História Dallan - Terceira Temporada - Nuvem negra!

Não direi que não fiquei surpreso em saber que Caio estava apaixonado por mim,mas eu,como profissional,precisei agir com toda a ética do mundo diante da situação.Ele,apesar de durão,era uma pessoa sensível e vulnerável,então eu precisava cuidar para não magoá-lo,mas também não nutrir esperanças.

—Olha,Caio...—suspirei,vendo aqueles olhinhos tão inocentes me observando atentamente.—Você é um menino muito especial,e eu gosto muito de você,mas como aluno e apenas assim.

—É por que eu sou um “problema”?—perguntou decepcionado.—Eu sei que ninguém aqui gosta de mim,mas eu sempre tentei agir diferente com você!

—Não,você não é problema algum para ninguém.Pelo contrário,você tem um potencial gigantesco!—o mesmo torceu a boca.—Eu reconheço o modo como você me trata e acho ótimo...Aliás,seria interessante tentar ser assim com os outros professores.Eles também são legais!

—Eles não são como você!Nenhum deles se preocupa tanto comigo,nem cuida de mim como você faz!

—Poxa,eu fico realmente lisonjeado em ouvir isso!—sorri orgulhoso,e ele também.—Isso é porque é um garoto especial.Mas não é nesse sentido que eu me preocupo com você,entende?—ele continuou calado.—Veja,nós temos diferenças.Eu sou só o professor,e você tem tantos colegas que poderiam ser muito mais interessantes...

—Mas eu gosto de você!—insistiu e eu ri sem jeito.

—Não,isso não é legal.Eu já estou velho,tenho quase vinte e cinco e você está apenas entrando na adolescência....—ele me interrompeu.

—Eu gosto de pessoas mais velhas!

—Mas isso não seria bem visto,acabaria parecendo que eu estou te usando ou iludindo,abusando da minha posição como professor e isso poderia me trazer uma série de problemas!Além disso,eu já tenho um compromisso com outra pessoa...—mostrei-lhe a aliança.—Acredite,é melhor para você,tentar buscar outras possibilidades!

Tive de ser franco,por mais doloroso que fosse para ele agora,era muito melhor do que continuar se iludindo.O mesmo abaixou a cabeça,entristecido.

—Eu acho que nunca mais vou gostar de alguém como eu gosto de você,Dallan!—resmungou,magoado.

—Não pense assim,é claro que vai!—ele continuou desanimado.—Olha,por que ao invés de pensar em relacionamentos tão cedo,não se concentra mais nos estudos? Tente praticar um hobby,fazer novos amigos...Garanto que será melhor assim,hm?—tentei olhá-lo nos olhos,e ele assentiu ainda decepcionado.

—Tudo bem,professor!

Antes que a situação ficasse mais embaraçosa para ele,Caio juntou seus pertences e saiu da sala cabisbaixo.Era um mal necessário.

(...)

Os dias naquele apartamento foram passando.Apesar do tempo corrido,Al sempre dava tudo de si para me surpreender a cada dia.As vezes me levava para passear,as vezes me presenteava mesmo que com algo pequeno,sem contar as mil vezes que me dizia “eu te amo” e os cuidados comigo,como se eu fosse de açúcar.

Claro,apenas queria me ajudar a esquecer todas as coisas horríveis que me fez passar junto ao tio,e superar a perda do meu grande amor.Mas no fundo,sabe que isso não é possível,o máximo que eu posso fazer é conviver.

Despertava quase todas as manhãs com ele me assistindo,me fazendo um carinho ou brincando com meu cabelo.E quando acontecia,o mesmo já havia preparado o café da manhã,de modo a poupar meu esforço.

Claro que agora ele sabia do meu truque pelas manhãs,mas nós conversamos sobre isso e ele abriu mão da insegurança e me permitiu ir visitar amigos ou coisa do tipo durante o tempo livre (que eu acabava passando a maioria no meu apartamento).E não,eu não voltei a dar aulas o dia todo,por não precisar e por ele nunca querer me ver cansado.Ou apenas me queria em casa por mais tempo?

De qualquer forma,com o tempo eu fui aprendendo a lidar com essa nova “fase” na minha vida.Entendi que pedir nunca é demais (recusar-me também não) e que meu marido nunca me negaria um favor,mesmo que absurdo.E apesar do gênio psicopata,ninguém me ama como Alexander.Tenho que reconhecer que minha vida mudou muito depois do casamento.

Eu queria essa relação? Não.Eu sentia algo por ele? Depois de tudo o que fez,sentia asco na maioria das vezes.Mas não era um cara acomodado que deixava tudo nas minhas costas e ainda dava chiliques por ciúme,mesmo dando mole para qualquer um (como certas pessoas...).E,o melhor de tudo,eu nunca seria traído,pois eu sou o centro da vida de Al.

Ainda não era tudo o que eu mais queria para a vida,mas com o passar do tempo,eu fui aprendendo a suportar.

Numa manhã,eu estava jogando videogame com Noame e conversando sobre a vida,e fui sincero sobre o meu casamento porque senti segurança em falar.

—Então você não o ama!—deduziu ele,refletindo sobre o que eu havia dito.

—Ehm...Acho que não!—suspirei desanimado.—Na verdade,nosso casamento não passa de um acordo.Ele sempre gostou de mim,mas tenho que admitir que eu não estava preparado para me separar do Viktor...Eu pensei que fôssemos ficar juntos para sempre,ele mesmo dizia isso!

—E você não esqueceu ele ainda,né?—eu confirmei entristecido.—Sei como é!

—E as coisas têm piorado muito depois de tê-lo visto com o Augusto no shopping,ele parecia tão feliz e completo,sabe? Eu sei que não deveria esperar nada vindo dele,até porque se me amasse não teria me trocado...Mas eu ainda me sinto vazio...Não sei explicar!

—Sim,eu compreendo!Por mais que ele tenha te machucado,não dá pra simplesmente apagar todos esses anos que vocês passaram juntos,se ajudando...É difícil mesmo!—compreendeu Noame.—Só que,da mesma forma que você se sente vazio,seu marido também deve estar se sentindo assim!

—Eu sei,mas...—lembrei-me de quem Alexander realmente é,e juro que tive vontade de contar tudo de uma vez.

—O que você pretende fazer agora?—perguntou,com os olhos presos ao jogo.

—Bem... Sinceramente,não vejo saída!Pelo menos agora,acho que não posso fazer mais nada!—ele me olhou confuso.

—Divórcio,amor!Se você não está legal com ele,pra quê continuar junto? Você não é obrigado!

—É que...Não é simples assim,entende?—murmurei,coçando a nuca.Noame pausou o jogo e virou-se para me ouvir melhor.—É uma longa e cansativa história...Eu não posso simplesmente largá-lo assim,até mesmo porque isso não vai trazer o Viktor de volta!

—Amigo,o que você quer no momento? Continuar esse casamento que nem está dando certo e tentar fazer funcionar...Ou prefere sair dessa e tentar reconquistar seu grande amor?—pôs-me a pensar.

—N-não sei...Eu tenho muita mágoa do Viktor,sabe?—só de falar já me deu um aperto no peito.—É...Difícil pensar na gente como um casal depois de tudo o que ele me disse,não sei se dá para voltar a olhá-lo da mesma forma!

—Eu sei...—assentiu com cara de pena,me vendo chorar mais uma vez por aquele desgraçado.—Bem,aí é com você.Se acha que mesmo assim vale a pena tentar de novo e dar mais uma chance pra esse amor tão lindo,vai em frente!É muito fácil reconquistar ex,basta fazer ele se lembrar de como vocês eram no começo e mostrar que agora você está ainda melhor!—deu de ombros como se fosse a coisa mais simples do mundo,e eu ri.

—Hm...Não sei,talvez ele nem sinta nada por mim...E eu tenho medo de arriscar e no fim,ele errar de novo!Seria o fim!—ele concordou.

—Sim,tem essa possibilidade.Mas também não se prenda àquela ideia chata de que quem trai uma vez,trai outras...Isso nem sempre acontece!Veja a minha história com César!

—É...foi bem pior.—reconheci.

—Nós vivíamos em pé de guerra,houve traição e bem mais grave que a do Viktor, agressões sérias...Mas o nosso amor superou tudo isso,porque o César é o homem da minha vida e vice-versa,eu percebi quando a gente se separou!

—Sim,eu me lembro como foi difícil para você!—ele assentiu.

—Foi horrível,mas serviu como um aprendizado para nós dois!E quando a gente voltou,muitas pessoas nos discriminaram por esses motivos,mas ninguém sabe o motivo pelo qual a gente continua juntos,só nós mesmos!Nem sempre uma crise vem pra separar um casal,ela também pode servir pra mostrar onde os dois estão errando e com algumas mudanças,só fortalece o laço entre os dois!

—Verdade,você tem razão!—assenti pensativo.—Mas pra mim é complicado,porque nenhum dos dois está solteiro!E o Viktor nem se lembra mais de mim,sabe?

—Bem...Por enquanto pode estar boa a vida dele,mas não significa que será assim pra sempre!Eu ainda acho que é melhor ser sincero com o Alex e com você mesmo,porque de nada adianta ficar numa relação pra substituir outra e nunca se sentir completo!—eu pensei um pouco,relutante a concordar.—Dallan,você já pensou em...Procurar um guia espiritual?

—Ahm...—pensei um pouco.—Não...

—Olha,a gente pode tentar conversar com uma amiga minha,talvez ela possa te ajudar a achar uma saída!

Apesar de não levar muito a sério,resolvi tentar.Não custava nada.Então ele me levou até a casa dessa tal amiga,que não ficava muito distante dali.A senhora era gordinha,os cabelos negros presos num rabo baixo,usava um cardigan preto,e muitos acessórios pelo corpo.

—Maria,esse é o Dallan,meu amigo.Dallan,essa é Maria,ela é amiga da minha família biológica desde antes de eu nascer!—os dois riram.

Cumprimentamo-nos educadamente,e ela nos guiou até a sala de estar de sua casa.Lá,Noame lhe explicou basicamente o que fazíamos ali e ela compreendeu empolgada.

—Eu sou médium vidente,faço previsões,trabalhos espirituais...Mas eles não servem para resolver seus problemas,apenas para te auxiliar a encontrar as respostas para determinadas situações.Eu só posso te ajudar a se conectar com seu eu interior,não é como um milagre,tá?—explicou rindo,e eu sorri simpaticamente.

—Entendi!—confirmei.

Sentamos os três ao redor da mesa,e pela falta de conhecimento,esperei que a mulher usasse um bando de incenso,objetos estranhos,fizesse orações e tudo o mais.Porém,foi tudo muito simples (talvez por ser minha primeira vez lá),ela apenas desligou a tv,forrou a mesa com um lenço vermelho e aparou as mãos para mim.

—Me dê sua mão esquerda?—pediu e eu aceitei sorrindo.

Então ela começou a analisar as linhas da palma da minha mão e foi dizendo o que via,descreveu alguns traços marcantes da minha personalidade,a minha profissão,minha relação com amigos,família e o mundo em geral.Chegou a supor que minha vida amorosa andava mal.

Depois,esperta e profissional que era,me ofereceu um outro método de vidência,pois sabia que me arrancaria pelo menos algum dinheiro.E eu,como sou muito fácil de lidar,escolhi o tarô.

Ao longo do tempo,a mulher ia me fazendo algumas perguntas básicas e lendo o que as cartas diziam.Foi então que as coisas começaram a ficar um pouco sérias.

—Dallan,eu vejo aqui...Que você está passando por uma situação muito ruim,e isso está te afetando diretamente!—disse ela,e eu tentei não transparecer muita emoção.

—É...Mais ou menos...—muito,na verdade.

—É uma situação complicada,mas você poderia ter evitado!—me olhou séria,voltando a ler as cartas.—Aqui também diz,que você é...uma pessoa muito bondosa,mas às vezes...Tentando fazer o bem,acaba fazendo justamente o contrário...E isso te torna alguém perigoso!

Olhei sério para Noame,que tinha os olhos arregalados,chocado com o que ela dizia.Não sei se eu também deveria estar chocado,ou isso não passava de sábios palpites.De qualquer forma,deixei que ela terminasse seu trabalho.

—Você machucou uma pessoa que te fez muito mal...Isso trouxe ainda mais problemas para a sua vida,certo?—desmanchei o sorriso e fiquei a olhando assustado.E pela minha reação,ela deduziu que sim e continuou.—As cartas me dizem...Você se precipitou e acabou trazendo alguém ruim para mais perto!

—E quem é,dá pra ver?—torci para não ser quem eu imaginava.

—Bem...É alguém muito próximo,você fez uma aliança com ela e isso foi o pior que poderia ter feito.—bufei chateado.—Eu vejo essa pessoa como uma nuvem negra caminhando ao seu lado!Diferente do que aparenta,tem uma índole muito ruim,um passado sujo...Não é saudável para você!Ahm...Ele é frio,calculista e muito esperto!

—Eu corro perigo com ele?—perguntei,mas ela manteve-se imparcial.

—Talvez...Mas esteja ciente de que será muito,muito difícil livrar-se dele!O presente...Tem alguém sofrendo muito mais do que você,Dallan!Eu vejo dor,muitas lágrimas e amargura,mas é a dor do aprendizado,do amadurecimento...—estranhei.

—Nossa,alguém sofrendo mais do que eu agora?!—Noame e eu rimos,e ela semicerrou os olhos para enxergar o oculto com mais nitidez.

—Eu vejo uma criança,espírito infantil!

—Recentemente um aluno se declarou apaixonado por mim...—expliquei,e não obtive respostas.

—Seu futuro reserva novos desafios,situações complexas que você terá que saber lidar...Coisas um pouco ruins te cercam...

—Que tipo de coisas?

—Bem,eu não gosto de falar sobre isso para não assustar as pessoas,mas as cartas não me permitem mentir!Eu vejo um mal inevitável,que provavelmente vai mexer muito com seu emocional,mas é o melhor para todos!—tentei imaginar o que poderia ser.—É uma grande perda!

—Perda? Alguém que eu amo?!—perguntei assustado,ela assentiu desapontada.

—Veja...—mostrou-me uma das cartas,mas eu nem entendi o que significava.—Aqui diz para aproveitar cada momento da sua vida,por pior que ela pareça agora,mais tarde vai entender o porquê de tudo!De qualquer forma,é sempre bom ser sincero com o coração!—disse me olhando fixamente,depois sorriu.

Acho que já tive o bastante por hora,então paguei-lhe o preço e arrastei Noame para fora.

(...)

Passei o resto do dia refletindo sobre tudo aquilo.É difícil não levar a sério,quando ela “desvenda” algo que só você sabe.E agora,mais do que antes,eu estava confuso sobre Al.Eu deveria fugir dele,agora de verdade? Ou é melhor não levar em conta essas previsões? Não consigo imaginá-lo como um grande perigo,tudo o que ele queria,já conseguiu.Por que tentaria algo pior que um seqüestro?!

Adentrei o apartamento ainda pensativo,tudo estava silencioso,então fui caminhando até o quarto.Retirei os sapatos e me sentei na cama,intrigado,com o pensamento longe.Senti uma presença estranha,e quando olhei para a direita,lá estava Al.Encostado na porta do banheiro,com uma expressão séria,os cabelos bagunçados e o peito à mostra na camisa branca.

Disfarcei o susto e sorri,vendo-o fazer o mesmo e vir se sentar comigo.

—Onde você estava?—perguntou casualmente,tocando meu rosto.

—Fui visitar um amigo...—ele continuou com aqueles olhos verdes e profundos sobre mim.—E você,fez o que?

—Reservei uma mesa para nós num restaurante ótimo!—pediu confirmação com as sobrancelhas,e eu soltei um riso sem graça.

O restaurante era muito bonito e o atendimento excelente,a recepcionista nos guiou até a mesa,e eu logo fiquei horrorizado com os preços absurdos dos pratos no menu.Não querendo ser chato,mas já sendo,era muito dinheiro esbanjado enquanto haviam várias formas melhores de gastá-lo,do que com um simples jantar.

Mesmo assim,escolhemos algo para comer e uma garrafa de vinho branco.Estávamos distraídos,quando eu encontrei algo à algumas mesas de distancia.Um par de olhos azuis brilhando em minha direção,eram aqueles mesmos olhos que me cumprimentaram alegremente naquela estação de trem,quando eu era apenas um garoto.

Dessa vez,Al e Augusto estavam de costas uma para o outro,o que facilitava ainda mais o contato visual.O piano soava brandamente ao fundo,a luz era baixa,o cristal das taças brilhava,os talheres refletiam o que havia de lindo naquela noite.Por um segundo,me esqueci do que havia se passado e voltei ao nosso primeiro encontro.

Porém,antes que eu me esquecesse da realidade,seus olhos desviaram para os do acompanhante e os lábios sorriram,bebendo um gole do vinho.Voltei-me para Alex,que tagarelava sobre uma viagem que havia feito sei lá para onde.Nem sei,eu estava surdo.

Tentei me concentrar,tomei um pouco de vinho,respirei fundo,mas aqueles olhos pareciam não conseguir ver outra coisa,a não ser eu e meu sobretudo importado.À essa hora,meu coração batia forte,eu tentava disfarçar a agitação,meus olhos rolavam pelo ambiente e voltavam sempre aos dele.

—Está gostando do lugar,amor?—perguntou Al,e eu sorri assentindo,mas não tão conectado com ele.

—É tudo muito lindo...Deve estar gastando uma fortuna!—deixei escapar,e ele riu.

—Minha fortuna é você,seu bobo!—sorrimos juntos.

Olhei novamente para aquela direção,notando que meu marido dizia algo,mas não me lembro o que era.Viktor sorria para seu parceiro,mas manteve o sorriso quando voltou a me olhar disfarçadamente.E claro,eu fiz questão de fingir pouco caso para não parecer tão bobo.Então,o mesmo manteve aquele olhar cínico e ajeitou os cabelos molhados de forma charmosa,me causando vontade de agredi-lo ou agarrá-lo,sei lá.Parei de olhar.

—Seu aniversário é semana que vem,né?—perguntou Al,sorrindo.

—Vinte e cinco anos...—confirmei sorrindo também.Mais uma vez ele falou e eu não prestei atenção.

“Céus,como pode ser tão lindo?!E tão maldito,nem se intimida mais com a minha presença,até parece que está jogando charminho!Vontade de arrastá-lo para o banheiro e mostrar quem é que manda...”

Mas sua alegria durou pouco,pois logo o velho percebeu que ele não tirava os olhos de mim e deu-lhe uma bronca.Ele,que nunca gostou de receber ordens,acabou por irritar o parceiro ainda mais.

—Argh,quer saber? Eu não sou palhaço,se você quiser,vá jantar com ele!—gritou Augusto,levantando-se da mesa e fuçando os bolsos.

—Amor,para com isso!Está chamando muita atenção!—murmurou Viktor,envergonhado.Tentou alcançar o pulso do parceiro por cima da mesa,mas não conseguiu.

—Você já me irritou com essa história,Viktor!Toma,pague a conta!—jogou uma grande quantia de dinheiro sobre a mesa,e saiu irritado pela porta da frente.

Todos em volta olharam para Viktor com certo desdém,mas voltaram à suas vidas em seguida.A recepcionista tentou alcançar o homem,também assustada com o escândalo.Olhei para ele,que permanecia cabisbaixo,sentindo-se humilhado.Largou o dinheiro na mesa,se levantou e foi embora.

Olhei para Al,que parecia sentir vergonha alheia,e no fundo eu também sentia.Lembrei-me do que a vidente me disse sobre alguém estar sofrendo para crescer,o tal espírito infantil.Talvez esse alguém não fosse o Caio...

Voltei à realidade.Alexander me olhava atentamente,sobre a mesa haviam dois cartões coloridos.Um tinha o Mickey Mouse de bracinhos abertos e o outro,o pato Donald com uma pose orgulhosa.Uma fofura.

—O que é isso?—perguntei confuso.

—Ingressos para o Tokyo Disneyland!Te perguntei se quer comemorar seu aniversário lá!