História Culpe - Tolos

Sabe qual foi a época mais difícil da minha Jongin? Foi na minha adolescência, por volta de mais ou menos doze anos, idade essa que eu possuía a plena certeza de meus sentimentos por você.

A minha vontade naquela época era te falar, te falar tudo o que sentia, mas o medo era maior, medo de ser rejeitado, por você, pela sociedade, pela minha família.

No seu décimo sexto aniversário, resolvi te contar tudo, afinal eu não tinha nada a perder, a não ser sua amizade. Me senti feliz naquele dia depois da minha declaração quando você me beijou e dizia sentir o mesmo, só não tinha coragem para me falar.

Éramos tão tolos.

Aqueles foram os meses mais felizes de minha vida, eu tinha tudo o que queria, você. Mas claro que havia um pequeno incômodo,pois vivíamos nosso romance às escondidas.

A sociedade que vivemos é cruel, e meu maior medo era receber um olhar de repúdio por amar alguém, afinal o amor é igual entre todos independente do gênero.

Todo o nosso conto de fadas foi destruído a partir do momento em que seu pai se entregou de corpo e alma para o vício, as agressões da sua infância pioraram, agora eram chutes, pontapés , e tudo isso me enfurecia cada vez mais.

A gota d’água veio em um dia no qual seus pais foram viajar, seguros de que não havia ninguém na casa para nos atrapalhar, iniciamos uma troca de carícias fervorosa. Os beijos, os toques tudo naquele momento era necessitado, ainda na sala enquanto nos beijávamos alheios a tudo.

Sua porta foi aberta bruscamente, sua família entrou por ela chocada com o que tinham visto, eu e você nos beijando no sofá, nada demais ao meu ver, afinal nos amavámos.

Mas não foi isso que seu pai pensou no momento em que te puxou pelo braço raivosamente, já saberia o que aconteceria naquela sala. Sua mãe mandou eu ir embora, disse que eles precisavam de um momento de família, ela mesmo sabia de tudo.

Com lágrimas nos olhos eu saí pela porta da frente, pensando e repensando o que de mal eu havia feito na vida para merecer aquilo, merecer todo aquele ódio .

Naquela tarde eu fiz um plano, tolo, mas que iria acabar com todos os empecilhos que havia entre nosso amor, apenas com um comprimido. Sabia o bar onde seu pai frequentava,afinal era lá onde você toda vez o buscava tarde da noite, iria lá e me vingaria de quem te fez tanto mal, acabaria com tudo isso de uma vez por todas.

Esperei ele ficar chapado, quase inconsciente para colocar o comprimido na bebida barata dele,certificando-me de que ninguém me veria lá. Depois de vê-lo cambalear porta à fora e cair entre o lixo completamente desacordado, esperei até ele perder praticamente toda a pulsação, foi prazeroso ver a vida se esvair de seu corpo.

Agora nada estragaria mais nossa vida.