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História Dallan - Terceira Temporada - Meu coração


Escrita por: Caroli_cunha

Notas do Autor


Oioioioi meus linduus!
Voltei com mais um capítulo,espero que gostem!
Boa leitura♡

Capítulo 66 - Meu coração


Fanfic / Fanfiction Dallan - Terceira Temporada - Meu coração

Eu falava no telefone com Noame, enquanto respondia alguns e-mails da empresa.A maioria,gente me pedindo emprego.E ele começou a me contar as novidades,de que havia finalmente denunciado César pelas agressões e o mesmo estava preso.E ligeiro como é,já havia encontrado um novo senhor (com o dobro de sua idade,claro),muito mais carinhoso e respeitoso,provido de bens,e os dois já moravam juntos.

Feliz por ele,contei as minhas novas.Ele ficou maravilhado em saber do Kaique.

Você não sabe como é bom ser escolhido,sabe?—contou por experiência própria.—Saber que alguém lutou pra ter o direito de cuidar de você! É muito bom…

—Eu imagino,deve ser assim para os dois, né?

É um amor inexplicável que você pega pelos novos pais...Uma pena os meus já terem ido!Mas eu super te apóio, acho que você deve lutar de todas as formas por esse menininho!

—Poxa,obrigado Nono! E eu vou,pode ter certeza!—prometi feliz.

—E quanto ao Viktor,tem visto?—perguntou o que eu não queria responder.

—Ehm… O Viktor tá morando comigo por enquanto…

Que?! Vocês…

—Não voltamos,eu só estou ajudando...—ele ficou mais confuso ainda.—É uma longa história.Ele está sofrendo com transtorno bipolar e síndrome do pânico…

Sério,Dallan?—lamentou.

—Sim,rolou umas coisas com ele…

Tipo o que?

—Uns caras pegaram ele na rua,voltando da faculdade.Sabe,esses que não gostam da gente,entende?

Ah sei...—resmungou enojado.

—Ele estava sozinho,falando no telefone,nem sei se tinha gente na rua mas mesmo tendo ninguém faz nada,né? Aí eles vieram,uns cinco caras só nele...Quebraram o nariz,os dedos,machucaram as costelas, testa,queixo,os braços ficaram sem pele...A boca dele parecia três vezes maior,ficou horrível!

—Ai Dallan,que dó!—lamentou,totalmente comovido.—E como ele tá agora?!

—Já tá bem melhor,mas a parte psicológica ainda está bem abalada!Agora que ele tá conseguindo sair de casa, porque antes ele tinha crise de pânico! Inclusive eu tô preocupado,já fazem três dias que ele não aparece e eu não consigo falar nem mandar mensagem, sabe-se lá onde ele está!

Quanta maldade nesse mundo, né? Dá até vontade de chorar...—sofreu só de imaginar.

—Demais!—ouvi o barulho da porta se abrindo.—Acho que ele tá chegando,depois a gente se fala.

Tá bom,beijo!

—Beijo!

Desliguei e esperei sentado na cama,até vê-lo passando desanimado em frente a porta do quarto.Pensei em chamá-lo mas o orgulho não permitiu,e também porque eu tive medo de ser maltratado.Mas bastou ele entrar no quarto e fechar a porta,para eu seguir.Bati e ele voltou surpreso,abrindo para mim.

—Nossa,nem te vi aí... Você não devia estar trabalhando?—parecia meio lento,com a fala arrastada.

—Eu tô trabalhando online.Onde você tava? Tá tudo bem?—quando vi já estava fazendo papel de mãe.

—Tava com a babá...Entra aí!—voltou e se jogou na cama,brincando com a pata do gatinho dormindo sobre ela.

—Ah,e ela tá bem?—me sentei na beira da cama.

—Tá,falou que tem saudades de você...Ela não esquece o dia que te obrigou a comer o cachorro-quente e você vomitou só de sentir o cheiro!—gargalhou,virando para me olhar.

Aquele sorriso.Que saudade eu tinha de vê-lo quase fechar os olhos,rindo com tanto gosto.E eu tinha agora essa visão de cima,o que me incluía a beleza de seus cabelos espalhados sobre o colchão.Mas ele parou logo de rir,ficando acanhado.E quando me dei conta,ele segurava meus dedos do mesmo modo como fazia quando namorávamos. Levei um susto quando percebi e soltei.

—Desculpa,Dallan! É que eu não aguento,toda vez que lembro disso eu rio!—foi ficando sério e angustiado.Agiu como se eu houvesse me afastado por ficar chateado com a piada.

—Tudo bem,agora que passou é mesmo engraçado!—concordei,sorrindo levemente.—E você tá bem mesmo?

—Tô bem...—mentiu,talvez por não querer minha ajuda.

—Bem,então eu vou voltar ao trabalho.Qualquer coisa,só chamar!

Ele só assentiu,estava sim muito esquisito.Voltei para o meu quarto me sentindo estranho,não sei exatamente o que era,mas parecia que algo se manifestava bruscamente dentro do meu peito.Como se parte de mim estivesse despertando de um sono profundo.Eu só não queria mais sofrimento.

No dia seguinte,eu estava mexendo em alguns projetos na empresa,quando o telefone tocou.

—Dallan!

—Sr. Dallan,a doutora Vanessa gostaria de falar! Posso transferir?—perguntou Camila,do outro lado.

—Pode,claro!—esperei ela transferir e atendi.—Oi!

—Bom dia,Dallan!—cumprimentou alegremente.

—Bom dia,doutora!—já esperei a bronca.

—O abrigo de menores entrou em contato comigo sobre um pequeno mal-entendido!—eu me calei,voltando a digitar no computador.—Eles queriam confirmar se o senhor esteve lá essa semana,eu dei quase certeza que não,mas resolvi ligar para confirmar!

—Ahm...Na verdade,eu estive sim!

Mas eu nem consegui a autorização ainda!—estranhou.

—Eu dei meu jeito.

O senhor fez o que?!?

—Eu te disse que não ia aguentar esperar… Ai,por favor,não me julgue por isso,eu só queria abraçar meu neném um pouquinho!

—O senhor se arriscou muito! Alguém mais sabe?

—Ninguém!

Certo,então vamos esquecer isso, mas não faça mais coisas sem me consultar pois isso pode comprometer o processo!

—Okay,eu prometo!

Eu tenho outra notícia...—falou num tom misterioso,mas contente.—Eu consegui uma autorização provisória,e o senhor vai poder tirar o Kaique para passear uma vez por semana!

—Oh jura?!—quase gritei.

Sim,pode ir hoje mesmo!—fiquei mais louco ainda,mal pude ouvir o que ela falou.—Só uma vez por semana,respeite as normas,tá bem?

—Ai obrigado,doutora!

Desliguei todo alegre,e já liguei para Camila,avisando que iria sair.Tranquei meu escritório e desci com um sorriso de orelha à orelha até o estacionamento,o manobrista quis tirar meu carro mas eu disse que não precisava e saí apressado.

Meia hora depois,lá estava eu tocando o sino na secretaria do orfanato.Quando a senhorinha me viu,até se assustou,e já veio na defensiva esperando outro suborno.

—Nem venha com mais gracinhas,senhor!

—Minha advogada me deu isso...—lhe entreguei a carta de autorização que Vanessa havia me enviado por e-mail.

Ela leu e pensou um pouco,depois ligou para uma das monitoras e pediu que arrumasse tudo.

—Ele está no parquinho agora,vai tomar banho e depois vem te ver. Pode aguardar ali dentro!—falou secamente.

Eu entrei e me sentei no banco de madeira,no hall depois do portão elétrico. Esperei um tempão, até avistar no fim do corredor a monitora trazendo Kaique pela mão.E quando eu o vi,senti meu coração se encher de amor,uma alegria tão grande e inexplicável,que me abaixei e abri os braços para ele.E como um lindo sonho,ele soltou da mão da moça e veio correndo ao meu encontro,com suas perninhas miúdas e os cabelos esvoaçantes,pulou nos meus braços e eu o agarrei enchendo de beijos.

—Oh meu anjinho,que saudade de você!—falei,e ele só sorria para mim.

—O senhor tem até às cinco pra devolvê-lo aqui!

—Agora são...—olhei no relógio e já passavam das três.—Nossa,que pouquinho!

—Quer deixar um telefone,para o caso de precisarmos ligar?—ignorou minha reclamação.

Então eu pus o menino no chão e lhe entreguei meu cartão,com os três números que ela podia ligar.Agradeci,peguei a mão dele e fui saindo,e ele todo feliz dando tchau para as “tias”.

Saímos pelo portão de fora,e finalmente ficamos a sós,eu e meu filho,sem supervisão de gente chata e mandona.Ele ia saltitando para longe de mim,então eu o chamei e abri a porta do carro.

—Tenho que providenciar uma cadeira pra você!—falei prendendo o cinto nele,e o mesmo ficou me observando com seus olhinhos espertos.

—Vamos embora?—perguntou,e eu ri.

—Hoje não,meu amor!—fechei a porta de trás.

—Pra onde a gente vai?—perguntou,eu entrei e fechei a porta.Tive receio de que ele estranhasse a situação.

—Pra onde a gente vai? Passear um pouquinho… O que você gosta de comer?—ele ficou pensando.

—Chocolate!—riu timidamente,e eu de seu jeitinho.

—Claro,espertinho!—fui dirigindo e puxando assunto,para criar mais vínculos.—Eu vou te levar pra um lugar bem legal,acho que você vai gostar!

—Tira aqui?—pediu,tentando se soltar do cinto.

—Não,não!Não pode tirar,é perigoso!—ele fez cara de chateação.—Tá incomodando? Papai vai comprar a cadeirinha já já!Mas fica aí,hein?

Ele entendeu bem,e ficou quietinho.Estacionei no shopping,peguei sua mão e entramos.Por cada vitrine que passávamos,ele largava de mim e corria para explorar,encantado com tudo.E mais tarde eu perguntei se ele nunca havia ido ao shopping,e ele disse que não,as tias só o levavam para a biblioteca e ao parque.

Tudo estava indo normal,até chegarmos à exposição de Monstros S.A,e ele pirou.Saiu correndo na minha frente e abraçou uma das pessoas fantasiadas,que o abraçou de volta todo derretido com sua fofura.

—Como é seu nome?—perguntou o rapaz fantasiado.

—Kaique!—respondeu,colocando o dedo na boca,e eu puxei sua mão levemente.

—Kaique,que nome lindo!—ele ficou todo-todo,o moço pegou sua outra mão.—Você quer escolher uma porta,Kaique?

Ele olhou para mim como se pedisse uma confirmação,e eu sorri dando joinha.E o rapaz já foi guiando ele para as várias portas iguais as do filme.

—Chama o papai,pergunta qual ele quer escolher!—Kaique pareceu meio confuso.—Fala assim “Papai,qual eu escolho?”,fala!

—Papai,qual?—o pequeno foi mais prático,e nós dois rimos.

Eu me abaixei perto dele e o ajudei a escolher,e cada uma delas guardava uma surpresa.Foi bom para diverti-lo,e logo ele se cansou e sentiu fome.Então eu o levei para a praça de alimentação,comprei um lanche que vinha com um brinde,e já foi suficiente para fazê-lo feliz.

Porém,lesado que sou,acabei deixando o menino derramar refrigerante na blusa,e pelo susto e o frio,ele começou a chorar.Acho que se assustou com o meu susto pelo incidente.

—Calma,tá tudo bem! Foi só o refrigerante,filho!—falei,tentando secar sua roupinha com guardanapos,e ele chorando me deu os braços.

Eu o peguei no colo,acariciando seus cabelos,e ele chorava como se algo mais houvesse acontecido.Pelo pouco de psicologia infantil que estudei na faculdade, essa era a primeira manifestação de carência emocional,no caso,ele queria chamar minha atenção, talvez parecer triste só pra ver se eu o consolava ou brigava por ter molhado a roupa.Assim como eu queria conhecê-lo melhor,ele também queria saber que tipo de pai eu sou.Mesmo pequenininho, já tem noção de que eu posso “ficar” com ele ou abandoná-lo de novo.

—Vamos trocar essa roupa suja? Vamos?—perguntei,deitando a cabeça na dele em meu peito,e ele assentiu se acalmando. Olhou para mim e falou baixinho.

—Des-culpa,papai!—pediu tão fofinho que eu quase chorei.Okay,fiquei emocionado por ser chamado de papai,admito.

—Oh meu amor,tá tudo bem!O papai não tá bravo com você​!—dei um beijo em sua testa e o pus no chão.—Agora vamos passar numa loja e comprar outra blusa, porque se você chegar assim suas tias vão brigar comigo,né?

—Vão.—assentiu,passando o dedo na mancha sobre o peito.

—Vixi, então vamos correndo que já tá tarde!—falei olhando no relógio,meia hora atrasado.

Peguei sua mão e corri para a loja,no segundo piso do shopping,largando sem querer o lixo nas bandejas sobre a mesa.Entrei na loja,comprei uma blusa qualquer e corri para o carro.

—Que isso?—perguntou ele,e eu esqueci de responder enquanto tirava sua roupa molhada.—Que isso,hein?!—perguntou mais alto,e quando olhei ele sacudia meu maço de cigarros,jogando vários pelo banco do carro.

—É o cigarro do papai,deixa aí!—tirei de sua mão e joguei no banco.

—Que que é cigarro?!—repetiu certinho,igual a tudo o que eu falava como se fosse um gravador ambulante.

—Uma coisa feia que você nunca vai precisar!—ele sorriu,olhando para o próprio corpo com a roupa nova.—Agora vamos que já são quase seis horas!

Chequei a segurança da cadeirinha pela milésima vez,antes de entrar no carro e dirigir apressado de volta ao abrigo.Quando chegamos na porta,a monitora que me entregou ele,já nos esperava muito séria.

—O senhor se atrasou uma hora e meia!—observou.

—Eu sei, é que…

—Eu liguei várias vezes, estávamos preocupadas!Eu já estava quase acionando a polícia...

—Desculpe,é que eu fui dar um lanche pra ele e acabamos sujando a roupa, então eu passei na loja e tinha uma fila enorme,aí eu comprei essa roupa mas acabei pegando o número errado e...—metralhei ela de informações,e a mesma só faltou me mandar calar a boca.

—O senhor não respeitou o combinado e ainda o trouxe com outra roupa?—cruzou os braços.

—Eu não o traria todo molhado,pois se ficasse doente, vocês mesmas iam me culpar!—ela torceu a boca.—Eu devo ter desligado meu celular,por isso não atendi as ligações... Não por sua causa,claro que não! É que muita gente me liga e eu não queria ser interrompido…

—De qualquer forma,o senhor errou e isso vai para seu histórico!—avisou,esticando a mão para Kaique que a pegou e ficou me olhando preocupado.

—Poxa,moça...Pensa nele,olha como ele tá satisfeito!—me vitimizei um pouco.—Já é tão complicado pra mim,sou gay,solteiro, tenho um monte de problemas...O juiz sabe de tudo isso,eu não escondo.Mas por favor,não dificulte meu sonho!

Ela pensou um pouco,talvez não soubesse de nada.Kaique me encarava assustado,sem entender nada ali.Ou sim, nunca se sabe.

—Tudo bem...Mas não repita esse erro,eu te peço o mesmo, não dificulte as coisas para mim!—eu assenti.—Vamos Kaique?

—Tchau, bebê!Dá um beijo.—me abaixei e ganhei um beijo na bochecha,então o abracei afagando seus cabelos.

—Tchau!—respondeu ele,acenando e indo com a moça.

Entrei no carro e segui para casa.Quando cheguei,estava tudo silencioso e parado,então fui entrando.Larguei as chaves na mesa de canto da sala e fui para o quarto,mas algo tocou meu coração e por algum motivo,eu quis checar o quarto de Viktor,ver se ele estava bem.

Assim que entrei,me deparei com uma cena pavorosa.Ele estava caído próximo a cama,os cabelos úmidos de suor,sacudindo o corpo involuntariamente,espumando pela boca e fazendo sons de engasgamento.Os olhos revirados giravam para os lados,sem controle.Eu corri e o agarrei desesperado, minha certeza naquele momento,ele estava morrendo e eu não podia fazer nada.Aquela cena acabou com meu dia.

Acabou comigo.



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