Acordar animado para o primeiro dia de aula, pode até ser uma prática comum enquanto se frequenta a escola, mas definitivamente não é uma realidade para aqueles que já estão no quarto ano da faculdade. Com exceção do Sicheng, é claro. Ele colocou um alarme cedinho para se certificar de conseguir fazer tudo e ainda ter um tempinho para passear pelo campus e conhecer as carinhas novas.
– Bom dia, Jun! - proferiu, quase gritando, assim que sentou em sua cama. – Jun?
Sicheng se levantou após olhar as notificações que preenchiam sua tela inicial. Estava tão animado pra esse novo ano, que por acaso era seu último, que nem sabia ao certo o que fazer primeiro. Depois de fazer um mini planejamento, se levantou e andou alguns passos até a cama do outro presente no quarto.
– Junnie? – Sicheng se inclinou para falar com o mais velho que não parecia ter escutado um ruído sequer. – Vamos acordar Jun, tá na hora já!
Um ruído parecido com "rumhmmmrm" saiu da boca de Junhee em relutância, faltava uma hora e meia para aula começar, para que acordar tão cedo?
Jun e Sicheng se conheceram pouco antes do primeiro ano letivo deles começarem. Foram colocados como companheiros de quarto, Jun chegou primeiro na faculdade e quando descobriu que o outro era chinês, ficou de certa forma aflito e com medo de não conseguirem conversar direito e de ficarem distantes por 5 anos ainda mais sendo do mesmo curso e da mesma turma, iria ser o cúmulo. Mas, para alegria de Jun, Sicheng chegou já puxando assunto em coreano. A amizade dos dois cresceu muito rápido, se apoiaram muito no início e por isso o vínculo se formou mais rápido e de forma muito muito forte.
Nunca chegaram a brigar, eles têm uma amizade muito baseada no companheirismo. Apesar de terem algumas características que não batem, como a de acordar cedo, os dois curtem muito ter o outro por perto de si. Então seja no dormitório, na aula, ou no trabalho ambos se sentem seguros apenas por saber que o outro está ali consigo.
– Pode ir, Dong, vou dormir mais um pouquinho. – Sicheng estava levemente chateado mas nem um pouco surpreso, já esperava por isso. – Te vejo na sala, guarda um lugar para mim!
Sicheng concordou. Estava se olhando no espelho e tentando se acostumar com a ideia de que seu cabelo agora está rosa, Junhee o ajudou na noite passada passar o produto colorido em seu cabelo. Dong queria começar as aulas com tudo renovado. Esse ano será o final de um ciclo e isso só deixava a cabeça do de cabelos rosas ainda mais centrado a aproveitar de todas as formas.
Depois que escovou seus dentes, pegou a roupa que havia separado no dia anterior e a colocou. Era um dia frio, o inverno já estava na reta final, mas ainda sim não era possível sair de casa sem no mínimo dois casacos. Colocou um alarme para se certificar de que Jun iria acordar, não queria que o mais velho se atrasasse logo no último primeiro dia de aula da vida dele.
– Te amo, hyung! – disse já fechando a porta.
Sicheng não escutou a resposta, mas ela não era necessária. Dong não tinha a menor dúvida que o outro o amava tanto quanto ele.
O dia estava incrivelmente bonito, o céu estava aberto mesmo com o ar gelado e o sol parecia estar feliz e em um bom humor, para os novatos que só faltavam ter um ataque de tanto nervosismo. A integração fora na semana passada, como durante as férias estavam trabalhando em tempo integral, não pode participar. Mas adorou voltar pro dormitório e ver todos os bixos lotados de cor e alegria.
Estava reconhecendo alguns dos rostos que esteve tão acostumado esse tempo. Avistou Jaebum de longe ao lado de Youngjae que parecia mais radiante que nunca, sua mão direita estava sendo aquecida pelo bolso de seu namorado que possuía um grande sorriso no rosto. Acenou, estavam longe o suficiente para não interrompê-los e ir lá dar "oi" propriamente, Youngjae abriu seu famoso sorriso e acenou de volta, Jaebum não demorou de fazer o mesmo. Se conheceram por causa da melhor amiga de Sicheng, tanto ela quanto Youngjae estão no time de líder de torcida, então acabaram se tornando amigos também.
O time de natação estava reunido no meio do grande gramado, todos eles são extremamente magros e musculosos. Ja tinham varias meninas e meninos envolta deles, Sicheng conhecia o nome de cada um pelas competições, quando conheceu Jaebum poderia jurar de pé junto que ele também fazia natação mas na semana seguinte quando o viu jogar pela primeira vez nunca mais ousou duvidar do seu talento no futebol.
Por mais que sua aparência sugerisse o contrário, Sicheng é completamente apaixonado por assistir qualquer tipo de esporte, então ele vai em todas as competições que tem na faculdade, ele conhece diversos atletas e sempre que pode aparece para assistir os treinos também. Ele adora a adrenalina de poder torcer e ficar nervoso por qual será o resultado.
Avistou duas meninas da sua sala indo em direção ao refeitório, queria correr e alcançá-las para irem juntos, mas resolveu caminhar devagar enquanto aproveitava os raios de sol sendo refletidos por diversos olhos cheios de vida e esperança. O gramado parecia até mais verde e pela primeira vez em 4 anos, não tinha ninguém pintando o muro devido a alguma pichação. Só poderia ser conspiração dos deuses para ser um dia tão brilhante e incrível.
Na cabeça de Sicheng nada conseguiria estragar seu dia.
Chegou no refeitório e não tinha quase ninguém. A faculdade não oferecia café da manhã até pouco tempo mas devido a alguns casos de alunos desmaiando e com baixo rendimento nas aulas eles passaram a disponibilizar uma variedade de frutas e alguns diferentes tipos de biscoitos para que não tivessem que levar outra bronca do ministério da saúde por serem responsáveis por tais acontecimentos novamente.
Desceu as escadas rapidamente e cumprimentou os funcionários que ficavam ali, costumava pegar maçã, mas hoje queria algo diferente então pegou o pêssego mais bonito e já subiu novamente as escadas. Estava de volta ao gramado e por mais que estivesse ficado no refeitório por no máximo 5 minutos, o campus já estava bem mais movimentado.
Trombou com Hyunjin que já estava com a sua raquete na mão, Sicheng achava seus movimentos quase angelicais quando estava na quadra e ainda por cima a achava super fofa por usar roupas de tênis o dia todo e cada dia uma diferente, talvez se a visse com algum outro tipo de roupa iria estranhar. Ela é sempre gentil com Sicheng e de vez em quando até saem junto com a melhor amiga dele para tomar sorvete.
Depois que se despediram, Sicheng resolveu ir no último lugar antes de se dirigir para sala de aula, queria ir na quadra de futebol. Com certeza um dos seus lugares favoritos de lá, queria apenas ver se algo tinha mudado. Iria apenas olhar pela parte de cima, pra ter acesso de fato a quadra teria que descer as escadas ou a arquibancada.
Quando chegou o que o surpreendeu não foi que a quadra estava exatamente igual desde a última vez que estivera lá, o que o chocou foi que já tinham duas pessoas lá em baixo. Estava muito longe para conseguir reconhecer os rostos, mas ambos estavam com roupas muito diferentes. Um estava usando uma blusa branca social, uma calça preta justa e um sobretudo bege, parecia até um ator ou até mesmo um idol. Definitivamente ninguém se vestia assim pra ir pra aula. Enquanto o outro parecia não ter deixado a cama, estava de calça de moletom e um casaco.
Entretanto não era qualquer casaco, era o casaco do time de futebol. Cada atleta recebe varias roupas da faculdade, calças, blusas, moletons, porém apenas o time de futebol recebe o casaco. É um casaco estilo college, que assim como os demais moletons ou blusas contém o nome ou o sobrenome do jogador, atrás. Possuir aquela blusa é praticamente ter um botão para se tornar popular, as pessoas mais conhecidas da faculdade o usam. O time feminino quanto o masculino fazem muito sucesso. Aquele casaco nas cores azul e branco poderia ser reconhecido a quilômetros.
Aquele menino era alguém do time.
Sicheng agora estava curioso, queria saber quem era. Se aproximou mais um pouco da quadra sem descer e conseguiu ler o nome por pouco, pois logo em seguida o menino trocou de lugar com o outro agora ficando virado pra si.
"Nakamoto".
O único japonês no time.
Era um dos únicos no time que não sabia o rosto. Mas conhecia seu sobrenome muito bem. Nakamoto é o seu segundo jogador favorito, Sicheng já sabia exatamente cada uma de suas táticas como atacante mas sempre apenas o viu de costas. Sempre que o procurava no campo após o final do jogo, nunca foi capaz de encontrá-lo. Sempre quis saber quem era o dono daquela camiseta.
E agora sabia.
O menino que o ajudou na clínica.
"Espera... Oi ?" Sicheng cambaleou para trás.
"O menino que me ajudou na clínica ? Ele existe mesmo ?"
Então Nakamoto sorriu. E Sicheng só conseguiu ir mais parar trás.
Por fim, o japonês deu um beijo no outro.
Sicheng foi capaz até de escutar o apito de final de jogo. Estava alucinando?
– Sicheng! – uma voz feminina atrás de si, gritou – Winko, que cara é essa, tá tudo bem?
– Eu acho que vou vomitar.
* »»——⍟——««*
Yuta não conseguira piscar durante a noite, depois que saiu da casa do Sehun, tendo prometido que ia dormir direto, descumpriu a promessa completamente. Doyoung não estava em seu dormitório e ansiedade não permitiu que ele dormisse. Então quando Oh mandou mensagem logo pela manhã para encontrá-lo na quadra, Yuta foi exatamente como estava, apenas se atentou a pegar o casaco do time para não acabar congelando.
Não conseguiu se atentar ao campus, nem nas pessoas que tinham acordado desnecessariamente tanto tempo antes do horário. Seus pensamentos tinham nome. E ele estava o esperando na quadra.
Assim que Sehun avistou Yuta ao longe, abriu um brilhante sorriso, que fez o mau humor do japonês ir todo pro espaço. Como seria possível ficar emburrado com o outro sorrindo para si ?
Desceu correndo as arquibancadas, como nunca antes. Ele não se sentia nem mais no controle do próprio corpo. Provavelmente se tropeçasse em algo, a queda seria sem duvidas preocupante, so queria chegar o mais rápido possível no gramado. E assim que o fez, correu em direção ao outro, que não demorou de o tirar do chão ao abraçá-lo.
– Eu já tava com saudades, sabia? – disse segurando o rosto de Oh com a duas mãos enquanto aproveitava os poucos segundos que estaria mais alto.
– Eu imaginei. – e então mais um sorriso, Yuta não se segurou e deu um selinho nos lábios alheios, se não parassem de sorrir dessa forma, inevitavelmente ficariam com as bochechas doloridas, como na maioria das vezes quando se viam.
Oh colocou o japonês novamente no chão, mas logo pegou sua mão para se certificar de que não perderiam contato por nenhum segundo.
– Por que exatamente você me chamou aqui? – olhou em volta. – Eu te falei que o Doyoung não tava no quarto, você poderia só ter ido lá, né?
– Aí não ia ter graça né, amor? – soltou sua mão e o abraçou por trás, agora envolvendo ele com seus dois braços. – Eu tinha o dever de ao menos ser um pouco poético. – agora Yuta recebera um beijo na bochecha – Te trouxe onde tudo começou.
Estavam praticamente em um dos escanteios, o que possibilitava que tivessem uma visão ampla de toda quadra. E assim Yuta lembrou de exatamente tudo e de como chegaram onde estão.
De fato, tudo tinha começado ali.
No campo de futebol.
As aulas haviam começado fazia cerca de um mês, em pleno 2015, e os testes pro time de futebol começaram. Apesar de todos os veteranos de Yuta insistirem para ele não fazer o teste, que lá ele apenas iria ser humilhado, Yuta foi perseverante e continuou com sua decisão. Para ele não custava nada tentar e assim foi feito.
Foram divididos em equipes de 5 e foram jogar, o treinador iria escolher apenas alguns para completar o time já existente. Ali foi seu primeiro contato com Oh, ele ficou em sua equipe que ganhou de lavada das demais, o trabalho em conjunto dos dois foi tão impressionante que o técnico não foi capaz de dizer não ao Yuta. E assim ele fez história sendo um dos primeiros calouros a entrar para o time.
Mas junto com isso se certificou de mudar a história da sua vida também, ao conhecer Oh Sehun.
Os treinos aconteciam três vezes por semana e em alta temporada, de segunda a sexta e às vezes até o sábado, entao os jogadores acabam passando muito tempo um com o outro e isso criou uma ligação muito forte entre todos. É basicamente uma grande família em que todo ano alguns saem e outros entram, porém nenhum jamais será esquecido.
Yuta e Sehun desde o teste ficaram muito próximos, viraram amigos e assim permaneceu por 3 anos. Mesmo apenas amigos, Nakamoto a partir de certo ponto, começou a enxergar o outro de outra maneira. Passou a acompanhá-lo em todas as suas competições, ficar até depois do treino com ele, pedir para o outro escutar suas músicas com mais frequência, mas basicamente arrumar qualquer desculpa para ter o outro por perto. Esforço que não passou despercebido por Sehun, ao passo que Yuta foi se aproximando cada vez mais, Oh foi se perdendo cada vez mais no universo tão complexo, colorido e engraçado de Nakamoto Yuta.
Entretanto, Sehun tinha apenas uma preocupação. Não queria o machuca-lo, se fosse qualquer outra pessoa, não se importaria com qualquer uma das consequências, mas era Yuta, seu Yuta.
Ao passo que o verão começou a ir para o estágio final, Oh só ficava mais e mais confuso. Não sabia se apenas ficava com ele de modo casual e depois fingia que era só uma paixão de verão, mesmo sabendo que sempre foi muito mais que isso. Ou se o pedia em namoro. Ou até mesmo simplesmente não fazia nada, só para ter certeza que não veria o outro mal depois. Não queria ver o menor machucado, não queria.
Mas parecia que não tinha saída.
Em todos os cenários terminariam com o Japonês chateado. E isso só deixava Sehun mais e mais angustiado.
E tudo isso porquê? Sehun conseguiu uma bolsa de estudos no Canadá no começo de 2018, assim que começasse o ano letivo, do ano seguinte, iria se mudar para lá. Não queria começar a namorar o outro por isso. Não queria começar algo que já tivesse data para acabar.
Mas, não conseguiu resistir após ver o outro na primeira fileira de um festival de dança, em uma cidadezinha 5 horas de Seoul, apenas pra ver o outro dançar. Quando Oh o viu, sentiu como se mais nada tivesse ali, como se a única pessoa na plateia fosse Yuta e dançou como nunca dançará antes. Era quase que uma promessa em forma de movimento, era uma declaração completa sem precisar de uma palavra sequer. Sehun se entregou por inteiro naquela música e se Yuta desse um passo sequer, mínimo que fosse, ele não iria resistir.
E assim foi feito. Quando os prêmios foram entregues e Sehun recebeu o de primeiro lugar - não que todos já não estivessem esperando -, desceu do palco e então teve uma imagem que jamais iria esquecer. Tudo parecia estar combinando e estar em perfeita sintonia, as cores presentes no festival combinavam exatamente com tudo que Yuta estava usando mas melhor que isso, com a flor azul que estava estendida para Oh.
Aquele foi o único sinal que precisou para fazer o que veio adiante. Em um segundo, Yuta já estava no meio dos braços de Sehun, envolto em uma abraço. Não queria beijá-lo até que o outro outro prometesse para si que não se machucaria.
– Você sabe que se eu te beijar, eu não vou parar mais. – Sehun disse o apertando um pouco mais entre seus braços.
– E qual o problema nisso? – riu levemente contra o pescoço do outro. – Eu realmente não me importaria.
Não conseguia ver, mas sabia que o japonês estava sorrindo. E isso só partiu mais seu coração.
– Nakamoto, você sabe que ano que vem eu não só vou sair da faculdade, como eu vou sair do país. – afastou apenas a cabeça, para poder o olhar mas manteve o corpo de Yuta coloca ao seu. – Eu não estou mais aguentado não te ter comigo, quero tanto te beijar que minha cabeça não tá mais raciocinando, eu estou tendo que ter muito autocontrole para não te segurar e não soltar nunca mais.
Yuta só conseguia sorrir.
– Quero que você me prometa que não vai se machucar quando eu for. – continuou, olhava fixamente para os olhos do japonês. – Me diz que você não vai se machucar, que eu sou todo seu.
– Não vou. Prometo.
A flor já não era mais notada, as pessoas ao redor já não faziam a menor importância. Nada mais era importante, apenas que os dois agora estavam juntos e que o outono começaria tão doce quanto o primeiro beijo deles.
O único problema do namoro foi que nunca foram capazes de admitir para ninguém que estavam juntos oficialmente. Todos percebiam, todos desconfiavam mas sempre que perguntavam, ambos negavam. Tudo isso para não admitir e tornar público e acabar machucando mais ainda.
Talvez se Yuta soubesse que iria sofrer tanto agora, não teria mentido tão descaradamente antes.
– Queria jogar uma última vez com meu namorado.
– Com que bola? – Yuta se virou agora podendo o encarar, as mãos de Sehun permaneciam em sua cintura. – Se você tivesse me falado, eu pegava uma antes de vir para cá.
– Eu trouxe! – deu um selinho no japonês e foi pegar a bola que estava a poucos metros para trás.
– É sério? – Yuta fez uma cara cansada. – Eu não dormi, amor. Olha como que eu to, acho que se eu chutar alguma coisa eu vou antes pro chão.
– Eii – caminhou em direção ao namorado segurando a bola. – É a última vez, por favor. A gente não precisa jogar de verdade. Mas eu quero lembrar exatamente como que você fica lindo em campo.
Colocou a bola no chão e deu espaço para Yuta chutar, que acabou dando o pior chute da sua vida. Chutou o chão, errando completamente a bola
– Opa.
– Você é um safado, não consegue nem disfarçar que não consegue chutar. – colocou as mãos na cintura indignado. – Pera aí que eu vou te pegar.
Yuta fez uma cara assustada e começou a correr pelo campo com seu namorado correndo atrás de si. Como estava com uma roupa completamente larga e desajeitada, não estava conseguindo correr direito porque começava a cair, o que deu uma certa vantagem para Sehun.
Ter ele ali, era tão incrível. Yuta nao conseguia medir o quanto sentiria falta daquilo depois. O amava demais e saber que aquela seria a última vez de tudo, doía demais. Foram 5 meses de namoro, do começo do outono ao quase final do inverno. Os mais intelectuais diriam que não são estações favoráveis para o amor, o verão é, mas todos os chocolates quentes, as cobertas quentinhas, muito carinho e abraços que os dois compartilhavam comprovou totalmente o contrário.
Sehun o abraçou por trás, mas Yuta se desequilibrou e levou os dois pro chão. Oh conseguiu colocar sua mão atrás da cabeça de Yuta no último segundo assim o outro não a bateria no chão. Aproveitando a posição, Sehun iniciou um beijo calmo.
Queriam congelar o tempo e que ficassem presos ali, no campo, só os dois, até o fim de tudo.
– Eu te amo. – foi a única coisa que Sehun foi capaz de proferir entre seus lábios.
– Eu estou tentando não chorar, idiota! – o empurrou e logo levantou. – Mas eu também te amo, amo demais.
– Yuta, eu acho que já tá na hora de eu ir pro aeroporto. – se levantou.
O japonês se virou para olhá-lo, mal sabiam que agora tinha um par de olhinhos os olhando lá de cima da arquibancada.
– Já? – desviou seu olhar para grama.
– Eu não quero que você fique assim, lembra da promessa que você me fez? – agora Yuta voltou sua atenção pro mais alto. – Você prometeu não ficar triste quando eu fosse, por favor, dói muito mais em mim, pode ter certeza.
Yuta mudou sua posição agora ficando virado em direção ao contrário da que estava, fazendo Oh mudar também, não consegue ficar quieto quando está ansioso.
– Eu para sempre vou ser apaixonado por você, Nakamoto. – sorriu. – Mas tenho certeza que você vai encontrar alguém melhor, alguém que vai te fazer tão feliz quanto você me fez.
– Cala boca, Oh! – apenas depois que proferiu, percebeu que Sehun havia feito de propósito, seus olhos começaram a marejar e quando o olhou percebeu que ele já estava chorando.
– Vem calar, Nakamoto. Vem calar.
Yuta sorriu antes de ir em direção ao outro beijá-lo.
Era o último. Mas não deixou de ser especial como todos os outros.
Sehun foi e deixou Yuta com o restinho de coração que havia sobrado na quadra, vazia.
Não queria ir para sala. Não queria ter que lidar com o término. E muito menos com um Taeyong puto por não ter contado para ele antes.
Hoje é o primeiro dia de aula, Yuta talvez estivesse se sentindo despreparado para começar de novo, iniciar um novo ciclo. Talvez medo de não encontrar alguém tão incrível quanto Sehun novamente.
Mas ele definitivamente não deveria se preocupar.
A primavera está chegando e junto com ela um romance tão lindo quanto.
* »»——⍟——««*
Não muito longe da faculdade, nem todos já haviam acordado. Mas assim como os outros dois, também iria se decepcionar.
Taeyong acordou, entretanto não abriu os olhos. Não demorou para perceber que o lençol em que estava deitado era mais macio que o comum e que sua pele não estava em contato com varios tecidos, na verdade apenas dois, o do lençol e o da coberta que o cobria. Abriu os olhos assim que percebeu e não acreditou.
"Então não havia sido tudo um sonho, hein..."
Mas isso era bom ou ruim?
Tae não conseguiu lembrar de tudo que havia acontecido de uma vez, parecia que havia bebido e estava na ressaca tentando lembrar todas as merdas que foi capaz de fazer.
Lembrava de estar sentado no capô do carro de Jaehyun, deles se beijarem e depois deles transando, tudo parecia ainda um pouco embaçado. "Isso é normal?" pensou.
Sentiu algo gelado em sua cintura. Levantou a coberta com medo do que poderia ser e então se deparou com a mão de Jaehyun de certa forma largada, mas não era a mão que estava gelada, mas sim, a aliança.
– Puta que pariu! – cobriu a boca assim que proferiu.
Todas as fichas caíram de uma vez quando viu aquilo. Em um milésimo lembrou de tudo que tinha acontecido e no outro já havia se arrependido de tudo.
Se recordou como havia começado. Estava prestes a pichar o muro da faculdade quando Jaehyun o encontrou. Logo depois conversaram, não conseguia parar de pensar como havia sido capaz de abrir seu coração daquele modo tão rapidamente. Tirando Yuta, mais ninguém sabia daquilo, aqueles eram seus sentimentos mais profundos e secretos, era tão entregue a Jaehyun nesse ponto?
Não sabia como as palavras haviam saido de forma tão fácil, talvez estivesse em um momento frágil e só precisasse de um ombro amigo. Mas esse ombro não poderia e nem deveria ser Jaehyun, ele havia feito a coisa errada.
Seus próprios pecados estavam o condenando.
Sentenciado pela própria luxúria.
Conseguiu se recordar como o beijo o consumiu por inteiro e que aquilo seria suficiente até a próxima eternidade, ter o beijado era quase como uma ilusão. Quando Jaehyun passou a apertar a cintura de Taeyong ele se viu perdido e a partir dali nada mais se fez existente, tudo que existia no mundo de Taeyong era Jaehyun. Os beijos se seguiram e nem o tempo era mais uma questão importante. Lembrou de entrar no carro de Jaehyun quando começou a ficar frio, Jaehyun estava tremendo e Lee o achou ainda mais adorável.
Levantou tentando não emitir qualquer ruído, não queria ter que lidar com a vergonha de encarar o outro, precisava sair dali o mais rápido possível. Sentiu uma fisgada em sua coxa e na hora lembrou como Jaehyun não tirou a mão dali por segundo sequer enquanto estava dirigindo para o apartamento, apertando vez ou outra mas nunca a movendo. Taeyong naquele momento se sentiu muito pequeno e entregue, tinha a visão perfeita : Jaehyun dirigindo usando a sua famosa blusa social branca super apertada, o cabelo perfeitamente arrumado - agora não tão perfeito depois de Taeyong o bagunçar um pouco durante o beijo - com apenas uma mão no volante deixando tudo mais sexy e a outra em sua perna.
Como o apartamento era muito perto da faculdade, não foi possível nem que recobrassem a consciência e já estavam trocando beijos sedentos dentro do elevador, o porteiro já era certamente cúmplice de tudo que havia acontecido.
– Merda! – disse assim que bateu na quina da cama e cobriu sua boca novamente. Se seguisse dessa forma, até sair do apartamento ele já teria proferido todos os xingamentos em pelo menos 3 línguas diferentes. Colocou sua cueca que estava largada em algum canto qualquer do quarto e apenas segurou suas demais roupas.
Saiu correndo para seu apartamento, por mais que fosse tudo o que quisesse, naquele momento ele só queria esquecer de tudo aquilo.
A cabeça de Taeyong estava prestes a parar de funcionar, a culpa estava caindo sobre seus ombros, porque não havia sido forte o suficiente pra resistir à Jaehyun?
Todas as memórias estavam se convertendo em arrependimento.
E sabia que o único culpado disso tudo...
Era ele mesmo.
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