levemente e eu pude perceber que ele havia se irritado.

-Esta também é minha casa - ela soltou entredentes e eu percebi que a temperatura da água parecia estar aumentando, Anfitrite fechou os punhos e deu mais alguns passos em direção a ele - e eu exijo respeito.

-Eu é que exijo respeito - Poseidon parecia prestes a puxar seu tridente, mas então ele fechou os olhos e respirou antes de voltar a encara-la - Por favor, comece a agir como a adulta que é.

-Esta me chamando de criança? - Anfitrite quase gritou para ele, sua raiva era quase palpável e definitivamente a temperatura da água estava aumentando.

Olhei para o Percy, que me encarava agitado, balancei negativamente a cabeça para ele, queria ver o que ia acontecer, mas ele me encarou irritado e eu achei melhor sair dali, por mais que eu odiasse ter de perder a cena que estava acontecendo ali, não ia brigar com o meu irmão, pedi licença discretamente e passei o mais longe possível dela, peguei a espada do Nico o mais silenciosa que pude antes de seguir o Percy pelos corredores do castelo. 

Se olhar pelo lado de que somos filhos bastardos de Poseidon, já que ele é casado com Anfitrite a mais tempo do que consigo contar, e traiu ela com nossas mães, bem, isso explicaria o por que de alguns seres marinhos aqui do castelo não gostarem de nossa presença, afinal isso é como um insulto a rainha deles. Mas ainda sim não justifica a maneira como ela nos trata.

Ele não parou de andar até encontrar uma parte do palácio que não havia ninguém além de nós, o que era ótimo, não que eu não quisesse ninguém por perto, mas era estranho o jeito que nos olhavam, quase como se fossemos aberrações da natureza.

Abandonei meus pensamentos e olhei ao meu redor, o lugar em que havíamos chegado era meio que uma arena, haviam escudos e lanças em um canto, juntamente com algumas armaduras douradas e logo ao lado um suporte repleto de diferentes tipos de espadas, olhando mais a diante e eu podia ver a forja dos ciclopes no limite do horizonte, estava brilhando em um amarelo alaranjado que parecia ser quente, muito quente. 

Sentei na arquibancada e fiquei observando o lugar até perceber que meu irmão estava andando de um lado para outro, sem parar nem mesmo por um minuto, encarando o chão e parecendo estar em um debate interno, quase como se quisesse perguntar alguma coisa, mas não quisesse saber a resposta.

–Okay, seja la o que estiver pensando, diga logo antes que abra um buraco no chão - falei meio sarcástica, já que ele não parava quieto e isso estava começando a me irritar.

–Eu estava no acampamento - ele falou ainda sem parar de andar e eu quis levantar e faze-lo ficar quieto - contei apenas a Annabeth sobre você, por que, você não tem ideia de como ela chorou, o chalé de Atena fez sua mortalha, azul escuro, da cor das tempestades, com um tridente negro no centro, acho que por causa de você gostar tanto de preto.

O encarei confusa por um momento, até mesmo esquecendo de como estava irritada por ele ficar andando feito um idiota de um lado para outro.

–Mortalha?

–Sim, é uma homenagem feita a campistas mortos - ele parou de repente, como se lembrasse de alguma coisa, depois voltou a andar e eu quis bater nele - e quando ela soube da verdade, não tem ideia de como ela ficou feliz. Queria mandar uma mensagem de Iris na hora, mas ela achou melhor não arriscar, quer dizer, alguém poderia ver.

–Ela devia ter arriscado, sério, eu prefiro correr esse risco - sabia que era inútil, mas ainda sim eu disse, não custava nada tentar e  eu queria muito falar com ela, precisava conversar com alguém além do meu irmão antes de enlouquecer.

–Ela vai ligar, assim que conseguir ficar completamente sozinha - ele falou parando novamente, dessa vez ele se virou para mim enquanto pegava a caneta do bolso e a transformava em espada - enquanto isso, o que acha de treinar um pouco? É alguma coisa diferente para você fazer.

Nem mesmo respondi ele, me levantei na mesma hora, puxei a faca logo apertando a concha roxa e logo o que eu tinha em mãos era uma espada, mal tive tempo para respirar e Percy já estava me atacando, um golpe tão rápido que mal havia visto, mas consegui desviar, se fosse um pouco mais lenta teria um belo corte no braço.

Só para constar, lutar embaixo da água é complicado, se você é um filho do deus dos mares pode usar isso a seu favor, aumentar sua força, agilidade, velocidade e precisão, agora o problema é que, se o oponente também é filho de Poseidon, isso complica ainda mais as coisas, pois ele também tem essas vantagens e se ele é um esgrimista melhor, ele fica ainda melhor, o que quer dizer que, você vai perder.

O grande problema é que a água diminui um pouco o ritmo, leva um tempo até se acostumar, por que, por mais que a água nos ajude, ela também atrapalha um pouco, estou acostumada a lutar no solo, com ar, não com água, mas depois de algum tempo é quase como se houvesse lutado na água toda a minha vida, o que não tem como ser verdade, por que até poucas semanas atrás eu nunca havia segurado uma espada.

Percy nem precisou  se esforçar muito em nossa batalha, ou mesmo tentar me desarmar, eu mesma acabei por deixar a espada cair quando minha visão embaçou e eu perdi o chão por alguns segundos. Achei que fosse desmaiar, e tudo ficou rodando por alguns longos segundos e minha cabeça estava pesada, meus olhos implorando para se fecharem e eu não consegui resistir, chegou a um ponto onde tudo o que pude fazer foi fechar os olhos e desistir.

Percy soltou a espada a tempo de me segurar antes que eu caísse no chão, ele me pegou no colo, ao menos eu acho que ele fez isso, só me lembro de que ele estava me colocando sentada na arquibancada quando eu voltei a abrir os olhos, demorei mais alguns minutos para me recuperar completamente, era horrível estar tão frágil assim, me senti vulnerável, como uma boneca de porcelana. 

Eu não aguentava mais isso, não conseguia entender por que estava demorando tanto para me curar totalmente, passei uma semana desmaiada, isso devia ser mais do que tempo suficiente para se curar.

Percy insistiu em me levar até meu quarto, e eu não discuti com ele, primeiro por que minha cabeça estava horrível e eu não tinha condições psicológicas para discutir no momento e segundo por que não tinha ideia de como chegar até o meu quarto, não havia prestado a minima atenção por onde havíamos passado para chegar até ali.

Assim que eu já estava sentada na minha cama, em segurança e confortável ele saiu, por que eu tinha de descansar.

Me joguei de costas na cama e fiquei encarando o teto do quarto por um tempo, mas algo me fez desviar a atenção para o lado, a água começou a tremeluzir e eu me sentei na cama assustada, mas logo eu vi a imagem da Annabeth e só então percebi que aquilo devia ser uma mensagem de Iris, assim que me viu ela sorriu radiante e  tudo o que eu queria era poder atravessar a nevoa e abraça-la.

–Annabeth - sorri encarando a garota dos cabelos loiros ondulados e os olhos cinzentos como um dia nublado - é tão bom poder ver você.

–Lara, não tem ideia de como eu fiquei preocupada e eu achei que tivesse realmente morrido, foi horrível ter de assistir sua mortalha ser queimada, eu queria poder estar ai - ela falou tudo de uma única vez, e apenas parou para recuperar o fôlego - como você esta?

–Um pouco fraca ainda, não me recuperei totalmente, mas estou bem na medida do possível - ela sorriu ainda mais, aliviada - e como vão as coisas por ai?

–Bem confusas, Nico contou o que o Erick esta planejando e todos estão preocupados, ninguém quer reviver o que aconteceu quando Cronos quis ressurgir - ela fez uma pausa, como se não quisesse pensar em alguma coisa, balançou levemente a cabeça e voltou a me olhar, sorrindo menos do que antes - mas isso não importa agora, o que aconteceu entre você e o Nico na missão?

Eu quis perguntar o que havia acontecido quando Cronos quis ressurgir, eu sabia tão pouco sobre isso que era quase como se ninguém quisesse me contar, mas acabei deixando isso de lado por um momento, como assim ela queria saber o que aconteceu entre mim e o Nico na missão?

–Por que? - me fiz de desentendida, não queria ter de dizer nada até saber o que exatamente ela sabia, não que eu não fosse contar, eu vou contar, mas não ainda.

–Por que eu nunca vi ele daquele jeito - Annabeth olhou para além de mim, talvez se lembrando do que havia acontecido - ele estava muito preocupado, achei que ele fosse convocar um exercito de esqueletos para ir atrás de você.

–Isso seria um desastre - me referi ao exercito de esqueletos - o que aconteceu depois? Como souberam que eu "morri"?

Fiz aspas com as mãos na palavra "morri", Annabeth riu levemente graças a isso, mas logo a expressão séria voltou a seu rosto.

–Você não apareceu e todos os monstros estavam dizendo que a Filha da Tempestade estava morta, Nico foi para o submundo, querendo saber se era realmente verdade, ele disse algo sobre não ter sentido você morrer, eu não entendi direito, ele é bem confuso as vezes, mas ninguém mais soube dele.

–Como assim ninguém mais soube dele? Já tentou mensagem de Iris?

–Sim, mas ele recusa todas as mensagens - ela parecia muito preocupada, uma sombra pairava por seus olhos cinzentos - a ultima vez que o vi daquele jeito foi quando Bianca morreu, a irmã dele.

–Preciso ir para o mundo inferior - falei de repente, assustando ela e surpreendendo até mesmo eu mesma - preciso mostrar a ele que estou viva, antes que ele resolva fazer algo idiota.

–E como pretende fazer isso? - Percy estava encostado no batente da porta do quarto, me assustei tanto com ele que quase pulei para fora da cama e Annabeth segurou um grito e encarou o namorado assustada.

-A quanto tempo está ai? - ela perguntou depois de se recuperar do susto, o que levou alguns segundos.

-Tempo suficiente - Percy entrou no quarto e deixou de encarar a namorada para dirigir seu olhar a mim - mesmo que consiga convencer nosso pai a te deixar ir, o que acho muito improvável, como vai conseguir chegar lá?

Fiquei em silêncio por alguns longos segundos, ele tinha um ponto, quer dizer, mesmo que por algum milagre eu conseguisse convencer Poseidon a me deixar ir, eu não tinha a menor ideia de como chegar lá, não é algo que eles ensinam na escola, o único caminho que eu conhecia para o mundo inferior era a morte, e esse estava definitivamente fora da lista de possibilidades.


Notas Finais


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