História Da Glória à Queda - Conhecendo

DARK

Andava estalando os dedos, era estranho não ter minhas roupas de sempre, meu capuz para arrumar, nem minha calça preferidas, ou minhas botas que me davam um ar de confiança. Mas, por mais que minha vida tivesse virado de cabeça para baixo e mudado quase que por completo, ao menos ainda tenho o mesmo som ao estalar de meus dedos. Andava de cabeça baixa, precisava encontrar o meu bloco de dormitórios, só espero que o de Julyet seja por perto... E aparentemente, à julgar pelo lugar, os criados não vão me convidar para uma festa escondida ou algo assim, com suas bebidas coloridas e nem músicas proibidas, parece que nesse lugar até o simples gesto de sorrir é errado. Suspirei, avistei uma garota de cabelos roxos e curtos de costa, me aproximei de Julyet tocando seu ombro.

–Ei, acabei... –Quando a garota se virou para mim, não era minha amiga, seu cabelo nem era tão parecido assim de perto...

–Erg... Eu... Desculpe, foi engano! –Me afastei da garota. Respirei fundo e sai dali procurando no meio da imensidão de uniformes vermelhos a Julyet. Mas nada. Julyet!  Garota burra! Só serve pra fazer merda! Mas tudo bem, deve ter se trancado no banheiro por acidente ou estar andando em círculos em volta de alguma cadeira por ai! Estúpida.

JULYET

Luunah continuava a me arrastar pelo corredor segurando em minha mão.

–Acredite, aqui não é tão ruim depois que se acostuma. Olha, o meu dormitório é o ultimo no final do corredor, pode bater lá se quiser. É o da direita. O seu é aquele ali! –Disse apontando enquanto nos aproximávamos. Era incrível como a garota era cheia de vida, típica de uma garota entre 15 e 18 anos. Paramos em frente à uma porta como todas as outra,s e como todas as outras tudo o que a fazia diferente era suas siglas.

3D

Olhei para a garota mais uma vez.

–Sua colega não é tão ruim. Apenas... Na dela. –Ela piscou. E então, ficou quieta, me olhando esperando eu fazer alguma coisa. –Ah! É! A carteirinha! Usa!

–Hm?

–Ela é como a chave da porta. Na verdade, ela é a sua chave de quase tudo aqui. É a sua licença pra respirar. –Ela deu risada com a sua piada assustadora. Eu apenas me encolhi com a ideia de perder esse documento tão valioso. Respirei fundo e passei a carteirinha... cartão, ou sei lá o que, em um compartimento especial para ela, piscando uma pequena luz verde e então, um som de “Click”. Olhei para Luunah.

–Vai Lilac. –Concordei e abri a porta, guardando a carteirinha. O lugar era super simples! Havia uma beliche ali, e mais outra no outro canto, entre e olhei desentendida para Luunah.

–Não era, uma companheira de quarto?

–Ainda não tem mais ninguém aqui, são só vocês por enquanto! Mas, o quarto fica vazio quase que o tempo todo mesmo! Você vai sobreviver. –Outra piscadinha. Suspirei mais uma vez.

–Obrigada pela ajuda.

–Não foi nada. Bem, não fique aqui muito tempo, os olhos estão por toda a parte. –As câmeras. Então, eu era vigiada constantemente aqui... Luunah saiu sem dizer mais nada e fechou a porta atrás de si, fiquei ali olhando para o beliche me perguntando qual deles seria o meu. Eu não tinha nada, mas pelo jeito, a minha companheira não tinha muita coisa também, acho que só entramos nesse lugar com a roupa do corpo e os documentos. Andei olhando ao redor, era pequeno e apertado. Se quer tinha um lugar para guardar minhas roupas, eram como se fossem caixas ou gavetas abaixo do beliche. Numeradas! Mas tudo bem, não vou ficar aqui muito tempo mesmo.

Sem ter mais o que ver ali, sai do quarto, tenho mais o que fazer! fechei a porta.

JACK

O som da porta se fechando atrás de mim foi como um estrondo no lugar vazio. Caminhar até a arena de treinos sozinho era de se sentir tédio, ainda mais para mim. Mas tudo bem, eu vou sobreviver, por sorte não é tão longe de onde estou agora. Fui transferido para os blocos de usuários, o que facilita as minhas caminhadas. Tudo aqui acontece muito rápido, eles trabalham muito rápido. E a cada instante que passava eu só conseguia perguntar para mim mesmo se tudo ia ficar bem com Julyet e Dark... Pois comigo estava indo pééssimoo!! Avistei a cabeleira ruiva de Nina de longe, dei meia volta e apertei o passo.

–PUDIM! –Ah Deus... Não! –Me espera. –Piedade de minha alma senhor! –Ei, vai mais devagar! – EU IMPLOROOO!!

Ela  tocou em meu ombro me fazendo virar para ela que estava sorrindo enquanto soltava uma risada envergonhada.

–Nossa, até parece que você está tentando fugir de mim!!!

–Imagina... Eu? Pufft!! Jamais! –Ela abriu mais o seu largo sorriso. Acho que ela usa lentes de contato, hoje seus olhos estão lilases.

–Ah bom! Eu já estou te esperando faz um tempão! Você se atrasou hoje! –Ela juntou os punhos perto dos seios, seu olhar era de preocupação. –Você está bem?

–Sim... Erg... Olha, por que você não me faz um favor?

–CLARO! O quê? –Sua empolgação era notável.

–Olha, vai procurar a Rebecca pra mim, diz que preciso falar com ela, okay?

–A Rebecca?

–Sim, é urgente. –Segurei em suas mãos, seu rosto corou. –Pode fazer isso por mim, não pode? –Agora estavam do tom de seus cabelos, se fechasse os olhos, seria como se camuflar.

–Po-posso!!! Posso... POSSO SIM!! –Abri o sorriso mais gentil que eu conseguia... na medida do possível.

–Obrigado Nina, sabia que podia contar com você! –Ela inflou o peito prendendo a respiração, como se aproveitasse cada segundo disso. –Agora, vá.

–S-SIM! Eu volto logo! –Ela saiu correndo, parecia saltitar. Suspirei aliviado! ME LIVREI DELA! Bem, duvido que ela vá voltar tão cedo, Rebecca saiu em uma missão.

Meu senhor!! Nunca achei que iria querer dispensar uma gata! Mas, já estou atrasado, Soul vai querer me machucar muito! Corri até a arena de treinos, todos já estavam acabando os aquecimentos, perto de Soul, estavam aquelas duas garotas loiras que vi uma vez, no dia em que chegamos na cidade, a mais velha segurava a mais nova no colo e ela não aprecia gostar nem um pouco disso, chegava a ser fofa. Entrei fazendo alguns alongamentos, Soul já sabia que eu estava ali, olhou para mi duramente. Aquela criança me assusta.

–Olá bela adormecida, como foi o sono da beleza?

–Muito bem meu "princeso", obrigado por perguntar! –Ele abriu um sorriso fazendo sinal para que eu fizesse flexões de braço. –Logo cedo?!

–São Nove da manhã...

–Vou reformular a frase... LOGO CEDO?!

–CEM!!!! ANDA!

–QUANTAS?

–AGORA SÃO MAIS CETENTA!

–MAS...

–MAIS TRINTA!!!! –Me calei e comecei a fazê-las, bem devagar para não cansar tanto, ele se aproximou, colocando um de seus pés em minha cabeça. –ISSO É O MELHOR QUE CONSEGUE SEU VERME!!!???? VAMOS!! EU QUERO MAIS RÁPIDO! MAIS RÁPIDO!! ANDA!!! SOBE! DESCE! SOBE! DESCE!!

Eu devia ter ficado com a Nina e fingir que ouvia o que ela dizia...

DARK

As cabines das casas já estavam todas arrumadas com cada cor e brasão. Mas nem sinal de Julyet, suspirei pesadamente. Não devia ter deixado aquela cabeçuda sozinha... Não é como se eu me importasse com ela, mas se alguma coisa acontecer com aquela boba, provavelmente vão por a culpa em mim e... BEM! Eu gosto de viver! Posso não ter a melhor vida do mundo (acho que nem chego perto disso) mas é até que bom, sabe? E lembrar dos olhos maléficos de Soul me dá medo! Pirralho. Me deixei escorregar pela parede dobrando os joelhos mas ainda não sentando no chão, ouvi passos se aproximar.

–Achei que tinha se perdido dentro do banheiro. –Disse sem levantar os olhos.

–Eu pensei que você tinha tropeçado na própria sombra.

–Julyet, sua burra...

–Shiiiiuuuuuuu!!!! –Ela pulou em mim tapando minha boca e mostrando um documento. “Julieta Foster”

–Julieta? –Franzi o cenho, por sorte o nome dela não era tão diferente do real. Nem o meu na verdade, acho que fizeram de propósito.

–E você?

–Darknel. Darknel Sevana.

–Que nome horrível.

–Bom, pelo menos ainda pode me chamar de Dark. Vou ter que te chamar como? De Ju-Ju? E depois? Vamos pintar as unhas do pé e fazer trancinhas enquanto falamos do seu Boy-Magia?

–Estúpido.

–Você é estúpida! Julieta! –Disse zombando de seu nome.

–Pelo menos não tenho o nome de um vampiro virjão!

–Retire o que disse.

–AH, vai nessa. –Ela sorria largamente. Revirei os olhos me dando por vencido.

–Não devíamos deixar tão na cara que nos conhecemos. –Disse agora sério e em um tom mais baixo, voltando a encostar na parede. Olhei para uma das câmeras como um flash.

–Certo, tem razão.

–Te vejo amanhã, então. –Ela acenou e deu as costas, seguindo meu conselho. Já estava escurecendo, amanhã seria o grande dia da exibição das pretendentes, e tudo precisava estar de acordo. Sai de onde estava, andando pelo corredor encontrei Max... Maxell! Que agia como se não tivesse me visto, fiz o mesmo, no momento em que seu ombro esbarrou no meu, e senti suas mãos rápidas colocando algo em meu bolso.

–Desculpe.

–Não foi nada. –Disse e continuei seguindo meu caminho, como se nada tivesse acontecido, louco para entrar em meu dormitório e saber o que era aquilo. E assim fiz, meu passe fez a porta destrancar e eu entrei, como eu já tinha visto o lugar era pequeno e apertado. Duas beliches com uma distância pequena. Entrei e fui para a última beliche do quarto, sabia que ali tinha câmeras. Eram bem visíveis até. Então, troquei rápido de roupa, colocando algo semelhante um pijama fajuto também vermelho. Vermelho, para lembrar o lugar daqueles  que o vestem. Para dizer “Ei, vermelhos! Esse é o seu lugar! Não saiam daí”

Agora eu entendo toda a fúria de Rose. Dobrei a outra roupa e peguei rápido o que tinha no bolso, me enfiei debaixo dos finos lençóis e ouvi a porta se destrancar. Eram os dois caras com quem eu divido o quarto, eles entraram sem fazer muito barulho e sem falar um com o outro, também deitaram rápido e então sim, tive tempo para verificar o dispositivo. Era do tamanho de um pen drive comum, mas bem fino. Isso iria gravar a casa que eu iria servir. Minha mente se encheu de pensamentos... Apenas mais um pouco Dark, apenas mais um pouco e então,estarei livre dessa caverna cheia de leões famintos, prontos para atacar.