1. Spirit Fanfics >
  2. Cupido >
  3. A Volta dos que não Foram

História Cupido - A Volta dos que não Foram


Escrita por: Yugito e YukoTsu

Notas do Autor


SIM MEUS AMIGOS
ACONTECEU
O EVENTO DO SÉCULO

Capítulo 20 - A Volta dos que não Foram


Quanto tempo se passou desde a última preocupação de Ayano com alguma garota? Não se sabia dizer. Os tempos ficaram pacíficos por boas semanas, somente com ela e seu namorado, assim como sempre desejou. A rotina voltou ao normal, indo para a escola diariamente com Taro, almoçando juntos, saindo na mesma hora e resolvendo as tarefas de casa lado a lado. Antes de dormir ele costuma ler algum livro pelo qual ela não se interessa, e esse de agora já é o terceiro do mês. A única diferença é que, dessa vez, a capa com a figura de Paimon era tão chamativa que foi impossível não ficar olhando.

-- O que foi, amor? -- Ele perguntou de forma inocente ao vê-la parada de pé em frente a cama. Taro já estava deitado e ela não tardou em se juntar a ele.

-- Não sabia que gostava de satanismo. 

-- Não é satanismo… -- Ele riu baixinho. -- Eu sempre gostei de ocultismo, é que eu não tinha com quem falar além dos meus amigos na internet. 

Isso explica as imagens estranhas que ela encontrou no computador dele no outro dia…

-- Eu tinha encomendado esse livro faz uns dias, quer que eu te empreste?

-- Eu recuso…

Ayano se aninhou e logo dormiu. Por fim, não era nada mais que um interesse recém descoberto da parte dele. Seu sono foi sereno sabendo que seus dias de preocupação terminaram, e que enfim estava desfrutando do trabalho duro que teve para mantê-lo ao seu lado.

-x-

-- Você não vai almoçar?

Ayano estava de pé em frente a sala do terceiro ano, encarando o namorado com uma expressão de curiosidade. Era raro Taro quebrar a rotina dos dois. 

-- Eu vou, mas é que eu queria passar em um clube antes. Quer vir comigo? Acho que vai ser até melhor, assim não fico tão sem jeito.

-- Desde quando se interessa por clubes? Você sempre disse que--

-- Vamos, vamos, amor! Assim vai dar tempo da gente almoçar. -- Taro a arrastou pela mão pelos arredores da escola. Não via problema algum em andar de mãos dadas com ele, mas era uma animação que não se lembrava de ver da parte dele. 

“Bem… Contanto que não tenha alguma rival no meio, tudo bem…”, pensou.

… 

Mas é claro que tinha alguma rival. Sentiu-se burra por ter pensado o contrário. 

Quando chegaram, Ayano viu que se tratava do clube de ocultismo e tudo começou a fazer sentido. Em frente à sala um dos integrantes estava almoçando e Taro foi direto conversar com o que parecia ser a líder dele. Falavam como se já fossem conhecidos, mas era notável o ar tenso entre ambos. Afastada, tudo o que se passava na cabeça de Ayano era a famigerada pergunta:

Quem… Quem é ela?

— Ayano-chan, essa aqui é a minha amiga… Oka Ruto-chan. 

As duas se olharam num evidente desconforto. 

— Não sabia que se conheciam. — Ayano tentou esconder os ciúmes no meio do assunto, querendo saber mais sobre os dois. Oka, com seus olhos apavorados e de olheiras profundas, abaixou a cabeça. A falácia de que todos os integrantes daquele clube são uns esquisitões era verdadeira. 

— Ah, bem, hahaha… — ele coçou a nuca. — Lembra da minha amiga do discord? Aquela que eu sempre converso?

— Fala da "PrincesaMortaDark#6666"? 

— É! Acabou que esses dias eu descobri que a gente é da mesma escola, quem iria imaginar? hehehe…

Taro parecia bem satisfeito de conhecer pessoalmente uma amiga tão querida, e por estar junto de sua namorada, ele ficou mais relaxado e aberto para conversar. O problema é que isso não parecia estar fazendo bem à visível fobia social de Oka, que gaguejou com vergonha de tudo aquilo. 

Mas Ayano não se importava com nada daquilo. No momento, tudo o que ela queria era extrair mais informações sobre essa mocreia feia e que tipo de interesse ela tinha no seu homem. Ela ficou parada observando os dois conversarem desconfortavelmente como um npc sem vida, mas o assunto deles — ocultismo, filmes, livros, já estava lhe cansando. Por isso decidiu se intrometer. 

— Hmm, como foi que descobriram que estudam na mesma escola? 

— Ah, a Oka-chan certo dia veio dizendo que o clube de ocultismo que ela liderava estava pra fechar, foi só eu ligar os pontos. 

Ayano sempre agradeceu por ter um namorado inconscientemente fofoqueiro. 

Era verdade, já percorria um boato de que o clube de ocultismo teria que ser fechado pela falta de integrantes. Se não lhe falha a memória, dos cinco que participavam, sobrou somente a líder e mais um outro cara aleatório.

-- Mas como assim o clube está para fechar? - Ayano esboçou uma pequena confusão em seu olhar. -- Eu lembro de ter vários membros aqui.

-- … - A líder do clube manteve o olhar preso no chão, sem coragem de encarar a figura com uma aura tão estranha quanto a da Aishi. -- S-sobre isso… a maioria dos integrantes tiveram problemas… pessoais e-e precisaram deixar o clube…

-- Entendi… -- Por mais observadora que seja, a yandere estava desatenta ultimamente, nem prestou atenção nos sussurros dos corredores nada discretos da Akademi High. 

-- … - O clima entre as duas garotas apesar de silencioso, não passava boas vibrações. Taro rapidamente sentiu essa tensão no ar e decidiu falar algo. - Mas Oka-chan, tem que ter algo que possamos fazer! O clube não pode fechar…

-- Eu… eu também não quero que ele feche, mas… o feitiço que caiu sobre nós é forte… não consigo me livrar dele… - Oka, com sua voz baixa e rouca, parecia desolada, mesmo que não mostrasse claros sinais de tristeza. Ayano respirou calmamente, controlando os nervos. Do que raios essa esquisita estava falando? Será que os outros alunos só não fugiram daquela seita maluca antes que algo ruim acontecesse?

--  Tem um jeito de combatermos esse feitiço, mas talvez pareça repentino… - Quando seu namorado vinha com esses papos, Ayano sabia que não podia significar coisa boa. Ela orou internamente para que ele não diga o que achava que ia dizer. -- E se eu me juntasse ao clube? Aí teriam membros o suficiente!

-- …! -- Essa não era a solução que Oka esperava, mas definitivamente era o que Ayano pensou. -- V-você… faria isso… por mi- pelo clube…?

-- Claro! Além de ser algo importante pra você, ocultismo é um assunto que sempre me interessou. -- Sorriu animado para a amiga, que pouco a pouco deixava de olhar para o chão. 

-- Mas Taro, tem certeza? Você sempre me falou que não queria entrar em nenhum clube… -- Isso não podia estar acontecendo. Tipo, não mesmo. Ela sabia que o namorado era atencioso e empático, mas não precisa ir tão longe, principalmente para ajudar aquele projeto de assombração.

-- Bom, não faz mal mudar de ideia às vezes. 

-- É que… nós ficamos juntos depois das aulas… -- Falou baixo, esperando que só ele a escutasse. Aquele tom chateado em sua voz provavelmente o convenceria a mudar de ideia, ele sempre foi assim.

-- Hm… mas… -- Olhou para a amiga e depois para a namorada. -- Ah, desculpa amor, estava tão animado que nem pensei nisso…

-- Tudo bem… -- Sorriu, pensando que ele tinha desistido da ideia.

-- Oka-chan, nós dois vamos entrar no clube!

-- A-ah… vocês… tem certeza? Não quero que… fiquem com pena de mim, ou que sejam prejudicados pelo feitiço…

-- Seja o que for, vamos enfrentar juntos! Não podemos te deixar sozinha!

-- …obrigada… significa… muito mesmo. -- Ela finalmente deixou um pequeno sorriso aparecer em seu rosto sombrio. 

Não era esse resultado que Ayano esperava. Muito menos que Taro tomasse uma decisão importante por ela. E apesar de detestar essa ideia, ela não conseguiu dizer não para os olhos de cachorro abandonado do namorado. Por isso, ela somente concordou com a cabeça num clima de derrota enquanto os outros dois pareciam radiantes. 

Ao longe, entretanto, outra pessoa os observava. O rapaz esguio e de olheiras profundas e um cabelo desgrenhado apertou, nervoso, o próprio bentô contra o corpo enquanto ouvia toda a conversa. 

“P-Pessoas… Pessoas novas… No nosso clube!!!” Ryuko Okimoto pensou, quase fazendo o plástico da marmita se partir com tanta força nas mãos. Seu peito parecia explodir com os batimentos cardíacos acelerados devido à fobia social. Não é como se estivesse infeliz com a notícia, muito pelo contrário, era ótimo saber que seu clube não fecharia por falta de integrantes. O problema está no imenso, dificílimo e árduo trabalho que será ter que socializar com não uma, mas duas novas pessoas todos os dias da semana. Que trabalheira.

— Então… A gente já está dentro? — Ryuko ouviu a nova garota, de rabo de cavalo, perguntar. 

— Ah… B-Bem, como é tudo muito repentino… E-Eu só preciso falar com o conselho estudantil e que vocês assinem o nome de vocês em… Um lugar… — Oka abaixou o tom de voz — Hmm… Normalmente o vice-líder me ajuda com essas coisas, ele estava aqui perto…

Ela pareceu procurá-lo com o olhar, mexendo a cabeça de um lado para o outro. Ryuko imediatamente se escondeu no corredor, suando de nervoso. 

“Nãaao!!! Eu só vou assustar eles, Okaaa!!!” Queria gritar ali, mas tinha medo de acabar assustando os alunos ao redor também. Então Ryuko fez o que sempre soube fazer de melhor: sofrer em silêncio. 

-x-

O dia passou rápido demais para o gosto de Ayano, que preferia não ter saído da cama naquela manhã. Quando se deu por si, já estava parada na frente do clube de ocultismo com o namorado, este que parecia não conter a ansiedade. A garota suspirou fundo e abriu a porta, se deparando com a sala escura, com poucas velas iluminando pontos específicos do lugar.

-- Por favor, entrem. - A figura de Oka estava bem camuflada naquela escuridão. 

Os dois adentraram o clube e se aproximaram das duas silhuetas que ali existiam. Ayano não soube identificar quem era a outra, o que a irritou. 

-- O-obrigada por virem… significa muito para nós. -- Ela segurava um livro de capa dura, mas pela pouca luz, a yandere não conseguia ler o título. -- Esse é um ritual que todo membro novo deve passar… é algo… extremamente importante. 

-- Ahm, e o que é? -- Talvez se só seguisse o fluxo, essa tortura acabaria mais cedo. 

-- P-por favor, assinem os seus nomes… a-aqui embaixo… -- A líder estendeu uma caneta para a outra garota, enquanto ainda segurava o grande livro. Aquela outra figura pegou uma das velas cuidadosamente e se aproximou dos 3, iluminando-os. Não que estivesse ajudando muito, já que sua mão tremia demais.

-- Nossa, a cor dela é muito bonita! Onde você comprou? -- Taro assinou o livro sem fazer nenhuma pergunta, sem olhar o título do livro e principalmente, sem pedir permissão para a namorada. Ayano franziu as sobrancelhas, agora tendo um vislumbre do rosto do esquisitão que parecia tão morto por dentro quanto a Oka. 

-- E-essa caneta… e-eu… -- Deu uma pausa dramática. -- E-eu mesma a confeccionei… a tinta… é na verdade s-sangue… 

-- Ah! Você tem que me fazer uma dessas, Oka-chan!

Ayano queria morrer de tanto cringe. Seu maior desafio essa semana seria, certamente, passar os próximos cinco dias viva. Assinou o próprio nome a contragosto e entregou o tal livro — com um enorme nome de “Necronomicon” em letras garrafais na capa, para a garota. 

— Kuhuhu… Agora a alma de vocês está aprisionada neste clube para sempre. — Oka soltou um riso baixo, com os olhos escondidos pela sombra do próprio capuz. Os lábios finos e ressecados se curvaram de forma assustadora.

— E cadê os outros membros então? — Ayano perguntou.

— Eles já estão mortos.

— O-O-O q-q-quê?? — As pernas de Taro tremeram e ele instintivamente segurou as mãos da namorada, que sorriu pela primeira vez. 

A outra figura ali presente, muito mais alta que todos os outros ali, pousou a mão em um dos ombros de Oka e se curvou para sussurrar algo em seu ouvido. Esta, por sua vez, concordou com a cabeça e se virou novamente para os dois novos integrantes. Explicou de uma forma dramática (mas sem muita emoção, para não ficar feio), que havia chegado a hora de começarem as atividades do clube. 

— O que será que vamos fazer hoje? — Taro sussurrou para Ayano numa clara expressão ansiosa. Ela simplesmente deu de ombros, pois estava mais interessada em saber sobre Oka e aquela outra figura misteriosa que parecia segui-la como uma sombra. Se aquele clube for tão anormal quanto parecia ser, a Aishi teria um trabalho e tanto dividindo sua rotina com aquela esquisita. Seja lá o que for fazer naquela sala, desejou que ao menos tivesse tempo para investigar tudo mais tarde.

-x-

Que anticlimático. Era isso o que a expressão no rosto de Ayano dizia. De todas as situações possíveis, estar sentada no chão ao lado de dois esquisitões, olhando para uma mini tv de tubo onde estava passando A Invocação do Mal 4: A Volta dos que Não Foram era, no mínimo… Broxante. Se ao menos estivesse a sós com o seu amado, não reclamaria. Mas estava tendo que dividir a divina presença de Taro com aquela garota. Olhava-a com ódio. Ayano até tentou jogar um charminho, fingindo estar com medo, mas Oka também parecia estar com medo do filme. E nisso as duas ficaram competindo pela atenção do Yamada. 

Ryuko, por outro lado, era o mais amedrontado ali. Mas não havia ninguém que pudesse consolá-lo. Ninguém se importava o suficiente. 

Quando o filme começou a ser excessivamente chato, Ayano aproveitou para pegar seu celular do bolso da saia e mandar uma mensagem para um certo alguém. Precisava saber de uma vez por todas qual é a dessa tal Oka Ruto.

Zap on

Ayano Aishi escreveu: 

Oi

Oi

OIIII

QUAL É A DESSA LAMBISGOIA????

Porém, muito tempo se passou e nada da Info-chan, que sempre estava online responder.

Ayano Aishi escreveu: 

ALO????

?????????

Info-chan escreveu: 

Qual foi to vendo o filme

Ayano Aishi escreveu: 

Me fala tudo oq você sabe da Oka Ruto

Info-chan escreveu: 

Ah

Depois do filme

Zap off

Ayano não poderia estar mais estressada com aquela situação toda. Achou que era só uma brincadeirinha da info-chan, mas não recebeu nenhuma outra mensagem pelas próxima uma hora e meia. Era um bom dia para não ter saído da cama. 

Quando o filme acabou e as luzes da sala foram acesas, Ayano pode ouvir duas pessoas suspirando de alívio, urgh, como eles se assustavam com tão pouco? Realmente eram do clube de ocultismo? 

-- Nossa, foi muito bom! Como que recebeu notas tão baixas da crítica? -- Taro foi o primeiro a dizer alguma coisa, enquanto os outros ainda pareciam assustados. 

-- É-é f-foi… m-muito… bom… -- A líder virou-se para ele, dando as costas para a tv. -- Q-que bom que gostou… 

-- Nem vejo a hora de ver o que você vai preparar para amanhã! 

-- Ah sim, foi muito divertido! Só que nós precisamos muito ir! -- Ayano agarrou a mão do namorado, que não entendeu nada, mas também não reclamou. 

-- T-tudo bem… s-só não esqueçam de… estarem aqui no horário… -- Oka voltou a ter um semblante sério. -- Ou… suas almas estarão p-perdidas… 

-- Não se preocupe, eu gosto demais da minha alma para arriscar perdê-la. Até mais. -- E dando a última palavra, Ayano arrastou o namorado para fora dali. 

Assim que deram um passo no corredor, o celular dela vibrou. Ah, só poderia ser a sua única e mais “prestativa” informante… 

Enquanto Taro ia na frente, tagarelando sobre o quão divertido foi aquela tarde, ela lia com pressa a mensagem que havia sido recebida há pouco. 

Zap on

Info-chan escreveu: 

Nome: Oka Ruto 

Idade: 18 

Sala: 3-2 

Clube: Ocultismo

Ocupação: Líder

Crush: Yamada_Taro#0104 

Personalidade: Mais morta que um defunto de verdade. Reclusa e ninguém gosta dela. Na internet tem uma personalidade mais aberta.

Força: Inútil.

Informações adicionais: Tem conta secreta no TikTok e se veste de e-girl

 

Nome: Ryuko Okimoto 

Idade: 18 

Sala: 3-2 

Clube: Ocultismo 

Ocupação: Vice-Líder 

Crush: Oka Ruto

Personalidade:Mais morto ainda. Esse é estranho de verdade.

Força: Não levanta nem uma mosca.

Informações adicionais: Tem fobia social e quer fazer amigos, não é assustador de propósito. 

Zap off

Ayano nunca, em sua vida inteira, viu fichas tão patéticas. Tinha várias perguntas em mente e não sabia se queria saber a resposta para todas elas. Seu único alívio era saber que existia alguém tão esquisito quanto para combinar com a Oka. Talvez sua semana não seja tão difícil assim. 


Notas Finais


IUPIIIII


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...