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História Culpa Feliz - Aceitação.


Escrita por: Jhoe-

Notas do Autor


2017 JÁ COMEÇA COM OS DOIS PÉ NA NOSSA CARA NAMJOON QUE MÚSICA É ESSA MEUA MOR!!
Gente, sério que música maravilhosa. Quem não ouviu ainda Always do nosso lindo monstrão eu vou deixar o link do soundcloud nas notas finais.
Sobre a fic, eu decidi postar os caps uma vez por semana (talvez dois), mas tudo depende da velocidade que eu escrever os outros do jeito q eu to zzzzzzzz fica difícil duehudashudhe
ENFIM, boa leitura e não esqueçam de ouvir ALWAYS! <3

Capítulo 4 - Aceitação.


Fanfic / Fanfiction Culpa Feliz - Aceitação.

  Flashback on

  Namjoon’s P.O.V.

  Eu acordei totalmente indisposto naquela manhã, como já era de costume na verdade. Hoseok havia me perturbado demais noite passada com aquele MOBA esquisito que ele começou a jogar, não que eu não goste de jogos, mas eu nem conheço esse e já o detesto de tanto que aquela praga que chamo de amigo fala sobre.

  Tentei ao máximo parecer ao menos um pouco animado para aquele dia, mas falhei miseravelmente. Apenas me conformei de que não teria como e adentrei a sala de aula, faltavam apenas alguns minutos para o sino soar e a aula começar.

  — Bom dia turma, sei que estamos quase no final do semestre, mas temos um aluno novo. Se apresente, por favor. – Disse o professor de história. Eu nunca fui com a cara dele, sujeito estranho. Ele sempre parece nervoso, como se tivesse algo de errado.

  Nem me dei ao trabalho de levantar a cabeça deitada na minha mochila para ver quem era o tal aluno novo, mas sua voz era muito atraente, então apenas me contentei em ouvi-lo.

  — Olá, me chamo Kim Seokjin. – Pude ouvir alguns murmúrios sobre como a aparência desse garoto era chamativa e logo depois ouvi seus passos se dirigindo para seu lugar, a penúltima carteira na primeira fila oposta à porta.

  Os murmúrios aumentaram quando o professor se virou para escrever no quadro e por curiosidade resolvi encarar esse rapaz. Virei a cabeça em sua direção, não esperando nada demais, mas o que vi me deixou sem fôlego. Ele estava sério e sua postura era ereta. Seus ombros largos apenas chamavam mais atenção e como eu me sentava no último lugar há duas filas de distância pude perceber como seus lábios eram grandes vistos de lado. E por Deus! Que lábios maravilhosos.

  Ele mantinha o olhar firme na matéria que o professor ensinava, mas por alguma razão eu simplesmente não conseguia desviar minha atenção daquele homem. Nunca escondi minhas preferências sexuais de ninguém – algo que causava certo rebuliço dentro da minha casa – e mesmo sentindo atração por ambos os sexos, confesso que homens sempre me chamaram mais a atenção.

  Passei a aula encarando Seokjin, tentando ao máximo ser discreto. Talvez eu tenha falhado, porém não me importo. Assim que o sinal para o intervalo tocou, ele rapidamente se levantou e saiu, não dando espaço para ninguém que quisesse ao menos lhe dar um “oi”. Isso se repetiu por mais algum tempo e era incrível como ele sempre conseguia fugir dos outros.

  Contei aos meninos sobre ele – sendo incrivelmente zoado por dias seguidos – e como eu gostaria de ao menos trocar algumas poucas palavras que fossem, era óbvio que eu estava afim do garoto e as duas semanas que passei apenas o observando foram o suficiente para me deixar incrivelmente curioso no que dizia respeito à ele.

  Eu não sabia se ele se isolava de propósito ou se simplesmente era tímido demais para fazer amizades, no entanto a minha curiosidade não cabia mais dentro de mim e decidi falar com ele de uma vez. A aula ainda não havia começado e aproveitei os minutos restantes para me levantar e andar até a carteira do loiro. Sim, ele havia pintado o cabelo e não havia palavras para descrever o quão lindo Seokjin ficava loiro.

  Engoli em seco e a passos lentos me aproximei. A vontade de sair correndo era enorme e eu mantinha o punho fechado, como se aquilo fosse me dar mais coragem.

  — Oi Seokjin, me chamo Namjoon. – Sorri, puxando uma cadeira vazia e me sentando ao seu lado.

  — Ah, oi Namjoon. – Ele forçou um sorriso, deixando óbvio que eu estava incomodando. – Não quero ser rude, mas eu prefiro ficar sozinho. Então será que você poderia...?

  — C-claro, sem problema, sinto muito por atrapalhar. – Me levantei e coloquei a cadeira no lugar. Eu não sabia o que fazer e o nervosismo apenas me consumia cada vez mais. Quando eu estava quase saindo, me virei e parei ao seu lado novamente, em um súbito sopro de coragem. Engoli em seco e tentei chamar sua atenção mais uma vez. – Hm, eu g-gostaria de ser seu amigo.

  — Obrigado? E-eu fico lisonjeado, mas... – O loiro me encarou confuso e surpreso, talvez pensando em como me enxotar sem parecer grosseiro demais.

  — Não, tá tudo bem – O interrompi. –. Só queria dizer isso. Vou me retirar agora, tenha um bom dia. – Sai da sala o mais rápido que consegui, estava morrendo de vergonha e meu coração estava a mil. Eu me sentia um idiota também. Tenha um bom dia? Que tipo de pessoa fala isso hoje em dia em uma situação daquelas?

  Minha cabeça estava uma bagunça e eu me sentia meio tonto. Fora emoção demais para uma manhã só. Se eu contasse sobre essa desastrosa primeira conversa para os meus amigos – se é aquilo podia ser chamado de conversa – eles com certeza iriam me zoar muito, por isso preferi guardar para mim.

  Alguns dias depois, o professor avisou que passaria um trabalho e ao que parecia eu poderia escolher minha dupla. Logicamente chamei Seokjin, mas na primeira tentativa ele negou friamente. Admito que aquilo me desanimou um pouco, mas eu como bom trouxa que sou persisti. Quando tomei coragem para pedir pela quinta vez, já havia se passado três dias. Aproximei-me dele novamente, assim que a aula havia acabado, na esperança de dessa vez ele pelo menos considerar a ideia de fazer o trabalho comigo.

   — Ah, oi de novo. – Ri sem graça. Ele abaixou a cabeça e soltou um suspiro derrotado.

  — Na biblioteca amanhã, pode ser? Depois da aula. – Ele me encarou. Eu demorei um pouco para raciocinar o que havia acontecido, mas parece que eu havia atormentado tanto o garoto que ele finalmente cedeu. Eu sabia que era bem chato fazer isso com alguém, mas pelo menos ele não brigou muito comigo e isso já era um ponto para mim.

  —Te vejo amanhã depois da aula então, hyung. – Ele apenas meneou a cabeça e saiu. Talvez eu tenha sido muito petulante ao lhe dar um apelido sem ao menos sermos próximos e ele pareceu se irritar um pouco com aquilo, mas apenas acenei enquanto ele saía porta afora, me deixando sozinho ali no meio da classe com um sorriso bobo no rosto.

  Na manhã seguinte informei aos meninos sobre o meu progresso recente e eu estava realmente animado aquele dia, nem me importando muito com as alfinetadas de Hoseok e seu primo durante o dia todo. Assim que as aulas acabaram, eu e Seokjin seguimos em direção à biblioteca. Durante o percurso ele parecia muito desanimado e eu não sabia o que dizer, já que até então eu estava sendo uma contribuição fundamental para seu possível mau humor.

  Nos sentamos em uma das mesas afastadas e começamos a pesquisar sobre o tema que o professor havia nos designado. As poucas palavras que trocávamos eram todas relacionadas única e exclusivamente ao trabalho e isso pra mim já era um passo enorme.

  — Achei alguns livros sobre o assunto, particularmente não entendo muita coisa sobre isso. – Seokjin disse, voltando a se sentar na cadeira a minha frente após procurar mais um livro nas prateleiras enormes daquele lugar.

  — É fácil até, a parte mais complicada é atribuir os acontecimentos às suas respectivas datas, depois disso é tranquilo. – Mostrei os principais tópicos apontando cada um no livro que Seokjin segurava. Só então eu reparei em seus dedos tortos e adoráveis. Não acredito que até seus dedos eram atraentes à minha vista. Ri fraco com esse pensamento e o loiro a minha frente me encarou confuso, mas logo voltamos nossa atenção para a pesquisa.

  Foi uma tarde agradável e eu estava gostando de passá-la com Seokjin. Se bem que talvez fora agradável justamente por ser com ele. Quando a bibliotecária avisou que logo fecharia o local, não consegui disfarçar uma expressão triste.

  — Melhor irmos então. – Guardamos os livros e nossos materiais e nos direcionamos a saída do colégio. O sol ainda estava visível e parei junto à Jin no ponto de ônibus que ele esperava sua carona. – Namjoon, você... Você se incomodaria em me ajudar?

  — Se for algo dentro do meu alcance, não tem problema, mas tenho uma condição. – Dei de ombros e encarei o semblante do loiro mudar para preocupado.

  — Que condição? – Perguntou relutante. Eu apenas pedi para que ele prosseguisse, já que não seria nada demais e ele não precisava se preocupar. – Eu estou com um pouco de dificuldade em algumas matérias e você é muito bom em ensinar. Poderia me ajudar? Eu prometo que aprendo rápido.

  O mais velho abaixou o olhar apreensivo. Eu estava impressionado, não esperava que nos veríamos tão cedo assim. Não vou mentir, eu já estava tentando inventar qualquer desculpa para continuar vendo Seokjin após concluirmos o trabalho, mas pelo visto nem iria precisar me preocupar.

  — Claro, eu adoraria. – Sorri e notei que ele corou levemente. – Se conseguirmos terminar esse trabalho, amanhã mesmo já começamos.

  — Agora me diga, qual a sua condição? – Ele sorriu e agora foi minha vez de corar. Acho que essa era a primeira vez que eu presenciava seu sorriso, e aquilo fora o suficiente para me deixar bobo mais uma vez.

  — Me responda com sinceridade. – O loiro concordou. – Foi tão ruim assim aceitar fazer esse negócio comigo? – Mordi o lábio inferior apreensivo. Ele apenas suspirou e abaixou a cabeça, não demorando muito a me encarar novamente.

  — É complicado, Namjoon. – Mais um suspiro. – Quer saber, não precisa me ajudar. Eu posso me virar sozinho. Obrigado pelo dia agradável, a gente se vê amanhã. – O mais velho aproveitou que o ônibus já havia parado no ponto e subiu correndo, não me dando tempo processar os acontecimentos, muito menos fazer algo para reverter aquilo.

  Voltei desanimado para casa, me martirizando por ter feito o que quer que fosse que tenha deixado Jin chateado comigo. Durante a noite não consegui pregar os olhos por um momento que fosse, a cena de mais cedo se repetia em minha cabeça e eu tentava entender o que havia feito de errado.

  Na manhã seguinte a primeira coisa que fiz foi procurar Seokjin e assim que o encontrei andando meio perdido pelo corredor, o fiz parar. O sinal estava prestes a tocar, portanto não havia mais tanta gente passeando fora da sala. O loiro me olhou confuso e eu apenas tentava encontrar coragem para falar algo.

  — Seokjin, me desculpa por ontem. – Ele arregalou os olhos e eu continuei. – Eu não sei se disse algo que não deveria, mas me desculpa mesmo assim. Não foi minha intenção te deixar desconfortável. – Respirei fundo e o encarei esperando qualquer resposta que fosse, mas ele apenas riu. Provavelmente eu estava com a face enrugada, mas após o ouvir rindo, mesmo que de forma suave, senti meu semblante amolecer e acabei sorrindo. Sentia-me meio bobo agora.

  — Não precisa se preocupar, você não fez nada de errado. – Ele voltou a rir. – Não acredito que você ficou preocupado com isso.

  Eu me sentia muito bobo, na verdade. O mais incrível era que eu achava o Jin incrivelmente atraente até mesmo quando ele debochava de mim. Assim que sua crise risos cessou o sinal tocou. Nos encaramos por alguns segundos e meu olhar desceu até seus lábios. Ele percebeu isso e sorriu ladino.

  — E-eu não me importo em te ajudar a estudar, c-caso você ainda queira. – Quebrei por fim aquele silêncio constrangedor, me repreendendo mentalmente por ter gaguejado. Com toda certeza eu estava corado, nem que fosse só um pouco e pela risadinha que ele soltou eu fiquei ainda mais envergonhado.

  — Tudo bem então. Nos encontramos na biblioteca de novo? – Ele disse se aproximando, fazendo com o que eu desse alguns passos para trás. Senti minhas costas baterem na parede e Jin apenas continuava se aproximando, eu já podia sentir sua respiração próxima a minha e eu simplesmente não conseguia fechar os olhos, estava estático. – Até depois da aula, Namjoon.

  Seokjin realmente iria me beijar? Ele estava me provocando, é óbvio, mas mesmo assim eu não podia acreditar no quanto estávamos próximos. Meu coração batia em um ritmo descompassado e senti minhas pernas fraquejarem um pouco. Após respirar fundo algumas vezes me recompus e fui para a sala, tive que implorar para o professor me deixar entrar.

  A partir daquele dia, nos encontrávamos na biblioteca para estudar e era realmente divertido. Eu tentava variar a forma de ensinar para não ficar cansativo e eu o vi rir e sorrir tantas vezes que perdi a conta – e quase o equilíbrio também. Eu não podia mais negar, estava realmente apaixonado por ele.

  Quando os resultados das provas saíram alguns dias depois, nós dois ficamos muito felizes com o resultado, ainda mais Seokjin que tinha se saído super bem.

  — Os estudos foram tão divertidos que seria meio difícil não me lembrar de tudo durante as provas. Se bem que eu ria quando me lembrava das suas palhaçadas. – Nós dois ríamos. – Sabe, seria muito legal se a gente se encontrasse esse fim de semana, assistir um filme talvez.

  Por incrível que pareça, durante aqueles poucos dias que nos víamos nos aproximamos consideravelmente. Eu arriscaria dizer que era o início de uma provável amizade, por mais que toda vez que ficávamos um pouco mais perto Seokjin começava a me provocar e era tão difícil resistir àqueles lindos lábios. No entanto, para minha infelicidade, nunca passava disso.

  — Claro, mas depende da hora. Eu já tenho compromisso durante a noite. – Paramos na saída da escola.

  — À tarde mesmo, eu prefiro não sair durante a noite. – Concordei e trocamos números de celular para combinar por mensagem. Pois é, até então marcávamos de nos ver apenas na escola.

  Sábado, dez horas da manhã. Decidimos nos encontrar para almoçar juntos e depois iríamos ao shopping assistir algum filme aleatório. O ponto de encontro era a praça perto do colégio e a partir dali iríamos a um restaurante muito bom que havia nas redondezas.

  O dia estava muito agradável e conversávamos sobre tudo, até que pensei em perguntar algumas coisas mais pessoais, mas deixei isso de lado. Não era hora para isso ainda e nossa amizade não era tão profunda a ponto de compartilharmos segredos.

  Após o almoço fomos para o cinema, decidimos por fim assistir um filme de ação que estava em cartaz, o qual nem me lembro o nome já que mal prestei atenção na tela. Jin comprou um pacote de pipoca enorme, enquanto eu comprei apenas alguns doces. Em determinado momento do filme, a pipoca que dividíamos acabou e nenhum de nós queria comprar mais e após uma breve discussão estúpida sobre quem era mais preguiçoso nos encarávamos, um de frente para o outro ainda sentados na cadeira confortável da sala de cinema.

  Seu olhar era intenso e firme no meu, quando percebi a distância entre nossas bocas já não mais existia. Seus lábios eram incrivelmente macios, melhores do que imaginei e fantasiei inúmeras vezes. Suas mãos pousaram timidamente em meus ombros e o beijo permaneceu calmo. Acho que nenhum de nós tinha coragem de intensificar aquilo.

  Relutantemente me separei dele para recuperar o fôlego. Meu coração batia em um ritmo fora de controle e minhas mãos suavam frio. Eu não podia acreditar naquilo, no entanto o sorriso que brotava inocentemente nos meus lábios sumiu quando Jin simplesmente se virou e voltou a prestar atenção no filme e assim continuou até o fim da sessão.

  Aquelas coisas que Jimin dissera outro dia ainda pairavam pela minha cabeça e assim que saímos do cinema caminhamos para a praça, onde nos sentamos e ficamos conversando sobre algumas coisas triviais até que me atrevi a falar sobre algo que certamente não deveria.

  — Jin – Ele levantou o olhar. – Eu ouvi algumas coisas sobre você. – Pude vê-lo engolir em seco e arregalar os olhos, me encarando agora. Apenas prossegui, ele parecia curioso e preocupado. – Alguns rumores sobre como você era antes de se transferir.

  — Pelo visto nem aqui eu consigo ter um pouco de paz. – Disse para si mesmo. Massageou as têmporas e me encarou. – Namjoon, eu não quero falar sobre isso. – Virou o rosto, evitando olhar nos meus olhos. Eu realmente estava surpreso com aquilo.

  — Então quer dizer que é verdade. Quem te vê assim nem imagina isso de você. – Ri sem graça, não sendo acompanhado pelo loiro ao meu lado.

  — Eu tive meus motivos, nada que seja da sua conta. — Disse ríspido, crispando os lábios.

  — Calma, não precisa ficar tão na defensiva. É sério, eu...

  — Eu sabia que não deveria falar com ninguém nessa porra de colégio. – Interrompeu o que eu estava falando e levantou-se com pressa do banco. – Eventualmente alguém iria descobrir e ia sobrar pra mim de novo, logo agora que eu... – Mordeu o lábio em uma falha tentativa de conter a raiva. – Me desculpa Namjoon, eu não deveria ter me aproximado de você.

  O hyung ia correr para sair dali, mas o segurei pelo pulso antes que o fizesse. Por reflexo, ele se virou rapidamente com o punho fechado para desferir um soco em mim, no entanto conseguiu se segurar me causando apenas um susto. Desculpou-se com lágrimas nos olhos e saiu correndo dali. Eu não fazia ideia do que havia acabado de acontecer ali e eu estava perplexo.

  — Eu devia ter terminado de falar... Merda, Jimin!. — Cuspi nervoso, desferindo um chute no banco ao lado.

 

  O resto do dia fora normal, com exceção da pequena confraternização do Taehyung onde eu acabei passando um pouco dos limites por estar triste e com raiva ainda. Desde então, Seokjin não falou mais comigo, até hoje.

  Flashback off

  — Eu sinto muito pela forma como agi e...

  — Não. – O mais velho, assustado, encarou Namjoon a sua frente. – Eu que devo desculpas, eu não deveria ter iniciado aquele assunto. – Suspirou. – Só para você saber, eu não me importo com o seu passado ou com os motivos que você tinha para ser daquele jeito. Eu só... – Abaixou a cabeça e esfregou os olhos com as mãos, numa tentativa falha de encontrar as palavras corretas.

  — Eu realmente adorei esses dias que passamos juntos, fazia muito tempo que eu não tinha um amigo. – Aquelas palavras aqueceram o coração de Namjoon, fazendo com que ele levantasse a cabeça para mostrar o sorriso em seu rosto, que não durou muito. – Mas eu ainda acho que seria melhor se não nos víssemos mais.

  — NÃO! – Disse mais alto do que gostaria. – Quer dizer, ah, Seokjin eu... Eu ah, g-gosto de você. – Os dois estavam corados e Seokjin não sabia o que dizer, então o loiro continuou. – Não me afaste de você, por favor.

  — Você só pode estar brincando. – Ele ria incrédulo. – Se você sabe pelo menos um pouco sobre o meu passado então é impossível gostar de mim. Não brinque dessa forma comigo.

  — Eu não estou brincando. – Desviou o olhar, estava ofendido com aquele comentário. – A única coisa que eu ouvi foram rumores, não sei nada sobre o seu passado. O que eu sei sobre você é que seu sorriso é a coisa mais linda que eu já vi – Acariciou a bochecha corada do mais velho. – e eu realmente adorei ter te beijado. – Sorriu.

  — Namjoon, eu... – O mais velho, sem palavras e com os olhos marejados, estava feliz por ter alguém que gostasse tanto de si, mas ao mesmo tempo estava com medo. Se o mais novo descobrisse sobre seu passado, provavelmente o abandonaria ou o menosprezaria e isso era a última coisa que queria. Preferia poupá-lo de todo o dramalhão que fora sua vida até agora, mas estava difícil lutar contra aqueles sentimentos que insistiam em crescer dentro de si.

  — Jin, eu espero você estar pronto. Não tem problema. – Sorriu. – Quando você sentir que pode me contar tudo sobre você eu irei ouvir atentamente e não irei te julgar.

  — Você se importa de perder a próxima aula? – Namjoon negou e o mais velho pegou em seu pulso, o levando para o terraço. – Ótimo.

  — Você está bem nervoso, sabia? – Riu se sentando no chão ao lado do moreno.

  — Não é todo dia que a pessoa que você está gostando se declara pra você. — Arregalou os olhos ao perceber que disse demais, mas ficou contente ao ver o enorme sorriso no rosto do saeng ao seu lado. – Pois é Namjoon, eu também gosto de você.

  — Você não sabe como fico feliz em ouvir isso. – Namjoon não conseguia conter o sorriso de orelha a orelha, então apenas se aproximou de Jin e iniciou um beijo que fora prontamente retribuído, mas fora apenas um selar lento. Logo já estavam separados.

  — Você deve ter ouvido que sou um ex delinquente, certo? – O moreno assentiu. – É um pouco mais complicado que isso na verdade. Eu realmente quero ter algo com você e para isso eu preciso ser honesto. Cansei de mentiras. – Suspirou. O mais novo tinha uma vaga ideia do que aquilo poderia significar. – Eu e minha família estamos atolados até o pescoço em coisas que envolvem gangues. Por mais que eu fuja e tente mudar de vida, nunca vou realmente conseguir escapar disso.

  Namjoon encarava o mais velho, atônito. Não fazia ideia de que alguém como ele estaria envolvido em algo tão perigoso. Realmente, as aparências enganam muito. O mais novo se compadecia da angústia de Seokjin, de certa forma, afinal estava muito longe de ter a família mais “tradicional” de todas.

  — Eu não aguento mais ser perseguido e agora que a minha mãe está doente eu preciso me esforçar ao máximo para manter tudo isso longe dela. – Jin levantou a cabeça e encarou o céu. Fechou os olhos e inspirou profundamente, logo soltando o ar. – É complicado, mas outro dia prometo que te conto tudo.

  — Não é tão complicado assim. – Namjoon ria baixinho, atraindo a atenção do loiro ao seu lado que o encarava confuso. – Você se mudou para Seoul, a capital do crime, gangues e coisas ilícitas. Não é tão difícil encontrar alguém cujo certo membro da família tenha se envolvido com essas coisas. E comigo não foi diferente. – Namjoon ria da expressão do loiro. Ele realmente não esperava por essa. – Eu explico. Minha mãe revendia drogas e em uma dessas vendas ela conheceu meu pai, eles se pegaram loucamente e eu nasci. Quando eu tinha uns seis anos ela matou ele na cozinha da nossa casa.

  Seokjin se engasgou com a própria saliva e começou a tossir. Fora pego totalmente desprevenido e o pior de tudo era que Namjoon conseguia rir naquela situação. O loiro se perguntava como era possível algo do gênero acontecer logo consigo, mas apenas ignorou seus pensamentos e riu também. Era coincidência demais.

  Os dois ficaram juntos no terraço conversando – e se beijando – até a hora de ir embora. Falaram sobre suas famílias, sobre como um se sentia perto do outro, sobre os amigos malucos de Namjoon e Seokjin se sentia muito feliz ao lado do mais novo. Eles desejavam que aquele momento durasse para sempre.

✖✖✖

  — Hoje é sexta, vocês querem fazer alguma coisa? Não quero ir para casa ainda. – Reclamou Taehyung ainda na entrada do colégio.

  — Tá todo mundo aqui? – Jungkook olhou para os lados vendo quem se encontrava ali.

  — Falta o Namjoon só. – Taehyung disse após contar quem estava ali.

  — Falta não, tô aqui. – Os meninos se assustaram, mas observavam atentamente uma segunda figura aparecer atrás de Namjoon. – Jin, essas são as pragas. Pragas, Kim Seokjin.

  — Olá. – Fez uma breve reverência, fazendo os meninos rirem um pouco.

  — Você é tão formal, não precisa disso com gente, Jin. – Taehyung sorriu, sendo retribuído em seguida, ignorando Namjoon e seu ciúme repentino com tamanha intimidade que o ruivo já tinha com alguém que acabara de conhecer. – Ótimo, agora vamos fazer alguma coisa.

  — Podíamos aproveitar a praça, o dia está tão agradável que eu topo uma partida de basquete. – Yoongi respondeu, esticando os braços até suas costas estralarem.

  — Yoongi, você sabe que hoje tá nublado, né? – Ralhou Jungkook.

  — Por isso que eu elogiei o dia. Vamos, já tem uns moleques jogando ali. Tô afim de acabar com eles – Puxou o maknae pelo pulso, logo sendo seguido pelo resto da turma.

  Enquanto Yoongi e Jungkook jogavam basquete contra dois garotos que já estavam no lugar, Namjoon e Seokjin se sentaram na grama e o resto brigava para ver quem deitaria no banco.

  — Vamos decidir isso como homens. – Sugeriu Jimin e os outros dois concordaram determinados.

  — JOKENPÔ! – Disseram juntos mostrando as mãos. – Ganhei, seus porra, o banco é meu! – Taehyung sorriu vitorioso enquanto se deitava no banco de madeira. Jimin e Hoseok sentaram na frente do banco, no chão.

  Hoseok aproveitou o silêncio – coisa que acontecia raramente no grupo – para observar o primo. Sempre que parava para observá-lo sentia uma nostalgia. Tudo podia ter sido diferente, tudo poderia ser diferente dali pra frente, mas o castanho não estava disposto a colocar a cara a tapa mais vez. Havia se machucado demais e os machucados ainda doíam como o inferno. Quando percebeu que estava a ponto de chorar voltou sua atenção para o loiro aconchegado no amigo ao seu lado que estava com um olhar bobo e um chupão fraco no pescoço. Juntou as peças e logo concluiu o que estava se passando.

  — Jin-hyung e Namjoon, quem diria rapaz. – Disse brincalhão, atraindo a atenção dos outros que riram de como seus hyungs ficaram envergonhados com aquele simples comentário.

  Os meninos se entreolharam e começaram a gritar, atraindo a atenção de todos na praça. Tão logo gritaram, já estavam pulando em cima dos dois dando os parabéns e desejando felicidades ao “casal”. Namjoon tentou explicar que ainda não estavam namorando, mas quem disse que aqueles meninos ouviam algo?

  Yoongi e Jungkook pararam o jogo para correr até eles, preocupados que algo ruim tivesse acontecido. Quando os meninos contaram a “novidade” foi a vez dos dois se juntarem ao montinho em cima do casal.

  — Me escutem caralho. Eu e o Jin não estamos namorando ainda, e tratem de sair de cima dele. – Pela primeira vez os garotos o escutaram, mas agora o coro repetindo “ainda” começou.

  — Hyung ciumento, mal começou o namoro e já tá assim. Cuidado, viu Jin-hyung? – Brincou Hoseok, provocando risadas nos mais novos. Namjoon desistiu de tentar explicar, estapeou a própria testa e voltou a aconchegar Seokjin em um abraço.

  Quando estava anoitecendo os meninos foram para suas respectivas casas. Hoseok saiu antes que Yoongi percebesse, este que agora passava boa parte de seu tempo grudado em Jungkook. Amaldiçoou-se por estar pensando no primo, mas também estava com raiva pelo mesmo ter roubado toda a atenção de seu melhor amigo.

  Chegou em casa, deixando a porta entreaberta e encontrou sua mãe sentada no sofá assistindo algo aleatório na televisão. Direcionou-se à cozinha, pegou um pedaço de bolo que sua mãe fez e sentou ali mesmo em cima do balcão.

  — Seok, você parece mais desanimado que o normal. – Yun abandonou o programa e abraçou o filho pelo lado, apoiando a cabeça próxima à barriga do mesmo.

  — Sei lá omma, tá tudo tão confuso. – Suspirou. – O Namjoon arrumou alguém pra trocar saliva, mas eles ainda não estão namorando oficialmente. – Riu ao lembrar-se de seu hyung bravo ao tentar explicar a situação.

  — Sério? – Disse surpresa sorrindo. – Fico muito feliz por ele.

  — Eu também. Ele ‘tava tão feliz ao lado do hyung, só de lembrar eu fico contente. – Disse, abrindo um sorriso bobo no rosto e levando o último pedaço de bolo a boca.

  — Yoongi provavelmente está namorando o Jungkook também. – A frase saiu mais baixa e desanimada do que esperava.

  — Entendi tudo. – Sua mãe sentou-se no balcão ao lado do filho, logo passando os braços ao redor do mesmo o puxando para mais um abraço. Hoseok começou a chorar automaticamente.

  — Omma, por que ele tinha que aparecer logo agora? Por que a tia tinha que morrer logo agora? Por que a nossa família tinha que ser tão estúpida? – Afundou o rosto nos ombros magros da mulher.

  O choro apenas aumentava conforme o moreno deixava seus sentimentos saírem. O que ele não sabia é que seu primo estava ouvindo tudo na porta, sentado no degrau. O acinzentado também chorava, porém bem mais baixo. Perguntava-se porque tinha sido tão idiota, era tudo culpa dele Hoseok estar chorando agora. Tentava consertar as coisas, mas só fazia piorar.

  — Seok, eu sinto muito. – A mulher agora chorava também. – Eu senti que era a coisa certa a se fazer ao chamá-lo para vir para cá. Eu queria que você superasse tudo que aconteceu, mas acho que forcei demais.

  — Omma, nada disso é culpa sua, não precisa se desculpar. Você sempre faz tudo pensando em mim e eu nunca te agradeço devidamente. Isso é só um momento difícil, eu quero superar isso também, mas é tão doloroso. – Se apertaram ainda mais naquele abraço. – Nunca mais se culpe, por favor. Isso é tudo culpa... – Yoongi já esperava ouvir seu nome, então apenas se levantou e quando ia em direção a sua casa se surpreendeu. – nossa. Yoongi não é o único culpado nisso, eu... Eu devia ter feito algo, mas apenas fiquei parado.

  — O primeiro passo é aceitação filho, e parece que você está no caminho certo. – Yun sorriu e beijou a testa do filho. – Agora vai tomar um banho que você tá fedendo. – Hoseok desvencilhou-se do abraço de urso de sua mãe e começou a rir.

  — Cheira mais um pouquinho, omma, inala esse odor natural de homem. 100% testosterona carai. – Levantou o braço ameaçando esfregar sua axila na cara da mulher, que pulou do balcão e tentou correr do mais alto. Os dois riam alto e de vez em quando tropeçavam no tapete ou em algum móvel, até eventualmente se cansarem.   

  Yoongi não pode deixar de rir também, aquele era o Hoseok de quem tanto gostava desde que se entendia por gente, mas sabia que não era digno de ter alguém como ele ao seu lado. Tinha vindo até ali no intuito de tentar conversar com o primo mais uma vez, mas pelo visto se equivocou. Talvez a vida de Hoseok fosse muito melhor se ele apenas o deixasse em paz.


Notas Finais


Rap Monster - Always: https://soundcloud.com/bangtan/always-by-rm
Espero que tenham gostado, beijo na bunda e até n sei quando :')


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