Anne absolutamente ama Louis. No momento, ela está se questionando sobre o porquê dele cursar Literatura, já que ele acordou no pique de decorar toda a casa para a virada e, olhe só, ele fez um trabalho perfeito, completamente artístico, e usou apenas coisas que ela e Gemma já tinham em casa. Alguns amigos viriam para o jantar e um grande peso saiu de suas costas, já que todos estavam ajudando um pouco e não ficaria pesado para ninguém.
Uma música qualquer tocava ao fundo, Gemma corria de Harry, Louis parecia ocupado demais enquanto trocava as coisas de lugar, e Anne tinha um grande sorriso, desejando que o clima de sua casa fosse assim por todos os anos seguintes.
- Mamãe, mamãe, que fruta você acha que se parece?! - Harry veio gritando, driblando a irmã ao redor do balcão da cozinha e fazendo caretas vitoriosas.
- Fruta? Como assim?
- Fruta, que fruta você parece?
- Não sei da mamãe, Hazzy, mas você parece uma banana ambulante - a Styles comentou, arrancando um biquinho dramático do irmão e gargalhadas de todos os outros presentes, inclusive de Louis, que estava na sala.
- Essa foi a melhor do ano, Gem - a matriarca comemorou, fazendo um high-five com a filha.
- Ohhh, que engraçadinhas - zombou, sendo encurralado pelas duas e recebendo uma chuva de cócegas.
- Se renda!
- N-nunca - suspirou, tentando se soltar. - Lou, Lou, me ajuda!
- Sinto muito, Hazzy, não me meto em problemas de família.
O tempo passava rápido demais, como forma da felicidade se manifestar. Ela pode estar ali, mas sempre indo rápido demais, deixando só as memórias e lembranças. Harry se rendeu pouco tempo depois, com protestos de Anne para que fossem rápidos com a comida.
Os vizinhos também pareciam animados, tanto que a campainha tocou 6 vezes, e todas essas, eram para anunciar a companhia e pessoas sorridentes e solidárias, pessoas que não se importavam em dividir porções generosas de suas saborosas comidas e trocar algumas risadas e abraços.
A decoração estava toda organizada. Alguns balões em partes planejadas, em cores douradas, brancas e com algumas estampas simples e harmoniosas, combinados perfeitamente com fios de cetim, que traziam certa paz para quem olhasse, e até mesmo para o ambiente da sala de jantar. As louças dividiam espaço com pequenos arranjos de flores vívidas, em tons neutros, as taças tinham espumantes como companhia e os pratos de porcelana pura e branca combinavam excelentemente com o inox polido e reluzente dos talheres.
Enquanto Anne preparava um chutney de manga maravilhoso e suculento, que serviria de molho agridoce para o pernil de cordeiro que os irmãos se revezavam para fazer, o arroz branquinho já cozinhava, absorvendo a água com tamanha ordenação, sequenciados e padronizados dentro da panela.
- Acho que terminei lá na sala, precisam de ajuda por aqui?
- Amor, pega agrião, pera, cebola, lentilha e torresmo na geladeira, por favor. Ahhh, e também o açúcar no armário, sim? - Louis fez de bom grado, como sempre. Os ingredientes estavam fresquinhos, e ele só teve dificuldade para abrir o vidro de lentilhas em conserva.
- E agora?
- Agora, você vai preparar a salada de agrião e o arroz com lentilha! - o cacheado respondeu com animação, como se fosse realmente a coisa mais animada a se fazer.
- Harry, cadê seus modos?! O Louis se preocupou em arrumar todos os detalhes da sala, ele não vai fazer sua parte.
- Mamãe, ele não se importa, não é, Lou? - encarou o namorado com seus grandes olhos, pedindo apoio. - Nós ficamos inventando comidas lá na uni, e o Lou sempre se dá melhor nisso... Na verdade, nós estaríamos fazendo isso agora, mas você e Gemma estão por aqui e não parece certo, sabe? Nunca fazemos só comida...
- Harry, fique quieto, menino! - Louis o calou, assustado com o que o outro iria dizer. - Eu posso fazer, Anne, não se preocupe, adoro cozinhar.
- Ahhhh, que bonitinhos, não é, mamãe?! - Gemma se arrastou sorrateiramente, deixando Harry sozinho para marinar o cordeiro, puxando a mãe para a sala e deixando o casal sozinho.
Depois de toda uma tarde ao lado de cebolas caramelizadas, barras de chocolate, torresmos queimados, frutas cortadas, lentilhas despedaçadas, o cheiro horrível - na opinião de Harry - de bacalhau, castanhas, mel, gengibre, tomates e folhas de agrião perfeitamente lavadas, eles já tinham praticamente todo o jantar concluído, e nesse exato momento, os convidados - a família Spalyt - chegaram.
Vejamos, no exato momento, eles tinham dois tipos de salada: de agrião com pedaços sucintos de pera, e de pitaya, que também iam tomates, cebolas, castanhas e outras especiarias; o arroz branco, e com lentilhas, cebolas caramelizadas e torresmo com uma fina camada queimada (a culpa da última informação se direciona para beijinhos dados por certos lábios escarlates em um pescoço sensível); cordeiro com chutney de manga, lombo ao molho de capim-santo, e gengibre e leitão com acerolas e rabanete; e, na melhor parte, - a dos doces -, eles tinham cheesecake com frutas vermelhas, torta de kiwi, morangos, caquis, uvas e maçãs, um delicioso gelado de chocolate e uma linda garotinha de olhos pretos e brilhantes como jabuticabas. Oi?
- Meninos, esses são Sheila e Alessio, e essa garotinha linda se chama Lea.
- Harry, garoto, como você cresceu! - Sheila se aproximou, um grande sorriso adornando seus lábios brilhantes e saudáveis e um grande carisma rondando sua aura.
- Olá, Sheila, quanto tempo! - respondeu no mesmo entusiasmo, a abraçando com carinho. - Quem é essa garotinha?
- Lea é meu maior tesouro - sussurrou. - E esse é Alessio, não me recordo se vocês se conheceram - puxou o companheiro.
- É um prazer te conhecer, Harry.
- O prazer é meu, Alessio, se sintam em casa! - voltou para trás do balcão, pronto para apresentar o namorado, que sorria abertamente para uma Lea lambuzada de chantilly pelo rostinho de pele macia. - Esse é o Louis, meu namorado.
- É um prazer, querido, vejo que já conheceu minha garotinha, não é? - Sheila o abraçou.
- Sim, sim, adoro crianças! - se apresentou devidamente para os dois convidados, contando vagamente sobre as experiências com suas irmãs, o afeto que ele sentia por cada uma e coisas assim.
Lea criou um certo laço com Niet, já que as duas andavam animadas pela casa, uma seguindo a outra, como se realmente fossem grandes amigas. Não era como se a garotinha fosse ruim o bastante para puxar o rabo ou as orelhas da gatinha, como as demais sempre faziam, e isso deixou Harry encantado, sem seu ciúmes habitual com sua gata.
Eles subiram e se arrumaram preguiçosamente, perdendo tempo com amassos e uma rápida olhada na vista da janela, que refletia nos detalhes das pessoas felizes, famílias plenas e tudo o que há de bom no mundo, como uma borracha sendo passada em toda dor, injúria e miséria, por pior que isso pudesse parecer. As conversas na sala de jantar foram as mais produtivas, eles discutiam sobre futuro, livros, bondade e tudo se resumia a sorrisos, gargalhadas e abraços. Louis se prontificou a colorir desenhos com a pequena Lea, que se sentiu feliz por não ser ignorada, como era quase sempre quando os adultos a cercavam. Suspiros apreciativos foram soltos quando os pratos foram provados, e o amor, como ingrediente principal, se fez presente em todos eles, sem se tornar enjoativo ou coisa parecida.
Na contagem regressiva, todos se juntaram em uma roda, mãos dadas e corações descompassados, com sussurros e desejos entre Sheila e Alessio, Harry e Louis e Anne e Gemma. Também houve tempo para uma certa afirmação, a qual Harry realmente necessitava, mesmo que já soubesse a resposta:
- Quando vamos ter a nossa própria criança?
- Quando você menos esperar, amor. Vamos estar casados, com nossa casa, nosso filho ou filha, nossa gatinha e todo o amor que tivermos para dar.
- Você promete?
- Não precisa realmente de uma promessa, H, porque está claro como o dia... Mas se te faz mais confiante, eu prometo com todos os meus átomos, sim? - e o tão precioso beijo, quando o relógio marcou 00h00, os fogos estouraram e um novo capítulo passou a ser escrito.
Abraços calorosos.
A pequena Lea dormiu nos braços de Louis, que pegou no sono no peitoral de Harry.
Uma foto registrou o momento.
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