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História Daemonium - Daemonium


Escrita por: pedropaes86

Capítulo 1 - Daemonium


“Vó, conta uma história?” eu dizia. Era uma criança que adorava ouvir histórias. Um dia, já perto da hora de dormir, minha vó Evelyn me contou uma que eu nunca me esqueci e até hoje me impressiona. “Abra bem os ouvidos meu querido, que hoje vou contar uma que vai arrepiar até os pelos do seu nariz.” A empolgação me dominava naquele momento. Eu sabia que ela me contaria uma história de terror. Geralmente essas eram as que eu mais gostava de escutar. Da família, apenas a minha avó compartilhava desse mesmo gosto em particular. Mas aquela história era muito diferente de todas as outras. Ela completou, dizendo que aquela era uma história real.

Minha avó contou naquele dia que antigamente morava com a mãe e seus cinco irmãos em uma casa no campo, afastada da cidade. Já quase adulta, era uma das irmãs mais velhas e ajudava a cuidar da casa desde que o pai havia morrido, supostamente em um acidente. A família a maior parte do tempo vivia em harmonia e não tinham muitos problemas, a não ser com Damien, o irmão caçula de Evelyn. No começo ele só parecia uma criança que dava trabalho, como qualquer outra, mas com o tempo perceberam que havia algo de muito errado com o garoto.

Certa noite Evelyn não conseguia dormir e foi até a cozinha pegar um copo d’água. Quando olhou pela janela viu Damien parado do lado de fora da casa, olhando para uma grande árvore. Correu para busca-lo por já ser tarde da noite e por lá fora estar muito frio. Evelyn o chamou para entrar, mas não teve resposta. Seu olhar era frio e vazio. Precisou puxá-lo pelo braço para leva-lo de volta. A princípio ela concluiu que o irmão caçula era sonâmbulo, mas Evelyn arrisca dizer que foi a partir daquela noite que o drama começou.

Preocupada, no dia seguinte Evelyn chamou o irmão para conversar. Comentou sobre o ocorrido, mas o garotinho dizia que não se lembrava de nada. Então, ela optou por não tocar mais naquele assunto, nem mesmo com seus outros irmãos. Poucos dias depois, Nathaly, a irmã mais nova depois de Damien, apareceu chorando copiosamente. Ela contou que Damien a assustou e a empurrou no chão. Evelyn, ao se aproximar, percebeu que ele estava agressivo, dizendo obscenidades sem parar, palavras repulsivas que não se ouve normalmente da boca de uma criança.

Evelyn pedia para ele parar, mas como resposta ganhou vários arranhões no rosto, do garotinho, que saiu correndo transtornado até perder a consciência. Aquele foi o segundo incidente com Damien. A mãe de Evelyn, minha bisavó Anna, o colocou de castigo por tempo indeterminado, trancado no porão da casa. Mas o garoto continuava a dizer que não se lembrava de nada e não entendia o que estava acontecendo.

Na terceira noite desde que Damien foi trancado, quando todos já estavam dormindo, Thomas, um dos irmãos mais novos, foi até a porta do quarto falar com ele. O caçula pediu para que o tirasse dali, e como agradecimento lhe daria um de seus brinquedos, prometendo que não contaria nada a ninguém.

Na manhã seguinte, Evelyn encontrou a porta do porão aberta. Damien havia desaparecido. Thomas estava no chão da cozinha, desmaiado. Enquanto o acudia olhou pela janela e lá estava Damien, novamente encarando a grande árvore. “Fiquem aqui com Thomas, ela disse aos irmãos curiosos. Não vão lá fora, estão me ouvindo?”

Antes que fosse confrontá-lo mais um vez, Damien disse algo estranho. “Eles estão me vigiando, Evelyn.” Quando Evelyn olhou para árvore, viu vários corpos enforcados, já em decomposição.  De repente Evelyn esfregou os olhos e os corpos sumiram. Seria uma alucinação? Quando olhou para Damien, seus olhos estavam completamente negros, com aparência inumana. O garoto disse que o anticristo estava voltando. Disse para Evelyn fugir e de repente caiu desmaiado.

Durante os dias que se seguiram, a personalidade de Damien piorou, ficando cada vez mais incontrolável. Ele controlava os irmãos, fazendo-os obedecer às suas vontades e depois voltava ao normal e novamente não se lembrava de nada. Anna estava ficando cada vez mais doente e debilitada. Um dia chegou ao ponto de todos se trancarem no quarto dos fundos para se esconder de Damien, que já estava fazendo perigosos objetos levitarem.

Na véspera do dia 06/06, Evelyn foi até a cidade e pesquisou na biblioteca livros antigos sobre aquela árvore e sobre aquela região. Leu sobre antigos relatos de que o anticristo ressurgiria ali e a grande árvore era um meio de comunicação usada por demônios que buscavam despertá-lo completamente nesse mundo. As escrituras diziam que às seis horas, do sexto dia, do sexto mês daquele ano, a profecia se cumpriria e o anticristo retornaria ao mundo. Evelyn conversou com o padre da região, que disse que apenas uma adaga sagrada poderia impedi-lo de ressurgir desse mundo. O padre a entregou, dizendo que aquela seria a única solução, e era necessário fazer antes que o anticristo retornasse e libertasse uma legião de demônios.

Eu interrompi minha avó naquele instante. “vovó, Damien? Anticristo? Eu já vi isso antes, em um filme. Será que a senhora não está inventando?” Ela sorriu, e em seguida sua expressão mudou. “Em quem você acha que os criadores de A Profecia se inspiraram para fazer o filme, meu querido?”. Ela me deu um beijo de boa noite na minha testa. Eu pedi pra ela esperar. Não podia ter terminado assim. O que aconteceu com Damien? E com toda a família? Eu não sabia quase nada sobre os meus tios avós.

“Eu fiz o que foi preciso para nos manter vivos.” ela disse. Lá fora era um dia como todos os outros, desde quando eu me entendia por gente. O mesmo céu vermelho, os barulhos de explosões há muitos quilômetros de distância, uma adaga enterrada que mais tarde eu descobriria e um círculo de fogo eterno que formava uma muralha que demarcava o nosso território. E então, quando minha avó saiu e fechou a porta, pude ouvir a sua voz no corredor dizendo “boa noite, Damien”.

 Meu coração naquele momento quase parou, nunca mais eu duvidaria de minha avó.



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