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História Daddy Issues - Capítulo Único.


Escrita por: Hull_

Notas do Autor


Eu acho esse tema BEM pesado de se abordar em uma fanfic, mas é uma realidade que muitos vivem.
As "peias" que certos pais dão nos filhos podem ser fortes o suficiente para fazer sangrar e deixar cicatrizes que nunca serão curadas.
Por isso, decidi abordar esse tema pesado na fic, coisa que eu nunca experimentei.
Se você estiver passado por esse problema, não se cale, procure ajuda!
Beijos da Hullzita e boas lagrim- leitura, hihi! 💗

Capítulo 1 - Capítulo Único.


Era exatamente três horas da manhã quando meu telefone tocou, um som estridente que quase rasgou meus ouvidos. Travei o maxilar antes de revirar os olhos e os estreitar pela claridade emitida pelo aparelho eletrônico, arqueei uma sobrancelha em dúvida quando pude ver o nome "Izuku 🖤" gravado na tela, eu logo atendi sem hesitar.


– Izu..?


Proferi rouco e levemente desnorteado pelo sono, passei a mão no rosto e estranhei o silêncio do outro lado da linha, até cogitei que ele pudesse ter me ligado sem querer mas logo eu ouvi um fungar e um pigarreio soar por meus ouvidos.


– Ei, Izuku, o que foi?


Ele começou a chorar e eu não entendi nada, apenas me sentia preocupado por tudo isso estar acontecendo tão do nada e sem nenhuma explicação. Me assustei quando batidas na porta cortaram suas lamúrias.


Izuku Midoriya, eu te dou um minuto para sair daí! – Me manti em silêncio tentando raciocinar o que estava acontecendo. – Vamos, não tenha medo do papai.


Minha feição se contorceu em raiva quando eu finalmente dei conta que era mais uma briga que o esverdeado estava tendo com seu pai, apertei os punhos quando os barulhos – parecidos com chutes na porta – se intensificaram.


Filho da puta!


Ouvi o mais velho proferir. O silêncio prevaleceu e provavelmente o pai de Izuku havia saído do cômodo, um suspiro aliviado pode ser ouvido por mim. 


– Kacchan... – Continuei sem dizer nada. – Estou indo aí, por favor, deixa sua porta destrancada.


Eu murmurei um "uhum", o de sardas desligou a ligação e eu me mantive na expectativa que ele conseguiria sair de lá pela janela, afinal, eu havia o ensinado como pular de janelas e muros sem se machucar, porquê eu sempre tive que fazer isso para que o pai dele não me visse e acabasse me matando. 


Sim, ele me mataria sem nem questionar.


O pai de Izuku se chama Hizashi Kishito, ele foi criado com uma idéia de que os pais sempre devem ser rígidos para que seus filhos cresçam com disciplina, e depois que Midoriya mostrou alguns sinais de que ele claramente preferia homens do que mulheres, Kishito transformou a vida de Izuku em um verdadeiro inferno.


Além das humilhações que a sua mãe já sofria diariamente apenas por ter esquecido de estender as roupas, ele teve que lidar com os tapas, xingamentos e horas de castigo que seu pai chamava de "disciplina". As inúmeras cicatrizes que se estendem por seu corpo foram ganhadas graças a Hizashi.


Kishito também usava de palmatória para punições mais pesadas.


Uma vez, Izuku teve seu primeiro namoro com um homem, certo dia ele decidiu dar um beijo em seu namorado e algumas garotas tiraram foto e fizeram questão de espalhar isso pela escola, foram colados cartazes, mensagens foram trocadas com o uso dessa foto como chacota. E obviamente isso não passaria despercebido pela família Midoriya.


Hizashi descobriu tudo depois dos diretores o chamarem para uma reunião, o grisalho conversou pacificamente com o menor na escola, mas quando chegaram em casa Kishito o humilhou e fez questão de dar palmadas com um material de silicone – a própria palmatória – em seus braços e costas.


E você deve se questionar, e os vizinhos? Eles não vêem essa relação tóxica?!


Além de o grisalho ser alguém muito influente com o público, ele é rico. Já pagou muitos bolos de dinheiro, subornou e usou famílias vizinhas apenas para não ocorrer nenhuma denúncia em relação à esses espancamentos e agressões. Izuku viveu... ou melhor, sobreviveu com isso por anos.


Anos de luta, dor, sofrimento e muito ódio.


E quando ele finalmente encontrou apoio em mim, se escondendo e tomando cuidado para não ser descoberto, mais merdas acontecem em sua vida. Nesse momento eu só desejo abraça-lo e conforta-lo em meus braços como ninguém nunca fez.


Em meio a tantos pensamentos, ouvi a porta de entrada sendo fechada com força, me levantei em um solavanco abrindo a porta do meu quarto dando visão a um breu no corredor, liguei as luzes e chamei pelo esverdeado, e quando ele apareceu eu senti meu mundo cair, seus braços tinham enormes cortes e seu rosto estava encharcado de lágrimas.


– Izuku! – Corri e o abracei sem ligar para o sangue, ele soluçou e chorou de forma alta. – Deku...


Acariciei suas costas e o carreguei no colo, pude sentir mais cortes em sua coxa então fiz questão de tentar pegar em uma única parte sem os machucados, ele gemeu de dor e se agarrou em mim, sua cabeça descansou em meu ombro e eu me guiei até o banheiro tentando não cair.


Adentrei o cômodo, colocando o pequeno em pé novamente, ele levantou os braços e eu puxei sua camiseta pra cima devagar vendo sua feição se contorcer em dor pela veste estar se raspando com os cortes e roxos espalhados pelo tronco, tirei seu short com muito mais cuidado pelo material ser áspero, tentei não olhar para as cicatrizes que o mesmo deixava nas coxas para não deixá-lo desconfortável, e fiz questão de tirar sua cueca para o deixar sentado na banheira.


– Isso vai arder pra cacete... – Eu murmurei ligando o chuveirinho na temperatura morna, mais lágrimas desceram de seus olhos inchados e eu quis chorar junto dele quando vi a situação de seu corpo. – Porra...


Só consegui dizer isso antes de o abraçar e beijar o topo de sua cabeça. Ele estava todo roxo na coxa e os cortes foram causados provavelmente pela força aplicada na hora de dar os tapas, eu botei seu rosto entre meu polegar e indicador, dei um beijo na ponta de seu nariz, saí brevemente para pegar gelo na cozinha dando uma olhada no mesmo apenas para ter certeza que ele não choraria mais se eu me afastasse.


Eu teria que passar gelo e mais algumas pomadas em suas feridas, peguei uma caixinha com pílulas que aliviam a dor, alguns rolos com faixas e uma pomada analgésica que talvez ajude no inchaço. Voltei para o banheiro e vi a água já na metade da banheira, desliguei o chuveirinho e me sentei em um banco ao seu lado.


– Kacchan, ele... – Esperei que ele continuasse falando, Izuku puxou o ar e enfiou o rosto nos joelhos. – Ele chegou bêbado em casa, você sabe que a m-mamãe terminou com ele, então... – Segurei sua mão para tentar passar um pouco de conforto. – E-Ele me bateu com aquela palmatória. 


Midoriya suspirou, eu peguei uma porção de água na minha mão e passei levemente por seu corpo, não queria o machucar mais ainda, então escorreguei a mão lentamente e com muito cuidado tentava tirar o sangue, o esverdeado apertava os olhos com dor.


Enquanto o limpava eu pensava na Inko Midoriya, vulgo a mãe de Izuku. No início do nosso relacionamento eu a achava incrível, uma mãe digna de verdade que sempre apoiaria o próprio filho, isso até ela terminar com Kishito e largar Midoriya com esse monstro que um dia Izuku já pôde chamar de "papai".


O banho terminou, logo eu o enrolei em uma toalha felpuda e o carreguei no colo novamente, fomos para o quarto e eu separei umas roupas dele que já tinham guardadas no guarda-roupa. Separei-as em cima da cama e apenas botei uma cueca box em seu corpo.


– Vou fazer os curativos, ok?


O menor afirmou com a cabeça, comecei passando a pomada em várias áreas para depois enrolar duas camadas finas da faixa em seus cortes, ele gemia de dor mas era o melhor para isolar os machucados de sujeiras.


Por fim eu o vesti com mais cuidado ainda, o ar condicionado estava ligado então a temperatura prosseguia boa. Desliguei a luz e apenas as leds com a cor azulada – bem fraquinho – permaneceram ligadas. Izuku se enrolou nos lençóis se encolhendo na cama, eu o abracei e ele retribuiu o abraço chorando baixinho novamente.


Fiz carinho em várias áreas de seu corpo, o choro foi cessando e com isso os soluços desapareceram pouco a pouco, a respiração pesou e nossos batimentos sincronizaram e eu finalmente vi ele relaxar um pouco. Acariciei seu rosto e pedi a uma força divina que todo esse sofrimento sumisse, até porquê ninguém no mundo merece isso, muito menos Izuku. 


Jurei na mente que mesmo que nós brigassemos,  eu o salvaria daquela situação, eu o tiraria daquele inferno.


Porquê por Izuku eu me arriscaria sem nem mesmo questionar.




Notas Finais


Eu espero que isso não tenha saído muito pesado, eu odeio trazer temas fortes como esses.
Obrigada por ler, abraços pra você, meu bem! 😁💗


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