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História DAMAGED - Bughead - CAPÍTULO XXVI


Escrita por: Carms

Notas do Autor


Dividi e o cap ainda ficou grande.
Ta na reta final mas ainda dá tempo do drama final, certo???

Na foto, como eu imagino a Emma, mas podem imaginar como quiserem.

Capítulo 26 - CAPÍTULO XXVI


Fanfic / Fanfiction DAMAGED - Bughead - CAPÍTULO XXVI

CAPÍTULO XXVI

Eu ainda tentava compreender o que havia acontecido.

Em um minuto estávamos olhando as crianças brincando. Em seguida, o Jugjead sumiu e fui juntamente com a Sarah procurar por ele e o encontramos numa cena imprevisível. Ele abraçava uma garotinha e chorava como um bebê. Em seguida, quando me aproximei, a garotinha me chamou de “mamã” e me abraçou também. Chorávamos os três. Era o tipo de emoção maior do que a que eu imaginava ser quando se segura um filho pela primeira vez.

Era um encontro de almas.

- Ela tem seis anos. Sei que parece bem menos, mas ela foi negligenciada por sua curta vida inteira. Passou fome, ficou doente, sofria agressões físicas... a menina tem mais história do que a maioria de nós -Sarah explicou.

Já estávamos em sua sala. Eu sentada em uma cadeira em frente à sua mesa e Jug segurava Emma no colo num sofá próximo a mim.

- Mas o que ela tem? – Quis saber.

- Não parece, mas ela é surda – a médica explicou

- Como? Ela me chamou de mãe e ao Jug e pai. Eu ouvi.

- Ela é surda mas não é muda. E sua condição não é de nascença. Na verdade ela ficou surda após adoecer aos dois anos e não ter tratamento adequado. As poucas palavras que ela diz são as que ela conhecia àquela altura. Por isso ela disse “papa" e não “papai".

- E não tem como reverter isso? – Eu quis saber.

- Não sabemos. Os exames são caros, ela não tem plano de saúde, então nunca fizemos.

- Eu incluo ela no meu plano e a gente vê isso – eu disse.

- Betty eu vi com meus próprios olhos a ligação que vocês tem com essa menina, e fico muito feliz com o encontro de vocês, mas um processo de adoção é muito denso e complicado...

- Como assim? Eu não saio daqui sem ela – Jughead bradou.

- Nem eu – falei.

- Como eu disse. Não é fácil. Isso não se resolve comigo e sim com a assistente social e depende dela e de todo o processo. Infelizmente eu não posso fazer nada.

- Você está dizendo que não vamos levar a Emma para casa? – Perguntei, já segurando as lágrimas de desespero.

- Hoje não – ela falou.

- E como a gente faz para iniciar o processo necessário para levá-la? - Jug quis saber.

- Vocês devem conversar com a assistente social e ela lhes dirá todo o processo. Se quiserem eu marco um horário para vocês.

- Eu quero, de preferência para agora – eu disse.

- Vou tentar o meu melhor para conseguir.

Ela pegou o telefone fixo que havia em sua mesa e fez algumas ligações. Demorou uns quinze minutos todo esse procedimento. No fim, ela nos avisou que poderíamos ir até lá e esperar que no final do expediente ela conversaria conosco.

Era o que precisávamos fazer, mas nos despedir de Emma foi doloroso. Todos os três choravam e a Emma não entendia que a gente ia voltar, a pobrezinha deveria estar se sentindo abandonada novamente.

Chegamos no prédio executivo das organizações estatais do Governo dos Estados Unidos e pedimos informações no saguão. O prédio era enorme e tinha uns vinte andares. O local que precisávamos estar era no décimo terceiro andar. A doutora Fanning nos deu o nome da assistente social, então foi fácil encontrar sua sala. Infelizmente ela ainda iria atender algumas pessoas e só depois iria nos receber.

A espera já durava horas. Jug e eu já estávamos exaustos de esperar, mas não sairíamos dali sem respostas.

Já era mais de seis da noite quando fomos chamados. Entramos em sua sala e ela era uma senhora de uns cinquenta anos, com aparência cansada. Sua sala era pequena, apertada e mal ventilada. Não sei como ela suportava viver naquele lugar todos os dias.

- Sentem-se por favor – ela pediu e sentamos – já passou do meu horário de trabalho, mas ouvi dizer que vocês querem adotar uma criança deficiente e isso é novo por aqui.

- Sim. Lá do Instituto Nacional Alvorada - Jug falou.

- Certo. Vou explicar para vocês como será. Estejam preparados – comunicou.

- Certo - eu disse e olhei para Jughead com incerteza. Ela fez parecer bem difícil.

- Primeiro: Preencham esses papéis para demonstrar seu interesse na adoção. – Ela estendeu uma pilha com uns trinta papéis – Depois, você vem até aqui para entregar e fazer uma entrevista que deverá ser marcada. Devo adiantar que só temos vagas para daqui três meses.

Jughead fechou os olhos com força.

- A gente não esperava que fosse demorar tanto – confessei.

- Mas esse tempo é só para a entrevista. É somente após a mesma que o processo realmente começa. A investigação social, as audiências, as visitas surpresas que irei fazer na casa de vocês, vamos checar suas contas bancárias, seus empregos, seus bens, antecedentes criminais, o psicológico de vocês além de buscar por testemunhas, principalmente da família de vocês.

Oh não!

Pude ver que Jug também fazia cara feia.

- A gente quer levar ela para casa o mais rápido possível – falei.

- Então sugiro que procurem um bom advogado, porque da forma convencional pode demorar entre um e cinco anos.

- Mas de jeito nenhum! – Jughead falou, sem paciência - eu vou levar a minha filha para casa!

- Se quiserem podem começar como lar temporário – sugeriu – geralmente demora só alguns meses. Aqui os papéis - estendeu outra pilha enorme de documentos.

Pegamos todos os papéis com um ar derrotado. Não levaríamos ela para casa nem tão cedo.

A Impotência é desesperadora.

- Eu espero que dê tudo certo. Ouçam meu conselho: procurem um bom advogado.

Ela falou isso e então apontou para a porta, nos pedindo para nos retirar.

Por que as coisas eram sempre tão difíceis para nós?

No taxi de volta para a casa, o ar parecia de um enterro. Ambos, eu e Jug, estávamos tristes como se um parente tivesse falecido. E não havia como mudar isso.

Chegamos em casa ainda em silêncio.

É impressionante,  Emma nunca esteve lá mas, de alguma forma, estar ali sem ela fazia tudo parecer tão... vazio. Como se ela sempre tivesse sido parte da família.

Meu telefone tocou, era o Josh.

“Alô” atendi.

“Nossa, que voz de enterro. O que houve? Não deu certo a visita?” ele perguntou.

“Deu sim. É que a gente conheceu uma garotinha e... bem, estamos tristes porque não pudemos trazê-la para casa" expliquei.

“Então vocês querem adotá-la?”

“Sim. Mas é tão difícil” comecei a chorar “Ela é minha filha, eu sinto isso e o Jug também, mas não podemos trazê-la para casa"

“Você precisa de um bom advogado. Se for esperar o sistema, ela vai apodrecer lá”

“Eu sei, vou procurar um. Amanhã bem cedo falo com o Brian para ver se ele conhece algum"

“Tenho certeza que sim. Mas você decidiu em quê vai investir aquele dinheiro?”

“Ainda não sei. Com certeza é no Instituto Nacional Alvorada, mas são tantas as necessidades e eu não tenho dinheiro suficiente para arrumar tudo"

“Não precisa tentar concertar tudo, Cooper. Escolhe um ponto que você acha que fará grande diferença e invista nisso"

“É o que eu vou fazer, obrigada pelo conselho"

“Certo, agora preciso desligar porque preciso resolver algo com um velho amigo, mas tenho certeza que vai dar tudo certo"

“Tomara" foi tudo que disse antes de desligar.

Jughead não jantou. Não conversou. Nem dormiu. Eu fiquei na mesma.

No outro dia saímos sem tomar café, bem cedo. Fomos ver Emma antes da hora do trabalho do Jughead.

Quando ela viu que voltamos, seu sorriso iluminou tudo. Ela correu para nos abraçar – o Jughead antes de mim, acho que ela tem sua preferência – a abracei forte quando chegou minha vez e falei coisas que sabia que ela não conseguiria ouvir.

- Me diz - pedi a Sarah – o que você acha mais importante ajeitar para as crianças? Queria ajudar em tudo, mas não tenho dinheiro suficiente.

- Difícil pensar em uma coisa só, mas acho que consigo listar com ordem de prioridades.

- Ótimo.

Brincamos um pouco mais com Emma, mas a hora de ir embora chegou de novo. Dessa vez pedimos para a Sarah falar para ela em língua de sinais que voltaríamos amanhã para vê-la. Isso a deixou mais tranquila.

Fomos para o jornal mais tranquilos. Jug foi para sua sala e eu fui para a de Brian.

- Então você precisa de um advogado? - Ele perguntou.

- Sim, o melhor que você conhecer. Eu pago!

- Interessante. Um advogado veio te procurar aqui. Disse para ele te esperar na sala de reuniões.

Estranho.

- Eu não falei com nenhum advogado ainda.

- Alguém deve ter falado - falou.

Josh!

Fui para a sala de reuniões correndo. Precisava resolver tudo o mais rápido possível para ter minha filha em casa.

Nas mãos, carregava as duas pilhas de papéis que a assistente social nos deu. Eu havia preenchido um pouco de cada, mas haviam perguntas que eu não entendia.

Ao entrar na sala havia um homem de costas para mim, olhando para a janela. Ele usava um terno chique, era branco e tinha cabelos pretos. Ao se virar,  um rosto conhecido. Nathan. Um dos rostos que jamais esqueceria. Juntamente com Josh e seus amigos imbecis, ele abusou de mim. Arregalei os olhos e tremi, instintivamente.

- Soube que está em processo de adoção. Garanto finalização do processo em, no máximo, um ano – ele falou.

-O que? - Foi tudo que consegui dizer.

- Sou o melhor do ramo, quiçá do país.

- O que você está fazendo aqui?

- Já disse. Oferecer meus serviços. Aliás,  oferecer não,  impor. Na verdade já comecei o processo.

Ele disse isso e sentou-se num lugar à mesa onde havia um notebook ligado. Ele começou a mexer no aparelho.

- Como assim já começou?

- Já procurei sobre a menina. Não foi difícil descobrir de quem se tratava pois bastou uma ligação para o Instituto em que ela está. Enfim, Emma Smith, seis anos e dois meses. Nasceu no Nebraska. Filha natural de Sylvia Smith, pai desconhecido. Aos dois anos sua mãe veio com ela para Nova Iorque mas morava com a menina na rua, então o conselho tutelar ameaçou tomá-la. A mãe não pareceu se importar. A menina adoeceu de otite mas não recebeu nenhum tipo de tratamento o que acarretou na perda da audição. Que triste.

- Certo. Vamos supor que eu aceite seu serviço – comecei – quanto vai custar?

Ele parecia ser muito bom e se Josh o mandou é porque ele é realmente bom.

- Já foi pago – ele disse e então me olhou – há alguns anos eu fiquei te devendo uma.

Ele voltou seu olhar para o computador e continuou a fazer o que estava fazendo.

- Achei os registros médicos dela – ele continuou – a surdez dela é reversível,  mas não se sabe qual o melhor procedimento para ela. Olha que interessante: se ela usar um tipo específico de aparelho auricular ela poderá ouvir ruídos e sons que vibrem.

Nesse ponto eu já havia me aproximado e me sentado numa cadeira próxima dele.

- O que eu faço para conseguir ter a minha filha em casa, tipo, agora?

Antes de ele respondesse, a porta se abriu e Jughead entrou.

- Huntz disse para vir aqui, o que houve?

- Jug esse é o Nathan Ryleigh, nosso advogado – apresentei.

Ele fez uma cara de quem não estava entendendo nada.

- Continuando... vocês podem entrar com uma liminar para conseguirem a guarda provisória da menina. Podem alegar que ela precisa de cuidados especiais que o governo não está provendo. Eu consigo isso no máximo em um mês.

- De onde ele surgiu? – Jug me perguntou.

- Longa história – foi o que lhe disse – Então há chances de nesse mês ainda a Emma vir morar conosco?

- Sim. Mas há algumas condições que a justiça impõe.

-Tipo o que? – Jughead perguntou.

- Vocês precisam morar, de preferência, em uma casa no subúrbio.

- Eu moro num apartamento no centro – meu namorado lamentou.

- Eu posso perguntar a minha mãe se a casa da gente em Nova Jersey está ocupada. Pode ser lá, ne? - Perguntei.

-Sim, contanto que vocês residam nesse estado.

- É que eu moro em Los Angeles – expliquei.

- Acabe com qualquer coisa que prove isso. Para o juiz, você mora com ele aqui no estado de Nova Iorque, entendeu?

- Sim.

- Quero ver você fugir de vir morar comigo agora – Jug brincou.

- Como assim? Vocês não moram juntos? – Nathan questionou.

- Não, eu moro aqui e ela em LA.

- Mudem isso urgente. E se der, se casem, o mais rápido possível. Sem um relacionamento estável é impossível Vocês conseguirem. Acreditem, eu conheço o juiz da vara da família, ele é muito retrógrado.

Bufei. Não era dessa forma que eu queria me casar um dia, às pressas por causa de um processo.

- Precisamos mais de que? – Jug perguntou.

- Comprovantes de renda, cartas de recomendações de familiares, principalmente de suas mães.

Que pesadelo!

Ele continuou.

- Seria bom também os exames que provam sua condição, Betty, assim seria uma justificativa plausível para vocês quererem adotar uma criança mesmo sem ter um filho biológico ainda.

- Ótimo. Peço à minha médica.

- Não precisa, o Josh já me mandou.

O jeito que Jug me olhou foi impagável.

- Josh? Sério?

Eu apenas revirei os olhos e o ignorei.

- Mais alguma coisa?

- Onde vocês forem morar precisa ter um quarto disponível para ela, não precisa já ser decorado para ela não, mas tem que ter espaço para ela brincar.

- Nossa casa em Nova Jersey tem muito espaço,  eu cresci lá. – sorri com a lembrança.

Saímos de lá e fui direto ligar para minha mãe, precisava que ela me confirmasse que a casa estava disponível. A surpresa foi muito agradável em saber que não só estava disponível como também recém reformada. Ela nos deu permissão para irmos morar lá enquanto não comprássemos nossa casa.

E lá ia eu para mais uma mudança.

A semana foi se passando entre reuniões com o Nathan, visitas à Emma, trabalho, aulas de língua de sinais (já que precisaríamos nos comunicar com ela) e a mudança. No domingo já estávamos instalados em nosso novo lar.

- Eu tenho tantas lembranças ruins nessa casa – comentei enquanto estávamos deitados no sofá.

- Agora só vai ter lembranças boas, prometo. Nossa família vai ser muito diferente da que você teve.

- Tomara. Ainda preciso comunicar ao dono da casa de LA que não vou renovar o contrato.

- Faça isso. Mas ainda faltam o que? Dois meses para acabar?

- Por aí.

- Eu vou completar um ano sóbrio. E tudo que eu penso é em beber – comentou.

- Não faz isso, por mim e pela Emma – pedi.

- Não  se preocupe, não vou ceder. – garantiu.

Fiquei feliz que ele me confessou sua fraqueza. Tudo o que estava acontecendo devia ser demais para ele como estava sendo para mim.

Mais uma semana se passou e com ela várias visitas da assistente social. Ela sempre fazia comentários positivos sobre a casa e o espaço que ela tinha. Eu estava otimista e Jughead também.

Como Nathan prometeu, em menos de um mês eles nos permitiram levar Emma para casa e parecia um sonho.

- Bem vinda a nossa casa – Jug falou para ela em língua de sinais.

Havíamos aprendido o básico apenas, mas já dava para ter conversas com a nossa filha.

Ela olhou em volta deslumbrada. Acho que ela não lembrava como era uma casa.

- Vamos ver o seu quarto? – Perguntei a ela também em sinais.

Ela confirmou com a cabeça e pegou em minha mão. Assim, subimos os três para o andar superior onde ficavam os quartos. Abrimos a porta do quarto ao lado do nosso, que era o dela.

O quarto não estava decorado ainda como queríamos, mas era meu antigo quarto então é todo rosa, com papel de parede de flores delicadas e com móveis brancos. Ela escancarou a boca, impressionada.

- É tudo meu? – Ela perguntou fazendo sinais com os dedinhos.

- É sim, meu amor – Jug a respondeu da mesma forma.

Ela começou a chorar.

- O que foi, filha? – Eu quis saber.

- Eu nunca tive um quarto antes para mim – ela respondeu.

Todos nós estávamos felizes. Eu também nunca tive uma família de verdade antes e a tenho agora.

Fiz um jantar especial para nós. Emma falava a todo momento. Era muito tagarela para uma garotinha surda. Suas risadas preenchiam o silêncio e seus gestos nos diziam todas as coisas que precisávamos saber. Ela está feliz e eu vou fazer de tudo para que continue assim. Ela só deixará de ser minha filha temporária quando for legalmente adotada por nós. Nada separaria nossa família.

Nossa primeira vez colocando nossa filha para dormir foi muito legal. A gente ainda não sabia linguagem de sinais o suficiente para ler um livro para ela, então apenas cantamos uma cantiga infantil para ela e colocamos uma mão sua em cada um de nosso peito para que ela sentisse a vibração. Ela dormiu rapidamente.

Nós fomos tomar o nosso banho para comemorar. Claro que a gente sempre faz mais que nos banhar, mas é mais gostoso assim.

- Sabe o que eu tava pensando? – puxei assunto quando já estávamos na cama.

- O que, meu amor?

- Já que eu não pretendo mais ter filhos naturais e nós já temos a Emma, não seria melhor se, para prevenir, você fizesse uma vasectomia?

Ele se virou, me encarando.

- Você tem certeza?

- Sim.

- E se você mudar de ideia?

- Aí eu procuro outro – brinquei.

- Então eu não faço.

- Estou brincando. Você congela seu esperma ou desfaz a vasectomia.

- Tem certeza?

- Absoluta. Tenho muito medo de engravidar de novo e não confio em camisinhas.

- A gente tem que ir atrás de um médico para você. Você ficou tão centrada na Emma que se esqueceu de você mesma.

- Eu sei. Eu vou procurar um amanhã mesmo, prometo.

Na manhã seguinte eu levantei cedo e fiz panquecas divertidas para a minha princesa. Ela comeu tudo com suco e não reclamou de nada. Acho que ela era muito grata por finalmente ter uma família assim como eu.

A despedida pro Jug ir trabalhar foi difícil,  parecia que ele ia embora de vez. A menina era apegada demais a ele e era recíproco. Nunca vi o Jug tão apegado a alguém como ele é com a Emma.

Ficamos a manhã inteira juntinhas. Eu vendo minha aula online de língua de sinais e ela me ajudando a reproduzir os movimentos. Aquilo me emocionava de uma forma que eu não sabia explicar.

Consegui uma consulta para hoje a tarde, depois que meu namorido chegar do trabalho para ficar com Emma. Infelizmente terei que cumprir minha carga horária diária de trabalho a noite pois cuido de Emma pela manhã e hoje tenho a consulta a tarde.

Quando Jug chegou, ela fez uma festa. Ao mesmo tempo eu só beijei meu amor e saí. Acredita que a safadinha nem notou? Ela e o Jug nasceram um para o outro.

....................................

- Então,  senhorita Cooper, você só precisa tomar esse medicamento uma vez ao dia e qualquer risco de AVC ou trombose diminui drasticamente – o médico recomendou.

- Quanto a anticoncepcionais?

- De jeito nenhum. Nem você e nenhuma mulher deveria usar isso, mas infelizmente são as formas mais eficazes de se combater uma gravidez. Com certeza foi um anticoncepcional que te causou a trombofilia,  digo isso com tranquilidade.

- Se é tão perigoso, por que são permitidos?

- Porque na maioria das vezes é melhor morrer do que engravidar, elas dizem. E a indústria farmacêutica manda no mundo.

Eu ri com sua teoria da conspiração.

- Então não posso usar nada para prevenir gravidez?

- Nada com hormônios. Temos a camisinha, a mais utilizada. O diu de cobre, mas vai aumentar bastante seu fluxo menstrual. E acho que só. Nada de pílulas diárias ou do dia seguinte, anel vaginal, adesivos... tudo isso pode te matar.

- Certo. Obrigada.

Saí de lá direto para a administração do hospital, levei os documentos da Emma e da nossa adoção temporária e a incluí em meu plano. Aproveitei e já marquei uma consulta com um especialista otorrinolaringologista cirurgião.  Depois fui à farmácia comprar meu remédio e me espantei ao ver que ele não era caro. Já tomei o primeiro no táxi.

“Aqui é o Dr Joshua Frasier, deixe seu recado” bip.

“Oi, eu só queria agradecer de novo pelo que fez por mim. O Nathan foi ótimo para o caso e já estamos com nossa filha em casa. Obrigada por tudo, sério” e desliguei.

Cheguei em casa e ela estava vazia. Na geladeira um recado do meu amor.

“Fomos dar uma volta. Essa casa é chata sem você. Vamos trazer o jantar :*”

Fui começar meu trabalho, precisava fazer um artigo sobre as enchentes do Brooklyn. Nada muito grandioso, mas eu me propunha a fazer o meu melhor em tudo que entrego no jornal.

Terminei meu artigo e nada da minha família chegar. Aproveitei para ligar para o meu plano e questionar sobre a vasectomia. Basicamente o Jug teria que fazer três meses de acompanhamento psicológico antes de receber autorização para fazer o procedimento. Eu achava absurdo, mas não tinha como correr. Já deixei ele inscrito na fila, assim que surgisse uma vaga, ele seria inserido no processo.

Quando eles chegaram em casa a alegria reinou novamente. Emma pulava em cima de mim dizendo que estava com saudades. Meu namorido me agarrou também, feliz.

- Fui falar com a sua mãe - ele disse.

- Vovó Alice é legal – Emma gesticulou.

- Vocês brigaram? – presumi.

- Não. Eu agradeci pela casa e pedi, humildemente, pela carta de recomendação.

- Ela daria de qualquer jeito, Jug.

- Eu sei, mas eu queria fazer por merecer.

Fui ao seu encontro e o abracei amorosamente.

- Obrigada, querido.

Uma criança me puxou pela barra da blusa.

- Fome – disse.

Nós rimos e fomos desembrulhar o que eles trouxeram.

................................

Em uma semana Jughead conseguiu a vaga no processo para a vasectomia. Ele estava mais empolgado do que imaginei. Não se imaginava sendo pai de mais ninguém a não ser da Emma.

Ela, por sua vez, foi ao médico que marquei e ele mandou encomendar um aparelho auricular que a ajudaria a ouvir um pouco. Enquanto não tivéssemos a guarda total dela não poderíamos fazer a cirurgia.

Enquanto Jughead fazia o processo para a vasectomia, nós também lidávamos com a adoção da Emma. Estava tudo mais complicado do que imaginamos, principalmente porque ninguém da família dele queria se intrometer, todos consideravam muito a Gladys e não fariam nada que ela não aprovasse. Nathan falou que isso não impediria de ganharmos a guarda da Emma, mas demoraria muito mais. Até anos a mais. E ninguém ficou feliz com isso.

Uma noite ele chegou muito feliz em casa com nossa filha.

- Você não vai acreditar!

-O que foi?

- Encontramos a Denise no shopping.

- A irmã do Kevin?

- Isso mesmo. E ela se apaixonou pela Emma. Com muita conversa e enrolação, a convenci de fazer uma carta para mim!

- Meu amor, eu não acredito! – O abracei empolgada.

- Eu sei que não tem tanto peso quanto a carta da minha mãe, mas já é um começo!

- Com certeza meu amor.

Eu estava tão feliz que nem cabia em mim.

A noite foi muito agitada e Emma demorou a querer dormir, mas finalmente conseguimos que ela dormisse e fomos comemorar no chuveiro, como sempre.

- Eu quero te comer com tanta força- ele falou quando já estávamos nus no box com a ducha ligada.

- Então faz isso agora – provoquei.

Ele me prensou contra a parede, virada de frente para ela e com o bumbum virado para ele. Ele agarrou meus cabelos com uma de suas mãos e com a outra me estimulava no clitóris. Eu estava a ponto de gozar.

- Eu vou enlouquecer se não meter em você agora – gemeu no meu ouvido.

- Por favor – foi tudo que consegui dizer.

- Tenho que ir buscar uma camisinha – falou, frustrado.

- Você tira – falei, meio sem pensar.

Ele nem questionou e meteu com força. Ele fez movimentos fortes de entra e sai e me deixaram fora da casinha. Não raciocinava direito, só pedia por mais.

- Não para, por favor – eu suplicava.

Ele continuou e eu o senti tremer, em seguida eu tive o orgasmo mais poderoso da minha vida.

Fiquei encostada por alguns minutos na parede recuperando o fôlego. Jughead se afastou e ficou em silêncio. Quando finalmente me recuperei, virei-me para ele e o encarei. Ele estava pálido. Foi quando senti o líquido descendo pelas minhas pernas. Ele gozou dentro de mim.

- Ai, não - foi o que eu consegui falar.

- Você pode tomar uma pílula do dia seguinte – sugeriu.

- Não, não posso.

- Pode sim, uma vez só não tem problema.

- Eu já disse que eu não posso! Você quer que eu morra?

- Claro que não! – se aproximou desesperadamente de mim – eu te amo e não quero te ver quebrada daquele jeito de novo.

- Eu não vou. Vou ligar para o meu médico amanhã de manhã para me dizer se tem algo que eu possa fazer.

Eu estava arrasada, eu ia passar por aquilo de novo?

Jug colocou as mãos em meu rosto.

- Por favor, me perdoa. Eu não consegui parar, a culpa é minha.

- Não Jug, fui eu quem pediu, lembra? Eu assumi o risco. Tenho tanta culpa quanto você.

- E se não tiver como evitar nada... o que vamos fazer?

- Passar por aquele inferno de novo, acredito.

- Você pode fazer por si mesma, sem toda aquela dor.

Ele estava dizendo que eu poderia abortar antes de acontecer naturalmente. Bem, eu não negava que provavelmente seria menos doloroso.

- Vamos esperar o que o médico vai dizer, tá?

Beijei seu rosto de leve e da mesma forma que estava, me joguei na cama e adormeci.

...............................

“Vou te mandar a receita assinada por email. Você imprime e compra assim que puder.”

E lá estava meu médico me receitando um abortivo.

“Não tem outro jeito?”

“Querida, talvez você nem engravide, está sofrendo por antecipação. Mas caso sua menstruação atrase, logo no primeiro dia de atraso você toma esse remédio e ela desce. Nem vai parecer um aborto, eu juro. Não vai sentir dor, nada!”

“Espero que me deixe menos triste que das outras vezes.”

“Com certeza, como eu disse, você nem vai sentir. E outra coisa, uma paciente minha resolveu não tomar e manteve a gravidez. Ela todos os meses esperava a dor do aborto e isso acabava a cada dia com o psicológico da coitada.”

“E ela perdeu com quantos meses?” eu quis saber.

“Na hora do parto. Ela viu o rosto de seu bebê sem vida. Foi muito pior.”

Eu chorei naquele momento. Chorei por aquela mãe que passou por aquilo. Chorei por mim. E chorei por cada bebê que perdi.

“Tudo bem. Vou comprar e caso minha menstruação atrase, eu tomo.”

Desliguei, desolada. Por um descuido de alguns segundos eu já estava penando.

Mas dessa vez seria diferente. Eu acabaria com aquilo antes que aquilo acabasse comigo. E mais: agora eu tenho a minha Emma e ela me daria a força para encarar mais essa.


Notas Finais


Coitada da Betty, vai passar por essa mais uma vez, será? Ou o jug dessa vez não conseguiu plantar a sementinha e ela ta sofrendo atoa???

O que acharam da emma?? E dela com o jug??? Encontro de almas, ne? Sou boba neles. Nem imagino oq o jug faria se corresse o risco de perdê-la 🌚


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