História Cry Baby - Dollhouse

Papai gemia no quarto,

Mamãe estava bêbada na cozinha,

O irmão fumava no porão,

E a bebê chorava sozinha. 

                                                                                         * * *

Corria o mais rápido que podia até a minha casa, sem olhar para trás. Sinto alguém tocar em minha mão, então viro-me rapidamente. Era Jeremy.

Ele não me devia explicação alguma, aliás, ele não me amava. Eu realmente não sei porquê ele me seguia. 

 - Melanie, me desculpe, eu... - não o deixei terminar, estava nervosa demais. 

 - O que foi? Não quero suas desculpas imundas! - disparei, não estava com cabeça para aquilo. 

 - Melanie, eu a amo. Disse aquilo porque você era boa demais pra mim. Depois que vi que você não me daria mais uma chance, tentei esquecê-la.

 - Se você me ama, por quê não me falou quando pôde? Quando teve oportunidade? - disse, com os olhos marejados.

 - Porque sou um bobo, um tolo! - Jeremy dizia.

 - Que bom que sabe. Você feriu meu coração. E agora, quero que sinta a mesma dor. Se você me ama tanto assim, pare de encher o meu saco. - gritei, estava furiosa. - Vá com aquela biscate da Candacy, eu não te quero mais.

Virei-me e continuei a traçar meu caminho para casa. Eu o ouvia implorar por perdão e dizer que me amava, mas pouco me importava. Eu queria esquecê-lo, apagá-lo de vez da minha mente.

                        *

Quando cheguei em casa, estava tudo silencioso. 

 Sentia um cheiro fortíssimo de queimado e fumaça vinha do quarto de meu irmão. Aquilo era normal, na verdade. 

 Subi as escadas, indo em direção ao meu quarto, quando ouço alguns gemidos baixos vindo da suíte de meus pais. Desci as escadas novamente, à procura de mamãe. Ela estava na sala, dormindo no sofá.

 - Mãe? -sussurrei, mas não tive resposta. 

 Vi que ela estava com uma pequena garrafa de whisky em uma das mãos.

 - Mãe, por favor, acorde, papai está na cama com uma vadia. - disse, dando cutucões de leve em seu ombro. 

Ela abriu os olhos rapidamente,  logo levantando-se e calçando seus sapatos. Ela ignorou minha presença e foi até a cozinha. Resolvi segui-la.

Ela pegou algumas pílulas e as colocou na boca, juntamente com um gole d'água. 

 - Ah, olá, querida. Como foi a aula? - ela dizia, escondendo a garrafa de whisky atrás das costas. 

 - Legal - menti. 

 Percebi que ela não queria minha presença, e então me retirei silenciosamente. 

Aquela era a minha família. Minha casa perfeita, meu lar. 

Meu pai levava suas amiguinhas do trabalho para casa, enquanto mamãe enchia a cara. E quando ninguém estava vendo, meu irmão acendia alguns cigarros. Já eu apenas observava. 

Abri a janela do meu quarto e vi uma moça loira saindo do quarto dos meus pais pela janela e logo pulando em uma árvore, para descer. 

Sabia que toda aquela situação era séria, mas ao mesmo tempo as achava engraçadas. 

 Ouço então a mamãe abrir com força a porta de seu quarto. Ela parecia estar furiosa! 

E então, iniciou-se mais uma briga entre meus pais. Já estava acostumada, até porque eles brigavam quase sempre. Mas mamãe parecia estar mais nervosa que o normal, alterada. Talvez fosse o efeito do álcool. 

Mas aquela, com certeza, seria uma briga diferente. Tenho um mal pressentimento.