História Dancing in the Dark (Taeny) - Cap 36

Lauren's POV

-Parece que alguém já tem um par pro baile... -Hyoyeon disse, me encarando sugestivamente depois de uma formanda nos entregar o panfleto. Revirei os olhos, mas sorri.

Meu aniversário havia sido há quase um mês e desde então vem sendo assim com todos os meus amigos e até com os meus pais. Eu e Jiwoong estávamos juntos, firme e forte, por assim dizer, mas sem rótulos, porque eu não os queria. Eu não queria ser de ninguém, não queria colocar expectativas em alguém novamente, não agora.

Nesse tempo várias tentativas de me pedir em namoro ou me dar um anel de compromisso aconteceram, e todas recusadas da mesma maneira, com a mesma desculpa, dizendo que eu não estava preparada para uma relação com tanta responsabilidade. Ele não entendia, dizia que iríamos continuar da mesma forma mas eu não queria isso, não queria ser a namorada ou que ele fosse meu namorado. Eu gosto de passar tempo com ele, gosto da forma que ele me dá carinho, que me cuida como se fosse seu bem mais precioso, a atenção que ele me dá faz bem pra mim. Mas é apenas isso. Os beijos e os amassos são uma espécie de agradecimento que eu dou a ele. Como se ele me desse o que eu preciso e de certa forma, eu retribuísse.

Todos apoiam nossa relação, Taeyeon parece apenas um fantasma de um passado recente. Seulgi nunca mais falou dela, e é a que mais dá apoio para que eu dê uma verdadeira chance a ele. Ela diz que é melhor abrir meu coração e dá-lo à alguém antes que o que ficou no passado, volte. E eu entendo bem o que ela quer dizer, mesmo assim, não consigo. Irene é a única em cima do muro, ela não gosta muito da ideia de eu e Jiwoong sermos um casal, mas ela aceita. Mesmo nós não sendo de fato um casal, todos nos tratam como se fôssemos. Meu pai agora vem trabalhado menos porque fora promovido e ele gosta muito do meu "ficante", na verdade, diz que ele é o genro que pediu à Deus. Eles saem juntos, assistem futebol juntos e ele até ensinou ao meu pai como trocar o óleo do radiador sem precisar de um mecânico. Minha mãe engole tudo isso, ela diz que Taeyeon vai voltar e que eu não devia me entregar assim para outra pessoa. Ela sabe que eu não gosto dele e isso me dá uma agonia enorme. Mas, ela não pode fazer nada sobre isso.

Nesses dias, Senhor Kim resolveu nos chamar para jantar em sua casa, como de costume. Ele e Hayeon junto de mim e meus pais. Desde que Taeyeon partira para o tal intercâmbio, nós fazemos isso com frequência. Sem o meu concentimento, meu pai, completamente empolgado com a ideia de Jiwoong ser oficialmente meu namorado, convidou o garoto para ir conosco e acho que foi uma das experiências mais estranhas que eu já vivi em toda a minha vida. Senhor Kim parecia completamente atordoado com a presença dele e até meio desconfortável, coisa que eu até entendo, afinal, até onde ele sabia, eu ainda namorava a filha dele.

-Tiffany, acorda! -Sooyoung sacudiu meus ombros devagar e eu virei o rosto em sua direção, sem entender coisa alguma.- Você viaja muito...

-Estava pensando... -Respondi.

-Na defunta? -Ken perguntou rindo. Era assim que eles chamavam minha ex namorada, achando que ela era apenas minha ex melhor amiga. Taeyeon.

-No baile. -Dei ombros.

-Acho completamente desnecessário. -Sooyoung revirou os olhos.- Não estamos mais no colegial.

-Qual é, Soo! É uma forma do pessoal arrumar mais uma grana pra formatura, o convite é caro pra cacete. -Ken remendou.

-Ela está assim porque o Jung kyungho inda não se pronunciou sobre convidá-la. -Hyoyeon disse e Sooyoung a fuzilou com o olhar.

-É, parece que estamos de volta ao colegial... -Disse, dando ombros novamente e andando até a grande bandeja do refeitório, pegando uma maçã.

Todas as irmandades estavam extasiadas com a ideia do baile. Não era algo muito comum na Universidade de Seul, ainda mais aquele tipo de baile, tradicional e chique. A maioria dos alunos andavam com aqueles olhares apaixonados e sorrisos bobos. Se você parasse para ouvir uma conversa no corredor, sempre acharia aquele garoto feliz em finalmente arrumar uma desculpa para conseguir puxar assunto com a garota que sempre foi afim. Me sentia no começo do ensino médio de novo.

Obviamente eu iria com Jiwoong Seu par não precisa ser necessariamente da faculdade, então não tem problema algum ele vir, se comprar o convite, coisa que ele já tinha feito até. Eu comprei meu vestido mas não estava nem um pouco empolgada, sei lá, coisas românticas não são pra mim. Não mais.

Senti braços fortes se apossarem de minha cintura e não precisei erguer o rosto para saber que era Jiwoong. Sorri por sorrir. Ele beijou o topo de minha cabeça e se sentou ao meu lado no banco, conversando com os meus amigos. Ele já havia se enturmado muito bem. Eu voava naquela conversa, só sabia que era sobre o baile e que ele estava entrelaçando nossas mãos, eu não iria protestar.

-O que foi, Hongbin? -Hyoyeon perguntou com certa apreensão e eurgui meu rosto, vendo o loiro se sacudir de uma forma estranha. Ele fazia alguns gestos afobados e nós nos entreolhávamos.

-Será que é outra crise? -Sooyoung sussurrou baixinho.

Hongbin se levantou do banco e começou andar em círculos. Mas não parecia uma crise. Ele estava vermelho, estava gesticulando, como se quisesse dizer algo. Ele começou a dar vários socos na própria perna e fez uma cara de choro de dar dó em qualquer um.

-Hongbin, olha pra mim. -Segurei seus dois braços, mas ele ainda se balançava.- Olha pra mim, presta atenção. -Ele assentiu algumas vezes mas negava com a cabeça também. Ninguém falava nada.- Hong, respira, respira, isso, respira. -Disse, levantando e abaixando as mãos de modo ritmado.- É só escrever. -Ele negou com a cabeça, fechando os olhos com força, deixando algumas lágrimas escorrerem.- O que foi, meu anjo? Não chora! -Enxuguei suas lágrimas e ele negava com a cabeça, ficando cada vez mais vermelho como se fosse explodir.- É só escrever, pronto.

-Ti.... ti.. tiiffany! -Ele gritou, com muita dificuldade e eu arregalei os olhos, completamente surpresa. Todos arregalaram os olhos.

-Hongbin, você... -Eu estava chocada.- Você falou meu nome. 

-Nome. -Ele repetiu assentindo e eu não sabia o que fazer. Hongbin estava falando. Falando tipo... Falando!.- Eu, Lee Hongbin. -Ele apontou para si mesmo, apressado e respirando fundo. Ele respirava rápido e pesado, como se fizesse um esforço absurdo para fazer aquilo.- Vo.. Você, Ti... Tiff... Tiffany.

-Isso, você é o Hongbin e eu sou a Tiffany. -Disse, assentindo muito rápido, completamente atordoada. Ele mantinha o cenho franzido e respirava bem fundo. Eu sabia que estava sendo um esforço pra ele.- E o que é que tem? O que houve?

-Ba.. -Ele gesticulou como se não conseguisse terminar e eu franzi o cenho.- Ba.. Ba! -Ele gritou com raiva e eu arregalei os olhos. Todos os meus amigos pareciam em choque com aquilo.

-Ba! -Falei levantando as mãos como se me rendesse e ele negou com a cabeça, ainda mais frustrado.- O que é ba?

-Ba... -Ele gesticulava de forma intensa e estalava os dedos para tentar ajudar. Ele estava tão apreensivo que dava nervoso.- Ba... le! -Ele disse de olhos fechados, com muita dificuldade.

-Baile? -Disse por fim e ele assentiu com um sorriso, dando alguns pulinhos.- Baile, tá... E aí? -Perguntei e ele bufou. Todos riram, acho que todo mundo pegou algo que eu não havia entendido.

-Amor, eu acho que ele está te chamando pro baile. -Jiwoong sussurrou em meu ouvido, de forma divertida e meu sorriso se abriu de forma luminosa. Eu sabia que ele nunca veria problema em trocar sua companhia pela de Hongbin.

- você está me chamando pro baile? -Perguntei, com o mesmo sorriso e ele assentiu, parecendo muito aliviado.- Você quer ir ao baile comigo? -Ele assentiu.- Eu vou ao baile com você. -Disse, segurando suas mãos e ele abriu um sorriso tão bonito que foi capaz de alegrar meu dia inteiro.

Taeyeon's POV

Já era tarde da noite e eu lia pela décima vez o meu surrado exemplar de O guia dos curiosos - não era meu, era de Tiffany. Talvez por isso eu o lia tanto - quando Eunji entrou no meu quarto, suspirando feito uma menina satisfeita depois de pregar uma peça na irmã mais velha. Ela se sentou de frente para mim e ficamos nos encarando por um bom tempo, eu não leria na sua frente, não demonstraria vulnerabilidade às lembranças. Não foi um duelo, nossos olhares apenas se encontravam na busca de se entender. Ela parecia feliz naquele momento e eu, na verdade, há algumas semanas eu só pareço com um poço fundo sem água.

-O que estava fazendo? -Ela perguntou com um sorriso. Seus sorrissos eram incomuns, mas eu gostava, significavam que coisas boas viriam.

-Lendo. -Respondi, dando ombros.

-O guia dos curiosos, outra vez?

-Sempre. Acho que é o meu livro favorito. -Disse num tom indiferente para que ela não perguntasse o por que e assim foi feito.

-E os livros que te mandei ler?

-Li todos e os usei nos testes também.

-O que aprendeu em todo esse tempo?

-Aprendi o que você me permitiu. -Ela sorriu satisfeita.

-E o que vai fazer quando voltarmos pra Seul?

-Eu vou achar recolher todas as suspeitas, vou agir silenciosamente até encontrar o culpado e matá-lo como me foi ensinado. Independente de quem ele seja.

-Independente de quem ele seja.

-Farei tudo de acordo com o que me foi ensinado, segundo a sua vontade. -Eu dizia tudo de forma mecanizada. Não tinha escolha mesmo e faria da mesma forma.

-Se Yuri for a traidora?

-Traidor é traidor. -Respondi fria e seca. Eunji sorriu abertamente.

-E se for Ravi?

-Traidor é traidor.

-Jessica?

-Considere-a morto.

-IU?

-Tudo o que eu queria. -Respondi rindo e ela negou com a cabeça.- De qualquer forma, traidor é traidor.

-E se for Irene?

-Não há nada que a diferencie dos outros pra mim, se foi ela, traidor é traidor.

-Quer saber? Acho que já podemos ir pra casa.